domingo, 21 de abril de 2024

No Rio, Bolsonaro chama Musk de “mito”, volta a pedir anistia para os presos do 8/1 e se diz inocente das acusações de golpe

 Ato bolsonarista foi realizado entre os postos 4 e 5, na orla de Copacabana; cerca de 32,7 mil pessoas compareceram


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu apoiadores na Praia de Copacabana, na manhã deste domingo (21). A manifestação aconteceu entre os postos 4 e 5.


Os manifestantes começaram a chegar pouco depois das 8h. Bolsonaro saiu do hotel ali perto por volta das 10h10, subiu em um dos caminhões e fez um discurso de cerca de 35 minutos, iniciado às 11h26.


Neste horário, os manifestantes ocupavam as duas pistas da Avenida Atlântica na altura da Rua Bolívar, entre as ruas Xavier da Silveira e Barão de Ipanema – não foi divulgada estimativa de público. No entanto, o professor de gestão e políticas públicas da USP Pablo Ortellado fez um levantamento que apontou um público estimado de 32,7 mil pessoas presentes no ato.


Em sua fala, Bolsonaro criticou o atual presidente Lula e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, citou Elon Musk como “mito” e um “homem que preserva a liberdade”, e voltou a defender a anistia para os presos pelos atos de 8 de janeiro – como já havia feito no ato na Avenida Paulista, em São Paulo, no fim de fevereiro.


“Quando eu estive com Elon Musk em 2022 começaram a me chamar de ‘mito’. Eu falei: ‘Não’ — aqui, em 2022 — ‘temos um mito da liberdade, Elon Musk’”, disse, antes de pedir palmas para o bilionário, que tem usado sua rede social, o X (antigo Twitter), para atacar Moraes por suspender da plataforma contas de apoiadores de Bolsonaro que espalham fake news.


O ex-presidente voltou a falar sobre as eleições de 2022, que perdeu para Lula, mas alegou à época ter havido fraude nas urnas, sem nunca apresentar provas. Desta vez, disse que “não estava duvidando” e que era uma “página virada”.


“O que mais nós queremos é que o Brasil volte à sua normalidade, que possamos disputar eleições sem qualquer suspeição. Afinal de contas, a alma da democracia é uma eleição limpa onde ninguém pode sequer pensar em duvidar dela. Temos problemas hoje em dia. Façamos a coisa certa. Não estou duvidando das eleições, página virada”, disse.


O protesto foi convocado por Bolsonaro em meio a investigações das quais é alvo por suspeita de participação numa tentativa de golpe de Estado para permanecer no poder.

O ex-presidente, ex-ministros e assessores e militares são alvos de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga essa tentativa de golpe.


Durante a semana, Bolsonaro citou, por meio de sua rede social, que a manifestação era para dar continuidade ao ato realizado em São Paulo, em favor do estado democrático de direito e para falar sobre a “maior fake news da história do Brasil, que está resumido hoje na minuta de golpe” – o que ele repetiu em seu discurso neste domingo.


Além de Bolsonaro, discursaram o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto; a ex-primeira-dama, Michelle; os pastores Silas Malafaia e Marco Feliciano; a cubana nacionalizada brasileira Zoe Martínez; e os deputados federais Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer – que discursou em inglês por um momento, alegando que Elon Musk estava “olhando”.


Em sua fala, Malafaia negou a tentativa de golpe e criticou a investigação. Chamou Moraes de “ditador da toga” e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), de “frouxo, covarde, omisso”, e disse que os comandantes militares deveriam renunciar, se “honram a farda que vestem”.


Também participaram, sem discursar, os filhos de Bolsonaro Carlos (vereador), Eduardo (deputado federal) e Flávio (senador); o deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem — pré-candidato à prefeitura do Rio de Janerio; o general Walter Braga Netto; e os governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL).


Anistia para presos do 8/1


Em fevereiro, durante ato na Paulista, Bolsonaro defendeu passar uma “borracha no passado” e anistiar os presos que teriam participado ou financiado os atos golpistas que culminaram no ataque contra as sedes dos três poderes em 8 de janeiro de 2023, em Brasília.


Na ocasião, o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal foram invadidos e depredados.


