A água represada favorece a reprodução do
Aedes aegypti e, além disso, pode provocar leptospirose, hepatite A,
gastroenterite viral e bacteriana e parasitoses intestinais
As intensas chuvas
que têm assolado o estado do Rio Grande do Sul nas últimas semanas não apenas
têm causado danos materiais e deslocamentos populacionais, mas também levantado
sérias preocupações com a propagação de doenças transmitidas pela água contaminada.
Com a água das enchentes se misturando ao esgoto, especialistas alertam para o
aumento do risco de contrair uma série de enfermidades, desde hepatite A até
leptospirose.
Segundo a infectologista Stephanie Scalco, gestora médica
do Serviço de Controle de Infecção do Hospital Ernesto Dornelles, em Porto
Alegre, as águas contaminadas representam um perigo significativo para a saúde
pública. "A água tem excrementos humanos, tem resíduos de fezes humanas e
não humanas. Então, tudo que pode ser transmitido por meio de esgoto vai estar
presente nessa água", alertou Scalco ao g1.
A preocupação é justificada pelas condições propícias para a
disseminação de doenças. A leptospirose, por exemplo, transmitida através do
contato humano com água misturada à urina de ratos, pode ser fatal. Além disso,
a água represada cria um ambiente propício para o surgimento de surtos de
dengue, como aponta a médica.
Os sintomas das doenças podem variar, mas incluem desde
diarreia e vômito até casos mais graves de febre e mal-estar geral. A
leptospirose, em particular, pode apresentar um período de incubação que varia
de três a 20 dias, podendo levar à morte em casos mais severos, especialmente
em pessoas vulneráveis, como idosos e crianças.
Diante desse cenário, medidas preventivas são essenciais. Scalco
recomenda evitar o contato com as águas das enchentes sempre que possível. Caso
o contato seja inevitável, é importante cobrir ferimentos abertos, não
permanecer submerso na água por mais de 15 minutos, usar roupas que cubram toda
a pele e, se necessário, ferver a água antes de consumi-la.
Em uma nota conjunta, a Sociedade Brasileira de
Infectologia, a Sociedade Gaúcha de Infectologia e a Secretaria Estadual de
Saúde (SES) recomendaram o uso de doxiciclina ou azitromicina para certos
grupos expostos às águas das enchentes, como equipes de resgate e pessoas
expostas por longos períodos.
Além das preocupações imediatas com a
saúde pública, as autoridades de saúde também estão alertas para o potencial
aumento dos casos de dengue devido à proliferação do mosquito transmissor
(Aedes aegypti) em áreas inundadas.
Fonte: Brasil 247