domingo, 31 de março de 2024

Caminhos da Reportagem trata dos 60 anos do golpe militar no Brasil

 

Programa vai ao ar neste domingo, às 22h, na TV Brasil

 

(Foto: Evandro Teixeira)

Agência Brasil - O Caminhos da Reportagem que vai ao ar neste domingo (31) trata dos desdobramentos, ainda hoje presentes, do golpe militar no Brasil, que há 60 anos colocou fim ao governo de João Goulart. Uma após a outra, tropas do exército aderiram à sublevação iniciada em Juiz de Fora, na madrugada daquele 31 de março de 1964.

O movimento teve apoio de setores conservadores da política e da sociedade, de empresários, da Igreja Católica e das Forças Armadas. Castello Branco assumiu a presidência em 15 de abril, tornando-se o primeiro dos cinco presidentes-generais.

A ditadura civil-militar iniciada ali durou 21 anos. A atriz Dulce Muniz lembra bem daquele dia. Ela ouviu o anúncio pelo rádio: “Veio uma voz… a partir deste instante, a Rádio Nacional passa a fazer parte da cadeia da legalidade. Pronto. Estava dado o golpe. Eu tinha 16 anos.”

José Genoino saiu da pequena Encantado, um distrito de Quixeramobim, no Ceará, para estudar em Fortaleza. Em 1968, quando é decretado o AI-5, ele fazia parte do movimento estudantil. Genoino entra para a clandestinidade, vai parar em São Paulo e, depois, para a região do Araguaia.

“A minha geração só tinha três alternativas: ou ia para fora do país, ou ia para casa e podia ser presa e morta, ou então ia para a clandestinidade”. Ele é um dos poucos sobreviventes da Guerrilha organizada na região que hoje faz parte do norte do Tocantins.

Até hoje, são raros os espaços de memória que contam a história dos anos de repressão. O principal deles é o Memorial da Resistência, criado no prédio que abrigava o temido Departamento de Ordem Política e Social, o Deops, em São Paulo.

Para a diretora técnica do Memorial, Ana Pato, “a criação de centros culturais de memória dedicados à memória dessa violência do Estado são fundamentais para que as gerações seguintes não só aprendam isso, mas que a própria sociedade consiga elaborar o trauma.”

No Rio Grande do Sul, o projeto Marcas da Memória tenta demarcar, identificar e explicar a história de importantes espaços repressivos em Porto Alegre. Dos 39 aparatos da ditadura conhecidos no estado, apenas nove ganharam placas. Algumas delas já estão apagadas.

Segundo Jair Krischke, coordenador do Movimento de Direitos Humanos, e um dos idealizadores do projeto, não há interesse por parte do poder público em iniciativas como esta: “Nós, como organização privada, estamos fazendo aquilo que o Estado deveria fazer. Como não faz, nós fizemos, provocamos.” O desejo de Krischke, e de todos que trabalham e lutam para que as marcas da ditadura não sejam esquecidas, é transformar esses espaços pelo Brasil em museus e memoriais.

Uma das grandes referências no tema é o Museu da Memória e Direitos Humanos de Santiago, no Chile. Para María Fernanda García, diretora do museu, “é muito importante se dizer que aqui houve atropelos do Estado. É preciso lhes dar a visibilidade e a dignidade às vítimas, o que não lhes foi dado durante aquele período, e também depois, durante muitos anos”.

Não prestar contas com o passado faz com que a democracia brasileira se torne frágil e que a violência do Estado ainda seja recorrente. “A questão da impunidade é altamente contagiosa. A violência que constatamos ainda hoje é fruto disso, da impunidade. A tortura ainda é usada pelas polícias e nos presídios. É uma herança que nós não conseguimos nos livrar”, afirma Jair Krischke.

Violência policial que em 2015 matou o filho de Zilda de Paula. Ele é um dos 17 mortos na chacina de Osasco e Barueri, cometida por policiais militares encapuzados. Até hoje, Zilda busca justiça. “Perdi meu filho único, Fernando Luiz de Paula. Nunca pensei que eu ia passar por isso, nunca pensei.”

