Estratégia do Ministro da Fazenda lembrou os confrontos protagonizados pelo ex-ministro da Justiça, Flávio Dino
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adotou a estratégia do ex-ministro da Justiça, Flávio Dino, para confrontar e ironizar os deputados bolsonaristas em sessão realizada nessa quarta-feira na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. As falas do chefe da equipe econômica viralizaram nas redes, que relembraram os embates entre Dino e o parlamentares da oposição.
Veja, abaixo, alguns dos momentos mais destacados da visita do Ministro da Fazenda à Câmara dos Deputados.
Madonna e a terra redonda
Haddad foi acusado de ser um “negacionista da economia” pelo deputado Abílio Brunini (PL-MT). O parlamentar acusou o ministro de negar os números da economia e estar ‘manso’, enquanto o Brasil não está se desenvolvendo na economia.
– O senhor é um negacionista da economia? Não acredita nos números? O senhor não queria estar no ministério da Fazenda e gostaria de estar no ministério da Fazenda tocando Black Bird? O senhor está fazendo discurso manso, enquanto o Brasil não está desenvolvendo na economia – disse o deputado.
– O deputado Abílio me acusa de gostar de filme, livro e música. Eu gosto da cultura, eu sei que o bolsonarismo tem dificuldade com as artes. Vocês não gostam. Vocês vão ter que aprender a respeitar um dos maiores patrimônios desse país – disse Haddad.
– Tipo a Madonna? Tipo o show da Madonna? – perguntou o parlamentar.
– Deputado, isso não é problema seu, não vai no show da Madonna, quem gosta vai. Essa é a prática do bolsonarismo, não querer ouvir. ‘A vacina, sou contra’. Não quer ouvir. O senhor me chama de negacionista? Eu defendi a vacina o tempo todo. A terra é redonda o tempo todo. Vocês negam que a terra é redonda, vocês negam a vacina, vocês negam que deram o calote em precatório, calote em governador – disse Haddad.
Exame de DNA no calote
Haddad ainda respondeu às acusações dos deputados Abílio Brunini e Filipe Barros (PL-PR) sobre a continuidade do déficit fiscal no país. O ministro justificou que as contas estão negativas graças ao que chama de “calote” do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro ao quitar a dívida de precatórios (indenizações devidas pela União decorrentes de decisões judiciais).
– Só tiveram dois presidentes que deram calote: (Fernando) Collor e (Jair) Bolsonaro. Aí vem o presidente (Lula) e paga o calote. “Ah, olha o déficit que o presidente Lula fez”. Esse déficit, deputado, não é nosso. O filho é teu, tem que assumir a paternidade, faz o exame de DNA que vai saber quem deu calote. Eu não quero polarizar com o senhor, não vim para cá para isso, vim para restabelecer a verdade – disse Haddad.
A gestão Bolsonaro colocou um limite no pagamento dessas dívidas, adiando, na prática, essa despesa. No fim do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o governo Lula a quitar R$ 95 bilhões do estoque represado por meio de crédito extraordinário. A oposição acusa o governo atual de fazer manobra contábil.
“Fala mal do Tarcísio”
Durante a sessão, o ministro também disse para o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) “parar de lacrar na rede”. O parlamentar defendia a manutenção da isenção para importação de produtos de até U$50. O ministro defendeu que existe um apelo do setor de varejo e que o parlamentar deveria ouvir os empresários.
– Feche a porta para ouvir e parar de lacrar na rede – disse o ministro.
Haddad ainda disse que o deputado não critica os governadores por terem instituído cobranças de ICMS para os importados.
— Pega o microfone e fala mal do Tarcísio (de Freitas, governador de São Paulo). Coragem, deputado. Fala, deputado — afirmou o ministro.
“No lombo do trabalhador é mais fácil”
Ao falar de ajuste fiscal, Haddad defendeu o combate ao patrimonialismo e o corte de privilégios.