Mais de 1,4 mil pessoas foram presas após os ataques. Desde então, o STF tem julgado os envolvidos. Até a publicação desta reportagem, 196 pessoas foram condenadas.


Os presos estão sendo julgados individualmente por crimes como associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.


Em outubro de 2023, o senador Hamilton Mourão, ex-vice-presidente do governo Jair Bolsonaro, protocolou o projeto de lei que visa anistiar os presos do 8/1. O projeto está em tramitação no Senado.


Elon Musk


Elon Musk atacou, na primeira semana de abril, as decisões de Moraes e ameaçou reativar os perfis de usuários que foram bloqueados por decisão da Justiça.


Em janeiro, pelo X, o empresário questionou Moraes sobre por que ele estaria “exigindo tanta censura no Brasil”.


Em outro ataque ao ministro do STF, também por meio do X, Musk ameaçou reativar as contas bloqueadas, desrespeitando ordens judiciais, mesmo que, segundo Musk, isso custe o fechamento da empresa no Brasil e prejudique o lucro. O empresário não mencionou qual decisão do ministro, especificamente, gerou sua reação.


“Nós estamos levantando as restrições. Esse juiz aplicou penas massivas, ameaçou prender nossos funcionários e cortar os acessos ao X no Brasil”, afirmou Musk.


Após as ameaças e ataques, Moraes determinou que a conduta do empresário seja investigada em novo inquérito e incluiu Musk entre os investigados no inquérito já existente das milícias digitais.


Moraes também determinou que a rede X não desobedeça a nenhuma ordem da Justiça brasileira sob pena de multa de R$ 100 mil para cada perfil que for reativado sem liberação da Justiça.


O ministro disse ver indícios de obstrução de Justiça e incitação ao crime nas atitudes de Musk.


Dentre os investigados pelo STF que tiveram os perfis bloqueados estão:


  • Luciano Hang, empresário popularmente conhecido como “Véio da Havan”
  • Allan dos Santos, blogueiro
  • Daniel Silveira, ex-deputado cassado
  • Monark, youtuber
  • Oswaldo Eustáquio, blogueiro

Pouco após a polêmica, em 12 de abril, o governo suspendeu novas campanhas de publicidade na rede social de Musk.


No dia seguinte, Diego Lima Gualda, representante do X no Brasil, renunciou ao cargo, segundo documento da Junta Comercial de São Paulo.


A defesa da rede social no Brasil informou a Moraes que seguirá cumprindo as ordens judiciais emitidas pela Corte. A PF, porém, disse ao Supremo que, apesar de ter mantido bloqueios de contas determinadas pela Justiça, a plataforma tem permitido que investigados continuem fazendo transmissões ao vivo na rede e permitindo que usuários brasileiros interajam com os perfis suspensos.


Fonte: Agenda do Poder com informações do g1.

STF confirma decisão de Nunes Marques e nega pedido para libertar presos que participaram do 8/1

 Ação também pedia que processos fossem enviados para a Justiça Federal

O Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou uma decisão do ministro Nunes Marques que negou um pedido de liberdade para todos os presos do 8 de janeiro. No julgamento, realizado no plenário virtual, todos os ministros acompanharam o voto de Nunes Marques.


O pedido tinha sido feito para a liberação de todos os detidos e pelo envio das ações para a Justiça Federal.


Os ministros, entretanto, sequer chegaram a considerar o mérito da ação. Na sua decisão, Nunes Marques indicou a regra do Supremo de não analisar habeas corpus apresentado contra decisão de ministro do Supremo. No caso, os ministros consideraram que os autores da ação, o Instituto Nacional Brasileiro de Desenvolvimento Humano Sustentável, estavam recorrendo de uma decisão do ministro Alexandre de Moraes.


“Embora os agravantes aleguem que a irresignação está direcionada contra ato da Procuradoria-Geral da República, tem-se caracterizada impugnação de decisão proferida pelo Relator do Inq. 4.922, ministro Alexandre de Moraes”, disse Nunes Marques.


Moraes, por ser relator do inquérito, não votou.


Os julgamentos do 8 de janeiro estão sendo julgados diretamente no Supremo Tribunal Federal, relatados pelo ministro Alexandre de Moraes. Até o momento, as acusações resultaram em 196 condenações, de acordo com o STF.