Na faixa que ela tem em casa, com os rostos de outros mortos da chacina, lê-se a frase: “Sem justiça não haverá paz”. Dona Zilda conclui: “Não vai ter justiça e nem paz. Não tem justiça, porque esse caso para a justiça já foi encerrado.”

O programa Caminhos da Reportagem – 1964: Memórias que Resistem vai ao ar neste domingo, às 22h, na TV Brasil.

Fonte: Brasil 247 com Agência Brasil

TV exibe série de filmes que têm como tema a ditadura

 “Canal Brasil” exibe longas, curtas e documentários durante três dias, a partir de segunda-feira

(Foto: Reprodução)

Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual - Nos 60 anos do golpe, que se completam segunda-feira (1º), o Canal Brasil preparou extensa programação com filmes, entre longas, curtas e documentários, que têm a ditadura como tema. A programação (veja abaixo) começa na própria segunda, logo às 7h, com o clássico documentário Jango, de Silvio Tendler, lançado em 1984, o ano das Diretas Já, ainda antes do fim formal do ciclo autoritário.

A mostra Ditadura nunca mais traz ainda outros filmes bastante conhecidos, como Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho. As filmagens foram interrompidas justamente por causa do golpe de 1964 e retomadas apenas décadas depois. Tem também Lamarca, de 1994, com Paulo Betti no papel principal, sobre o capitão que foi para a guerrilha e morreu no s ertão da Bahia em 1971.

Tortura na tela - Um filme que causou alvoroço em seu lançamento foi Pra Frente Brasil, dirigido por Roberto Farias, com Reginaldo Faria e Antônio Fagundes no elenco. A história de um cidadão preso por engano chocou pelas cenas explícitas de tortura. O ano era 1982, ainda na ditadura, e o presidente da Embrafilme era Celso Amorim, que foi demitido.

O inédito curta Meio-dia, de Helena Solberg, conta a história de jovens que se rebelam contra o professor. Outro curta, Trago Notícias de Fernando, de Jáder Barreto Lima, reconstitui a trajetória do dominicano Fernando de Brito. Nesse sentido, Batismo de Sangue (2007), dirigido por Helvécio Ratto, conta a história do envolvimento dos dominicanos com Carlos Marighella. O longa se baseia em livro homônimo de Frei Betto.

Marighella e os Estados Unidos - O militante Marighella é tema de um documentário, mas o filme dirigido por Wagner Moura não está na lista. É uma ausência sentida, assim como obras como O ano em que meus pais saíram de férias (Cao Hamburger, 2006) e Cara ou Coroa (Ugo Giorgetti, 2012).

Mais recente, O dia que durou 21 anos (2013), de Camilo Tavares, mostra as origens do golpe e o envolvimento explícito dos Estados Unidos. Também baseado em livro (de Fernando Gabeira), O que é isso, companheiro? (direção de Bruno Barreto) narra o sequestro do embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick, em 1969.

Confira a programação.

1º de abril

7h – Jango

9h05 – Democracia em Preto e Branco

10h35 – Lamarca

12h45 – Cadê Heleny?

13h45 – Diário de Aquário

15h45 – Ana. Sem Título

17h35 – Que Bom te Ver Viva

19h15 – Cadê Heleny?

19h45 – Torre das Donzelas

21h25 – Fico Te Devendo Uma Carta Sobre O Brasil

22h55 – A Entrevista

23h15 – Meio-Dia (inédito)

23h30 – O Pastor e o Guerrilheiro

01h30 – Pra Frente Brasil

3h25 – O Desafio

5h05 – Marighella (doc)

6h45 – Cadê Heleny?

Dia 2/04

7h20 – Giocondo Dias – Ilustre Clandestino

8h55 – Canções do Exílio

12h05 – Diário de Aquário

12h40 – A Entrevista

13h – Meio-Dia

13h45 – Memória Sufocada

15h05 – O Dia que Durou 21 Anos

16h20 – O Grande Irmão – O dia que durou 21 anos II

17h50 – Setenta

19h30 – O Que É Isso, Companheiro?

