domingo, 17 de março de 2024

Consumidor ficou em média 10,4 horas sem energia em 2023, mostra Aneel

 

O levantamento representa dado médio, tempo e número de eventos de interrupções divididos pelo total de consumidores

Copel pede para adiar reajuste da tarifa de energia
Copel pede para adiar reajuste da tarifa de energia

 

Por Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil  - Apesar de grandes apagões provocados por tempestades no ano passado, como em São Paulo e no Rio Grande do Sul, o brasileiro ficou, em média, menos tempo sem energia em 2023. Segundo levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o consumidor ficou 10,4 horas sem eletricidade no ano passado, com cinco cortes de fornecimento no ano.

O levantamento representa dado médio, tempo e número de eventos de interrupções divididos pelo total de consumidores. Em 2022, o brasileiro ficou 11,2 horas sem energia, com 5,47 cortes de fornecimento, em média, para cada um.

Segundo a agência, houve melhora na qualidade de prestação do serviço entre 2022 e 2023, com redução no tempo médio e na frequência das quedas de energia.

Mesmo com a redução do tempo sem eletricidade, as distribuidoras com níveis altos de interrupção de energia pagaram mais compensações à Aneel no ano passado. Em 2023, as concessionárias pagaram R$ 1,08 bilhão à agência reguladora, contra R$ 765 milhões em 2022.

As compensações são pagas por meio de descontos na conta da luz. Segundo a Aneel, o aumento é consequência do aperfeiçoamento das regras de compensação para destinar mais valores a consumidores com “piores níveis de continuidade”.

A Aneel também divulgou o ranking de avaliação de grandes distribuidoras de energia. As companhias são avaliadas com base no tempo médio em que cada unidade consumidora ficou sem energia e no número médio de interrupções ocorridas. Cada empresa tem uma meta estabelecida pela agência reguladora, que avalia se os critérios foram cumpridos.

Somente as distribuidoras com mais de 400 mil consumidores foram avaliadas. Em 2023, a companhia mais bem avaliada foi a CPFL Santa Cruz, que atua no interior de São Paulo. A concessionária com pior avaliação foi a Equatorial Goiás.

Confira o ranking da Aneel, da melhor para a pior classificação. Em alguns casos, houve empate:

•    1: CPFL Santa Cruz;

•    2: Equatorial Pará;

•    3: Cosern;

•    3: Energisa Sul-Sudeste;

•    5: Energisa Tocantins;

•    5: EDP Espírito Santo;

•    5: Energisa Paraíba;

•    8: Energisa Minas Rio;

•    9: CPFL Piratininga;

•    9: RGE;

•    11: Energisa Mato Grosso;

•    12: EDP SP;

•    13: CPFL Paulista;

•    13: Energisa Mato Grosso do Sul;

•    15: Energisa Sergipe;

•    15: Coelba;

•    17: Light;

•    18: Celpe;

•    18: Elektro;

•    18: Enel CE;

•    21: Enel SP;

•    21: Enel RJ;

•    21: Equatorial MA;

•    24: Celesc;

•    25: Copel;

•    27: Neoenergia Brasília;

•    28: CEEE Equatorial;

•    29: Equatorial Goiás.

Fonte: Brasil 247 com Agência Brasil

Jogador de vôlei sofre ataques homofóbicos em Recife (vídeo)

 

Órgão responsável pelos campeonatos de vôlei, a CBV emitiu um comunicado sobre o caso e afirmou estar tomando as medidas necessárias

(Foto: Reprodução)


O jogador de vôlei Anderson Melo, durante a 2ª etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, em Recife, Pernambuco, na última quinta-feira (14).

Nas redes sociais, no sábado (16), o jogador compartilhou os vídeos nos quais era possível ouvir algumas pessoas que assistiam à partida diziam coisas como “saca na bicha”, “é mulher” e “usa calcinha”. 

Órgão responsável pelos campeonatos de vôlei, a CBV emitiu um comunicado sobre o caso e afirmou estar tomando as medidas necessárias.

