Presidente afirmou ainda, durante
inauguração de nova planta industrial da Raízen, que irá entregar amostras de
etanol de segunda geração na reunião do G7
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta
sexta-feira (24) aos líderes dos países que compõem o G7 que "parem de
encher o saco" do Brasil e passem a comprar 'aquilo que o país tem
competência de produzir', como o etanol de segunda geração.
A declaração se deu durante a inauguração
da nova planta industrial de etanol de segunda geração da Raízen, em Guariba
(SP). Com investimento de R$ 1,2 bilhão, a unidade da companhia é considerada a
maior do mundo e tem capacidade estimada de produção de 82 milhões de litros de
etanol por ano, em linha com a crescente demanda global por economias de baixo
carbono.
Em seu discurso no evento, Lula criticou o complexo de vira-lata
das elites brasileiras e pediu aos líderes empresariais que "pensem
grande" diante das oportunidades de negócios na economia verde.
"É preciso falar com tesão e vontade, acreditando
naquilo que faz", afirmou Lula, que então questionou: "O que impede
esse país de se transformar em uma grande economia?".
O presidente afirmou ainda que irá entregar amostras de etanol
de segunda geração na reunião do G7, entre os dias 13 e 15 de junho, na Itália.
O presidente foi convidado ao evento.
O etanol de segunda geração se diferencia por usar o
bagaço proveniente da produção do açúcar e etanol comum para produzir mais
etanol. O reaproveitamento, que também envolve ingredientes como palha e outros
elementos residuais, proporciona aumento de até 50% na produção, sem aumento de
área plantada, e índice 30% menor de emissão de gases de efeito estufa. Cerca
de 70% dos equipamentos para o processo de transformação do E2G são produzidos
no Brasil. A pegada de carbono é 80% menor que a gasolina comum.
Linha de crédito será viabilizada por
meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que
contará com recursos da União para a equalização das taxas de juros
O governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá anunciar na próxima semana uma
linha de crédito para auxiliar as grandes empresas afetadas pelas chuvas que
assolam o Rio Grande do Sul. De acordo com informações de integrantes do
Ministério da Fazenda ouvidos pelo jornal O Globo, o montante deve superar os R$ 10
bilhões. O anúncio oficial será realizado pelo ministro do Desenvolvimento e
Indústria e vice-presidente Geraldo Alckmin.
O foco da iniciativa é prestar socorro às grandes empresas
dos setores industrial e do agronegócio que não foram contempladas nas medidas
de crédito emergenciais anunciadas há cerca de 15 dias. Estas medidas iniciais
eram direcionadas exclusivamente para pequenos negócios.
Ainda conforme a reportagem, a nova linha de crédito será
viabilizada por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), que contará com recursos da União para a equalização das taxas de
juros, permitindo que os empréstimos sejam oferecidos a juros baixos.
Os recursos poderão ser repassados pelo BNDES a outros
bancos que ofereçam diretamente o crédito para as empresas afetadas pelas
cheias.No entanto, não haverá garantias do Tesouro Nacional.
Desde o dia 7 de outubro de 2023, quando
o conflito teve início, o governo brasileiro passou a sugerir medidas no
cenário internacional na tentativa de suspender as hostilidades
Por Lucas Pordeus León , repórter da Agência Brasil - A morte do brasileiro Michel Nisembaum, de 59 anos, encontrado
pelo Exército de Israel na Faixa de Gaza, é a terceira vítima do Brasil na
atual fase do conflito que assola o Oriente Médio .
Desde o dia 7 de outubro de 2023, quando o conflito teve
início, o governo brasileiro passou a sugerir medidas no cenário internacional
na tentativa de suspender as hostilidades. A primeira foi a proposta de
resolução, articulada pela diplomacia brasileira, apresentada no Conselho de
Segurança da ONU, que pedia pausas humanitárias entre os ataques de Israel e do
Hamas. Mas a medida acabou vetada pelos Estados Unidos.
“Fizemos todo o esforço possível para que cessassem as
hostilidades, que parassem os sacrifícios humanos e que pudéssemos dar algum
tipo de assistência às populações locais e aos brasileiros. A nossa preocupação
foi sempre humanitária nesse momento”, disse o chanceler brasileiro, Mauro
Vieira, então presidente do Conselho de Segurança.
Troca e soltura de
reféns - Quando Israel e Hamas fecharam o
acordo para troca de reféns por prisioneiros palestinos, ainda em novembro do
ano passado, o governo brasileiro celebrou e o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva defendeu que a trégua fosse permanente.