21h25 – Ação Entre Amigos

22h40 – Trago Notícias de Fernando (inédito)

22h55 – Batismo de Sangue

0h50 – Lamarca

3h – O Pastor e o Guerrilheiro

5h – Que Bom te Ver Viva

6h40 – Tá Rindo de Quê? – Humor e Ditadura

Dia 3/4

8h05 – A Entrevista

8h30 – Marighella (doc)

10h10 – Libelu – Abaixo a Ditadura

11h45 – Memórias do Grupo Opinião

13h45 – Meio-Dia

14h – Cabra Marcado para Morrer

16h – Jango

17h55 – Dossiê Jango

19h40 – Memória Sufocada

21h – Codinome Clemente (inédito)

22h45 – Sonhos e Desejos

0h20 – Tatuagem

2h15 – Ação Entre Amigos

3h30 – Cabra Marcado para Morrer

5h35 – Utopia Distopia

Fonte: Brasil 247

França entregará à Ucrânia centenas de veículos blindados em uso há mais de 40 anos

 Ministro da Defesa francês detalhou que o país enviará modelos franceses VAB, além de mísseis Aster 30 para os sistemas de defesa antiaérea SAMP/T

Emmanuel Macron e Volodymyr Zelensky
Emmanuel Macron e Volodymyr Zelensky (Foto: Reuters/Christian Hartamann)

Sputnik - O ministro da Defesa da França anunciou em uma entrevista publicada no domingo (31) no jornal francês La Tribune um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia, que incluirá centenas de veículos blindados de transporte de pessoal VAB, que estão em serviço no Exército francês há mais de 40 anos.

"Após conversas recentes com o presidente [ucraniano Vladimir] Zelensky, o presidente [francês Emmanuel Macron] me pediu para trabalhar em um novo pacote de ajuda que incluirá equipamentos antigos do nosso Exército que ainda estão funcionando. Para manter uma linha de frente tão grande, o Exército ucraniano precisa, por exemplo, de nossos VAB", disse Sébastien Lecornu.

Ele acrescentou que a França pretende fornecer "centenas" de veículos blindados de transporte de pessoal até o início de 2025.

Além disso, Lecornu prometeu fornecer à Ucrânia mais mísseis Aster 30 para os sistemas de defesa antiaérea franceses SAMP/T como parte da nova remessa militar, mas não mencionou o número exato.

Anteriormente o ministro francês declarou que ele estava pronto para usar seus poderes em meio ao conflito na Ucrânia para requisitar instalações industriais ou impor prioridades às empresas de defesa, a fim de acelerar a produção de armas.

Fonte: Brasil 247 com Sputnik

Tebet diz que apoiará Ricardo Nunes em SP: "subirei no palanque quando Bolsonaro não estiver"

Ministra do Planejamento confirmou que apoiará candidato, mesmo em um cenário de aliança com Jair Bolsonaro

Simone Tebet
Simone Tebet (Foto: Washington Costa/MPO)


A ministra do Planejamento, Simone Tebet, do MDB, afirmou que apoiará o prefeito Ricardo Nunes, do mesmo partido, em sua tentativa de reeleição na capital paulista, mesmo diante da aliança deste com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), informa o Estadão.

“Até agora, o Ricardo Nunes não me deu nenhum motivo para não apoiá-lo. Obviamente que nós vamos ver qual é a plataforma de governo dele. Mas se ele continuar defendendo a democracia e os valores com os quais eu comungo… O que eu me recuso é subir num palanque de bolsonarista. Eu jamais vou estar no palanque de um candidato que tem pautas que representam um retrocesso, em questões como o armamento, o desmatamento ambiental, na pauta de costumes ou contra a democracia”, afirmou Tebet em entrevista à CNN Brasil neste sábado (30).

Questionada sobre a possibilidade de subir no palanque de Nunes mesmo com o apoio de Bolsonaro, a ministra do governo Lula (PT) indicou que o fará desde que o ex-ocupante do Palácio do Planalto, atualmente declarado inelegível, não esteja presente: “Bolsonaro não estando (risos). A gente pode ir em dias diferentes”.