A homofobia é considerada crime no Brasil desde junho de 2019, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu equiparar a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero ao crime de racismo, até que o Congresso Nacional legisle sobre o assunto. Portanto, a homofobia é punível nos termos da Lei nº 7.716/89, que trata dos crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Isso significa que atos de discriminação e violência contra pessoas LGBTQ+ podem ser punidos conforme essa legislação.

Fonte: Brasil 247

Na Cisjordânia, Mauro Vieira condena genocídio de Israel em Gaza: “Ilegal e imoral”

 

O chanceler participou da cerimônia de outorga ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva do título de Membro Honorário do Conselho dos Curadores da Fundação Yasser Arafat

Mauro Vieira
Mauro Vieira (Foto: Pedro França/Agência Senado)

 

Durante visita na Cisjordânia neste domingo (17), o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, classificou o genocídio de Israel na Faixa de Gaza como "ilegal e imoral".

“Permitam-me que o diga em alto e bom som. É ilegal e imoral privar as pessoas de alimentos e água. É ilegal e imoral atacar comboios humanitários e pessoas que procuram ajuda. É ilegal e imoral impedir que os doentes e feridos tenham acesso a material médico essencial. É ilegal e imoral destruir hospitais, locais religiosos e sagrados, cemitérios e abrigos”, disse.

O chanceler participou da cerimônia de outorga ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva do título de Membro Honorário do Conselho dos Curadores da Fundação Yasser Arafat.

"É por isso que o presidente Lula fez um apelo, durante a 37ª cúpula da União Africana, em Adis Abeba, para que resgatemos nossas melhores tradições humanistas. Sob essa luz, ele condenou os ataques contra civis e militares israelenses em 7 de outubro e exigiu a libertação imediata de todos os reféns. Ao mesmo tempo, ele rejeitou a resposta desproporcional de Israel, que já matou e deslocou milhares de pessoas na Palestina”, afirmou.

O ministro ainda questionou o fato de a Palestina não integrar a Organização das Nações Unidas como membro pleno.

“A decisão sobre a existência de um Estado palestino independente foi tomada há 75 anos pelas Nações Unidas. 139 dos 193 membros já reconhecem a Palestina como um Estado. Por isso, não há qualquer razão para que a Palestina não seja membro de pleno direito das Nações Unidas.”

Fonte: Brasil 247

 

Pimenta: “Bolsonaro incentivou, buscou financiamento, estimulou acampamentos, preparou o golpe e covardemente fugiu para Disney”

 

“O plano deu errado e a democracia venceu. Agora, se vai pra cadeia ou não, é com a justiça”, diz ele

Ministro Paulo Pimenta
Ministro Paulo Pimenta (Foto: Agência Brasil)

 Ao avaliar os depoimentos de representantes da Forças Armadas que colocam Jair Bolsonaro no centro da trama golpista, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta (PT), destaca o quanto o extremista trabalhou para o sucesso dos seus planos. 

“De tudo que vimos essa semana, uma coisa temos certeza: Bolsonaro incentivou, buscou apoio e financiamento, estimulou os acampamentos, preparou o golpe e o covardemente fugiu para Disney com medo de ser preso. Assistiu de camarote o 8 de janeiro apostando no caos e em uma GLO. O plano deu errado e a democracia venceu. Agora se vai pra cadeia ou não é com a justiça”.

Fonte: Brasil 247

"Bolsonaro está chantageando candidatos à presidência da Câmara com a exigência de apoio à anistia", denuncia Gleisi

 

"O cara que diz não ter medo de ser preso, só pensa em ser anistiado!", denuncia a presidente do PT

Gleisi Hoffmann
Gleisi Hoffmann (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

Por Gleisi Hoffmann, no X - O cara que diz não ter medo de ser preso, só pensa em ser anistiado! É estarrecedora a notícia de que Jair Bolsonaro está chantageando os candidatos à presidência da Câmara, com a exigência de apoio prévio a uma anistia pelos crimes que cometeu. O bolsonarismo, a extrema-direita e os golpistas continuam ameaçando o país e envenenando a democracia. Precisam ser contidos e punidos enquanto é tempo.

