domingo, 4 de fevereiro de 2024

Jornalista da TV Pampa é indiciada após defender genocídio de palestinos em Gaza

 A apresentadora Aline Klemt foi indiciada após defender ao vivo o extermínio de palestinos durante o programa Atualidades Pampa

Aline Klemt (Foto: Divulgação)

 A Delegacia Especializada no Combate à Intolerância de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, finalizou a investigação sobre um caso de suposto crime cometido pelas declarações de Aline Leal Fontanella Klemt, uma comunicadora que, em seus comentários, defendeu a eliminação da população da Faixa de Gaza, informa a Federação Árabe-Palestina do Brasil (Fepal)

Aline Klemt faz parte dos comentaristas do programa Atualidades, transmitido pela TV Pampa de segunda a sexta-feira, às 19h, e expressou seu apoio aos bombardeios israelenses a Gaza durante uma edição do programa em 10 de outubro do ano passado.

Em suas palavras, "Hoje, sinceramente, não tem outra forma, a não ser, realmente, dizimando uma população que acha que matar aleatoriamente tá tudo certo”, afirmou Aline Klemt. Para justificar o genocídio da população palestina, ela citou uma notícia incorreta de que palestinos teriam decapitado crianças em 7 de outubro, informação que foi desmentida no mesmo dia pela mídia israelense e posteriormente reconhecida como notícia falsa por grandes veículos de comunicação dos EUA e internacionais.

O comentário gerou grande repercussão, especialmente nas redes sociais, causando preocupação entre a comunidade brasileira-palestina, particularmente a do Rio Grande do Sul, que é a maior do Brasil, e resultando em uma ampla indignação tanto dentro quanto fora dessa comunidade.

A investigação foi iniciada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul após um boletim de ocorrência feito pela Fepal, representada pelo secretário de Assuntos Jurídicos da entidade, o advogado Nasser Judeh. Sob a liderança da delegada Tatiana Barreira Bastos, o inquérito também agregou outras denúncias semelhantes feitas por diferentes indivíduos e organizações.

Durante o inquérito, Judeh relatou que a Fepal foi contatada por várias pessoas, tanto da comunidade brasileira-palestina quanto de outras, "aterrorizadas com as falas de Aline Klemt". Ele afirmou que tais falas incentivam o discurso de ódio, o preconceito e a intolerância étnica”, reforçando que “também pode configurar a incitação ao genocídio”.

Interrogada, a acusada não negou ter defendido a dizimação de uma população, mas afirmou que se referia "aos integrantes do Hamas". O inquérito registra sua defesa da seguinte maneira: “No contexto de sua reflexão, proferiu a frase de que para lidar com um grupo inimigo que dizima um povo, não haveria outra saída, a não ser ir para a guerra e dizimar uma ‘população’, se referindo aos integrantes do Hamas”.

No relatório, entretanto, a delegada contradiz a comunicadora, consignando que “na gravação do vídeo é possível perceber, em um momento anterior, que a suspeita faz afirmações sobre uma ‘população’ que estaria sofrendo lavagem cerebral do grupo terrorista (sic) Hamas, ou seja, a suspeita faz uma diferenciação entre o grupo terrorista (sic) Hamas e uma população que sofreria lavagem cerebral por parte deste grupo”. A delegada pontua que “apesar de a suspeita não ter nomeado, é sabido que tal população é o povo palestino”, concluindo que “tudo isso nos leva a compreensão de quando a suspeita afirma que não há outra saída senão dizimar esta ‘população’, ela não está se referindo ao grupo terrorista (sic) Hamas, mas sim à população que, em sua análise, estaria sofrendo lavagem cerebral e estaria apoiando indiscriminadamente as ações do grupo terrorista (sic) Hamas”.

 Incitação do genocídio - O presidente da Fepal, Ualid Rabah, concorda com Judeh quanto à incitação do genocídio. Para ele, trata-se de “caso notório de incitamento ao genocídio”. “Defesa mais do que evidente do extermínio da população palestina de Gaza, uma espécie de defesa das ações israelenses que buscavam, àquela altura, como seguem buscando, a eliminação dos palestinos do território de Gaza, seja assassinando em massa, seja deslocando toda a demografia palestina para fora das fronteiras desta parte da Palestina”, comentou Rabah.

Segundo o dirigente brasileiro-palestino, as declarações da comunicadora se inscreveram em contexto comunicacional massivo, no Brasil e em todo o chamado “ocidente”, no qual houve praticamente uma campanha midiática, informacional, direcionada a legitimar a ação israelense que viria e, depois, seguir defendendo as ações das forças de ocupação israelenses. Para Rabah, parte de uma “propaganda de guerra disfarçada de notícia”.

“O que ela disse, inclusive com uma espécie de longa introdução à sua fala, explicando-se, justificando-se para concluir pelo extermínio palestino, acontece quando, diante da matança indiscriminada ação israelense, já era alertado que acontecia a maior matança de crianças e mulheres já vista em conflitos bélicos convencionais, ou seja, quando já era patente, porque era televisionado, que se tratava de um genocídio”, lembra Rabah, para cravar que “se tratou de defesa consciente, não meramente de uma ideia a realizar, ou de uma ‘opinião’, ainda que genocida, mas, sim, da defesa do que estava em curso, de um genocídio nitidamente em curso”.