O apoio de Tebet vai na contramão do desejo de Lula para que o candidato Guilherme Boulos (PSOL), atualmente deputado federal, vença a eleição na capital paulista. Boulos está empatado com Nunes nas pesquisas de intenção de voto, e ambos são seguidos à distância por Tabata Amaral, do PSB.

Fonte: Brasil 247 com informações do Estadão

  

Movimento negro representava uma afronta à ideologia racial da ditadura militar, apontam documentos

 

Segundo relatórios do Serviço Nacional de Informações (SNI), o movimento negro buscava semear o antagonismo racial, manchar a imagem do país no exterior e ameaçava a ordem social

 

Protesto contra a ditadura militar
Protesto contra a ditadura militar (Foto: Wikimedia Commons)

 

Durante o período de regime militar que assolou o Brasil por mais de duas décadas, o Serviço Nacional de Informações (SNI), que operou como um aparato poderoso de espionagem, monitorava de perto os movimentos sociais, políticos e culturais do país. Recentemente, documentos analisados pela Folha de S. Paulo revelaram que entre os alvos dessa vigilância estavam os movimentos negros organizados. O ativismo negro, que ressurgia com força naquele período, representava uma ameaça à ideologia racial propagada pelo regime. Enquanto os militares vendiam a imagem do Brasil como um país harmonioso, onde todos conviviam pacificamente em uma democracia racial, o ativismo negro era encarado como um desafio a essa narrativa oficial.

Os documentos do SNI demonstram que os militares viam o movimento negro como discriminatório e potencialmente perigoso para a ordem social estabelecida. Sob o pretexto de combater a "luta racial", os agentes da repressão monitoravam de perto ativistas e intelectuais negros, como a renomada historiadora Beatriz Nascimento.

Além disso, havia uma preocupação constante de que o ativismo negro brasileiro estivesse sendo influenciado por movimentos semelhantes nos Estados Unidos e por organizações de inspiração comunista. "Vários são os dados mostrando que elementos de formação marxista estão, por intermédio da exploração do problema, incitando a luta de classes e fazendo apologia do regime socialista", diz um dos documentos produzidos pelo SNI.

Os relatórios do SNI sugeriam uma conexão entre o movimento negro brasileiro e uma suposta campanha difamatória contra o país, promovida por ativistas dos Estados Unidos. O relacionamento entre os ativistas brasileiros e os movimentos de independência na África também era objeto de vigilância por parte dos militares, especialmente em um contexto de luta contra o apartheid na África do Sul.

As reportagens na imprensa que abordavam questões raciais pareciam incomodar profundamente os agentes do SNI, que viam nelas uma potencial ameaça à estabilidade social, "estimulando o surgimento de uma dicotomia racial no Brasil". O monitoramento da mídia, incluindo programas de televisão como o Fantástico, da TV Globo, era parte integrante das operações de inteligência do regime.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

PF encontra fortes indícios de lavagem de dinheiro envolvendo o delegado Rivaldo Barbosa

 

Esquema estaria relacionado às empresas do delegado e de sua esposa, Érika. Rivaldo Barbosa foi preso por suposto envolvimento no assassinato de Marielle

Rivaldo Barbosa
Rivaldo Barbosa (Foto: Reprodução TV Globo)

A Polícia Federal produziu extensos relatórios temáticos sobre o caso Marielle Franco (Psol). Um dos relatórios, segundo Lauro Jardim, do jornal O Globo, diz respeito ao delegado Rivaldo Barbosa, preso sob suspeita de participar do planejamento do assassinato da vereadora e por tentar posteriormente acobertar o crime.

O relatório da PF revela indícios alarmantes de lavagem de dinheiro relacionados a Barbosa. Segundo as investigações, as duas empresas de consultoria de segurança de Érika, esposa do delegado, são apontadas como instrumentos utilizados para ocultar recursos provenientes de atividades ilícitas. A PF alega que Érika atuava como testa-de-ferro do marido, envolvendo-se em práticas criminosas para beneficiá-lo.