Saiba mais - Jair Bolsonaro e seus aliados têm intensificado uma articulação que vincula o apoio à sucessão na Câmara e no Senado, prevista para 2025, à aprovação de um projeto que visa garantir anistia para o ex-mandatário caso ele seja condenado pela Justiça em função de seu envolvimento no planejamento de um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo a coluna da jornalista Andréia Sadi, do G1, os aliados de Bolsonaro avaliam que, no momento, o ex-mandatário “tem uma situação mais confortável na Câmara - mas com Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, acreditam que mesmo se passar com deputados uma eventual anistia para crimes cometidos seria barrada na Casa ao lado”.

Fonte: Brasil 247 com informação da coluna da jornalista Andréia Sadi, do G1

Governo organiza 5 rotas para ligar Brasil com países vizinhos; entenda

 


O governo brasileiro avança com um ambicioso plano de integração sul-americana, centrado em cinco rotas que visam fortalecer os laços regionais e abrir novas oportunidades comerciais. Uma dessas rotas, a “Rota de Capricórnio”, está sendo desenvolvida para conectar o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, atravessando o Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.

A conclusão está prevista para o final de 2025 ou início de 2026, dependendo da finalização de obras críticas, como a construção de uma ponte sobre o Rio Paraguai e a pavimentação de um trecho no pantanal paraguaio.

Além da “Rota de Capricórnio”, outras quatro rotas foram delineadas no plano. A “Ilha das Guianas” busca integrar os estados de Amapá e Roraima com países vizinhos como Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Venezuela.

A “Manta-Manaus” visa estabelecer uma rota multimodal entre o Equador e o Brasil, com ênfase na conexão fluvial. A “Quadrante Rondon” abrange Acre, Rondônia e parte de Mato Grosso, conectando o Brasil à Bolívia e Peru. Por fim, a rota “Porto Alegre-Coquimbo” busca fortalecer as conexões entre o Rio Grande do Sul, Argentina, Uruguai e Chile.

As cinco rotas de plano do governo para integração sul-americana / Crédito: Ministério do Planejamento e Orçamento

Essas rotas não são apenas corredores de transporte, mas sim vias de integração regional que promovem o intercâmbio comercial, social e cultural entre os países envolvidos. Para viabilizar esses projetos, o governo tem buscado parcerias com bancos regionais de desenvolvimento, garantindo um apoio financeiro significativo, além de envolver os estados brasileiros e os países vizinhos na identificação e resolução de questões infraestruturais e regulatórias.

Embora esse não seja o primeiro esforço para estabelecer uma rota bioceânica na América do Sul, o governo está determinado a tornar esse plano uma realidade tangível, diferenciando-o de projetos anteriores que não avançaram. Com um foco renovado em direção ao Pacífico e à Ásia, o Brasil busca ampliar suas conexões comerciais e fortalecer sua posição no cenário global, adotando uma nova perspectiva que prioriza a integração regional e a cooperação multilateral.

Fonte: DCM

Janja assume liderança nas campanhas femininas do PT


Primeira-dama Janja. Foto: Divulgação

 A primeira-dama Janja da Silva está pronta para assumir papel importante nas campanhas femininas do PT durante as eleições municipais.

A proposta é que ela se torne uma figura proeminente, viajando pelo país durante a pré-campanha para apoiar candidatas em capitais e cidades-chave, onde as mulheres estão à frente das chapas.

Janja participará de comícios, aparecerá em vídeos e também compartilhará o palco com o presidente Lula, seu marido e líder do PT.

A consolidação dessa estratégia está prevista para ocorrer durante o encontro virtual “Mulheres do PT”, marcado para a próxima terça-feira (19).

A expectativa é que Janja se envolva nos lançamentos de pré-campanhas em capitais já nos primeiros meses do ano.

O objetivo principal é aumentar o engajamento da militância e estabelecer um diálogo mais próximo com o eleitorado feminino e jovem, aproveitando o histórico de ativismo de Janja em prol da participação feminina na sociedade, mesmo antes de seu relacionamento com Lula, quando trabalhava na Itaipu Binacional.