Para Judeh, manifestações como a de Aline Klemt chegam a ultrapassar o incitamento ao genocídio ao povo palestino em Gaza, transbordando sobre as comunidades palestinas em todo o mundo. Ele lembra que nos primeiros dias, quando o noticiário era avassalador em defesa das ações israelenses, os ataques aos palestinos e seus descendentes, e também aos árabes e muçulmanos em geral, em alguns países ocidentais, dispararam. Ele lembrou de caso nos EUA, em que um homem de 71 anos, contaminado pelo noticiário com narrativa pró-Israel, atacou a facadas, em 15 de outubro, uma mulher palestina e seu filho de seis anos. O menino sofreu 26 facadas morreu em decorrência dos ferimentos.

O jurídico da Fepal seguirá acompanhando este caso, além de diversos outros, idênticos ou semelhantes, em curso no judiciário brasileiro, no RS e em outros estados, todos instaurados a seu pedido.

Agora o Ministério Público do RS determinou a juntada de certidões de antecedentes criminais da indiciada. “Seguiremos acompanhando de perto este caso, para que a lei seja aplicada”, observou Judeh.

Fonte: Brasil 247

Dia Mundial do Câncer alerta para importância da prevenção

 Diagnóstico tardio dificulta o controle da doença no Brasil

Células cancerígenas (Foto: Freepik)

O dia 4 de fevereiro foi escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para ser o Dia Mundial de Combate ao Câncer e a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) aproveita a data para fazer um alerta sobre o diagnóstico precoce para o enfrentamento da doença. Segundo levantamento feito pela entidade, 31% dos mais de 760 oncologistas clínicos entrevistados para um censo consideram o diagnóstico tardio como um dos principais problemas para o controle do câncer no Brasil.

Entre os oncologistas, 19% apontam falhas no acesso e qualidade dos exames de detecção e controle do câncer e 5% se queixam da falta de campanhas ou programas eficientes de conscientização e prevenção, além da baixa adesão da população aos programas de prevenção e tratamento já existentes. O maior problema apontado pela pesquisa realizada no ano passado foi a dificuldade de acesso a novos tratamentos.

Segundo a Presidente da SBOC, Anelisa Coutinho, o censo permitiu que a entidade conhecesse os desafios apresentados pelos profissionais. “A partir dessas informações, a SBOC tem buscado ampliar parcerias para auxiliar o governo e demais tomadores de decisão em diferentes ações voltadas ao acesso a novas terapias. Em nossos eventos e canais de comunicação com a sociedade, também temos promovido diferentes ações de conscientização e prevenção do câncer.”

Para contribuir e fortalecer o tratamento do câncer no Sistema Único de Saúde (SUS), a SBOC vai oferecer, por meio de uma dessas parcerias, um treinamento virtual sobre oncologia clínica direcionado para os agentes comunitários de saúde. O conteúdo será disponibilizado pelo aplicativo Con.te, que é uma plataforma voltada a esses profissionais e mantida pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e Grupo Laços. “A atuação da SBOC neste projeto será de curadoria e produção de conteúdos técnicos sobre oncologia com foco nos agentes de saúde”, explicou a SBOC.

Câncer de mama - Após Dia Mundial do Câncer, o dia 5 de fevereiro foi definido como o Dia Mundial da Mamografia, mais uma oportunidade para reforçar a necessidade da prevenção. O câncer de mama é o subtipo mais comum da doença entre as mulheres. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que o Brasil tenha cerca de 700 mil novos casos de câncer por ano entre 2023 e 2025.

O câncer é a segunda doença que mais mata no mudo, com cerca de 9,6 milhões de mortes anuais. O câncer de mama é o primeiro mais incidente, atingindo 10,5% da população, seguido do câncer de próstata, com 10,2%.

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), entre 30% e 50% dos cânceres podem ser evitados por meio da implementação de estratégias baseadas na prevenção. Por isso, as entidades médicas aproveitam essas datas para reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.

Exames - Uma pesquisa encomendada por um laboratório farmacêutico revelou que a disseminação da prevenção ao câncer de mama ainda é baixa no Brasil. Segundo o estudo, apenas dois terços das 1.007 entrevistadas realizam autoexame, exames clínicos e mamografias, quando estimuladas e orientadas por seus médicos. Os dados mostram que 64% das brasileiras acreditam que o câncer de mama se desenvolve exclusivamente de forma hereditária.

Os números também indicam que 42% das mulheres nunca realizaram a mamografia, porque algumas se consideram jovens demais e outras alegam falta de pedido médico. Foram entrevistadas mulheres entre 25 e 65 anos. A pesquisa O que as mulheres brasileiras sabem sobre o câncer de mama, atitudes e percepções sobre a doença mostrou que sete em cada dez mulheres consultaram ginecologistas no último ano, com variações notáveis entre as classes sociais. Entre as classes mais altas e com maior escolaridade a taxa é de 80, enquanto 2% das entrevistadas afirmam nunca terem consultado ginecologista.

Com relação à realização do exame de mamografia, 49% das mulheres afirmam que fazem regularmente. Pelo menos 60% são das classes A/B, enquanto 37% são das classes D/E. Duas em cada dez mencionaram que o exame foi realizado porque o médico solicitou (20%), enquanto 16% afirmaram que o fizeram devido à sensação de um caroço ou nódulo.

A recomendação do Ministério da Saúde é que a mamografia de rastreamento, aquela que é feita quando não há sinais nem sintomas, seja realizadas em mulheres com idade entre 50 a 69 anos, uma vez a cada dois anos, como forma de identificar o câncer antes do surgimento de sintomas.