Fonte: Agenda do Poder com informações do GLOBO.

Flopou: Bolsonaro reúne 32 mil em Copacabana; 18% de SP e metade do 7/9 de 2022

 

Imagem aérea feita com drone mostra a movimentação em Copacabana para ato bolsonarista. Foto: Hermes de Paula/Agência O Globo

O ato convocado por Jair Bolsonaro na Praia de Copacabana flopou e atraiu cerca de 32,7 mil pessoas, segundo estimativas do grupo de pesquisa “Monitor do debate político” da USP. Esse número representa aproximadamente 18% do público da manifestação anterior em São Paulo e aproximadamente metade do evento realizado no mesmo local em 7 de setembro de 2022.

O grupo da USP utilizou imagens aéreas e um software para contabilizar o público presente entre 10h e 12h30. O pico de participação ocorreu durante o discurso de Bolsonaro ao meio-dia. Com uma margem de erro de 12%, estima-se que a presença poderia variar em até 3,9 mil pessoas.

De acordo com os pesquisadores, foram tiradas 35 fotos da orla de Copacabana a cada rodada, sendo selecionadas nove delas para cobrir todo o espaço ocupado pelos manifestantes. A técnica de análise utilizada, chamada de Point to Point Network (P2PNet), identifica cabeças e estima a quantidade de pessoas em uma fotografia, com precisão de 72,9% e acurácia de 69,5%.

Apoiadores do ex-presidente participam de ato no Rio de Janeiro. Foto: Divulgação

Comparativamente, o ato na Paulista registrou o maior número de apoiadores de Bolsonaro desde as eleições de 2022, superando a marca anterior em Copacabana no Dia da Independência. Desde então, é a sétima manifestação com presença estimada de maneira similar.

A presença abaixo do esperado em Copacabana foi minimizada por aliados de Bolsonaro. Valdemar Costa Neto, presidente do PL, participou do ato no início, antes mesmo da chegada do ex-presidente, já que os dois estão proibidos de manter contato por decisão do STF.

Fonte: DCM

“Quem responde a inquérito por ser ladrão de joias que pertencem ao povo é você, inelegível”, rebate Gleisi Hoffmann

 

Gleisi enfatiza que Bolsonaro “foi declarado inelegível porque violou a lei e apostou que ficaria impune”

(Foto: ABr | Felipe L. Gonçalves/Brasil247)

 

A presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), rebateu os ataques de Jair Bolsonaro (PL) feitos durante ato no Rio de Janeiro, neste domingo (21).

Em cima do trio elétrico num ato que frustrou as expectivas da extrema direita, Bolsonaro chamou o presidente de “o maior ladrão da história do Brasil” e voltou a defender anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

“Quem responde a inquérito, com provas materiais e testemunhos claros, por ser ladrão de joias que pertencem ao povo brasileiro é você, inelegível. Assim como responde por fraude e conspiração para roubar o resultado da eleição”, afirmou a parlamentar nas redes sociais.

Gleisi enfatizou ainda que Bolsonaro “foi declarado inelegível porque violou a lei e apostou que ficaria impune”.

“A palavra ‘mito’ tem muitos significados e sinônimos. O que melhor se encaixa na personalidade e na trajetória de Jair Bolsonaro é o mais simples de todos: ‘mentira’”, completou.

Fonte: Brasil 247

Junior da Femac emite nota de pesar pela morte da pioneira Maria Aparecida Campoy

 

O prefeito Junior da Femac emite nota de pesar pelo falecimento da pioneira de Apucarana, Maria Aparecida Henrique Campoy, aos 93 anos. Ela estava internada no Hospital da Providência e morreu na tarde deste domingo (21).

“Maria Aparecida é mãe do colunista político Curisco Campoy a quem manifestamos nossos sentimentos e aos demais familiares. Deus conforte o coração de todos neste momento de dor”, manifesta Junior da Femac.

Segundo Curisco, a mãe não tinha problemas de saúde. Na quinta-feira (18), ela passou mal e foi hospitalizada no “Providência”. A causa da morte ainda não foi divulgada.

Natural do estado de São Paulo, Maria Aparecida chegou em Apucarana em 1948. Dois anos depois se casou com o cerealista Pedro Pio Campoy.