“No lombo do trabalhador é sempre mais fácil fazer o déficit cair. Difícil é fazer com justiça tributária e com justiça social”, disse o ministro, enfatizando a diferença entre o governo atual e a gestão de Bolsonaro.
Ministro do STF marca para junho audiência pública para obter informações técnicas acerca das ferramentas de monitoramento
O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF) solicitou que os Tribunais de Contas da União, dos estados e dos municípios informem, no prazo de 15 dias, sobre a tramitação de processos administrativos que versem sobre licitações, compras ou contratações de “programas de intrusão virtual remota e de ferramentas de monitoramento secreto e invasivo de aparelhos digitais de comunicação pessoal”.
No despacho do último dia 16, o magistrado afirma que tais produtos compreendem, mas não se limitam, a ferramentas como o FirstMile, programa israelense cuja utilização durante o governo de Jair Bolsonaro permitiu o monitoramento de parlamentares, ambientalistas, jornalistas, professores e advogados.
Zanin explica que se trata de arguição de descumprimento de preceito fundamental proposta pela Procuradoria-Geral da República. Na ação é apontada a ausência de atuação normativa do Congresso Nacional “na regulação do uso, por órgãos e agentes públicos, de programas de intrusão virtual remota e de ferramentas de monitoramento secreto e invasivo de aparelhos digitais de comunicação pessoal”.
Em janeiro desse ano, o ministro já havia solicitado informações ao Congresso Nacional e encaminhado os autos para manifestação da Advocacia-Geral da União e da Procuradoria-Geral da República. Após a análise da singularidade do tema, foi determinada a realização da audiência nos dias 10 e 11 de junho, no STF.
O ministro afirma que, na hipótese de serem identificados processos administrativos nos tribunais versando sobre a aquisição ou contratação de tais produtos, solicita-se a remessa, no mesmo prazo, de relatórios, orientações ou decisões proferidas.
O esquema de espionagem ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) utilizando o FirstMile foi revelado pelo jornal O GLOBO em março do ano passado e ficou conhecido como “Abin paralela”. Desde então, passou a ser investigado pela Polícia Federal, que descobriu que diversas pessoas foram bisbilhotadas por meio da conexão do celular.
Ex-chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa fez uma ‘súplica’ ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
O ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa fez uma “súplica” ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e pediu em um bilhete para ser ouvido “pelo amor de Deus” pela Polícia Federal. O delegado está preso desde o dia 24 de março sob a acusação de ter planejado o homicídio da vereadora Marielle Franco e atuado para proteger os mandantes do crime.
“Ao Exmo. Ministro, por misericórdia, solicito que V.Exa. faça os investigadores me ouvirem, pelo amor de Deus”, escreveu Barbosa em um bilhete entregue ao oficial de justiça que o notificou dentro da Penitenciária Federal de Brasília.
Há cerca de um mês, Barbosa já havia pedido a Moraes para prestar depoimento à Polícia Federal. Na ocasião, em petição ao STF, ele afirmou que ainda não foi ouvido pelos investigadores, mesmo com ordem judicial.
Além do delegado, foram alvos dos mandados de prisão preventiva cumpridos em 24 de março o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ). No último dia 10, eles foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Todos os envolvidos negam os crimes.
O delegado pediu também ao STF que seja ouvida sua mulher. Para a PF, ela teria utilizado empresas de fachada com o intuito de supostamente lavar dinheiro, atuado como “testa de ferro” de Barbosa.
Os advogados Marcelo Ferreira de Souza e Felipe Dalleprane enviaram a Corte documentos e afirmaram não haver “qualquer lastro probatório ou ao menos indiciário” no sentido de que tenha havido práticas ilícitas na prestação dos serviços realizados pelas empresas de Erika, tampouco que sua evolução patrimonial tenha relação com rendas ilegais.