A diretora de oncologia do laboratório responsável pela pesquisa, Flávia Andreghetto, ressaltou que é preciso ter um diálogo aberto e claro com as mulheres devido à importância da conscientização sobre os problemas que podem afetar a saúde feminina. "Ao considerar que muitas mulheres já compreendem que a detecção precoce da doença pode significar uma perspectiva de vida melhor, tornando-se crucial quando se aborda os diferentes subtipos, diagnosticar a doença nos estágios iniciais pode culminar em tratamentos mais eficazes, oferecendo, conforme o subtipo, opções mais vantajosas para as pacientes", disse.

Fonte: Brasil 247 com Agência Brasil São Paulo

Huck promete reparar prejuízos de judia alvo de ataque na Bahia e provoca reação nas redes sociais: "versão mirabolante"

 O apresentador da Globo, que é judeu, ignorou que o antissemitismo teve origem num movimento organizado no final do século XIX e está associado ao ​​racismo e anticomunismo

Luciano Huck (Foto: World Economic Forum / Sandra Blaser)

O apresentador Luciano Huck tentou dar aula de história em uma postagem sobre ataque a uma comerciante judia em Arraial D'Ajuda, Bahia, e provocou reação negativa na rede. A mulher chama a comerciante de "sionista assassina", mas o título da reportagem da Folha de S. Paulo que Huck usa para fazer a postagem diz "judia assassina". Huck diz que o holocausto começou assim na Europa, e foi desmentido, inclusive por um respeitado grupo de judeus, a Articulação Judaica de Esquerda.

"Na Europa do século 20 começou assim e 6 milhões de judeus foram assassinados. Algo assim no Brasil em pleno século 21 é INACEITÁVEL (escreveu em maiúsculas mesmo, o que na linguagem da internet significa grito). Espero que a justiça aja com rigor. À comerciante agredida, registro meu apoio em qualquer frente, inclusive para minimizar os prejuízos", escreveu o apresentador da Globo.

"Nesta postagem, o apresentador Luciano Huck reproduziu uma versão mirabolante para ascensão do antissemitismo na Europa, sugerindo que havia relação com sionismo e\ou Israel, em vez de racismo e anticomunismo", reagiu a Articulação Judaica de Esquerda, para em seguida explicar como o antissemitismo ganhou força na Alemanha.

"Wilhelm Marr fundou em 1879 aquela que é considerada a primeira Liga Antissemita da Alemanha, logo após seu livro 'A Vitória do Judaísmo sobre o Germanismo', um dos maiores sucessos literários do seu tempo. A obra tratou de uma 'disputa histórica entre a raça alemã e os judeus'", acrescentou o coletivo judaico.

A explicação prosseguiu: "Este livro de Marr, que teve 12 edições apenas no primeiro ano de lançamento, inovou ao apresentar uma teoria que colocava os judeus em conflito não com os cristãos, como havia sido mais comum, mas com os povos germânicos, e desde a antiguidade (1800 anos de conflito)".

"Neste conflito, disse Marr, os judeus saíram vitoriosos, pois, haviam conseguido impor ideias progressistas, como o povo universal, a democracia parlamentar e aberta a todos, a partir da qual se organizaram para tornar 'não-alemães' juízes, governantes, ocupar funções importantes", afirmou ainda.

"A Liga Antissemita de Marr declarou que seu objetivo era reunir todos os homens não-judeus para 'Salvar a pátria alemã da completa judaização e tornar a permanência nela suportável para os descendentes dos habitantes originais'", disse também.

A explicação é longa e bem fundamentada: "Este objetivo deveria ser alcançado 'reprimindo os semitas na sua força numérica' por 'meios estritamente legais'. A expulsão dos judeus de todos os cargos públicos pretendia garantir 'aos filhos dos povos germânicos o pleno direito aos cargos importantes e à dignidade'".

De acordo com o grupo, esse movimento avançou para associar judeus ao comunismo, o que foi determinante para a consolidação do poder de Hitler na Alemanha.

O perfil "Pensar história" na rede X também reagiu à postagem de Huck, que é de família judaica e tem posição política associada à direita no espectro político. 

"Não, não começou assim. O antissemitismo era um fenômeno bem mais antigo na Europa. O que ocorreu é que a burguesia europeia, os empresários, os ricaços, resolveram apoiar a extrema-direita para impedir o avanço da esquerda e conter o poder do movimento operário. E aí passaram a financiar e dar apoio irrestrito ao Partido Nazista, mesmo tendo ciência do que eles eram e do que eles pensavam sobre os judeus. A burguesia apoiando extrema-direita, ignorando ou relativizando a ameaça que ela representa, por ter ojeriza à esquerda, é um padrão que se repete", escreveu, acima da imagem de um texto sobre vídeo de Huck em 2018, em que ele diz que o extremista de direita Jair Bolsonaro, se eleito,  teria a chance de "ressignificar a política". 

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Fonte: Brasil 247

Biden vence primária democrata na Carolina do Sul

 Congressista Dean Phillips e a escritora Marianne Williamson receberam apenas cerca de 2% dos votos cada

O presidente dos EUA, Joe Biden (Foto: Brendan McDermid/Reuters)

O atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, venceu a primária democrata no estado americano da Carolina do Sul, a primeira disputa oficial de nomeação para o partido, no sábado, mostraram as projeções da CNN.

De acordo com as projeções da emissora, Biden liderava com mais de 96% dos votos, enquanto seus rivais democratas, o congressista Dean Phillips e a escritora Marianne Williamson, recebem cerca de 2% dos votos cada.