Maria Aparecida deixa três filhos, cinco netos, três bisnetos e um vasto círculo de amigos. O velório será partir das 17h30 na Capela Central de Apucarana. O sepultamento acontece às 9 horas de segunda-feira (22) no Cemitério da Saudade.

Fonte: Prefeitura de Apucarana

Ruralistas avançam pacote de projetos contra o MST com 17 proposições na Câmara

 A bancada dos latifundiários e seus apoiadores se mobiliza para criminalizar movimentos sociais do campo

A Câmara dos Deputados teve, nos últimos dias, avanços relevantes na tramitação de projetos de lei (PL) contrários à ocupação de terras feita por movimentos sociais do campo. As ações, encabeçadas pela bancada do agro, ocorrem em paralelo à jornada de luta do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pela reforma agrária durante o mês de abril. O período é chamado de “Abril Vermelho” por militantes do grupo.


Um projeto que visa frear o avanço das ocupações de terra tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa e chegou a ser incluído na pauta da semana. Além disso, um segundo PL sobre o assunto teve urgência aprovada no plenário da Câmara. As pautas fazem parte de um pacote com 17 proposições “anti-invasão”, impulsionadas pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), formada por latifundiários e seus apoiadores.


O avanço é fruto de mobilizações da bancada ruralista, que critica as ações realizadas pelo MST ao longo da semana. Segundo o movimento, em abril, foram realizadas 24 ocupações de terras e montagem de acampamentos em 11 estados do país.


A escalada das leis ruralistas no Congresso tem como pano de fundo o lançamento de um programa do governo federal para destinação de terras à reforma agrária no Brasil. Divulgada na última segunda-feira (15/4) com o nome de Terra da Gente, a iniciativa cria prateleiras de terras, ou seja, conjuntos de áreas que podem ser disponibilizadas para o assentamento de famílias de agricultores.


A iniciativa traz alternativas à tradicional desapropriação de terras para a aquisição de imóveis que serão destinadas à reforma agrária. A estimativa é que 295 mil famílias possam ser atendidas até 2026.


Além disso, o governo anunciou R$ 520 milhões para a aquisição de terras para a política agrária, sendo R$ 383 milhões direcionados ao assentamento de pequenos agricultores e R$ 137 milhões destinados a investimentos em territórios quilombolas.


Atrito com Lira


A inclusão de pautas contra a ocupação de terras, no radar da Câmara, também ocorre em meio a um atrito entre o governo federal e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). No início da semana, Wilson César Lira, primo do deputado, foi exonerado do cargo de superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Alagoas — que já era uma reivindicação do MST. Lira não teria sido avisado previamente da decisão e não gostou da medida.


O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, conversou com o presidente da Câmara e disse que ele poderia indicar um substituto para o cargo.


O movimento de Teixeira não foi suficiente para reduzir a tensão: na noite de terça-feira (16/4), o plenário da Câmara aprovou o regime de urgência para o Projeto de Lei (PL) nº 895/23, que acaba com benefícios, auxílios, inclusão em programas sociais federais e nomeação em cargos públicos para ocupantes de propriedades rurais. O texto tem autoria do deputado Zucco (PL-RS), que presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST em 2023.


De acordo com líderes da base governista, ouvidos sob reserva pela reportagem, não houve acordo prévio com Lira para a votação da urgência desse projeto. O tema chegou a ser debatido em reunião com lideranças partidárias, mas a análise da urgência pegou o governo de surpresa.


A situação chegou a ser duramente criticada pelo líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). “Isso não pode acontecer, é quebra de acordo, é ruim para o funcionamento do parlamento”, disse em plenário.


Outros projetos


Além do projeto que teve a urgência aprovada em plenário, nova pauta está na mira da bancada do agro. É o PL nº 8.262/17, que autoriza proprietários de terra a pedirem apoio de forças policiais para a retirada de trabalhadores rurais que promovam ocupações, mesmo sem ordem judicial.


O texto tramita na CCJ, comissão presidida pela deputada Caroline de Toni (PL-SC), integrante da bancada ruralista. A matéria não foi votada porque houve um pedido de vista coletivo, mobilizado pela base governista.


