Senador criticou esquerda por tentar fazer vinculação do crime com o ex-presidente Bolsonaro
Ao comentar a prisão dos suspeitos de mandarem matar a vereadora Marielle Franco (PSOL), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) frisou que a investigação da Polícia Federal comprovou que seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), não tem qualquer relação com o crime: “A polícia parece ter dado passos importantes para solucionar a morte de Marielle Franco. Para a frustração de algumas pessoas, o que era óbvio está ainda mais claro: Bolsonaro não tem qualquer relação com o caso”, disse.
O senador criticou setores da esquerda que tentaem vincular o caso à sua família. “Apesar desse fato inequívoco, a esquerda quer criar uma associação que não existe. Esse tipo de farsa narrativa é perigosa e criminosa. Incentiva linchamentos virtuais e físicos e coloca em risco a vida de pessoas inocentes. Que a Justiça possa continuar com seu trabalho e que dê uma solução definitiva para o caso”, afirmou.
Fonte: Agenda do Poder com informações do Brasil 247
"Ainda falta investigar algumas pontas soltas do caso
Marielle", destaca o parlamentar
O deputado federal Lindbergh
Farias (PT-RJ) fez sérias acusações contra o governo Bolsonaro, sugerindo
obstrução das investigações relacionadas ao assassinato da vereadora Marielle
Franco (Psol-RJ). Em uma postagem no X neste domingo (24), Farias destacou que
há detalhes cruciais ainda não elucidados sobre o crime.
Farias apontou especificamente o
papel do ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, alegando
que ele teria articulado o crime e impedido sua devida investigação. O
parlamentar destacou que Barbosa foi nomeado para o cargo pelo General Braga
Netto, então interventor no Rio de Janeiro e posteriormente ministro da Defesa
do governo Bolsonaro.
“Ainda
falta investigar algumas pontas soltas do caso Marielle. O ex-chefe da Polícia
Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, que articulou o crime e impediu sua
investigação, fora nomeado para o cargo pelo General Braga Netto, então
interventor no Rio e, posteriormente, ministro da Defesa de Bolsonaro. Ministro
golpista, diga-se de passagem. O governo Bolsonaro fez questão de obstruir
qualquer investigação sobre o tenebroso crime. Há mais, bem mais, a ser
investigado”, escreveu.
Um porteiro do condomínio Vivendas da
Barra disse que, no dia do assassinato da vereadora Marielle Franco, um dos
suspeitos se dirigiu até o conjunto de casas onde vive Bolsonaro
O ex-juiz suspeito e
hoje senador, Sergio Moro, resolveu ir às redes sociais neste domingo (24) para
sugerir que a história do porteiro do Condomínio Vivendas da Barra, no Rio de
Janeiro, onde Jair Bolsonaro tem uma casa, é "fake news".
Um porteiro do condomínio Vivendas da Barra, na Barra da
Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, disse em depoimento à Polícia Civil do
Rio de Janeiro que, no dia do assassinato da vereadora Marielle Franco, em 14
de março de 2018, um dos suspeitos se dirigiu até o conjunto de casas onde vive
Bolsonaro, horas antes do crime. Ao porteiro, o ex-policial-militar Élcio
Vieira de Queiroz teria dito que iria à casa de número 58 — que pertence a
Bolsonaro.
Depois de mais de quarenta dias da divulgação de seu depoimento
e de ter sido ameaçado de prisão com a Lei de Segurança Nacional, ele acabou
mudando de versão.
Moro também comentou as recentes revelações sobre os
mandantes do assassinato de Marielle.
Também neste domingo, o deputado federal Chiquinho Brazão (União
Brasil - RJ) foi preso durante operação PF, juntamente com Domingos Brazão,
atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. Eles são
apontados como mandantes do crime. Os irmãos Brazão estariam envolvidos em
atividades criminosas, como milícias e grilagem de terras, segundo o ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
"Espero que os mandantes do assassinato de Marielle e
Anderson paguem pelos seus crimes e que a família possa encontrar justiça e
paz", escreveu Moro na rede social X.