“Espero que esse acordo possa pavimentar o caminho para uma
saída política e duradoura para este conflito e para a retomada do processo de
paz entre Israel e Palestina”, disse Lula durante a Cúpula Virtual do G20, que
marcou o fim da presidência da Índia no bloco.
O Brasil também sempre defendeu, nas manifestações
oficiais, a soltura imediata e sem condicionantes dos reféns mantidos pelo
Hamas. No final de abril de 2024, junto com EUA e mais 15 países, conclamou
para que o Hamas libertasse os reféns em cativeiro em Gaza.
“Salientamos que o acordo sobre a mesa para libertação dos
reféns permitiria um cessar-fogo imediato e prolongado em Gaza, o que
facilitaria o envio de assistência humanitária adicional necessária a todo o
território e conduziria ao fim das hostilidades”, disse o texto assinado pelo
governo brasileiro.
Cessar-fogo - A diplomacia brasileira também sempre levou o tema do
cessar-fogo imediato aos fóruns internacionais que participou, na tentativa de
mobilizar a comunidade internacional. O ministro Mauro Vieira viajou, em meados
de março, ao Oriente Médio para, entre outros assuntos, discutir a situação da
guerra.
A diplomacia brasileira também sempre levou o tema do
cessar-fogo imediato aos fóruns internacionais que participou, na tentativa de
mobilizar a comunidade internacional. O ministro Mauro Vieira viajou, em meados
de março, ao Oriente Médio para, entre outros assuntos, discutir a situação da
guerra.
“[O ministro tratará das] perspectivas para
estabelecimento de um cessar-fogo e eventual retomada de negociações voltadas a
alcançar a paz duradoura para o Oriente Médio”, dizia a nota do Itamaraty.
"Genocídio" - Ainda
em outubro de 2023, o presidente Lula passou a definir o que ocorre em Gaza
como “genocídio”. Em janeiro de 2024, o governo anunciou apoio ao esforço da
África do Sul de abrir um processo contra Israel na Corte Internacional de
Justiça (CIJ) pelo crime de genocídio.
Nesta sexta-feira (24), a CIJ exigiu que Israel suspenda
os ataques na Faixa de Gaza, diante da falta de garantia para a proteção dos
civis. O Brasil tem elogiado as medidas da Corte, que busca minimizar os danos
da guerra.
No início do mês, Israel e Hamas não
chegaram a uma trégua e a atual fase do conflito segue para completar oito
meses no próximo dia 7 de junho.
Entre os temas estão limites à
possibilidade de transferências voluntárias da União, a cessão de bens públicos
e a distribuição de bens e serviços públicos à população atingida
A Advocacia-Geral da
União (AGU) compartilhou um conjunto de orientações com diversos ministérios e
tribunais, incluindo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Tribunal de Contas
da União (TCU), referentes a atuação de entes públicos dentro da legalidade
durante o ano eleitoral, diante do estado de calamidade pública no Rio Grande
do Sul. Segundo a coluna do jornalista Lauro Jardim, de O Globo, “entre os temas
que preocupam, estão limites à possibilidade de transferências voluntárias da
União ao Rio Grande do Sul e seus municípios, a cessão de bens públicos nesse
contexto e a distribuição de bens e serviços públicos à população atingida”.
Na manifestação, a AGU observou que as transferências
voluntárias do Executivo Federal ao Rio Grande do Sul e seus municípios,
durante o período de defeso eleitoral (de 6 de julho até o dia das eleições),
são permitidas se destinadas a atender situações de emergência e calamidade
pública.
Ainda conforme a AGU, assim como as transferências financeiras,
a cessão de bens públicos segue o mesmo regime de exceção, permitindo que
recursos materiais sejam disponibilizados para auxiliar na resposta às
calamidades. Já a distribuição gratuita de bens e serviços públicos para a
população afetada pelas calamidades é permitida durante todo o ano.
Ainda segundo a reportagem, “ por envolverem exceções
legais, as atividades de assessoramento jurídico devem se atentar ao
reconhecimento do estado de emergência e calamidade para amparar tais medidas
excepcionais” e que “mesmo sendo as condutas autorizadas, os agentes públicos
precisam adotar cautelas para garantir a isonomia e a legitimidade das
eleições”.