O pacote da bancada do agro com 17 proposições também conta com as seguintes pautas de destaque:


  • PL nº 3.768/21: amplia a participação dos municípios nos processos de regularização fundiária;
  • PL nº 1.198/23: eleva a pena de detenção para o crime de esbulho possessório;
  • PL nº 4.128/23: obriga movimentos sociais a ter CNPJ.

Mobilização


Procurado pela reportagem, o presidente da FPA, Pedro Lupion (PP-PR), afirmou que aguarda a aprovação das propostas, assim que elas forem pautadas por Lira. Ele acusa o governo federal de ser “conivente” com movimentos de ocupação de terras.


“Não aceitaremos a normalização desses crimes e a fragilização do direito de propriedade. O que adianta fazer churrasco para se aproximar do setor e atacar frontalmente a atividade agropecuária? Aparelhar cargos federais com representantes de movimentos criminosos? A paz no campo é a nossa prioridade”, afirmou.


Na próxima quarta-feira (24/4), o grupo fará uma mobilização na Câmara “em homenagem ao agronegócio nacional”. Segundo o deputado Zucco, o objetivo é “reafirmar a importância do direito de propriedade e da segurança jurídica no campo”.


Enquanto representantes do agro tentam avançar na pauta, partidos ligados ao MST buscam estratégia para atrasar a tramitação do texto. Deputados ligados ao PSol, ouvidos sob reserva pela reportagem, afirmaram que a estratégia será de obstruir as pautas, tanto na CCJ, quanto no plenário. O objetivo é atrasar ao máximo a votação das propostas.


Fonte: Agenda do Poder com informações do Metrópoles.

Pesquisa Ipec: gestão de Lula tem educação com saldo positivo; inflação é área com pior avaliação

 42% dos brasileiros acreditam que atuação do governo nas áreas de segurança e saúde é ruim ou péssima

Em um momento no qual o governo de Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta baixa popularidade, dados de nova pesquisa do Ipec mostram que, dentre oito áreas da gestão petista, apenas a educação obtém mais avaliações positivas do que negativas. Já em relação aos demais segmentos, os que mais se revelam como pontos de atenção para o Palácio do Planalto são o controle da inflação, a segurança pública, a saúde e o combate ao desemprego.


A atuação do governo na área da educação tem resultados considerados “bons” ou “ótimos” por 38% da população, contra 31% que os avaliam como “ruins” ou “péssimos”. São 28% os que classificam os esforços do Executivo federal nesse aspecto como “regulares”.

Pesquisa Ipec — Foto: Editoria de Arte / Ipec

Pesquisa Ipec — Foto: Editoria de Arte / Ipec

A área comandada pelo ministro Camilo Santana tem a seu favor o programa Pé-de-Meia, que dá incentivo financeiro a alunos matriculados no ensino médio e já se posta como uma das principais marcas do terceiro mandato de Lula na Presidência. O programa beneficia a população de baixa renda, justamente o grupo que melhor avalia a gestão da educação: entre quem vive com até um salário mínimo por mês, 50% aprovam os rumos do país na área, enquanto 25% reprovam.


Inflação é vilão n° 1


Já a abordagem do governo frente ao aumento dos preços é “ruim” ou “péssima” para 46% dos entrevistados, o dobro do percentual dos que a consideram “boa” ou “ótima” (23%). Outros 28% disseram avaliar o desempenho do Executivo federal como “regular”.


A despeito de a inflação oficial acumulada nos últimos 12 meses (de 3,93% até março) estar abaixo do teto da meta, a percepção de que serviços e produtos estão mais caros permeia todos os estratos da população. Dentre os mais ricos, que ganham acima de cinco salários mínimos por mês, 59% acham que o governo vai mal no controle da inflação. A taxa é menor entre os mais pobres (37%), mas mesmo nesse grupo a insatisfação também supera o percentual dos que veem um “bom” ou “ótimo” desempenho do governo.

Pesquisa Ipec analisa percepções sobre a inflação — Foto: Editoria de Arte / Ipec

Pesquisa Ipec analisa percepções sobre a inflação — Foto: Editoria de Arte / Ipec

Márcia Cavallari, CEO do Ipec, avalia que mesmo que os indicadores expressem que há melhora em relação ao fim do governo anterior de Jair Bolsonaro, os resultados até aqui não foram suficientes para atender às expectativas criadas nas eleições.