De acordo com a reportagem, as empresas do casal contavam com uma carteira de clientes suspeita, incluindo várias empresas de grande porte. Muitos desses clientes contratavam serviços de consultoria de segurança sem necessidade aparente. Aproximadamente 60% dos pagamentos recebidos pelas empresas eram retirados em espécie, levantando suspeitas sobre a origem e a legalidade desses fundos. Além disso, uma das empresas em questão nem mesmo possuía funcionários, o que levanta questionamentos sobre a legitimidade de suas operações.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

"Fé no Brasil": com nova campanha, governo acena aos evangélicos e tenta alavancar popularidade

 

Nova campanha publicitária vai destacar as entregas de projetos em todo o país, com foco na educação e em obras de infraestrutura

Lula
Lula (Foto: Ricardo Stuckert | Pixabay)

 

Com pesquisas de opinião apontando uma queda na popularidade, o governo do presidente Lula (PT) prepara-se para lançar uma nova campanha publicitária na próxima semana. A estratégia tem como objetivo não apenas destacar as entregas de obras e projetos em todo o país, mas também buscar um diálogo mais amplo com diferentes segmentos da sociedade brasileira, incluindo os evangélicos, tradicionalmente alinhados ao bolsonarismo.

O mote da campanha, intitulada "Fé no Brasil", segundo o jornal O Globo, foi escolhido pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República com a intenção de acenar ao público religioso e demonstrar que as promessas de campanha de Lula estão se concretizando. A ideia é veicular esse material publicitário durante as visitas do presidente e de seus ministros a cada estado, de forma a destacar as realizações locais e regionais.

O ministro da Secom, Paulo Pimenta (PT), tem coordenado reuniões com os demais ministérios para garantir que as campanhas relacionadas às entregas sejam alinhadas com o novo slogan. "O governo definiu alguns princípios: a segmentação e a regionalização. A ideia é que nessa fase de entregas cada estado tenha a sua linguagem", afirmou Pimenta.

Os auxiliares de Lula acreditam que a divulgação das realizações do governo pode contribuir para diminuir a polarização política no país. No entanto, para que essa estratégia tenha sucesso, o presidente Lula tem sido aconselhado a evitar fazer comentários sobre Jair Bolsonaro (PL).

A nova campanha do governo terá como foco a educação, destacando programas como o Pé-de-Meia, que visa apoiar financeiramente estudantes de baixa renda do ensino médio, o novo Fies (Programa de Financiamento Estudantil para Universitários) e a implantação das escolas em tempo integral. Além disso, a divulgação de obras rodoviárias em todo o país também será um dos pontos centrais da estratégia. 

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Número de brasileiros morando fora do país bate recorde

 Só entre 2012 e 2022, mais de 2,6 milhões de brasileiros deixaram o país

Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Galeão
Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Galeão (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado um aumento significativo no número de cidadãos deixando suas terras natais em busca de oportunidades além-fronteiras. De acordo com dados do Ministério das Relações Exteriores, nunca houve tantos brasileiros morando fora do país quanto hoje, totalizando uma comunidade de aproximadamente 4,5 milhões de pessoas. Essa estatística é tão expressiva que, se fossem reunidos em um único estado, superariam a população da Paraíba, mostra o jornal O Globo.

Só entre 2012 e 2022, mais de 2,6 milhões de brasileiros emigraram, com picos notáveis durante os anos de 2013 e 2020, marcados por crises internas e globais. Este movimento migratório é composto em sua maioria por jovens e profissionais altamente qualificados, um cenário desafiador para o Brasil, que enfrenta um envelhecimento populacional e uma crescente necessidade de mão de obra especializada em setores essenciais para o desenvolvimento econômico, como pesquisa e inovação.

Segundo os dados mais recentes, 45% dos brasileiros em situação legal no exterior residem na América do Norte, 32% na Europa e apenas 14% escolheram países vizinhos na América do Sul como destino de emigração. Essa dispersão geográfica indica que o fenômeno da emigração brasileira é global e não se restringe a uma região específica.