Biden, de 81 anos, um impopular que enfrenta pouca competição pela indicação de seu partido no período que antecede as eleições de 5 de novembro nos EUA, espera reduzir as dúvidas sobre sua idade e preocupações sobre os altos custos para o consumidor e a segurança ao longo da fronteira EUA-México. 

Fonte: Brasil 247 com agências 

Eleições na Rússia: candidato antiguerra sacode processo político no país

 Com agenda abertamente anti-Putin, Boris Nadezhdin surpreende campanha eleitoral, mas candidatura pode ser barrada

Boris Nadezhdin (Foto: Reuters)

Por Serguei Monin (Brasil de Fato) - As eleições presidenciais na Rússia ocorrem entre os dias 15 e 17 de março e o prazo para o registro de candidatos na Comissão Eleitoral Central terminou na última quarta-feira, dia 31. A expectativa era de que o pleito ocorresse de maneira protocolar apenas para confirmar a autoridade de Vladimir Putin na sua reeleição.

No entanto, o surgimento de Boris Nadezhdin, único candidato abertamente anti-Putin e contra a guerra na Ucrânia, gerou uma grande onda de apoio, surpreendendo o marasmo que era esperado do processo eleitoral.

O candidato de 60 anos, que já atuou como deputado na Duma (câmara baixa do parlamento russo) e colaborou com diversos partidos da coligação do Rússia Unida (do governo). Recentemente, fazia aparições regulares na televisão estatal russa como comentador político, sendo encarado como uma espécie de “cota liberal” em meio à tônica conservadora e governista que domina a imprensa oficial no país.

Em relação à guerra da Ucrânia, Nadezhdin fazia críticas à condução da operação militar especial (termo oficial usado pelo Kremlin para se referir à guerra), citando erros na estratégia russa e defendendo um cessar-fogo e negociações. No entanto, nunca condenou diretamente a anexação dos territórios ucranianos pela Rússia.

Por um lado, ele inicialmente poderia ser enquadrado no que analistas chamam na Rússia de “oposição sistêmica”, ou seja, candidatos inofensivos que fazem o jogo do Kremlin para mostrar que há uma democracia regular no país e que as pessoas têm escolha. Por outro, sendo a guerra a principal pauta da agenda do país nos últimos dois anos, a contundência da plataforma antiguerra e abertamente anti-Putin deu um caráter surpreendente para a campanha de Boris Nadezhdin, que lançou sua candidatura pelo partido de centro-direita Iniciativa Civil.

"Sou o único candidato que ainda concorre que critica consistentemente as políticas do presidente Putin, e que é a favor do fim da operação militar especial e do estabelecimento de relações normais com o Ocidente, e a favor de tornar as sanções desaparecem gradualmente, e assim por diante", declarou o político à imprensa durante a sua campanha.

Candidatura de Nadezhdin pode ser barrada - Na última quarta-feira (31), Boris Nadezhdin compareceu à Comissão Eleitoral Central da Rússia para entregar realizada a inscrição de sua candidatura, apresentando 105 mil assinaturas de cidadãos como parte do protocolo para registro de candidatos.

Tecnicamente, Nadezhdin precisava recolher 100 mil assinaturas em pelo menos 40 regiões da Rússia para estar apto a concorrer nas eleições. O ex-deputado de centro-direita e candidato pelo partido Iniciativa Civil alega ter conseguido mais que o dobro, selecionando as melhores 105 mil para não enfrentar problemas na inscrição.

No entanto, a sua plataforma abertamente de oposição ao governo de Putin pode ser barrada pela Comissão Eleitoral Central, que em outras ocasiões justificou a não aceitação de candidaturas por erros técnicos cometidos durante a inscrição, alegando, por exemplo, que muitas das assinaturas não correspondem a pessoas reais, ou que foram preenchidas de maneira irregular.

"Ninguém duvida do fato de que eu coletei 105 mil assinaturas, e estas são as de melhor qualidade que selecionamos entre as 208 mil coletadas apenas na Rússia. Mas as leis russas são escritas de tal maneira que ainda podem ser encontradas falhas", afirmou Nadezhdin durante o registro da sua candidatura.

Em entrevista ao Brasil de Fato, o cientista político e diretor do "Grupo de Especialistas Políticos" da Rússia, Konstantin Kalachev, aponta que não se trata apenas da própria potencialidade do índice de Nadezhdin crescer e representar um enfraquecimento de Putin, mas uma boa porcentagem seria um elemento desestabilizador para o sistema político da Rússia.

“O que acontecerá se durante a campanha eleitoral, um candidato anti-guerra, de visões liberais, ocupar o segundo lugar? Em primeiro lugar, seria um vexame para todos os partidos parlamentares. Imagine a situação em que o Partido Comunista, Partido Liberal-Democrata e o Partido Novas Pessoas, de repente todos juntos não consigam somar a porcentagem obtida por um candidato de um partido não parlamentar. Isso detonaria todo o sistema político-partidário”, afirma.

Caso a candidatura seja aprovada, não deve representar uma ameaça à reeleição de Putin. De acordo com uma pesquisa divulgada no fim de janeiro pelo instituto Russian Field, Putin aparece com 62% das intenções de votos, contra 7,8% de Nadezhdin. Entre as pessoas que confirmaram a participação nas eleições e já tem o seu candidato, o índice de apoio ao político da oposição é de 10,4%. Entre estes, a porcentagem de Putin também aumenta para 79,2%.

De acordo com a pesquisa, 78% dos entrevistados vão votar nas eleições presidenciais na Rússia, sendo que 16% não pretendem comparecer às urnas eleitoral, outros 5,1% estão indecisos.