Disputa imobiliária
Em um acordo de delação premiada firmado com a PF e a Procuradoria-Geral da República, o ex-policial militar Ronnie Lessa relatou que, no segundo trimestre de 2017, Chiquinho, então vereador do Rio, demonstrou “descontrolada reação” à atuação de Marielle para “apertada votação do projeto de Lei à Câmara número 174/2016”.
Com o projeto, ele e o irmão buscariam a regularização de um condomínio inteiro na região de Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade, sem respeitar o critério de área de interesse social, visando obter o título de propriedade para especulação imobiliária.
Nos depoimentos, Lessa ainda relatou que Barbosa foi uma peça-chave para que os homicídios fossem consumados a mando dos Brazão. Ao delegado, caberia garantir uma espécie de imunidade aos envolvidos, ou seja, de alguma forma o inquérito que se sucederia não poderia chegar nos responsáveis pela empreitada criminosa.
Na denúncia apresentada, a PGR afirma que “a ordem para executar os homicídios foi dada por Domingos e Chiquinho” e que os dois defendiam os interesses de milícias “junto às instituições de Estado”. Os irmãos também foram denunciados por organização criminosa.
O documento aponta que os Brazão informaram sobre o plano de matar a parlamentar a Rivaldo, que teria usado sua autoridade como chefe de Polícia Civil “para oferecer a garantia necessária aos autores intelectuais do crime de que todos permaneceriam impunes”.
“Acrescente-se que Rivaldo ocupava, ao tempo do planejamento do crime, a função de diretor da Divisão de Homicídios, tendo sido empossado, no dia imediatamente anterior às execuções, como chefe de Polícia Civil. Por isso, o seu aval era parte indispensável do plano elaborado pelos irmãos Brazão. Ele detinha o controle dos meios necessários para garantir a impunidade do crime”, escreve o vice-procurador-geral da República Hindenburgo Chateubriand Filho, que assina a denúncia.
Magistrados usaram as expressões
'desinteligência natural' e 'burrice' durante sessão que tornou a parlamentar
ré por invasão do sistema do CNJ
A deputada federal
bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) disse que irá solicitar a suspeição dos
ministros Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF),
, após ele utilizarem as expressões "desinteligência natural" e "burrice"
durante a sessão de terça-feira (21) que tornou tornou a parlamentar ré pelos
crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
"A postura relatada não corresponde àquilo que se
espera de julgadores imparciais, de modo que entende estar caracterizada a
suspeição dos ministros", afirmou Zambelli em nota, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo.
Na segunda-feira, a Primeira Turma do STF decidiu, por
unanimidade, levar a deputada federal e o hacker Walter Delgatti, conhecido
como "Vermelho", ao banco dos réus. Eles serão julgados pela invasão
ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Durante seu voto, a ministra
Cármen Lúcia mencionou "desinteligência natural".
"Começo a não me preocupar mais só com a inteligência
artificial, mas com a desinteligência natural de alguns que atuam
criminosamente, além de tudo sem qualquer tracinho de inteligência", disse
Cármen Lúcia. "Vossa Excelência, sempre muito educada, disse
'desinteligência natural'. Eu diria 'burrice' mesmo, natural", acrescentou
Moraes.
Caso a alegação de Zambelli seja aceita e os ministros sejam
considerados suspeitos, eles serão impedidos de julgar o processo criminal
contra a deputada federal.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Carla
Zambelli e o hacker Walter Delgatti após a conclusão do inquérito da Polícia
Federal (PF) sobre a invasão ao sistema do CNJ. Segundo os investigadores, o
ataque hacker tinha como objetivo descredibilizar o Poder Judiciário. Entre os
documentos apreendidos pela PF, estava um mandado falso em que Moraes
determinava e assinava a própria prisão.