Uma pesquisa realizada pelo Datafolha em 2022, com jovens de 12 capitais brasileiras, revelou que 76% deles têm o desejo de deixar o país permanentemente. Esse índice é ainda mais elevado entre os mais jovens, com 85% dos entrevistados na faixa etária de 15 a 19 anos expressando o desejo de emigrar. Esse dado ressalta não apenas a vontade dos jovens de buscar novas oportunidades no exterior, mas também as preocupações em relação ao mercado de trabalho interno e às perspectivas de futuro dentro do país.

O aumento contínuo no número de brasileiros deixando o país levanta questões sobre as políticas de retenção de talentos e desenvolvimento econômico no Brasil. À medida que mais profissionais qualificados optam por construir suas carreiras no exterior, o país enfrenta o desafio de criar condições que incentivem esses talentos a permanecerem e contribuírem para o crescimento nacional.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Começa nesta semana o julgamento que pode levar à cassação do mandato de Moro

 

As representações movidas pelo PL e pelo PT acusam Moro de abuso de poder econômico durante sua pré-campanha nas eleições de 2022

Sergio Moro
Sergio Moro (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

 

Nesta semana, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) será palco de um julgamento crucial para o futuro político do senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Em um contexto desfavorável, o ex-juiz parcial da Operação Lava Jato enfrenta a possibilidade de ter seu mandato cassado, com implicações significativas para o cenário político estadual e nacional, explica a Folha de S. Paulo. Mesmo que Moro obtenha uma vitória neste julgamento, ainda enfrentará o risco de cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mantendo a incerteza sobre sua permanência no Senado. Nos bastidores políticos, a expectativa é amplamente desfavorável ao senador, com prognósticos indicando uma possível perda do cargo.

O desfecho desse julgamento é visto como determinante para o futuro político do Paraná. Se Moro mantiver seus direitos políticos, poderá se tornar um forte candidato ao governo estadual nas eleições de 2026, influenciando também na configuração das alianças partidárias e na formação de palanques para a disputa pelo Senado. Por outro lado, em caso de cassação, há especulações de que Jair Bolsonaro (PL) poderá emplacar um aliado na vaga. Essa possibilidade, no entanto, agrada também ao PT, que enxerga na cassação de Moro a substituição de um opositor por outro. Além disso, o partido vê a oportunidade de ver um dos principais algozes do presidente Lula (PT) sem mandato eletivo, após condená-lo injustamente à prisão.

Caso perca seus direitos políticos, especula-se que Moro poderá adotar uma estratégia semelhante à do ex-procurador e deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Novo), buscando se posicionar como um mártir perseguido pelas elites políticas e judiciais. Uma decisão desse tipo poderia inserir Moro de forma mais intensa no debate público estadual e influenciar disputas municipais importantes no Paraná.

No entanto, uma decisão final sobre o caso pode demorar meses. Após o julgamento no TRE-PR, ambas as partes ainda podem apresentar recursos à própria corte e, posteriormente, ao TSE. Essa demora é vista com otimismo pelos aliados de Moro, especialmente considerando a iminente mudança na composição do TSE, com indicados de Bolsonaro ocupando duas das três cadeiras destinadas ao STF.

No julgamento do TRE-PR, o voto do relator, Luciano Falavinha, é considerado crucial. Se o relator for contrário a Moro, pode se desenhar um cenário desfavorável ao senador, com três votos pela cassação, dificultando a formação de uma maioria em seu favor.