No entanto, na última sexta-feira (2), a Comissão Eleitoral Central já começou a detectar erros no registro de Nadezhdin, dando sinais de que dificilmente a sua candidatura será permitida. O órgão informou que irá convocar na segunda-feira (5) Boris Nadezhdin e Serguei Malinkovich - do partido Comunistas da Rússia, que tem 0,4% das intenções de voto - para relatar irregularidades nas assinaturas dos eleitores coletadas.

Segundo o vice-presidente da Comissão Eleitoral Central, Nikolai Bulaev, a verificação das assinaturas de Nadezhdin está “em pleno andamento” e a verificação das assinaturas de Malinkovich está quase concluída. A comissão tem até 10 de fevereiro para dar o resultado final dos registros das candidaturas.

“Quando há alguma imprecisão ortográfica, a Comissão Central Eleitoral, por proposta do grupo de trabalho, em regra, não leva em conta, não contabiliza, mas considera que é aceitável. Mas quando vemos dezenas e mais de uma dezena de pessoas que já não estão neste mundo, e que deram uma assinatura, surge a questão sobre a integridade dos padrões éticos que são utilizados, inclusive pelos colecionadores de assinaturas. Até certo ponto, o candidato está diretamente envolvido nisso”, afirmou Bulaev, sem especificar qual candidato teria acrescentando assinaturas irregulares.

O cientista político Konstantin Kalachev comenta que havia hipóteses de que a princípio seria necessário um candidato antiguerra no pleito para demonstrar que há um processo democrático em curso, mas isso com a condição que este candidato recebesse baixa porcentagem de votos e saísse de cena sem contestação, mas o engajamento da campanha de Nadezhdin tornou essa estratégia um risco.

“As últimas pesquisas mostram que essas doses de porcentagem já se transformaram em uma porcentagem real, e consequentemente é mais fácil não permitir que Nadezhdin participe das eleições por algum motivo formal e retornar a um cenário conservador no qual só tenham candidatos de partidos parlamentares”, analisa Kalachev.

O candidato Boris Nadezhdin, refutou a alegação do vice-presidente da Comissão Eleitoral Central de que seu registro poderia conter assinaturas de pessoas mortas. Anteriormente, ele havia destacado que o seu índice de intenção de voto subiu rapidamente em pouco tempo, o que não justificaria o não recolhimento de assinaturas suficientes.

"Estou em segundo lugar depois de Putin nas eleições presidenciais. Já tenho mais de 10% das pessoas prontas para votar em mim. Quer dizer, há um mês eu tinha 1%, agora tenho 10%. Quantos terei no mês que vem? Será interessante saber quando serão contados os votos. Por isso não entendo como posso ter meu registro negado por qualquer motivo relacionado a cartas [erros de assinatura, assinaturas ruins]. Não está certo sabe? Seria estranho", afirmou.

Apoio a Nadezhdin vira protesto ‘inofensivo’ em meio à guerra - O que chamou a atenção durante a campanha de recolhimento das assinaturas foram as enormes filas de apoiadores da candidatura de Boris Nedezhdin. O engajamento popular, sobretudo de jovens, para se somar à campanha de apoio ao candidato de oposição, foi encarada como o mais importante – e praticamente o único – movimento de mobilização social de contestação ao governo russo desde o início da guerra da Ucrânia, considerando que os primeiros protestos contra o conflito, em fevereiro de 2022, foram duramente reprimidos pelas forças de segurança.

O cientista político Konstantin Kalachev reconhece que as imagens de pessoas formando grandes filas para contribuir com assinaturas em prol da candidatura de Nadezhdin representaram uma legítima forma de protesto, mas que só pôde ser possível por ser “inofensiva” e “segura”, tanto para os apoiadores do político quando para o Kremlin.

“É claro que é uma forma de protesto, é compreensível que isso pode ser encarado como uma ação política ativa, com uma primeira participação de um grande grupo da população não ligado à política que se coloca para representar os seus interesses. É muito óbvio que essas pessoas foram às ruas e estavam dispostas a enfrentar estas filas porque queriam manifestar a sua posição de cidadão”, afirma.

Kalachev também destaca que o apoio ao candidato se deve mais à plataforma anti-guerra e anti-Putin do que especificamente à figura de Nadezhdin. Segundo ele, outros candidatos com a mesma retórica poderiam angariar o mesmo tipo de mobilização.

“Antes disso, se falou muito que a nossa sociedade está muito apática, que as relações horizontais estariam totalmente rompidas, ninguém acredita em nada e cada um vive por si. Então este é justamente um exemplo de um ativismo cívico que representa tais laços horizontais, uma espécie de ‘treino’, ensaio, de uma ação de mobilização que mesmo que não dê em nada, demonstra que a mobilização dos insatisfeitos é bastante possível”, argumenta.

Com a vitória tida como certa, o presidente Vladimir Putin deve assumir o seu quinto mandato como presidente da Rússia. Um cenário que é esperado até pelo próprio Nadezhdin.

“Será difícil derrotar Putin em 17 de março deste ano. Até agora, ele tem o poder do seu lado, tem os serviços de segurança do seu lado, tem a televisão do seu lado, e ele tem a atenção de um grande número de pessoas que simplesmente nunca viram ninguém além de Putin na TV. Mas espero que 17 de março, embora possa não ser o fim da era Putin, seja o começo do fim”, destaca.