As investigações levaram à apreensão de
documentos com Zambelli que correspondem aos arquivos inseridos por Delgatti no
sistema do CNJ, evidenciando, de acordo com a PF, o envolvimento da parlamentar
no caso.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Estado de S. Paulo
Estimativas apontam que, ao longo de
séculos, Portugal levou do Brasil riquezas estimadas em US$ 100 trilhões
Sputnik - Em
entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, especialistas analisaram a
fala do presidente português sobre reparação às ex-colônias e afirmam que o
ouro retirado do Brasil paradoxalmente se converteu em uma maldição para
Portugal, impedindo a industrialização do país.
Em abril, o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa,
afirmou que seu país "assume total responsabilidade" pelos erros
cometidos no período colonial, incluindo massacres, e sugeriu reparação às
ex-colônias.
"Temos que pagar os custos. Há ações que não foram punidas
e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram
devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isso", disse Rebelo em um
evento com jornalistas estrangeiros.
A fala teve forte repercussão em Portugal e no Brasil. Já
no dia 15 deste mês, o Parlamento português se posicionou sobre a declaração,
contrariando o presidente e descartando qualquer possibilidade de indenização
às ex-colônias.
"Não haverá um processo ou programa de ações específicas
para indenizar outros países pelo passado colonial português. Mas quando for
justo pedir desculpas, o faremos como no caso do Massacre de Wiriyamu",
disse Paulo Rangel, ministro das Relações Exteriores de Portugal, em referência
ao massacre perpetrado pelo exército colonialista português em Moçambique, no
qual cerca de 400 civis foram mortos em 1972, durante a guerra de independência
do país.
No Brasil, sobretudo nas redes sociais, a fala de Rebelo
levou internautas a cobrar a devolução do ouro retirado do Brasil. Porém, essa
possibilidade é nula, segundo aponta em entrevista ao podcast Mundioka, da
Sputnik Brasil, Arminda Ludmila Deveza, portuguesa, escritora, mestre e
doutoranda em direito público e evolução social na linha de direitos
fundamentais e novos direitos pela Universidade Estácio de Sá, advogada e
pós-graduada em direito do trabalho e processo do trabalho.
Ela destaca que ainda há certa dificuldade em Portugal de
reconhecer os crimes cometidos durante a colonização, e essa dificuldade se dá
por conta do orgulho português em relação ao passado do país como potência
global.
"A gente tem que lembrar da história das Américas e
da colonização. Durante mais de quatro séculos, pelo menos mais de 12 milhões
de africanos foram sequestrados, transportados à força da África,
principalmente por navios e comerciantes europeus, e foram vendidos como
escravos. E Portugal traficou quase 6 milhões de africanos, mais do que
qualquer outra nação europeia. Então, até agora, Portugal não conseguiu
confrontar seu passado", afirma Deveza.
Ela explica que esse impasse ao confrontar o passado é fruto de
dois fatores: primeiro, o orgulho que os portugueses têm de seu período como
potência marítima; segundo, por falta de adaptação nas escolas, de forma a
apresentar esse passado com a devida contextualização.
"Portugal tem uma história riquíssima de honra e
glórias. Então o mundo, há muitos séculos, era praticamente português, já que
Portugal foi pioneiro na expansão marítima, ampliou a influência e o poder
político no mundo inteiro. Os portugueses foram os grandes navegadores e os
grandes desbravadores dos mares. As grandes navegações e a era colonial
portuguesa em Portugal ainda são vistas como fonte de orgulho. […] nós,
portugueses, temos muito orgulho disso, do nosso passado", explica.
"O ensino em Portugal tem que ser revisto — a história, com
relação aos fatos como eles realmente aconteceram. Então, a época da
colonização tem que ser abordada de outra maneira. Não como algo heróico, mas
tem que ser abordada com a contextualização da sua época, com uma leitura e
interpretação do que, de fato, ocorreu."
Ela enfatiza que a fala de Marcelo Rebelo de Sousa sobre
reparação, no entanto, é reflexo de uma tendência europeia de responsabilização
pelos erros e crimes cometidos no passado, e que, por ser acadêmico e
professor, o presidente está acompanhando essa tendência por ser um tema
relevante e contemporâneo.