Espero que os mandantes do assassinato de
Marielle e Anderson paguem pelos seus crimes e que a família possa encontrar
justiça e paz. Quatro fatos: Em 2019, durante minha gestão no MJSP, o
nome de um dos presos já havia aparecido como possível mandante quando a PF
descobriu uma tentativa de obstrução nas investigações da polícia do RJ;
A PF não assumiu as investigações na época pois havia oposição da família
da vítima, o que respeitamos; Um dos apontados como mandantes já tinha sido
preso em um desdobramento da Lava Jato e afastado de seu cargo, isso antes do
assassinato, mas a impunidade permitiu que ele voltasse à ativa e ao poder;
Ficam sepultadas as inúmeras fake news exploradas irresponsavelmente sobre esse
terrível crime, como a absurda história do porteiro.
Hoje, um marco significativo foi alcançado nas investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. Três importantes figuras foram presas: o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, Domingos Brazão, e o delegado da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, este último nomeado chefe da Polícia Civil pelo então interventor federal, general Braga Netto.
As prisões não apenas destacam a determinação das autoridades que hoje conduzem a solução do crime, mas também ressaltam a complexidade e a extensão das investigações em curso.
Mas, para além disso, esses eventos também levantam questões sobre o papel desempenhado por figuras proeminentes no governo anterior e a necessidade premente de revisão crítica dos procedimentos anteriores.
Em particular, as detenções renovam o foco na atuação do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro durante seu mandato. Enquanto ocupava uma das posições mais altas no sistema de segurança nacional, Moro não avançou na resolução deste emblemático crime. Sua gestão foi marcada por uma série de controvérsias e alegações de negligência e possível manipulação política.
Um exemplo de omissão é o caso do porteiro do condomínio Vivendas da Barra, que foi erroneamente envolvido na investigação sem provas substanciais, levantando sérias questões sobre a integridade do andamento da apuração.
“O Moro, em relação ao caso Marielle, nunca se envolveu como ministro, ele nunca quis saber. A partir do momento que esbarrou em familiares, pessoas próximas (a Bolsonaro) por conta do depoimento do porteiro, ele tentou federalizar o crime. Nem mesmo auxiliar a Polícia Civil, que deveria ser o seu papel. Nada impede essa ajuda. Ele nunca fez isso, ele nunca recebeu a família da Marielle. Quando foi para defender o presidente, houve interesse, inclusive tentando ouvir o porteiro”, disse Marcelo Freixo, inimigo público número 1 das milícias, ao Uol.
Embora as prisões representem um passo crucial em direção à conclusão desse caso, também servem como um lembrete contundente de que a justiça deve ser aplicada integralmente, sem deixar impunes aqueles que, por ação ou omissão, se associaram aos responsáveis pelo crime.
Este é um momento crucial para a sociedade brasileira, que deve exigir transparência, responsabilização e um compromisso inabalável com a busca pela verdade e pela justiça, não apenas no caso de Marielle Franco e Anderson Gomes, mas em todas as esferas da vida pública.
Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.. Foto: Divulgação
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, destacou, em mensagem à imprensa neste domingo, 24, a importância da prisão dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes como um triunfo do Estado brasileiro.
Ricardo Lewandowski afirmou que Marielle Franco foi assassinada em 2018 por contrariar interesses do crime organizado na grilagem de terras na zona oeste do Rio. Os mandantes identificados foram Domingos Brazão, conselheiro do TCE-RJ, e o deputado federal Chiquinho Brazão, com a proteção de Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio.
O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Andrei Rodrigues, ressaltou que a motivação do crime precisa ser analisada em contexto, considerando diversas situações envolvendo Marielle Franco, como disputas territoriais e atuação das milícias.
Lewandowski enfatizou que o desfecho do caso contribui para compreender as milícias e o crime organizado no Rio de Janeiro, revelando seu modus operandi e seus vínculos com órgãos políticos e públicos.
A investigação está concluída, mas os elementos recolhidos podem trazer novos fatos. As prisões dos suspeitos representam um triunfo na luta contra a criminalidade organizada, conforme destacado pelo ministro. Além dos mandantes, outras medidas cautelares foram tomadas contra indivíduos ligados ao caso.