Frente à crise de imagem decorrente da fuga de dois presos (só recapturados após 51 dias) da Penitenciária Federal de Mossoró, a segurança pública é mal avaliada por 42% dos brasileiros. É o mesmo percentual dos que consideram “ruim” ou “péssima” a atuação do governo na saúde, área comandada pela ministra Nísia Trindade — que enfrenta uma epidemia de dengue e é hoje o principal alvo do Centrão na Esplanada.


Os novos resultados aferidos pelo Ipec se somam a uma maré ruim para o governo Lula em termos de aprovação popular. A pesquisa de março feita pelo instituto que sucedeu o Ibope mostrou que, pela primeira vez desde a posse do petista, a parcela dos brasileiros que aprovam a atual gestão (33%) equivale estatisticamente à dos que o reprovam (32%).


Visando interromper a série de quedas na popularidade, o presidente realizou no mês passado sua primeira reunião ministerial no ano para cobrar mais entregas e uma melhora na comunicação do governo. O Planalto lançou este mês uma campanha publicitária com o slogan “É bom pra todo mundo”, conforme havia antecipado o colunista Lauro Jardim. As peças dessa ofensiva de marketing furaram a fila da campanha com o mote “Fé no Brasil”, que estava sendo engendrada com foco no público evangélico.


Pesquisa Ipec analisa efeitos da inflação — Foto: Editoria de Arte / Ipec

Pesquisa Ipec analisa efeitos da inflação — Foto: Editoria de Arte / Ipec

— Comunicar não é a solução. A população tem que sentir no bolso que a situação está melhor. E, para mudar essa percepção, o efeito tem que ser longo e duradouro. Não é imediato — avalia Cavallari.


O otimismo dos brasileiros em relação à economia do país, mostra o Ipec, já foi maior. Hoje, 40% das pessoas acham que a situação econômica estará melhor daqui a seis meses, enquanto 31% são pessimistas quanto a isso. Quando o mesmo questionamento foi feito em setembro do ano passado, 51% diziam acreditar na melhora, contra 27% que projetavam piora.


— As expectativas em relação à situação econômica do país são positivas, mas bem menores do que já foram. É necessário que essa expectativa se consolide para que possa haver uma reversão da tendência observada até aqui. A população precisa de resultados concretos perceptíveis no seu dia a dia — diz a CEO do Ipec.


Os preços dos alimentos são, ao lado das contas de consumo, os que mais assustam a população. Para 79% dos entrevistados, o custo da comida aumentou nos últimos meses, enquanto 76% dizem que o valor da fatura da água, da luz ou do gás subiu. Também há percepção majoritária de que houve alta nos preços de combustíveis e aluguéis recentemente.


Essa percepção negativa em relação à trajetória dos preços surte efeitos práticos na hora de fazer a economia girar. Segundo o Ipec, 89% dos brasileiros dizem que agora pesquisam mais os preços antes de fazer compras, e 61% afirmam que adiaram planos mais caros nos últimos meses. Dois terços (69%) também declaram ter trocado produtos que costumavam comprar por outros mais baratos.


Eleitor nem-nem é crítico


A pesquisa mostra que a maioria dos eleitores que declaram ter votado nulo ou em branco no segundo turno da última eleição presidencial considera que a situação econômica do país está igual ou pior que há seis meses.


Nesse grupo, 41% avaliam que a economia andou de lado nos últimos seis meses, enquanto 37% acham que houve piora. Considerando a margem de erro, os dois grupos são estatisticamente equivalentes. Outros 19% acreditam que a economia melhorou no período.


Já lulistas e bolsonaristas divergem também nesse ponto. Para 66% dos que apoiaram Bolsonaro, a economia está pior, e 9% apontam melhora. Entre lulistas, as taxas praticamente se invertem: 10% admitem deterioração do quadro econômico, enquanto 60% dizem que a economia está melhor.


O Ipec entrevistou 2.000 eleitores de 129 municípios entre 4 e 8 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos, para um nível de confiança de 95%.


Fonte: Agenda do Poder com informações do GLOBO.