"Está acompanhando o que, recentemente, alguns países
europeus já discutem. Eles fazem isso [reparação] […]. A França devolveu 26
objetos que tinham sido levados dentro de um contexto colonial de violência e
dominação. Então, com essa investigação, a Alemanha também já devolveu objetos
e artefatos que também foram furtados de Benin em 2022. Então existe, sim, um
movimento dos líderes mundiais em buscar reparações, buscar responsabilizações.
[…] acredito que [a fala de Rebelo] tenha sido nesse contexto atual e
contemporâneo."
Há dinheiro em
Portugal para indenização? - Deveza
afirma que não há dinheiro em Portugal para fazer a reparação ao Brasil e
destaca que o produto interno bruto (PIB) português em 2023 foi de US$ 230
bilhões (cerca de R$ 1,1 trilhão). Ademais, ela sublinha que o ouro levado do
Brasil Colônia para Portugal acabou se convertendo em "maldição".
"O que eu ouvi logo depois dessa fala dele [Rebelo],
de algumas pessoas: Cadê o dinheiro? Cadê o ouro do Brasil? Vai devolver o
nosso ouro? Então a gente também passou por uma outra questão. A reparação, a
gente já pensa logo no dinheiro […], mas não tem ouro. Porque o ouro brasileiro
acabou sendo utilizado para cobrir a dívida externa que Portugal tinha com o
Reino Unido, porque firmou o famoso Tratado de Methuen em 1703, ou Tratado dos
Panos", afirma.
"Portugal não cuidou da indústria, porque acabou
cedendo o seu ouro de forma abundante em troca de mercadorias de luxo, que eram
continuamente substituídas por outras. Então a abundância de ouro para alguns
pesquisadores era uma maldição, porque impediu o processo de industrialização e
modernização da economia portuguesa. Então, se não tem dinheiro, como seria
feita essa reparação?", questiona.
Ao perguntar à Deveza se nesse contexto a fala do
presidente acabou sendo um equívoco, já que não há dinheiro para ressarcimento,
a pesquisadora discorda. Ela afirma que o objetivo do presidente português, ao
reconhecer os erros do passado, é contribuir para que eles não se repitam.
"O reconhecimento desses erros do passado ajuda, e
acaba contribuindo para que esse tipo de erro não se repita. Porque ele acaba
dando exemplo para outros países que continuam a colonizar os outros. A gente
ainda vê que alguns países europeus colonizam outros. Então ainda é uma coisa
atual."
A escritora afirma que após a etapa do reconhecimento, vem
a etapa da reconciliação, e destaca que ambas "são etapas muito fortes e
muito difíceis, mas que precisam ser enfrentadas". "Até mesmo para
termos uma sociedade mais justa, mais humana, mais igualitária."
Qual o valor do
montante que Portugal levou do Brasil durante o período colonial? - Estimativas apontam que, ao longo de séculos, Portugal levou do
Brasil riquezas estimadas em US$ 100 trilhões (cerca de R$ 515 trilhões).
Porém, para o analista internacional Paulo Martires dos Santos, a quantia é
muito maior.
"A quantificação de um valor para tamanha barbárie
que decorreu durante 400 anos, no caso do Brasil, é inquantificável em termos
de roubo, que foi feito de riquezas naturais, de gentes, assassinatos em massa,
extermínio em massa, liquidação do território e tudo mais. […] a realidade é
que nunca ninguém, ao meu ver, conseguirá ter uma mínima ideia daquilo que é
devido."
Ele afirma ainda que essa conta se refere apenas ao
Brasil, mas que há várias outras ex-colônias portuguesas que também teriam
cifras altíssimas em caso de reparação financeira. Nesse contexto, uma eventual
indenização se torna ainda mais improvável.
"Não adianta monetizarmos as coisas. Não adianta nós
dizermos que bem em valor, em pecúnia, em valor de dinheiro, vale XYZ",
explica.
