Além de atletas, esporte educacional deve
formar cidadãos, diz a pasta
Por Paula Laboissière, repórter da Agência Brasil - Em nota de repúdio publicada neste sábado (13), o Ministério do
Esporte condenou atos de racismo registrados durante uma partida de futsal
entre alunos de duas escolas particulares de Brasília. O comunicado cita a
indignação e a tristeza causadas por relatos de insulto racistas
direcionados a jovens atletas.
“São profundamente perturbadores e contrários aos valores
de igualdade, respeito e diversidade que defendemos”, diz o texto. “É
inaceitável que episódios de discriminação racial persistam em nossa sociedade,
especialmente em um ambiente tão importante para o desenvolvimento social e
pessoal como o esporte escolar.”
Na nota, o ministério reforça que o esporte educacional, além de
atletas, deve formar cidadãos e configura ferramenta poderosa para transmitir
valores como respeito, solidariedade, trabalho em equipe e jogo limpo. “Para
construirmos uma sociedade saudável, é crucial que o esporte e a escola sejam
espaços onde todos se sintam bem-vindos e valorizados”.
“Além disso, é fundamental que atletas, torcedores,
árbitros, dirigentes, educadores e todos os envolvidos no universo esportivo
atuem de forma ética e responsável”, destacou a pasta, ao citar que, em
parceria com o Ministério da Igualdade Racial, instituiu um grupo de trabalho
de combate ao racismo no intuito de lançar o Plano Nacional Esporte sem
Racismo.
“Neste momento, expressamos nossa solidariedade aos estudantes e
suas famílias, afetados por este lamentável episódio. Reforçamos nosso
compromisso em trabalhar incansavelmente para erradicar o racismo e todas as
formas de discriminação do esporte e da sociedade. Não pouparemos esforços
nessa luta.”
Entenda - No último dia 3, alunos da Escola Franciscana Nossa Senhora de
Fátima compareceram ao Colégio Galois para uma partida de futsal válida pelo
torneio Liga das Escolas. Durante o jogo, os estudantes foram vítimas de
preconceito social e injúria racial, conforme relato da diretora da Escola
Franciscana Nossa Senhora de Fátima, Inês Alves Lourenço.
“Na ocasião, os alunos do Colégio Galois proferiram diversas
palavras ofensivas aos alunos da Escola Fátima, tais como ‘macaco’, ‘filho de
empregada’ e ‘pobrinho’, tornando o ambiente inóspito e deixando nossos alunos
abalados”, disse. “Vale salientar que, embora diversos responsáveis estivessem
no local, nenhuma providência efetiva e adequada foi adotada pelos prepostos do
Colégio Galois que estavam presentes nas instalações do ginásio.”
Em nota, o diretor do Colégio Galois, Angel Andres,
lamentou o que avaliou como “comportamento reprovável” dos alunos de sua
instituição e concordou com a diretora do Escola Franciscana Nossa Senhora de
Fátima, ao afirmar que “o preconceito racial e social não deve ter espaço em
nenhum ambiente, especialmente em uma escola, onde os alunos devem ser
ensinados a valorizar a diversidade e a promover o entendimento mútuo”.
“Pudemos apurar que, no intervalo do jogo, o professor do Galois
que acompanhava os atletas foi comunicado pelo juiz da partida e pelo treinador
da sua instituição a respeito de atitudes lamentáveis de alguns alunos que
estavam na torcida. Nosso professor questionou o juiz do por quê não ter
interrompido o jogo imediatamente após os insultos. Em seguida, nosso professor
conversou com a torcida e o segundo tempo transcorreu normalmente.”
“Estamos identificando os responsáveis para aplicação das
devidas medidas disciplinares e educativas. Ademais, estamos organizando atos
de conscientização e contrição. Pedimos desculpas pelo ocorrido e agradecemos a
preocupação, que também é nossa, com a boa formação e educação de crianças e
jovens.”
Fonte: Brasil 247