A operação foi resultado de uma investigação sobre os autores intelectuais dos homicídios, e também investiga o crime de obstrução da Justiça. As prisões preventivas foram efetuadas após a homologação da delação premiada de Ronnie Lessa, ex-policial militar apontado como responsável pelo crime.
As colaborações premiadas de Ronnie Lessa e Elcio de Queiroz foram fundamentais na elucidação do caso, complementadas por outros elementos de prova. Os mandados de prisão preventiva foram cumpridos na manhã de domingo e os detidos passaram por audiência de custódia antes de serem transferidos para um presídio federal em Brasília.
Vereadora do PSOL defendia que terrenos na Zona Oeste fossem destinados a fins sociais, enquanto Chiquinho Brazão queria que essas áreas tivessem finalidade comercial
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, em coletiva de imprensa na tarde deste domingo (24), afirmou que a “motivação básica” para o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), em março de 2018, foi a questão fundiária na Zona Oeste. Segundo ele, houve, no segundo semestre de 2017, um conflito de interesses do grupo ligado ao então vereador Chiquinho Brazão, que desejava usar terrenos para fins comerciais, enquanto Marielle defendia a destinação dessas áreas para moradias populares.
“Ficou delineada a divergência, no campo político, sobre questões de regularização fundiária e defesa do direito de moradia”, disse o ministro.
Na ocasião, Brazão apresentou projeto de regularização fundiária de áreas em 13 bairros da região de Jacarepaguá (projeto de Lei à Câmara número 174/2016). O PSOL votou contra por suspeitar que a iniciativa favoreceria a atuação das milícias.
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, corroborou o que disse o ministro e afirmou que a motivação do crime está ligada à regularização de empreendimentos e disputas territoriais. Segundo o diretor da PF, o ex-chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, também preso na operação deste domingo (24), já tinha “relações indevidas” com o crime organizado quando chefiava o setor de homicídios da Polícia Civil do Rio.
Além de Chiquinho, seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), também foi preso neste domingo como um dos mandantes. Rivado usou seu cargo para emperrar as investigações.
Andrei afirmou que o relatório da PF, com 497 páginas, descreve todas as situações que levaram à morte de Marielle. Lewandowski afirmou que esse relatório já é suficiente para que o Ministério Público ofereça denúncias contra os envolvidos.
O ministro da Justiça listou as medidas cautelares determinadas contra investigados pela PF, mas que não foram presos neste domingo:
Erica de Andrade Almeida Araújo, mulher de Rivaldo Barbosa;
Giniton Laje, primeiro delegado a cuidar do caso na Polícia Civil do Rio;
Marcos Antônio de Barros Pinto, comissário da Polícia Civil do Rio.
Segundo o ministro da Justiça, as medidas cautelares incluíram:
busca e apreensão nas casas e veículos, menos nas dependências do congresso nacional;
arresto (apreensão) de bens e valores;
congelamento de contas bancárias;
acesso ao conteúdo de dados em computadores, tablets, celulares, apreensão de documentos.
“Todos são obrigados usar tornozeleiras eletrônicas, a entregarem seus passaportes, estão proibidos de se comunicarem com os demais investigados”, emendou Lewandowski.
Rivaldo Barbosa, que um dia antes do crime se tornou chefe da polícia, pode ser considerado um dos autores do assassinato, afirma PF
A investigação da Polícia Federal sobre o assassinato da vereadora (PSOL) Marielle Franco concluiu que os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, além de mandarem matar a parlamentar, também contrataram a “garantia de impunidade”. Esse garantia lhes foi dada, segundo o relatório, pelo chefe da Divisão de Homicídios do Rio, delegado Rivaldo Barbosa. Um dia antes do crime, Rivaldo foi nomeado chefe da Polícia Civil. Na época, a segurança do Rio estava sob intervenção federal e era comandada pelo general Braga Netto.
Segundo Andréia Sadi, essa informação consta da ordem de prisão contra os três, expedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Segundo o documento, havia uma única exigência de Rivaldo, que o assassinato não envolvesse a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro.