De acordo com a atual constituição, alterada por referendo em 2020, Putin ainda tem direito se reeleger nas eleições seguintes, podendo ficar no poder até 2036.

Fonte: Brasil 247 com Brasil de Fato


Ataque ucraniano a padaria de Luhansk mata 28 pessoas, incluindo uma criança, diz RPL

 A Ucrânia atacou a padaria lotada no início da tarde de sábado, segundo as autoridades da República Popular de Luhansk

Ataque ucraniano a Lysychansk (Foto: Sputnik)

(Sputnik) - O número de mortos devido a um ataque ucraniano a uma padaria na cidade de Lysychansk, na República Popular de Luhansk (RPL), subiu para 28 pessoas, incluindo uma criança, informou a administração da RPL à Sputnik neste domingo (4). 

A Ucrânia atacou a padaria lotada no início da tarde de sábado, causando o colapso do prédio e prendendo cerca de 40 civis sob os escombros, informou o gabinete do comandante militar da RPL à Sputnik.

"Vinte e oito pessoas, incluindo uma criança, morreram", disse a administração, acrescentando que outras 10 ficaram feridas.

Leonid Pasechnik, o chefe interino da República Popular de Luhansk, declarou no Telegram que 4 de fevereiro seria um dia de luto pelos mortos no ataque à padaria.

No sábado, 20 corpos foram retirados dos escombros da padaria de Lysychansk, informou o Ministério de Emergências da Rússia à Sputnik. O Comitê Investigativo Russo disse que o ataque foi aparentemente lançado usando um sistema de foguetes HIMARS fornecido pelos EUA.

Lysychansk está localizada perto da linha de frente. O exército ucraniano tem bombardeado rotineiramente Lysychansk após perder o controle da cidade no verão de 2022. Tropas ucranianas explodiram alguns dos prédios administrativos antes de se retirarem.

Fonte: Brasil 247 com Sputnik

Biden xinga Trump com palavrões e republicano responde

 Além disso, um porta-voz da campanha de Trump chamou as descrições profanas de Biden de "uma vergonha"

Donald Trump e Joe Biden (Foto: Reuters)

(Sputnik) - O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump disse que os comentários obscenos do atual presidente, Joe Biden, refletiram a opinião pessoal do líder dos EUA não apenas sobre Trump, mas também sobre "cada um" de seus apoiadores.

Na sexta-feira, o jornal Politico relatou, citando assessores de Biden, que o presidente dos EUA não se conteve ao usar "linguagem pesada" em conversas privadas e a portas fechadas ao falar sobre Trump. O presidente dos EUA descreveu seu possível rival eleitoral como um "doente fodido" que se deleita com o infortúnio alheio e como um "cuzão fodido", disseram os assessores ao jornal.

"Biden acabou de me chamar de um palavrão! [V]ocê sabe que ele não pensa isso apenas sobre mim, ele pensa isso sobre cada um dos meus orgulhosos apoiadores", disse Trump, conforme citado pelo New York Post. 

Um porta-voz da campanha de Trump chamou as descrições profanas de Biden de "uma vergonha", dizendo que "não era surpresa" que Biden usasse linguagem obscena ao falar sobre o ex-líder dos EUA, relatou o jornal.

A eleição presidencial dos EUA será realizada em 5 de novembro. Trump e a ex-embaixadora dos EUA na ONU Nikki Haley estão competindo pela indicação como candidato do partido Republicano. Biden anunciou sua candidatura à reeleição em abril de 2023 pelo partido Democrata.

Fonte: Brasil 247 com Sputnik


Hamas exige libertação de 3.000 prisioneiros políticos mantidos por Israel

 O Hamas quer que a planejada trégua de três fases inclua a libertação dos prisioneiros palestinos como uma quarta fase

(Foto: Reuters)

O movimento de resistência palestino Hamas exigiu que Israel libertasse 3.000 prisioneiros políticos palestinos durante suas negociações indiretas sobre uma nova pausa na guerra de Israel na Faixa de Gaza, informou o canal de notícias Al Arabiya no sábado (3), citando fontes familiarizadas com as negociações.

O Hamas quer que a planejada trégua de três fases inclua a libertação dos prisioneiros como uma quarta fase, disseram as fontes à emissora.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al-Ansari, disse na sexta-feira que Israel deu uma resposta inicial positiva à mais nova proposta de trégua, que começaria com uma suspensão de seis semanas dos ataques e incluiria a libertação de dezenas de reféns detidos pelo Hamas.

A proposta de trégua foi acordada em Paris no final de janeiro por Israel, Estados Unidos, Egito e Catar. O Hamas disse ter recebido um rascunho e que o estava analisando. A mídia israelense informou que a agência de inteligência Mossad queria que a primeira fase do plano envolvesse a libertação de 35 reféns em troca de uma pausa de 35 dias nos combates.

Israel trava uma guerra genocida na Faixa de Gaza sitiada desde 7 de outubro do ano passado, após uma operação surpresa do grupo de resistência palestino Hamas contra o regime ocupante. Os EUA ofereceram apoio militar irrestrito a Israel durante a agressão. Israel matou mais de 27 mil palestinos em Gaza. 

Fonte: Brasil 247 com informações da Sputnik

Tarcísio manda PM à paisana para blocos de carnaval e cria risco a foliões

 Deputada e policial aposentado criticam esquema de segurança montado pelo governo de São Paulo

PM de São Paulo (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

Brasil de Fato O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi alvo de críticas pela Operação Carnaval, que mobilizará policiais militares e civis armados e à paisana em meio às multidões no estado.