Embora a AGU tenha emitido essas
orientações, a Justiça Eleitoral pode analisar individualmente os casos de
repasses e ações públicas durante o período eleitoral. Isso significa que,
mesmo com a orientação da AGU, políticos podem ser condenados se for comprovado
que utilizaram recursos emergenciais com objetivos eleitorais.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
HD apreendido continha documentos
relacionados à colaboração premiada do ex-PM Elcio Queiroz, motorista do carro
usado nos assassinatos de Marielle Franco e de seu motorista
A Polícia Federal
(PF) encontrou, em um HD externo apreendido na residência do conselheiro do
Tribunal de Contas do Rio de Janeiro Domingos Inácio Brazão, arquivos contendo
delações premiadas que o implicam nos assassinatos da vereadora Marielle Franco
(Psol-RJ) e do motorista Anderson Gomes. Brazão foi preso, juntamente com o
irmão e deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), e é apontado pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) como um dos mandantes do crime.
Segundo a coluna da jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, o
relatório complementar sobre o caso Marielle foi entregue ao ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do caso na Corte,
na última quinta-feira (23). Ainda conforme a reportagem, “a PF identificou, no
caso de uma das delações, ‘atos tendentes à criação de obstáculos à
investigação ou à incolumidade de investigadores e terceiros’.
O HD encontrado pela PF continha os termos de declaração das
delações sigilosas do ex-presidente do TCE (Tribunal de Contas do Estado) Jonas
Lopes Filho e de seu filho, Jonas Lopes Neto. Os depoimentos implicaram Brazão
em um esquema de corrupção que levou à Operação Quinto do Ouro, desdobramento
da Lava-Jato no Rio e são considerados uma das bases que fundamentaram o pedido
de prisão de Brazão.
O HD apreendido também continha documentos relacionados à
colaboração premiada do ex-policial militar Elcio Queiroz, que confessou ter
dirigido o carro usado nos assassinatos de Marielle Franco e de seu motorista,
Anderson Gomes, em março de 2018. Queiroz implicou os irmão Brazão e o ex-chefe
da Polícia Civil Rivaldo Barbosa como sendo responsáveis por encomendar o
assassinato da parlamentar.
Fonte: Brasil 247 com informações da coluna da jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo
Conforme o presidente venezuelano,
Nicolás Maduro, a projeção é de um crescimento econômico acima de 8% no país ao
longo de 2024
Sputnik - O
presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, revelou nesta sexta-feira (24) que o
país registrou crescimento acima de 7% no primeiro semestre de 2024. O índice é
superior à projeção de 4% da alta no Produto Interno Bruto (PIB) previsto pelo
Fundo Monetário Internacional (FMI) para todo o ano.
"Temos 11 trimestres crescendo de forma contínua, e
no primeiro trimestre de 2024, o crescimento foi superior a 7%, começando o
ano, que sempre tem números modestos porque são os três primeiros meses mais
difíceis", enfatizou Maduro durante um discurso.
Conforme o presidente venezuelano, a projeção é de um
crescimento econômico acima de 8% no país para todo o ano. Além disso, nos
quatro primeiros meses do ano, a arrecadação de impostos na Venezuela registrou
alta de 78% na comparação com o mesmo período de 2023.
Maduro afirmou ainda que as exportações não tradicionais
entre abril de 2023 e 2024 cresceram 11% de forma contínua.
"Estamos estimulando as exportações não tradicionais para
que a Venezuela exporte tudo o que produz, primeiro satisfazemos a necessidade
interna e depois o excedente é vendido para a Colômbia, para o Brasil, e para
quem precisar, a um bom preço," comentou.
Além disso, Maduro destacou que entre abril de 2023 e
2024, a oferta de crédito no país registrou aumento de 81%. "Os depósitos
em seu equivalente em dólares cresceram de abril de 2023 a 2024 em 58% e o
mercado de valores começa a crescer," acrescentou.
Já em relação ao sistema cambial, o presidente enfatizou que o
preço do dólar nos últimos sete meses é o mais estável desde 2012.
Maduro indicou ainda que no primeiro quadrimestre de 2024
a Venezuela teve a inflação mais baixa em 12 anos e garantiu que o país tem os
índices de abastecimento mais altos dos últimos 21 anos.
Em abril, o Fundo Monetário Internacional
(FMI) e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe projetaram um
crescimento de 4% do PIB na Venezuela neste ano.