“Tal exigência tem fundamento na necessidade de se afastar outros órgãos, sobretudo federais, da persecução do crime em comento, de modo a garantir que todas as vicissitudes da investigação fossem manobradas por Rivaldo”, diz a representação da PF.
A PF afirma que, por esses e outros motivos, é possível dizer que o crime foi “meticulosamente planejado” pelo ex-chefe da Polícia Civil do RJ e que, por isso, é possível considerá-lo autor do crime. “(…) apesar de não ter o idealizado, ele [Barbosa] foi o responsável por ter o controle do domínio final do fato, ao ter total ingerência sobre as mazelas inerentes à marcha da execução, sobretudo, com a imposição de condições e exigências.”
Fonte: Agenda do Poder com informações da Andréia Sadi, do G1
Este teria sido o argumento apresentado pelas autoridades policiais ao ministro Alexandre Moraes para que fosse autorizada a prisão imediata dos envolvidos.
RICARDO BRUNO
A razão decisiva para a antecipação da operação da Polícia Federal e a consequente prisão, neste domingo, dos acusados da morte de Marielle Franco teria sido a viagem para os Estados Unidos da esposa e da filha de Domingos Brazão na última quinta-feira, 21/03.
A movimentação da família foi monitorada pela PF e despertou a suspeição de que estivesse em curso um plano de fuga. Este teria sido o argumento apresentado pelas autoridades policiais ao ministro Alexandre Moraes para que fosse autorizada a prisão imediata dos envolvidos.
Alice, esposa de Domingos Brazão, se encontra, de fato, em Nova York. Segundo uma fonte próximo à família, o conselheiro do TCE não teria, contudo, como entrar nos Estados Unidos por não ter visto atualizado.
Ainda assim, a Polícia Federal suspeitou de que ele poderia deixar o pais com passaporte português, já que tem dupla nacionalidade.
Encomenda para o assassinato de Marielle a Ronie Lessa ocorreu em reunião com os irmãos Brazão em setembro de 2017, seis meses antes do crime
A Polícia Federal (PF) descobriu em sua investigação que um membro da milícia de Rio das Pedras, com ligações diretas com o Escritório do Crime, um grupo de matadores de aluguel baseado na Zona Oeste do Rio, havia se infiltrado no PSOL, o partido da vereadora Marielle Franco, por ordem dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, presos neste domingo (24) como mandantes do crime.
Segundo os investigadores, Laerte da Silva de Lima, vinculado à milícia, tornou-se membro do PSOL aproximadamente um ano antes do assassinato de Marielle, com a missão de coletar informações sobre a parlamentar.
Essa revelação foi feita por meio da delação do policial militar reformado Ronie Lessa, o executor de Marielle. Lessa afirmou que dentro do PSOL, Laerte teria ouvido Marielle aconselhando os moradores a não aderirem a novos loteamentos em áreas controladas pela milícia.
O relatório da PF detalha que a encomenda para o assassinato de Marielle a Ronie Lessa ocorreu durante uma reunião com os irmãos Brazão em setembro de 2017, seis meses antes do crime.
Encontro estava marcado para a próxima terça, mas foi antecipado devido à gravidade do caso
O presidente do União Brasil, Antonio Rueda, antecipou para a noite deste domingo (24) a reunião da Comissão Executiva Nacional da sigla que abrirá um processo disciplinar para expulsar o deputado federal Chiquinho Brazão, preso hoje por suspeita de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), em março de 2018.
A reunião será por videoconferência.
Inicialmente, essa reunião estava prevista para terça-feira, mas foi antecipada devido à gravidade do caso.
O parlamentar foi citado na delação de Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle Franco. Chiquinho foi vereador na Câmara Municipal do Rio de Janeiro pelo MDB por 12 anos, inclusive durante os dois primeiros anos de mandato de Marielle, entre 2016 e março de 2018.
Preso em Mossoró, Orlando Curirica disse que havia uma “corrupção monstruosa” na Divisão de Homicídios da polícia do Rio
Em depoimento de 2019 ao Ministério Público do Rio, na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, o miliciano Orlando Araújo, conhecido como Orlando Curicica, já havia acusado o então chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, em relação a investigações de homicídios ligados à contravenção.