Questionado sobre o posicionamento do partido radical de
direita Chega, que classificou a declaração de Rebelo como "traição",
Santos afirma que a legenda faria de tudo para polemizar qualquer assunto.
"O Chega vai se servir de qualquer coisa para obter
protagonismo, seja dizendo isso do Marcelo Rebelo de Sousa, seja dizendo isso
da esquerda, da direita, de cima ou de baixo. Eles pegam aquilo que no momento
surge como luz da ribalta para explorar o filão", explica.
"A mesma coisa com o [partido] Bloco de Esquerda.
Tanto o Bloco de Esquerda como eles [Chega] têm uma coisa em comum: gostam de
mídia. Gostam tanto que saltam, rejubilam quando há qualquer coisa que os faça
brilhar, ainda que sem fundamento. De qualquer das formas, vozes de burro não
chegam ao céu", afirma.
Sobre a forma que a declaração de Rebelo foi transmitida
na mídia, Santos diz que, assim como todas as falas do presidente, foi recebida
com impacto.
"Talvez a imprensa portuguesa não tenha conseguido
tirar o positivo dessa observação, que era, sem dúvida alguma, puxar para a
centralidade da discussão política algo que é devido, algo que é justo, algo
que tem que ser discutido. Porque essa observação […] deve trazer a toda a
gente a memória daquilo que se fez. Porque nessas escolas [portuguesas], na
escola onde eu estudei, na escola onde todos os outros estudaram, apresentam-se
os descobrimentos como uma aventura daqueles portugueses que saíram daqui, que
pararam nas terras e descobriram o mundo por aí afora, dando ao mundo outros
mundos. É uma coisa completamente insípida, desprovida daquilo que é o seu
caráter criminoso, o seu caráter de completa degradação humana que aquilo tudo
foi."
Entretanto, o especialista afirma que a discussão em torno
da reparação deve ser pautada não pelo dinheiro, mas pela ajuda social que
Portugal poderia prover ao Brasil e, também, pela reconciliação entre os
países, de forma a superar o passado.
"Nós não podemos passar nenhuma borracha [no
passado], nem podemos agarrar um saco de dinheiro e entregar para as
ex-colônias e dizer: 'Pronto, está aqui tudo aquilo que nós tiramos e a partir
daqui estamos arrumados [acertados].' Isso é impossível de se fazer. Isso não
apaga nada. Porque aquilo que principalmente urge corrigir foram os atos
danosos, sociais, culturais, econômicos que nós infligimos a essas
colônias", explica.
"Isso não se recompõe apenas com dinheiro. Também se
recompõe com dinheiro, mas com investimento. Com investimento em ajudá-los
[ex-colônias], com investimento em financiá-los também, naquilo que se puder,
com ajuda social, cultural. O desenvolvimento crítico do ser humano e a
cooperação. A solidariedade entre esses povos é fundamental para conseguir […]
minimizar aquilo que foi uma decisão e um erro histórico", conclui.
Diretor do Dmae afirma que decisão é
técnica: “não é por causa das empresas”
A Prefeitura de
Porto Alegre e o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) instalaram as
quatro primeiras bombas flutuantes emprestadas pela Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) em zona pouco habitada, mas ocupada por
empresas como Femsa Coca-Cola, Stok Center, Havan e Motormac Geradores, informa
o jornal GZH. A decisão
revoltou moradores do bairro Sarandi, já que as estruturas produzem um efeito
local de drenagem e não melhorarão a situação nas regiões mais habitadas.
“Os abusos não acabam. O governo Melo está atendendo os
prejuízos de apenas alguns, enquanto mais de 26 mil moradores seguem alagados.
O Sarandi pede socorro!”, disse a deputada estadual Laura Sito (PT-RS) via rede
social.