As representações movidas pelo PL e pelo PT acusam Moro de suposto abuso de poder econômico durante sua pré-campanha ligada ao pleito de 2022. Entre as questões levantadas estão os gastos excessivos e os pagamentos feitos a seu primeiro suplente, Luis Felipe Cunha. Moro nega todas as acusações e afirma não haver irregularidades em suas ações.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

 

 

Para 53%, não há chance de uma nova ditadura no Brasil, indica o Datafolha

 

Em 2018, quando Bolsonaro foi eleito, 31% achavam que havia um risco real de volta à ditadura - foi o maior índice já registrado pelo Datafolha

(Foto: Rubens Gallerani Filho/Audiovisual/PR)

 

Pesquisa realizada pelo Datafolha trouxe à tona uma visão ampla sobre a percepção dos brasileiros em relação à possibilidade de um retorno à ditadura no país. Os resultados, os mais otimistas dos últimos dez anos, revelaram que a maioria (53%) não enxerga chances reais de um retrocesso democrático. O estudo, conduzido entre os dias 19 e 20 de março, ouviu 2.022 pessoas em 147 cidades brasileiras, apresentando uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, segundo o jornal O Globo.

Os dados evidenciam uma mudança positiva na percepção pública em comparação com levantamentos anteriores. Em agosto de 2022, por exemplo, 49% dos entrevistados expressaram a mesma opinião, indicando um aumento de quatro pontos percentuais na confiança em relação à estabilidade democrática do país.

A pesquisa também revelou que, atualmente, apenas 20% dos entrevistados acreditam na possibilidade real de um retorno à ditadura. Esse número é o mesmo registrado na pesquisa anterior. Além disso, 22% dos participantes acreditam que há pouco risco de retrocesso democrático - na pesquisa anterior, eram 25%.

Durante as eleições de 2018, quando Jair Bolsonaro (PL) foi eleito presidente, os números indicavam uma percepção mais alarmante em relação à possibilidade de um retorno à ditadura. Naquela época, 31% dos entrevistados viam essa possibilidade como real, o maior índice registrado pela série histórica do Datafolha. No entanto, ao longo dos anos, essa percepção parece ter se modificado, refletindo uma maior confiança na estabilidade democrática do país.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

 

"Não existe um 'poder militar'. O poder é apenas civil", afirma Dino em voto no STF

 Ministro se manifestou no julgamento de ação que trata dos limites constitucionais da atuação das Forças Armadas e sua hierarquia em relação aos Poderes

Flávio Dino
Flávio Dino (Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF)

 Em voto apresentado neste domingo (31), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino reiterou sua posição em relação aos limites constitucionais da atuação das Forças Armadas e sua hierarquia em relação aos Poderes, acompanhando o voto do ministro Luiz Fux. Este posicionamento ocorreu durante a análise da ação direta de inconstitucionalidade (ADI) movida pelo PDT em 2020, em sessão de plenário virtual, iniciada na sexta-feira (29) e com término previsto para 8 de abril.

Segundo o Metrópoles, Dino destacou a ausência de um "poder militar" no regime constitucional brasileiro, ressaltando que o poder é exclusivamente civil. Ele enfatizou que, segundo o artigo 142 da Constituição Federal, a função militar é subalterna aos poderes civis. “Lembro que não existe, no nosso regime constitucional, um ‘poder militar’. O poder é apenas civil, constituído por três ramos ungidos pela soberania popular, direta ou indiretamente. A tais poderes constitucionais, a função militar é subalterna, como aliás consta do artigo 142 da Carta Magna". O ministro defendeu veementemente a eliminação de qualquer interpretação que extrapole ou deturpe o verdadeiro sentido do mencionado artigo constitucional.

Dino determinou ainda que a íntegra do acórdão, além de ser encaminhada à Advocacia-Geral da União (AGU), seja também enviada ao ministro da Defesa, com o intuito de promover a disseminação dessas informações para todas as organizações militares, incluindo escolas de formação e aperfeiçoamento. “A notificação visa expungir desinformações que alcançaram alguns membros das Forças Armadas – com efeitos práticos escassos, mas merecedores de máxima atenção pelo elevado potencial deletério à Pátria”, defendeu Dino.