Curicica, que estava sob investigação pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, questionou as promotoras presentes se estavam dispostas a prender Rivaldo, insinuando que isso seria necessário para esclarecer o caso Marielle.
“Você sabe que vai ter que prender o chefe de polícia?”, indagou Curicica, apontando diretamente para Rivaldo, que ocupava o cargo na época.
Além disso, Curicica denunciou uma suposta “corrupção monstruosa” durante a gestão de Rivaldo, especialmente relacionada a crimes ligados à máfia do jogo do bicho.
“A corrupção é monstruosa envolvendo a contravenção. Por exemplo, não existe um inquérito contra a contravenção. A senhora pode pegar todos os inquéritos da Delegacia de Homicídios, do Rivaldo pra cá, da gestão Rivaldo pra cá. Não tem um que acuse a contravenção de matar alguém”, afirmou Curicica, destacando a ausência de investigações contra a contravenção em casos de homicídio durante a gestão de Rivaldo Barbosa.
"Não descansaremos até que todos os sórdidos poderes que
dominam este Estado sejam, enfim, derrotados", diz a nota assinada por
Monica Benicio e Agatha Arnaus
Em nota, as
viúvas de Marielle Franco, Monica Benicio, e do motorista Anderson Gomes,
Agatha Arnaus, se manifestaram neste domingo sobre a operação da Polícia
Federal que levou à prisão dos irmãos Domingos e Chiquinho Brandão.
Domingos é
conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro e Chiquinho,
deputado federal. Também foi preso o delegado Rivaldo Barbosa, suspeito de
acobertar os criminosos. Leia a nota na íntegra:
Foram 2.202 dias de espera. 6 anos e 10 dias dessa dor que hoje
não acaba, mas que encontra, finalmente, um momento de esperançar justiça e
paz. E isso é apenas uma parte do que Marielle e Anderson merecem. Nesse
domingo chuvoso de março, a verdade começou a ser desvelada. O que, diante da
nossa dor, é o tempo de uma vida inteira depois daquele 14 que marcou mais do
que nossas vidas - marcou a nossa carne e o próprio Estado Democrático de
Direito.
A Polícia Federal realizou hoje uma operação para prender não
um, mas três mandantes do assassinato brutal de Marielle e Anderson. Se os
nomes de integrantes da família Brazão não causam surpresa ao serem revelados,
a investigação da PF traz ainda mais um integrante desta odiosa trama: Rivaldo
Barbosa, o então chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. O anúncio
do seu nome mostra que a Polícia Civil não foi apenas falha, mas cúmplice deste
crime.
Rivaldo, que recebeu as nossas famílias logo após Marielle e
Anderson serem assassinados, com o sorriso cínico que só as mais corruptas das
burocracias podem produzir, nos dizendo que o caso seria uma prioridade máxima
para ser solucionado o mais rápido possível. Seu nome envolto nessa execução
brutal só demonstra o tamanho do abismo que vivemos no Estado do Rio de
Janeiro, com instituições amplamente comprometidas nas teias mais podres do
crime, da corrupção e do mercado de mortes.
Um passo decisivo foi dado, mas a luta por justiça que nossas
famílias travam nesses longos seis anos não termina na manhã de hoje. Não
descansaremos até que haja, enfim, uma sentença. E iremos além. Não
descansaremos até que todos os sórdidos poderes que dominam este Estado sejam,
enfim, derrotados.
À Polícia Federal, ao Ministério da Justiça, e ao Governo
Federal, ao Ministério Público do Rio de Janeiro e ao Ministério Público
Federal, expressamos o nosso mais profundo reconhecimento pelo compromisso de
fazer valer este sopro de esperança. Há luta pela frente, e estaremos cada vez
mais fortes para enfrentá-la.
Hoje vence a democracia. Hoje Marielle e Anderson começam a ter
justiça por suas vidas ceifadas. Não descansaremos até que a Justiça seja feita
de forma plena. Por Marielle e Anderson, por nossas famílias, pela democracia
no Brasil.