A deputada estadual Thainara Faria (PT) classificou a medida como “grave”, uma vez que é um “direito constitucional da população saber que um indivíduo está a serviço da polícia, além de mais funcional para a segurança pública”, escreveu em suas redes sociais. “Se o patrulhamento será disfarçado, devemos também nos preocupar com a segurança dos próprios agentes”, completou.

“Escondê-los no meio de milhares de pessoas não traz nenhuma garantia de segurança”, disse a parlamentar.

Adilson Paes de Souza, oficial da reserva da Policia Militar do Estado de São Paulo‌ (PM-SP), acrescentou que o emprego de policiais militares à paisana fere princípios constitucionais da atuação desse tipo de corporação no país.

“A atuação da polícia militar, pelo o que está na Constituição, se deve dar na prevenção e pela forma ostensiva. Ou seja, pelo uso de uniformes, de farda”, afirmou. “A ideia é impedir que os delitos aconteçam através da presença do policial fardado.”

Souza também disse que a infiltração de policiais armados e à paisana em aglomerações cria riscos a todos, inclusive aos policiais. Segundo ele, um folião não saberá se está sendo abordado por um PM ou algum bandido se passando por PM no Carnaval. Ele destacou ainda que a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ampliou a autorização para posse de armas por civis. Ao ser abordado por um policial à paisana, um folião confuso, em tese, pode reagir e usar sua arma particular contra o agente de segurança.

Histórico - Não é a primeira vez que a Operação Carnaval nesses moldes é implementada. No carnaval do ano passado, cerca de 14 mil policiais militares e civis estavam nas ruas do estado ao longo das festividades. "Vamos ter policiais à paisana, infiltrados. Teremos torres de observação que vão dar uma ampla visão para que possa observar os foliões e identificar eventuais criminosos", disse, na época, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, à imprensa.

"A fiscalização por drone também será utilizada para que a gente possa coibir, para aquele criminoso que está vendo o drone evite uma tentativa de delito; e, caso ocorra, que as imagens produzidas pelo drone possam ser usadas para a investigação, identificação e prisão dos criminosos", completou.

Neste ano, o estado mobilizará 20 mil policiais do dia 3 a 18 de fevereiro. “Além do atendimento nas delegacias, os policiais civis estarão trabalhando em ações de inteligência, com a utilização de veículos à paisana, drones e helicóptero. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) vai mobilizar ainda 6 mil viaturas em todo o Estado, com atenção também para interior e litoral”, disse a pasta em nota.

“Além dos policiais a pé circulando por locais estratégicos, a segurança terá agentes à paisana para observar atitudes suspeitas e evitar crimes, avisando a central de operações sobre possíveis problemas. A corporação recebeu treinamento específico para lidar com casos de importunação sexual, com policiais mulheres atuando no acolhimento das vítimas durante o Carnaval.”

Saldo - Durante o carnaval do ano passado, o estado de São Paulo registrou 3.486 roubos e furtos de celular. Cerca de 630 prisões foram efetuadas. Em balanço da Secretaria de Segurança Pública divulgado logo após o feriado informou que 600 aparelhos haviam sido recuperados.

A secretaria afirmou ter havido queda no número de ocorrência na comparação com 2020 e 2019 quando foram notificados, respectivamente, 5.450 e 5.471 crimes do tipo.

Fonte: Brasil 247 com Brasil de Fato

Cotas trans: apenas duas das universidades federais das capitais oferecem vagas

 Levantamento mostra que reserva de vagas ainda é realidade distante no Ensino Superior

(Foto: ABR)

Por Danilo Queiroz e Amanda Audi (Agência Pública) - Durante anos, o professor Marcel Couto frequentou o centro de São Paulo para conversar com pessoas transgêneras, travestis e não binárias que precisavam de incentivo para concluir a educação formal. Em 2015, ele criou o cursinho popular Transformação, que oferece alfabetização, cursos técnicos, profissionalizantes e preparatórios para o vestibular, com foco neste público. Mais de 100 pessoas já passaram pelo cursinho e sete conseguiram entrar na faculdade – todas em instituições privadas. “Ainda há uma dificuldade muito grande no acesso à educação superior, especialmente em instituições públicas”, diz Couto. “Pouca pessoas trans e travestis conseguem entrar na universidade. Menos ainda conseguem permanecer.”

Apenas duas das 27 universidades federais das capitais brasileiras reservam cotas para pessoas trans, travestis e não binárias, de acordo com levantamento feito pela Agência Pública. A Universidade Federal da Bahia (UFBA) adotou o sistema em 2019, e a de Santa Catarina (UFSC) no ano passado. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Universidade Federal de Sergipe (UFS) e a Universidade de Rondônia (Unir) estão em fase de implantação, que deve começar no processo seletivo deste ano para ingressantes em 2025.

No Brasil, 0,3% dos estudantes de instituições federais se identificam como transgêneras, segundo o último estudo feito pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ações Afirmativas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, em 2018.  

Além da UFBA, da UFSC e da Unir, outras seis universidades fora de capitais introduziram cotas para pessoas trans: a universidade de Campinas (Unicamp); Federal do ABC (UFABC); Estadual da Bahia (Uneb); Federal do Sul da Bahia (UFSB); Estadual do Amapá (UEAP); e Estadual de Feira de Santana (UEFS). Apenas a UFSC possui uma política que vai além das cotas – englobando a facilitação do acesso a bolsas, adaptação da estrutura física (como a adoção de banheiros inclusivos), ouvidoria para receber denúncias, oficinas de formação para o corpo docente, entre outros. 

