Frentista haitiano é atacado em Curitiba. Foto: reprodução
Um frentista haitiano, identificado como Mercidieu, foi agredido com uma cabeçada durante seu turno de trabalho no Posto Concha de Ouro, em Curitiba (PR). O caso ocorreu na madrugada de segunda-feira (25) e foi captado por câmeras de segurança do local.
No vídeo, dois jovens brancos se aproximam do trabalhador, que estava sentado, o provocam e o atacam. Segundo a vítima, ele teria reclamado de barulhos emitidos pela dupla, sendo chamado de “macaco” antes de ser golpeado.
Após a agressão, os racistas fugiram de moto e não foram identificados. O sindicato que representa a categoria, Sinpospetro, informou que a polícia foi acionada e que está oferecendo apoio jurídico a Mercidieu.
O presidente do Sinpospetro, Lairson Sena, repudiou o ataque e exigiu medidas das autoridades para coibir agressões, racismo e xenofobia contra os frentistas.
“É um caso de racismo, um absurdo, e a gente tem que dar um basta na nossa cidade, que é tão bonita, acolhedora. A gente atende, os trabalhadores de postos, toda a população, acolhe todos os brasileiros vindos de outros estados, trabalhadores vindos de outro país. É um absurdo. Mais um ato covarde dentro da nossa cidade. Repudiamos veementemente”, disse Sena em nota enviada ao portal Banda B.
A categoria tem realizado protestos e campanhas contra ataques semelhantes. No fim de 2023, outro frentista negro foi vítima de racismo na capital paranaense. “Eu sou empresário, maluco. Tenho CNPJ, eu tenho empresa. Você vem me tirar? Eu pago três vezes mais [que o seu salário] para estar aqui te xingando de neguinho, seu otário. Nordestino dos infernos”, disparou o racista.
Na sequência, o agressor partiu em direção ao frentista, que tentou se livrar do ataque o empurrando. “Veio do Nordeste para querer ser gente aqui em Curitiba. Volta para o Nordeste”, disse o homem.
Veja a nota do posto em que Mercidieu trabalha:
O Auto Posto Marechal vem a público para esclarecer os fatos desencadeados a data de 25 de março de 2024, especialmente repudiar a agressão física, verbal e narrado episódio de racismo sofrido por um de nossos colaboradores.
Os fatos ocorreram diante de condutas praticadas por motociclistas que realizavam manobras irregulares na via pública. Após o trabalhador reclamar do excesso de barulho aos terceiros, referidos indivíduos adentraram ao pátio do Posto e perpetraram as agressões.
Assim que tomamos conhecimento do incidente, a empresa agiu de forma imediata e responsável, procedendo com chamamento de equipe de segurança para assegurar a proteção física do trabalhador. Além das imagens coletadas, colaboramos ativamente para fornecer informações e apoio necessários, inclusive buscando coletar maiores elementos junto aos imóveis vizinhos, de modo auxiliar na identificação dos agressores e para as investigações.
Em relação ao nosso colaborador, lamentamos o ocorrido e oferecemos medidas imediatas de suporte e segurança, incluindo a possibilidade de transferência para outro posto da rede ou ajuste de horário, circunstância que inicialmente restou rejeitado pelo trabalhador.
O Auto Posto Marechal reitera seu compromisso inabalável com a transparência, ética e o respeito aos direitos de seus colaboradores. Repudiamos veementemente qualquer forma de violência, assédio ou discriminação.
Estamos à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais que possam ser necessários.
Fonte: DCM