Fonte: DCM

Acabado, Aécio sai da tumba com vídeo se vendendo como “caminho viável”


Aécio Neves, o garoto-propanda da “renovação” do PSDB. Reprodução

 Após um longo período de ostracismo, o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) foi escolhido como o garoto-propaganda para uma campanha na qual os tucanos se oferecem como uma “alternativa para o Brasil”, fora da “polarização perversa” que, nas entrelinhas, é protagonizada por petistas e bolsonaristas.

Pai do golpismo baseado no questionamento da lisura das eleições, quando colocou em dúvida o resultado das urnas após sua derrota para  Dilma Rousseff em 2014, Aécio surge no vídeo dizendo que “existe vida inteligente entre os extremos”, sem mencionar entretanto que seu partido votou em 76% das vezes no Congresso em apoio aos projetos defendidos pelo governo de Jair Bolsonaro.

Paralelamente, o partido anunciou que seria oposição a Lula: o texto do comercial diz que “o PSDB não é contra ninguém”. Mentira. É e sempre será contra o PT.


Fonte: DCM

Presidente do STM critica Bolsonaro: “Um erro um governo com tantos militares”

 

Francisco Joseli Parente Camelo. (Foto: Reprodução)

Francisco Joseli Parente Camelo, presidente do Superior Tribunal Militar (STM), expressou sua opinião sobre a presença de militares no governo anterior, liderado por Jair Bolsonaro, chamando-a de erro. Ele fez esses comentários durante uma entrevista ao programa CNN Entrevistas no sábado (16).

“Acho [que foi um erro], não podemos ter um governo com tantos militares”, afirmou.

Parente Camelo enfatizou a importância de os militares estarem subordinados ao poder civil e destacou que o ministro da Defesa deve ser civil. Ele ressaltou que os militares têm competências específicas, como garantir os poderes constitucionais e a ordem pública, e não devem se envolver na política.

O presidente do STM afirmou que os militares devem trabalhar dentro de suas competências, protegendo as fronteiras terrestres, marítimas e aeroespaciais, além de ajudar a população em momentos de desastres e calamidades, desempenhando essas funções com excelência.

“Nós, militares, temos que estar subordinados ao poder civil. O ministro da Defesa tem que ser civil. Nós temos a nossa competência como prevê a Constituição, a garantia dos poderes constituições e da lei da ordem. É para isso que temos que nos preparar e não se misturar com a política”, disse.

“Quando necessário, ajudando a população em momentos de desastres, em momentos de calamidades. É isso que nós fazemos e fazemos com muita maestria”.

Atos terroristas ocorridos em Brasília em 8 de janeiro de 2023. (Foto: Reprodução)

Ele também mencionou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de trazer para Tribunal a competência de julgar crimes como a tentativa de golpe ocorrida em 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram alvo de terroristas em Brasília.

“O ministro Alexandre de Moraes tomou a decisão e fundamentou de maneira brilhante que o crime era da Justiça comum”, declarou.

“Estamos ao lado do STF, não estamos contra”.

Fonte: DCM com programa CNN Entrevistas

Gilmar Mendes: “Lava Jato terminou como uma organização criminosa”


O ministro Gilmar Mendes em entrevista. (Foto: Valter Campanato)

 Em seu gabinete, na cobertura do prédio anexo do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes despacha cercado de fotos com jogadores e personalidades do futebol brasileiro. Os livros jurídicos dividem espaço nas paredes com bolas, troféus, medalhas e dezenas de camisetas de times autografadas. “Pelezista” declarado, o ministro também ostenta diversos quadros com fotos tiradas ao lado do eterno Camisa 10 da seleção brasileira.

Decano do STF, com 22 anos de toga, Mendes recebeu as equipes da Agência Brasil e da TV Brasil nesse espaço depois das 20h de uma terça-feira. Ainda terminava seu jantar, na mesma mesa de reuniões usada para o trabalho, mas não se perturbou ao perceber a entrada de jornalistas e da equipe de imagem. “Tudo bem, como vai?”, cumprimentou, antes de retomar a refeição.