A maioria das instituições de ensino consultadas pela reportagem – 20 das 27 – adotou parcialmente as cotas para transgêneros, exclusivamente em alguns cursos de pós-graduação. É mais fácil oferecer cotas no mestrado e doutorado porque a burocracia é menor. Cada programa tem uma certa autonomia para tomar decisões – ao contrário da graduação, em que cada passo é definido por um colegiado de professores, alunos e servidores, o que torna o processo bem mais lento.

Já as federais do Acre (UFAC) e da Paraíba (UFPB) são as únicas universidades públicas de capitais que, até agora, não criaram políticas afirmativas para o acesso deste público à graduação ou pós-graduação. De acordo com elas, porém, existe pressão interna para que alguma iniciativa seja tomada – principalmente dos movimentos estudantis. A oferta de cotas apenas na pós-graduação não responde ao problema da falta de acesso de pessoas trans, já que a graduação é a porta de entrada no Ensino Superior. 

A lei de cotas do Governo Federal diz que deve haver reserva de vagas para alunos negros, indígenas, pessoas com deficiência e de baixa renda nas universidades públicas. Existem discussões para que pessoas trans e travestis sejam incluídas, mas nenhuma avançou o suficiente.

No Congresso, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) apresentou dois projetos de lei sobre o tema – um propõe a reserva de vagas nas universidades e o outro em concursos públicos. “As iniciativas visam incluir as pessoas trans e travestis, por meio da educação e do trabalho digno, em nossa sociedade. Ajudam a resgatar a cidadania historicamente negada à nossa comunidade”, diz ela, a primeira mulher trans eleita à Câmara dos Deputados.

“É preciso oferecer políticas de permanência e inclusão” - Mesmo nas poucas universidades com cotas na graduação, ainda há uma dificuldade em preenchê-las. Quando a Universidade Federal do ABC (UFABC) adotou o sistema, em 2019, foram oferecidas 32 vagas para pessoas trans, mas apenas 17 foram preenchidas. Na edição mais recente do vestibular, em 2023, foram 40 vagas e só 23 ocupantes. 

Na avaliação de Cláudia Vieira, Pró-Reitora de Assuntos Comunitários e Políticas Afirmativas da UFABC, a disparidade que há no número de vagas disponíveis em relação ao número de matrículas é consequência de um ambiente universitário que ainda não conseguiu se ajustar totalmente para atender a todas as pessoas, sem distinção. Na universidade, 1,6% das vagas são proporcionalmente distribuídas pelo número de vagas disponíveis nos quatro cursos de ingresso, sendo o Bacharelado em Ciências e Tecnologia (BCT) o curso que mais possui vagas e consequentemente ingressantes trans e travestis.

“Felizmente graças ao trabalho conjunto do coletivo de estudantes trans da UFABC e a pró-reitoria, conseguimos iniciar o processo de dizer a esse público que esse lugar é também deles. Ofertamos a reserva de vagas por meio das cotas trans do cursinho popular da universidade até os programas de pós-graduação na tentativa de acelerar esse processo e ampliar o número de docentes trans, travestis e não-binárias”, diz. 

“Além de ampliarmos o número de bolsas e auxílios, entendemos a importância de ter esse público nos espaços de tomada de decisões e liderança, como a professora Ana Lígia Scott, primeira mulher trans a concorrer à vice-reitoria da UFABC”, diz Cláudia Vieira. Ela ressalta que, para além de garantir o acesso à universidade, “é preciso oferecer políticas de permanência e inclusão”. “Ao contrário disso, essas pessoas até poderão ingressar, mas certamente não irão se sentir pertencentes o suficiente para concluir o Ensino Superior”. 

Além de serem alvos recorrentes de transfobia e homofobia, 33% das pessoas trans, travestis e não binárias que acessam universidades dependem de programas e bolsas que auxiliem sua permanência, segundo pesquisa do Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ações Afirmativas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Gemaa). O levantamento também mostrou que 58% desses estudantes são negros e 76% têm renda per capita de menos de 1,5 salário mínimo. 

No ano passado, a estudante de licenciatura em Pedagogia pela Faculdade de Educação Francisca Silva se juntou à luta pela adesão às cotas trans na graduação da Universidade de São Paulo (USP). “O reitor olhou para o documento que tínhamos feito e simplesmente ignorou alegando que não ia discutir o assunto. Nem passa na cabeça das pessoas que isso pode acontecer em um espaço como a USP, onde o prestígio instrumental dos rankings internacionais invisibiliza pautas como a permanência e inclusão”. 

Fonte: Brasil 247 com informações da Agência Pública

PF encontra caneta espiã e 'pen drive russo' de Carlos Bolsonaro

 Segundo Carluxo, a caneta espiã com uma câmera secreta jamais foi usada por ele

Carlos Bolsonaro (Foto: Câmara Municipal do Rio de Janeiro)

Agentes da Polícia Federal (PF) levaram da casa de Carlos Bolsonaro uma caneta espiã com uma câmera secreta, durante a operação na Barra da Tijuca referente ao esquema de monitoramento ilegal de autoridades pela 'Abin paralela', informou o colunista Lauro Jardim, de O Globo

A versão de Carluxo é que o equipamento jamais foi usado por ele, tendo sido comprado há 10 anos. 

Além disso, a PF encontrou em um escritório do vereador na Zona Norte do Rio um equipamento descrito por Carluxo como "uma espécie de pen drive que aparenta ser de origem russa".

Fonte: Brasil 247