Pelo menos 17 propostas que criminalizam
o MST e os movimentos sociais que lutam pela reforma agrária estão em
tramitação na Câmara e outras quatro aguardam análise no Senado
A bancada do
agronegócio, em associação com parlamentares bolsonaristas de extrema direita,
tem impulsionado pautas no Congresso Nacional visando criminalizar a luta
social pela agricultura e reforma agrária protagonizada pelo Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Segundo o jornal O Globo, pelo menos 17 propostas
anti-MST estão em tramitação na Câmara e outras quatro aguardam análise no
Senado.
A ofensiva contra o MST começou em 2023, após a conclusão
da CPI do MST. Presidida pelo deputado bolsonarista Tenente-Coronel Zucco
(PL-RS), a comissão terminou sem a votação do relatório do deputado Ricardo
Salles (PL-SP), ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (PL). Zucco, em parceria
com o presidente da Frente Parlamentar Agropecuário, Pedro Lupion (PP-PR), deu
início à Frente Parlamentar Invasão Zero.
Em dezembro, o grupo articulou a aprovação da chamada “emenda
patriota” no Orçamento de 2024, posteriormente vetada pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT). Proposta por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a medida
visava proibir o uso de recursos federais para “atividades de invasão” em
propriedades rurais.
A estratégia legislativa ganhou força com a posse da
bolsonarista Caroline De Toni (PL-SC) na presidência da Comissão de
Constituição e Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara, em março deste ano. Desde
então, a CCJ tem pautado uma série de projetos anti-MST.
O MST criticou a aprovação do projeto que barra o acesso a
benefícios e auxílios do governo federal para condenados por invasão de
propriedades rurais pela Casa Legislativa. Em nota, o movimento destacou o
papel da articulação Invasão Zero, composta por parlamentares que chamou de
“reacionários, latifundiários e armamentistas” e como uma tentativa de
criminalizar os movimentos sociais que buscam a “democratização da
terra”.
Além do projeto já aprovado em plenário, a comissão também
analisou textos como o que estabelece sanções administrativas para “invasore”s
e o que permite o uso da força policial sem ordem judicial para retirar os
ocupantes de propriedades privadas, desde que a ação não ultrapasse o
necessário para a manutenção ou restituição da posse.
Outras quatro propostas ainda serão analisadas, incluindo o
aumento de penas para o crime de esbulho possessório e a exigência de CNPJ para
que movimentos sociais recebam recursos públicos. O MST argumenta que não
possui CNPJ porque é um movimento social e não precisa de registro jurídico
para lutar por reforma agrária, recebendo recursos por meio de associações ou
cooperativas. A oposição vê nisso uma maneira de evitar responsabilidades
judiciais.
No Senado, ao menos quatro projetos anti-MST estão em
tramitação. Um deles, proposto pelo senador Marcos Rogério (PL-RO), visa
caracterizar a “invasão de terra” com o intuito de “provocar terror social
generalizado” como ato de terrorismo.
A deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ), que
integrou a CPI do MST, criticou os projetos, alegando que visam criminalizar o
direito à moradia e à reforma agrária, previstos na Constituição Federal.”enho
certeza que esse movimento anti-MST será barrado pela mobilização das pessoas
que lutam pelo direito à terra e pelo judiciário por ser um PL ilegal”, dsse
ela, de acordo com a reportagem, “Ao retirar benefícios como o Bolsa Família e
o BPC, ele está penalizando toda a família: as crianças, os jovens, os filhos,
os dependentes”, ressaltou Patris Ananias (PT-MG).
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
“Motel Destino”, do cineasta cearense
Karim Ainouz, é o único longa latino-americano brigando pela Palma de Ouro
RFI - A um dia do encerramento da 77ª edição
do Festival de Cinema de Cannes, no sul da França, listas com os favoritos para
levar a Palma de Ouro já circulam nesta sexta-feira (24), com o Brasil no
páreo. O longa de Karim Aïnouz arrancou aplausos da plateia, mesmo se a
imprensa francesa esperava mais audácia do diretor cearense.
A poucas horas da entrega da Palma de Ouro, uma certa
unanimidade se cria em torno de uma possível vitória do longa “Emilia Perez”,
do diretor francês Jacques Audiard. O filme foi ovacionado em Cannes e aclamado
pela crítica por sua originalidade – um thriller musical que trata de
transidentidade.
A trama se passa no México e conta a história de um poderoso
narcotraficante que quer mudar de sexo, mas não quer que ninguém saiba. Para
isso, ele quer simular a sua morte e ser submetido a uma operação para virar
mulher.
Quem interpreta o criminoso é a atriz transsexual
espanhola Karla Sofía Gaston, cuja performance arrancou muitos elogios na
Riviera Francesa. O filme de Audiard também tem no elenco duas outras grandes
estrelas americanas, Selena Gomez e Zoe Saldanha.
Esse é o décimo longa do Jacques Audiard, que já tem uma Palma
de Ouro no currículo, por “Dheepan”, em 2015. Um dos favoritos para levar o
prêmio principal em Cannes neste ano novamente, o diretor afirma que, no lugar
de levar a estatueta, prefere que Karla Sofía Gaston seja recompensada.
22 filmes na disputa
- No total, 22 filmes disputam a Palma
de Ouro de longa-metragem, que será entregue na noite de sábado (25). Para a
emissora de TV France 24, “Anora”, oitavo filme do cineasta americano Sean
Baker, foi o que conquistou as mídias.
A trama trata de uma prostituta que se apaixona e casa com um
cliente, filho de um oligarca russo. O filme é comparado pela crítica à comédia
romântica “Uma Linda Mulher”, de Garry Marshall, com Richard Gere e Julia
Roberts.
“The Girl with the Needle”, ainda sem tradução em
português, do sueco Magnus van Horn, é outro dos grandes cotados. A história se
passa na Dinamarca, durante a Primeira Guerra Mundial, fala sobre a
sobrevivência das mulheres no caos e na pobreza. A trama foca em duas
personagens femininas: Karoline (Vic Carmen Sonne), grávida e desempregada, e
Dagmar (Trine Dyrholm), que gerencia uma agência de adoção clandestina.
A França tem outro grande representante na corrida pela Palma de
Ouro, “A Substância”, dirigido por Coralie Fargeat. O filme de terror trata de
uma celebridade hollywoodiana que se recusa a envelhecer, com Demi Moore no
papel principal, e chocou o público em Cannes com cenas sangrentas.
Gigantes em Cannes
Havia muita expectativa com
“Megalópolis”, o novo filme do Francis Ford Coppola, mas o longa foi detonado
pela crítica na Riviera Francesa. Para o jornal Le Parisien, o trabalho,
aguardado como um testamento deste mastodonte do cinema, “é de uma feiúra infinita”;
“com uma estética artificial, sufocante e datada”, resume a revista Télérama.
“Denso e chato”, avalia o britânico The Guardian.
Já "Kind of Kindness", do grego Yorgos Lanthimos,
recebeu elogios em Cannes, mas não emocionou as plateias, nem a crítica.
Novamente com Emma Stone no papel principal – que recebeu um Oscar pela atuação
em “Pobres Criaturas”, o longa é considerado “sóbrio” pelo jornal Le Monde:
“com quase três horas, é preciso reconhecer, causa um pouco de dor de cabeça”.
Muito buzz também em torno do longa “The Seed of the
Sacred Fig”, sem tradução em português, do iraniano Mohammad Rasoulof. O
cineasta escapou da condenação de prisão no Irã por seu engajamento político,
fugiu e conseguiu ir a Cannes apresentar o filme, que encerrou nesta
sexta-feira (24) a exibição dos longas em competição para a Palma de Ouro em
Cannes.
Novo filme de Karim Aïnouz - “Motel Destino”, do cineasta cearense Karim Ainouz, é o único
longa latino-americano brigando pela Palma de Ouro. O filme estreou na
quarta-feira (22) em Cannes, com um tapete vermelho ao som de forró. Apesar de
ter atraído os holofotes, o longa não aparece nas listas publicadas pela
imprensa internacional com os nomes dos filmes cotados para levar a Palma de
Ouro.
Nas palavras do Karim, “Motel Destino é um thriller
erótico que celebra a vida”. O longa conta a história do jovem “Heraldo”,
interpretado pelo ator Iago Xavier, que está sendo perseguido por traficantes e
encontra refúgio em um motel de beira de estrada no litoral do Ceará. Lá
Heraldo inicia uma relação amorosa com uma mulher (vivida pela atriz Nataly
Rocha) casada com o dono do estabelecimento (Fábio Assunção).
“Motel Destino”recebeu 12 minutos de aplausos em Cannes e
teve repercussão positiva na imprensa internacional. A Vanity Fair afirma que
esse é o filme mais “sexy” do festival de Cannes, mas para Variety é o longa
“mais político” desta edição do evento. O jornal britânico The Guardian elogia
a atuação no filme, mas o jornal francês Le Monde acha que faltou audácia da
parte do Karim. Mesmo tom da revista francesa Télérama, que também acha que o
Karim poderia ter ousado mais.
Além de “Motel Destino”, o Brasil ainda concorre a uma
Palma de Ouro nos curta-metragens com “Amarela”, de André Hayato Saito. Através
da personagem Erika (Melissa Uehara), adolescente de origem japonesa, o filme
fala sobre a discriminação no Brasil contra pessoas de origens asiáticas.
Segundo a Defesa Civil, 64 pessoas seguem
desaparecidas
Subiu para 165 o
número de mortes confirmadas em decorrência das enchentes que devastaram o Rio
Grande do Sul nas últimas semanas, segundo boletim da Defesa Civil gaúcha
divulgado na manhã deste sábado (25). Ainda de acordo com o balanço, outras 64
pessoas seguem desaparecidas e 806 ficaram feridas.
As chuvas, que deixaram cidades inteiras debaixo d'água e
provocaram o pior desastre climático da história do Estado, afetaram mais de
2,3 milhões de pessoas em 468 dos 497 municípios gaúchos. Mais de 580 mil
pessoas ficaram desalojadas e 55.791 estão em abrigos.
Em janeiro deste ano, o Fórum Econômico Mundial apontou a desinformação e os conteúdos alterados por inteligência artificial como o segundo maior risco global. Ambos ficaram atrás apenas do clima extremo. Para especialistas, a desinformação ameaça a democracia e, para combatê-la, a educação midiática é uma das formas mais eficazes de formar uma população crítica que seja capaz de identificar informações falsas. É necessário, de acordo com eles, que haja a atuação conjunta tanto de governos, quanto de empresas e da própria sociedade, envolvendo escolas, universidades e profissionais da imprensa.
Direitos Humanos, Meio Ambiente e Democracia na Era da Inteligência Artificial foi o tema do Encontro Internacional de Educação Midiática, que começou nesta quinta-feira (23) e terminou nesta sexta-feira (24), no Rio de Janeiro. O encontro reuniu gestores públicos, representantes de organizações sociais, jornalistas e educadores.
“Temos que traçar as políticas públicas pensando primeiramente que educação é um direito, e se educação é um direito, educação midiática é um direito de todas as pessoas e é fundamental para defesa da democracia e enfrentamento da desinformação. A educação midiática tem que ser prioridade. E o que significa ser prioridade? Prioridade tem que ter orçamento. Se não tem orçamento, não tem prioridade. Tem que ser priorizada e ter orçamento necessário para a abrangência de todo território nacional, de todos os professores, escolas e estudantes”, ressaltou a coordenadora da área de Educação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil, Rebeca Otero.
A chefe da Unidade de Alfabetização Midiática e Informacional e Competências Digitais da Unesco, Adeline Hulin, citou um exemplo de como as informações produzidas por inteligência artificial generativa, como o Chat GPT, podem ser tendenciosas.
Ela apresentou alguns dos resultados de pesquisa feita pela London School of Economics and Political Science, conhecida pela sigla LSE, em português Escola de Economia e Ciência Política de Londres. A pesquisa perguntou ao Chat GPT qual seria o currículo de um homem chamado John e de uma mulher chamada Jane, ambos ocupando o mesmo cargo de gerente de compras. Segundo ela, o Chat GPT atribuiu um currículo acima das expectativas para John, dono de um pensamento estratégico, enquanto Jane é vista como alguém que torna o clima da empresa agradável e se dedica ao aprendizado contínuo.
“É importante termos um pensamento crítico”, defende Hulin, acrescentando que “nosso objetivo é fazer com que a inteligência artificial se torne uma força e não fonte de confusão e desinformação”.
Hulin destaca o papel das próprias empresas de tecnologia. "Para a Unesco, a educação midiática é a grande resposta a esse desafio, mas não é a única. Também precisamos tomar bastante cuidado porque acreditamos que isso é algo que deve ser respondido através de vários pilares. A gente também precisa trabalhar com as plataformas digitais para trazermos responsabilização, transparência e soluções globais".
Educação midiática
Um dos campos tidos como estratégicos para a educação midiática é a educação. No Brasil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que orienta a elaboração de todos os currículos das escolas brasileiras, estabelece que todos os estudantes devem ser capazes de compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética “nas diversas práticas sociais (incluindo as escolas), para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva”.
Embora o termo educação midiática não apareça, na prática, é o que diz essa competência.
O secretário de Educação do Pará, Rossieli Soares, chamou a atenção para a BNCC e disse ainda que as escolas ainda enfrentam dificuldades anteriores ao desenvolvimento desse pensamento crítico, como alfabetizar as crianças. “Se as crianças não sabem ler na idade mais importante de estímulo à leitura, não poderão ter cultura da leitura. Queremos que leia livros, jornais, mas não conseguimos desenvolver uma cultura da leitura”.
Para ele, a educação é uma chave fundamental para se formar pessoas críticas. “Não tem instrumento que seja mais poderoso que a educação. Por mais que façamos com que todos saiam daqui [do evento], que os jornalistas escrevam, façam matérias, se não impactar na base da sociedade e de uma geração inteira, a gente não vai conseguir”.
Escolas precisam também estar atentas aos riscos. No ano passado, a Unesco divulgou o Relatório de Monitoramento Global da Educação 2023: a Tecnologia na Educação, uma Ferramenta a Serviço de Quem?, que discute o papel das tecnologias e os malefícios de exposições prolongadas a telas.
Baseado também no que foi apontado pela Unesco, o município do Rio de Janeiro buscou formas de evitar o uso excessivo de celular na sala de aula. A prefeitura da capital publicou um decreto que regulamenta o uso dos aparelhos nas escolas públicas. O celular deve ficar guardado e só pode ser usado para atividades pedagógicas, com a autorização dos professores.
No evento, o secretário de Educação do Rio de Janeiro, Renan Ferreirinha, defendeu a medida. “Tem situação em que as crianças ficam isoladas em suas telas, sem interagir. A escola tem o papel também de interação humana, além das disciplinas, e quando a criança fica isolada na sua própria tela, a interação não acontece. Eu não consigo achar normal uma criança ter crise de ansiedade porque não consegue desgarrar de seu telefone”.
O secretário apresentou dados de uma pesquisa de opinião pública feita no município na qual 93% das pessoas entrevistadas dizem apoiar a medida. “A gente não pode fingir que não tem um elefante na sala. Tem um elefante na sala, que é o uso excessivo de telas de celular especialmente entre crianças e jovens”.
Governo federal
Desde 2023, o Brasil criou a Secretaria de Políticas Digitais, e vinculada a ela, o Departamento de Direitos na Rede e Educação Midiática, que elaborou, após uma consulta pública, a Estratégia Brasileira de Educação Midiática. O documento reúne diversas frentes de atuação do poder público para que o país tenha acesso a uma educação midiática.
“Parece um pequeno passo, mas ao mesmo tempo um grande passo quando a gente pensa que os professores não se restringem a uma sala de aula, mas são multiplicadores desse conhecimento. A gente está com essa grande missão que não é só nossa mas da sociedade”, disse a coordenadora-geral de Educação Midiática do Departamento de Direitos na Rede e Educação Midiática da Secretaria de Políticas Digitais, Mariana Filizola.
O Encontro Internacional de Educação Midiática foi realizado pelo Instituto Palavra Aberta com apoio da Unesco, entre outras organizações.
O sistema de proteção contra inundações de Porto Alegre é considerado "robusto, eficiente e fácil de operar e manter", mas falhou porque não recebeu as manutenções permanentes necessárias por parte da prefeitura, por meio do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE). Essa é a avaliação de um grupo de 42 engenheiros, arquitetos e geólogos, que divulgou um manifesto, na última quinta-feira (23), em que explicam o que ocorreu para a cidade ser tomada pela água do Guaíba, na maior enchente da história da capital gaúcha.
Concebido na década de 1970 por engenheiros da Alemanha, com inspiração em modelos holandeses, o sistema porto-alegrense é composto por cerca de 60 quilômetros (km) de diques e barragens, de norte a sul da capital gaúcha. Avenidas importantes, como Castelo Branco, Beira-Rio e Diário de Notícias, além da rodovia Freeway, são barragens construídas para evitar o extravasamento da água do Guaíba para áreas urbanas.
Há também um muro de proteção, o Muro da Mauá, que funciona como dique para área central da cidade, desde a altura da rodoviária até a usina do Gasômetro. Por toda essa extensão, há 14 comportas, que permitem a entrada e saída da água, e 23 casas de bombas hidráulicas, que também tem as próprias comportas, e funcionam como pontos de drenagem da água, para devolver , em uma eventual inundação, ao lago.
Já os córregos (arroios) que cortam a cidade, como o Arroio Dilúvio, na Avenida Ipiranga, complementam o sistema de diques internos. A cota de inundação do sistema é de 6 metros de cheia, cuja altura na enchente do início do mês não passou de 5,30 metros.
"Os diques e os muros não vazam. Os vazamentos estão em boa parte das comportas sem manutenção. No ano passado, quando o sistema foi acionado, durante as inundações com início no Vale do Taquari e que também inundaram a região metropolitana, as deficiências nas comportas ficaram visíveis. Fáceis de serem sanadas, mas não foram. As próprias casas de bombas, bem como as Estações de Bombeamento de Água Bruta (EBABs) estão inundadas", diz o manifesto.
O que dizem os engenheiros
"O mais urgente que tinha que ser feito, desenvergar [comportas], trocar as borrachas, não foi feito. Não precisaríamos ter sequer 10% da inundação que nós tivemos", argumentou o engenheiro Vicente Rauber, ex-diretor do antigo Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), que nos anos 1990 já tinha lançado uma publicação sobre como prevenir enchentes na cidade, que havia passado um trágico incidente em 1941.
"Como medidas emergenciais, [o DMAE] deveria ir lá e fechar os furos, os vazamentos [das comportas]. Uma empresa de saneamento trabalha permanentemente com mergulhadores, eles são necessários para fazer qualquer atividade, qualquer conserto embaixo d'água. Conserta os furos e tenta religar as casas de bomba, fazendo ensecadeiras, tirando a água dentro dela. Estamos num círculo vicioso, as casas de bomba não funcionam porque foram inundadas, e a água não sai porque não tem bomba [funcionando]", acrescentou durante uma entrevista coletiva para lançar a carta.
Casa de bomba, usada para retirada de água de enchentes em Porto Alegre, fica alagada no dia 24/05/2024. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
"Nós temos uma barragem, que impede a água de entrar. O muro e os diques são barragens. E, quando a barragem não impede a água de entrar, tem um sistema que pega e joga água para o outro lado da barragem. Muito simples, tradicional, clássico e eficiente, é fácil de fazer. É só manter as casas de bomba funcionando, que ela vai pegar a água de dentro da cidade e vai jogar fora", apontou Augusto Damiani, engenheiro civil, ex-diretor-geral do DEP e do DMAE, hidrólogo e mestre em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Prefeitura nega falta de manutenção
Procurado, o DMAE informou que, atualmente, 11 das 23 bombas estão em funcionamento. No auge da inundação, 19 pararam por inundação ou por problemas elétricos. Elas estão sendo consertadas, assegurou o órgão.
Enquanto isso, moradores da região central e do norte da cidade, onde estão as bombas sem funcionamento ou com operação parcial, sofrem com o repique das enchentes, que quase colapsaram a cidade há 20 dias.
"Estamos trabalhando para religar as demais casas de bombas. Ontem [23], durante o temporal, nenhuma saiu fora de operação. Estamos trabalhando nas EBAPS [Estações de Bombeamento de Água Pluvial] que faltam. Algumas tiramos os motores para secar, outras ainda não conseguimos entrar em razão da inundação. Nossas equipes estão trabalhando incansavelmente para colocar todo o sistema em operação o mais breve possível", disse o DMAE.
Em entrevista à Rádio Nacional, última quarta-feira (22), o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, negou falta de manutenção no sistema e atribuiu a falha à concepção do sistema.
"Em 1968, 1969, eu sou o décimo terceiro prefeito dessa leva [da década] de 1970 para cá. Esse sistema foi concebido de um jeito e ele nunca foi modificado. E ele tinha testado algumas vezes em centros menores e tinha respondido bem. Bom, mas ele nunca tinha sido testado com o fenômeno do tamanho que aconteceu", afirmou.
"Esse fenômeno que aconteceu, o climático, ele poderia ter acontecido em qualquer cidade brasileira e talvez não fosse diferente, porque nós não temos cidades adaptadas para esse novo normal, nenhuma. Nenhuma, especialmente grandes cidades. Então, essa tragédia que aconteceu aqui, ela poderia acontecer em São Paulo, Rio de Janeiro, em qualquer outro lugar. Acho que o Brasil tem que pensar no novo normal", insistiu Melo.