Pouco avesso a sorrisos, como de costume, retirou-se para uma sala anexa após o jantar para, minutos depois, retornar para a entrevista. Sentou-se calmamente na cadeira de seu gabinete, já sabedor do tema da conversa.

A história acabou por lhe dar razão, após ser criticado nos primeiros anos de Operação Lava Jato. E foi assim que discorreu sobre o tema, com a tranquilidade de quem não se perturbou diante dos mitos e heróis sem capa surgidos durante esse período. Essas mesmas figuras seriam destronadas com o passar do tempo.

O início da operação completa dez anos neste domingo, dia 17 de março e, para o ministro, o balanço é “marcadamente negativo”. Em sua opinião, a única lição aprendida pelo país foi a de não combater o crime praticando outros crimes. Gilmar Mendes afirma ter sido ele a primeira voz a se levantar contra os abusos da operação, como as prisões alongadas em Curitiba e as delações inconsistentes.

O ministro estabelece uma relação contraditória entre a Lava Jato e as atividades que a operação buscava combater.

“Na verdade, a Lava Jato terminou como uma verdadeira organização criminosa, ela envolveu-se em uma série de abusos de autoridades, desvio de dinheiro, violação de uma série de princípios e tudo isso é de todo lamentável”.

Luiz Inácio Lula da Silva. (Foto: Reprodução)

Durante a operação, Gilmar Mendes foi figura central em decisões importantes para os rumos da Lava Jato. Entre elas, a que declarou a incompetência da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba e anulou as ações penais contra Luiz Inácio Lula da Silva. O magistrado também votou para considerar o ex-juiz Sergio Moro parcial em processos da operação.

Confira os principais trechos da entrevista:  

Agência Brasil: Ministro, a Operação Lava Jato completa dez anos no dia 17 de março, o senhor acha que a Lava Jato foi boa ou ruim para o Brasil? Qual é o saldo?
Gilmar Mendes: Eu acho que a Lava Jato fez um mal enorme às instituições. Bem inspirada talvez, no início, ela acabou produzindo uma série de distorções no sistema jurídico político. Por isso, o meu balanço é marcadamente negativo. Mas é claro que nós aprendemos da história, inclusive dos fatos negativos na vida dos povos, na vida das nações. Então, alguém sempre poderá dizer algo positivo. Nós aprendemos como não fazer determinadas coisas. E, nesse sentido, se pode até extrair aspectos positivos. O que a gente aprendeu? Eu diria em uma frase: não se combate o crime cometendo crimes. Na verdade, a Lava Jato terminou como uma verdadeira organização criminosa, ela envolveu-se em uma série de abusos de autoridades, desvio de dinheiro, violação de uma série de princípios e tudo isso é de todo lamentável.

Agência Brasil: Hipoteticamente: temos uma suspeita de corrupção no Brasil. Como agir corretamente, como proceder?
Mendes: A primeira coisa é não inventar a roda, é fazer aquilo que se tem que fazer, deixar que as autoridades policiais façam as investigações, que o Ministério Público faça o seu acompanhamento. Hoje, o país dispõe de uma série de instrumentos para isso. E não imaginar que nós vamos ter heróis voadores, que vamos ter pessoas que resolvem com um milagre a questão da corrupção no país. E fazer as coisas com o devido processo legal. Acho que isso é extremamente importante. Investigações espetaculares, tonitruantes, a gente tem aí aos montões e depois nós temos apenas um resto de lixo em anulações, em não há aproveitamento de provas, como acabou ocorrendo aqui na Lava Jato. Acho que o que a Lava Jato vai ensinar ao sistema jurídico processual brasileiro é como não se fazer determinadas coisas e ensinar que nós devemos ser extremamente cautelosos em relação a essas questões, aos procedimentos jurídicos, para não produzirmos situações estapafúrdias.

Agência Brasil: A punição às empresas e às pessoas foi além da conta?
Mendes: Tudo o que é excessivo e tudo que é indevido, certamente, é além da conta. Nós vamos ter que discutir isso agora. Certamente, muitos vão dizer: ‘ah, tem réus confessos que estão sendo isentados de culpa por conta de falhas processuais’, mas é assim no Estado de Direito em qualquer lugar. Então, não há nenhuma surpresa em relação a isso e vamos ter que fazer também um exame caso a caso, isso não se resolve em um juízo completo, direto. E é isso que nós estamos fazendo e temos feito, tivemos o processo do Lula e outros. Então, me parece que nós fomos de uma euforia quase alcoólica a uma depressão, e os dois estados não são bons. É importante que nós estejamos atentos para fazermos o trabalho de maneira correta e acho que é isso que nós temos que inculcar nos agentes policiais, nos agentes de Receita, nos agentes investigadores todos, do Ministério Público e os próprios juízes.

Agência Brasil: Muito antes da Vaza Jato, o senhor já dizia que o STF teria um encontro marcado com a Operação Lava Jato, o que que havia? O que o senhor ouvia nas audiências com os advogados, qual era a percepção na época?
Mendes: Já se disse que o problema do diabo não é que ele seja o diabo, né? É que ele é velho, ele é experiente. Então, a gente aprende a fazer essas leituras e colhe também experiências. A primeira coisa que eu vi, acho que foi em 2015, foram as prisões alongadas de Curitiba. E, claro, os advogados passaram a dizer que as prisões alongadas eram utilizadas como uma forma de tortura para obter delações. E delações que muitas vezes se mostraram inconsistentes. Delações que muitas vezes se transformaram em acordos de leniência, por isso os questionamentos de agora. Então, nós tivemos toda a essa situação e eu fui talvez a primeira voz a levantar contra essa situação.

E depois ganhei a convicção de que não se tratava apenas de uma irregularidade procedimental ou processual e que na verdade nós estávamos diante de um movimento político, como depois se revelou no contexto geral: [Sergio] Moro [virou] o ministro da Justiça de Bolsonaro, Deltan Dallagnol, um ativista político. E a gente também descobriu, isso é uma coisa bastante peculiar, que o volume de dinheiro com o qual eles se envolviam também os estimulou a ter suas próprias empresas ou participar disso. Aí surge a tal Fundação Dallagnol lá em Curitiba. Aqui em Brasília surge também algo semelhante com a tal Operação Greenfield. A gente descobre que esses nossos ‘combatentes da corrupção’ gostavam muito de dinheiro, o que é uma contradição nos próprios termos. O ministro Salomão [Luis Felipe Salomão, corregedor Nacional de Justiça] está encerrando um trabalho sobre essa questão e diz que há uma quantia perto de R$ 1 bilhão que não se sabe para onde foi, do dinheiro que estava depositado na vara em Curitiba. Então, isso precisa ser esclarecido.

Agência Brasil: O senhor já disse anteriormente que todo o sistema político e o governo na época da Lava Jato foram ingênuos. Como o senhor avalia o comportamento do STF nesse período?
Mendes: A Operação Lava Jato não era uma operação puramente judicial, policial ou de investigação administrativa, eles fizeram uma força-tarefa e lograram um apoio público muito grande, um apoio de mídia. E eu tenho a impressão que esse apoio de mídia teve também um efeito inibitório sobre o Supremo Tribunal Federal. Eu acompanhei os primeiros habeas corpus desde 2014, que começaram a chegar, o ministro Teori  [ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF] era o ministro relator e havia já essa força não só de Moro e de sua equipe, mas também da Procuradoria-Geral, Janot [Rodrigo Janot, então PGR]. E é capaz que o Tribunal naquele momento não tenha tido a leitura devida de todas as questões envolvidas do ponto de vista político, e isso demorou a se consolidar. Tanto é que quando eu mesmo assumo um papel de mais crítico do sistema fico também um pouco isolado e a mídia toda dizia: “essa decisão parece contrariar a Lava Jato”, como se a gente estivesse contrariando Roma ou falando mal do papa. Então, havia um domínio em relação a isso. E houve até operações que foram feitas nesse espírito, ainda que não conduzidas pela Lava Jato, por exemplo, aquela operação do Joesley [Batista, ex-presidente da JBS] vis-à-vis ao presidente da República Michel Temer em que, obviamente, o que o presidente disse foi uma coisa, o que foi divulgado foi outra. E isso foi divulgado pela Globo, portanto em uma combinação certamente do procurador-geral Janot com a direção da Globo ou setores de mando na instituição. Depois se viu que aquilo era falso.

Agência Brasil: Ministro, se a Vaza Jato não tivesse acontecido, qual teria sido desfecho da Operação Lava Jato, na sua avaliação?
Mendes: Eu tenho impressão, por exemplo, que no meu processo, que foi talvez um turning point nessa questão, que foi o processo do presidente Lula sobre a suspeição, eu até disse isso no voto: nós tínhamos uma perspectiva já de afirmação da suspeição com os elementos existentes nos autos. Acho que teríamos chegado ao mesmo resultado, mas é inegável que a Vaza Jato mostrou que o rei estava nu. Mostrou como eram feitos os pastéis e como eles eram malfeitos. Então, tudo aquilo que nós supúnhamos ou intuíamos foi confirmado.

Agência Brasil: Houve desvio, mas também houve muito prejuízo para dezenas de empresas que foram prejudicadas. Como combater a corrupção sem a derrocada da economia?
Mendes: Eu acho que esse também é um aprendizado. Naquele momento, me parece que o Brasil estava vivendo uma fase muito peculiar: o governo Dilma débil, fraco, vem o governo Temer também acusado, envolto naquelas mesmas circunstâncias. O sistema político estava no chão, e os procuradores e o próprio Moro eram como se déspotas esclarecidos, ou nem tanto, podiam fazer o que quisessem. Acho que é um modelo de difícil reaplicação hoje. Então, dificilmente todas essas circunstâncias históricas vão se consolidar para uma tal situação. Mas eu me pergunto se não é o caso de, de fato, nós mudarmos a legislação e eventualmente separarmos a empresa e pensarmos inclusive em modelos de direito comparado para eventualmente punirmos os agentes empresariais e separamos a empresa. Há empresas que empregavam 150 mil pessoas hoje empregam 14, empresas que foram destruídas. E há também todo um discurso de que isso também se fez atendendo a interesses internacionais. E nem isso a gente pode negar peremptoriamente.

Fonte: DCM com Agência Brasil

Cidade de SP: 88% são a favor das câmeras corporais da PM, diz pesquisa


Uso de câmeras acopladas aos uniformes de policiais militares do estado de São Paulo para registro das suas ações, implementada em 18 unidades, ajudou a reduzir violência policial. (Foto: Reprodução)

 Uma pesquisa do Datafolha revelou que 88% dos moradores da cidade de São Paulo apoiam o uso de câmeras corporais pela polícia. O estudo, realizado nos dias 7 e 8 de março, ouviu 1.090 pessoas e apontou que oito em cada dez entrevistados defendem o uso generalizado desses equipamentos, destacando sua eficácia na prevenção de ações violentas.

Apenas 8% dos entrevistados se mostraram contrários ao uso das câmeras corporais, enquanto 3% se mostraram indiferentes. A pesquisa abrangeu diversos segmentos da sociedade, revelando que tanto brancos quanto pretos, ricos e pobres, homens e mulheres, além de apoiadores de diferentes correntes políticas, concordam com a medida.

No estado de São Paulo, cerca de 10.125 câmeras já estão em uso, distribuídas entre os policiais militares ativos, o que corresponde a aproximadamente 12% do total de profissionais. Os dados mais recentes da SSP indicam que esses equipamentos estão presentes em metade dos batalhões estaduais.

Apesar do amplo apoio da população e dos benefícios evidenciados por estudos, como a redução de mortes e o aumento da produtividade policial, o programa de câmeras corporais enfrenta desafios. Desde o início do governo Tarcísio de Freitas, houve estagnação no número de câmeras e redução no orçamento, mesmo diante de resultados positivos.

Fonte: DCM