O bairro Sarandi tem uma região que é densamente povoada e é
coberta pela Estação de Bombeamento de Águas Pluviais (EBAP) número 10. No
entanto, a casa de bombas não está funcionando por conta do nível das águas,
que impede o religamento das estruturas. Assim, a região com milhares de casas
continuará submersa.
O diretor-geral do Dmae, Mauricio Loss, afirma que a
decisão de atender primeiro a EBAP 9 foi tomada com base em questões técnicas.
“Estamos aqui para beneficiar a população. A gente não tem como chegar na casa
de bombas número 10 porque o dique está completamente tomado de casas. Temos
de, primeiramente, partir da casa de bombas número 9 e colocar ela em
funcionamento. Não é por causa das empresas. É por causa da casa de bombas que
estamos ali. Não temos como colocar as bombas lá dentro (da
Ebap 10) porque não temos para onde bombear”, explicou.
Protestos em outros bairros - Durante a última quarta-feira (22), moradores dos bairros
Navegantes e Humaitá protestaram contra a inoperância da prefeitura no
escoamento das águas da região, que permanecem na altura do telhado das casas.
Eles alegam que seria possível instalar uma bomba no local para escoar a água
através de canos que passariam pela Freeway, rodovia que passa próxima a
região. No entanto, Loss afirmou que a abertura de comportas ajudaria mais do
que a instalação de bombas.
O ministro extraordinário de Apoio à Reconstrução do RS,
Paulo Pimenta (PT), foi ao local dos protestos acompanhado do prefeito
Sebastião Melo (MDB). Pimenta afirmou que os moradores terão prioridade nas
medidas de apoio implementadas pelo governo federal. Já Melo anunciou a
abertura das comportas da região.
A Petrobras distribuiu US$ 2,03 bilhões em dividendos no primeiro trimestre deste ano
Monique Lima, Conjur- A Petrobras (PETR4) pagou 20 vezes
mais dividendos no primeiro trimestre de 2024, quando comparado com o mesmo
período de 2023, mas não foi o suficiente para ficar com o primeiro lugar entre
as maiores pagadoras da Bolsa brasileira. A petroleira ficou atrás de uma velha
conhecida do investidor focado em proventos: a Vale (VALE3).
Segundo a 42ª edição do Índice Global de Dividendos
elaborado pela gestora britânica Janus Henderson, divulgado nesta quinta-feira
(23), a mineradora pagou US$ 2,48 bilhões aos seus acionistas entre janeiro e
março deste ano, enquanto a Petrobras distribuiu US$ 2,03 bilhões.
Ambas as empresas aumentaram o volume distribuído nos primeiros
meses do ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2023, a Vale
realizou um corte de pagamentos que custou o seu lugar no ranking das vinte
maiores pagadoras do mundo. A distribuição entre janeiro e março do ano passado
foi de US$ 1,8 bilhão, valor 37,8% inferior ao deste ano.
Já a Petrobras ficou com a base de comparação anual entre
os trimestres prejudicada porque o levantamento considera distribuição zero nos
primeiros três meses do ano passado, porque o valor distribuído era
remanescente dos proventos de 2022. A gestora britânica classificou os
pagamentos da estatal como “muito variáveis”, e mencionou a distribuição dos
dividendos extraordinários no início deste ano. Para a casa, o volume irá
diminuir nos próximos meses.
“No Brasil, a Petrobras paga dividendos em um cronograma tão
variável que é impossível ajustar o impacto desses efeitos de calendário no
total pago. Ela distribuiu 20 vezes mais no primeiro trimestre de 2024 do que
no mesmo período de 2023, mas com base no que a empresa anunciou até agora, é
provável que o primeiro semestre deste ano veja cerca de um quarto a menos pago
aos acionistas”, diz o estudo.
Brasil com menor
relevância global para dividendos - Nenhuma
empresa brasileira entrou no ranking das 20 maiores pagadoras do mundo. A
última vez que o Brasil teve uma posição de destaque foi em 2022, quando a
Petrobras ficou no segundo lugar entre as maiores pagadoras de dividendos
globais.