O ministro Luís Roberto Barroso também já havia se posicionado em consonância com o relator. Ainda aguarda-se o voto dos demais oito magistrados para que o julgamento seja concluído.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

 

Pelo menos 2 milhões de munições foram vendidas irregularmente no Brasil durante o governo Bolsonaro, aponta auditoria do TCU

 

Munições foram vendidas a CPFs de menores de 18 anos e até mesmo de pessoas já falecidas

Bolsonaro e protesto de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em favor da liberação das armas
Bolsonaro e protesto de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em favor da liberação das armas (Foto: REUTERS/Andressa Anholete | REUTERS/Adriano Machado)

 

Um relatório de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) revelou uma situação alarmante: mais de 2 milhões de munições foram vendidas de forma irregular no Brasil durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Os dados, provenientes do Sistema de Controle de Venda e Estoque de Munições (Sicovem), utilizado pelo Exército, apontam para uma série de irregularidades que levantam preocupações sobre a segurança pública no país, informa a Folha de S. Paulo.

Uma das descobertas foi o uso de CPFs de menores de 18 anos e até mesmo de pessoas falecidas para adquirir munições. Além disso, houve casos em que as munições foram vendidas sem o devido registro da arma correspondente, enquanto em outros casos, as munições adquiridas não correspondiam aos calibres das armas registradas. Por exemplo, foi possível comprar munição de fuzil 5,56 mm utilizando o documento de uma arma calibre 22.

Foram identificadas 164 vendas a 151 CPFs de menores de 18 anos, além de 6.669 munições destinadas a pessoas falecidas. Outras 30.409 munições foram liberadas para armas que já constavam no sistema como perdidas, roubadas ou furtadas. Além disso, cerca de 267.993 munições foram destinadas a colecionadores e armas de acervo de coleção que, na prática, não podem ser utilizadas para outros fins. Esses dados foram compilados pelo Instituto Sou da Paz.

O Sicovem, sistema utilizado pelo Exército, deveria funcionar como uma ferramenta de controle em tempo real da venda de munições, visando evitar desvios e garantir a segurança pública. No entanto, os dados revelam falhas significativas no sistema, que permitiram essas irregularidades. Implantado em 2007 por força de portaria do Ministério da Defesa, o Sicovem pertence à Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), que detém praticamente o monopólio da venda de munições para uso não militar no país. 

Fonte: Brasil 247

 

Datafolha: para 59%, Lula acerta ao vetar eventos do governo sobre os 60 anos do golpe militar de 1964

 

Vista como um aceno aos militares, determinação do presidente foi de que o governo não realizasse atos em alusão à data

Presidente Lula e militares
Presidente Lula e militares (Foto: Ricardo Stuckert/Pr)

 

Pesquisa realizada pelo Datafolha revela que 59% dos brasileiros aprovam o veto imposto pelo presidente Lula (PT) a eventos relacionados aos 60 anos do golpe militar de 1964 em órgãos do governo. O presidente foi elogiado por sua decisão por uma ampla maioria, enquanto 33% consideram que ele agiu de forma inadequada. O levantamento contou com a participação de 2.002 entrevistados, nos dias 19 e 20 de março, em 147 cidades, segundo a Folha de S. Paulo.

Os resultados da pesquisa mostram uma divisão clara entre os diferentes segmentos da sociedade brasileira. Entre aqueles que se identificam como petistas, 77% aprovaram a decisão de Lula, enquanto apenas 19% discordaram. Por outro lado, entre os bolsonaristas, 49% consideraram o veto como uma má decisão, enquanto 42% o apoiaram.

Os evangélicos, geralmente próximos do bolsonarismo, demonstraram uma divisão similar, com 52% apoiando o veto e 38% discordando. A maior aprovação ao veto veio daqueles com menos instrução, com 66% de aprovação. Mesmo entre aqueles que se declaram politicamente neutros, a maioria (53%) apoiou a decisão de Lula, enquanto 36% discordaram.

O veto de Lula causou desconforto entre a base mais à esquerda do presidente, porém, muitos observadores apontam que faz parte de um esforço de acomodação com as Forças Armadas, especialmente após o envolvimento de militares em atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro de 2023.

Lula já havia sido criticado recentemente por suas declarações sobre a ditadura militar, ao afirmar que "faz parte da história". Além disso, o adiamento da recriação da Comissão de Mortos e Desaparecidos também gerou descontentamento.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo