Difícil para os democratas e progressistas continuarmos a residir num Estado e num Município que deram apoio a um impostor destrambelhado, antidemocrata
Na semana que passou, em 10 de fevereiro, comemoramos no Brasil os 44 anos de existência do Partido dos Trabalhadores. Na condição de médico, professor universitário e ativista político de esquerda, participei, em 1981, da fundação do Diretório Municipal de Londrina do PT.
Nas eleições de 1982, fui candidato pelo PT a Vice-governador do Estado do Paraná, ao lado do candidato a Governador Edésio Passos, querido e saudoso companheiro, advogado que residia em Curitiba. No decorrer da campanha, viajamos juntos pelo Paraná, fizemos encontros, comícios e filiações de candidatos a prefeito, e tornamo-nos grandes amigos. Foram meses inesquecíveis da minha vida, durante os quais, como cidadão brasileiro, envolvera-me garbosamente na criação de um grande partido popular e participava das eleições como candidato.
Eu, o mesmo jovem que lutara destemidamente, desde 1964, contra a ditadura militar. A participação, como candidato, nas eleições de 1982 constituiu-se num esforço, ao mesmo tempo audaz e prazeroso, para a consolidação do nosso Partido no Estado do Paraná. Nas décadas de 1980 e 1990 e, mesmo depois, recebemos pessoalmente Lula em suas numerosas vindas a Londrina. Tive a honra, em 1982, de levar Lula em meu carro (junto com o Osvaldo Lima, candidato na época a prefeito de Londrina) a Cornélio Procópio, onde Lula realizou uma palestra (como se falasse para uma multidão) para vinte sindicalistas daquela cidade. Nesse dia conheci o grande Estadista que era o jovem Luiz Inácio Lula da Silva e nunca mais deixei de admirá-lo e de dar-lhe apoio político.
Conseguimos, em Londrina, ao longo dessas mais de quatro décadas, eleger dois candidatos a prefeito pelo Partido dos Trabalhadores. Contribuímos com nossa militância a tentar eleger Luiz Inácio Lula da Silva em todas as suas seis campanhas à Presidência da República, das quais saiu vitorioso em três delas. Sob a poderosa influência de forças conservadoras e reacionárias da sociedade, da maior parte da mídia local e de líderes políticos que emergiram e se alinharam à propaganda antipetista, com base em denúncias e acusações falsas e caluniosas (“fake news”) alimentadas particularmente pelo juiz Sergio Moro, por Deltan Dallagnol e pelas dezenas de procuradores da “justiça” que os cercavam – criadores da Lava Jato, partido político que implantaram no âmago do judiciário brasileiro –, Londrina, com o decorrer dos anos, sofreu modificação radical em suas preferência ideológicas, a ponto de, na eleição para Presidente da República de 2018, o inominável (do recém-criado PSL) ter conseguido 80,42% dos votos no Município de Londrina e 68,43% dos votos no Estado do Paraná, contra 19,58% dos votos no Município de Londrina e 31,57% no Paraná obtidos por Fernando Haddad, do PT. Um vexame do qual Londrina e o Estado do Paraná nunca terão a oportunidade de redimir-se. Felizmente, com a emergência da Verdade – depois da estapafúrdia deposição da Presidente Dilma Roussef e da prisão de Lula, ilegal e sem nenhum fundamento jurídico –, a História fez a Justiça ser recuperada, com a declaração da inocência de Lula e, pouco tempo depois, com sua terceira eleição para Presidente da República.Enquanto isso, ocorria a desmoralização da Lava Jato e do seu ex-juiz declarado parcial pelo STF, Sergio Moro, junto com seu bando de procuradores e apoiadores, e agora – na última semana – com a demonstração clara, cabal e irrecorrível do frustrado golpe de estado que o inominável e seus inescrupulosos e incompetentes ministros e correligionários (militares e civis) planejaram desfechar, traiçoeira e afoitamente, contra as instituições democráticas do nosso País, pretendendo, sub-repticiamente e à margem da lei, impor uma nova ditadura militar-civil ao povo brasileiro.