Por outro lado, os pagamentos totais no Brasil, excluindo a
Petrobras, aumentaram em quase um quinto no primeiro trimestre de 2024. Ao
todo, os dividendos somaram US$ 6,53 bilhões no primeiro semestre do ano.
Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3) distribuíram em
torno de US$ 700 milhões. Os demais nomes na lista aparecem com valores
bastante menores. O caso do Bradesco foi outro que chamou a atenção da gestora.
“O Banco Bradesco confundiu nosso quadro ao cortar o seu dividendo regular, mas
acrescentando um grande dividendo especial. A nossa metodologia padrão para
calcular o crescimento global e subjacente considera ambos os números bastante
enganadores”, diz o relatório da gestora.
Maiores pagadoras de dividendos do Brasil no 1º tri de 2024:
Vale (VALE3): US$ 2.479.116.831,855
Petrobras (PETR4): US$ 2.030.667.215,617
Bradesco (BBDC4): US$ 736.279.341,249
Banco do Brasil (BBAS3): US$ 725.395.849,711
Suzano (SUZB3): US$ 314.755.610,287
Weg (WEGE3): US$ 128.197.527,571
B3 (B3SA3): US$ US$ 116.491.549,316
Fonte: 42ª edição do
Índice Global de Dividendos da Janus Henderson
Almoço organizado por Gleisi Hoffmann
contará com a presença de José Dirceu, José Genoíno, Ricardo Berzoini, Rui
Falcão, Olívio Dutra e Tarso Genro
O PT irá reunir, pela
primeira vez, todos os ex-presidentes do partido em um encontro promovido pela
atual presidente do partido, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), e pelo
presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamotto. O objetivo do encontro será
discutir a conjuntura política nacional e internacional.
Segundo a coluna da jornalista Bela Megale, de O Globo, o almoço, marcado
para a próxima segunda-feira (27), contará com a presença de “José Dirceu, José
Genoíno, Ricardo Berzoini e Rui Falcão. Já os gaúchos Olívio Dutra e Tarso
Genro vão participar por videoconferência, devido à catástrofe do Rio Grande do
Sul”.
Desligamento parcial de uma casa de
bombas fez com que a situação se agravasse
Fortes chuvas
voltaram a atingir Porto Alegre e quase todo o estado do Rio Grande do Sul
durante a madrugada desta quinta-feira (230. A alta precipitação fez com que as
águas do Guaíba voltassem a subir pelos bueiros e bocas de lobo e invadissem
bairros em que os moradores já haviam voltado para suas casas, como Cidade
Baixa e Menino Deus.
A situação foi agravada porque a Estação de Bombeamento de
Água Pluvial (EBAP) 12, que drena a água da região, está operando com a
capacidade reduzida. Equipes do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae)
já estão no local para tentar recuperar o funcionamento total da casa de
bombas.
No bairro Centro Histórico, ruas que já estavam secas voltaram a
registrar alagamentos. O Mercado Público e a antiga sede da Prefeitura de Porto
Alegre, locais em que o processo de limpeza estava iniciando, voltaram a
registrar alagamentos.
A atuação da gestão do prefeito Sebastião Melo (MDB) está
sendo duramente criticada nas redes sociais pela falta de um plano de
contingência. “É inaceitável que o Melo não consiga organizar planos de
contingência para orientar corretamente a população! A
chuva era prevista desde domingo, mas o prefeito quis contar com a sorte! É
revoltante!”, escreveu o deputado estadual Matheus Gomes (PSOL) em suas redes
sociais.
“Porto Alegre está ficando inundada
rapidamente. A população vai precisar sair de suas casa novamente? Quantas
horas a Prefeitura de Porto Alegre vai esperar para dar recomendações?
Precisamos de um posicionamento”, escreveu a também deputada estadual Laura
Sito (PT).