terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Encabeçado por Lira, Centrão se prepara para derrubar veto de Lula a emendas no Orçamento de 2024

 Presidente sancionou na segunda-feira a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024 reduzindo em R$ 5,6 bilhões o valor disponível para emendas de comissões do Congresso

Arthur Lira e Lula (Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados)

 O Centrão já se articula para, na retomada das atividades legislativas, em fevereiro, derrubar o veto do presidente Lula (PT) a emendas no Orçamento de 2024. Nesta segunda-feira (22), Lula sancionou a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024 reduzindo em R$ 5,6 bilhões o valor disponível para emendas de comissões do Congresso. Segundo Valdo Cruz, do g1, "líderes do Centrão fizeram chegar ao Palácio do Planalto que vão defender a derrubada do veto". De acordo com Camila Bomfim, da GloboNews, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), já tem dito a aliados que trabalhará pela derrubada do veto.

Para além do efeito de diminuir o poder de distribuição de emendas dos parlamentares em ano eleitoral, o veto presidencial desagradou ainda mais o Centrão porque recai principalmente sobre os ministérios que este grupo controla. O Ministério do Turismo, de Celso Sabino (União Brasil), terá uma redução de R$ 950 milhões em emendas e no Ministério do Esporte, de André Fufuca (PP), o corte será de R$ 501 milhões. O maior corte será no Ministério do Desenvolvimento regional, de Waldez Góes (PDT), muito ligado ao União Brasil. O corte na pasta será de R$ 1,5 bilhão.

Os ministérios do Turismo e do Esporte destacaram-se por terem os maiores aumentos orçamentários percentuais entre 2023 e 2024, especialmente devido à apresentação de emendas parlamentares. O Turismo experimentou o maior crescimento em seu orçamento, atingindo um impressionante aumento de 749% de um ano para o outro. Logo em seguida, o Ministério do Esporte também apresentou um expressivo aumento de 321%. O Ministério do Desenvolvimento Regional, que faz parte do bloco político conhecido como Centrão, registrou um aumento de 71% em seu orçamento durante o mesmo período.

O governo alega ter estabelecido o compromisso de manter até R$ 11 bilhões em emendas de comissões no Orçamento, mas o Congresso elevou esse montante para R$ 16,6 bilhões. O valor adicional foi retirado de outros programas governamentais, e o governo se compromete a restituir esses recursos para as respectivas áreas afetadas. A equipe de Lula promete, após avaliar o impacto de todas as medidas destinadas a aumentar as receitas e reduzir incentivos, recompor o que for possível dos cortes realizados. Em última análise, essas ações dependerão do desempenho da arrecadação da União.

Fonte: Brasil 247 com informações do g1

MPF pede à Justiça que Enel SP indenize mais de 4 milhões de clientes por vazamento de dados pessoais

 Segundo o MPF, desde o vazamento, ocorrido há mais de três anos, a Enel não comprovou nenhuma providência adotada para reduzir os danos provocados pelo vazamento de dados

MPF | ENEL (Foto: Moacir Ximenes/CC BY 3.0 | REUTERS/Flavio Lo Scalzo)

Reuters - O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça Federal que a distribuidora de energia Enel São Paulo seja condenada a pagar indenizações pelo vazamento de dados de mais de 4 milhões de clientes em novembro de 2020.

Segundo o órgão, desde o vazamento, ocorrido há mais de três anos, a Enel não comprovou nenhuma providência adotada para auxiliar os lesados ou reduzir os danos que a exposição pública e ilegal de dados provocou.

O MPF requer que a empresa, que atende a capital paulista e região metropolitana, seja obrigada a indenizar em 30 mil reais cada um dos clientes atingidos pelo vazamento, além de desembolsar valor não inferior a 500 milhões de reais por danos morais coletivos.

Eventuais ressarcimentos ocorreriam somente após toda a tramitação do processo, quando estiver esgotada a possibilidade de as partes recorrerem de decisões judiciais.

Procurada nesta terça-feira, a Enel não respondeu imediatamente a um pedido de comentários.

Segundo o MPF, em 9 de novembro de 2020, a Enel disse ter tomado ciência da exposição pública de dados referentes a cerca de 4% de sua base de clientes, todos do município de Osasco (SP), "fato este que pode ter resultado em um vazamento em nível nacional", diz a nota do órgão divulgada nesta terça-feira.

O órgão ingressou como coautor em ação civil pública ajuizada contra a empresa pelo Instituto Brasileiro de Defesa da Proteção de Dados Pessoais, Compliance e Segurança da Informação (Instituto Sigilo).

Em caráter liminar, o MPF pediu que a Justiça determine à empresa a comunicação imediata do vazamento a todos os clientes afetados e a disponibilização, no site da companhia, dos detalhes sobre a exposição indevida de informações, quais dados foram compartilhados com terceiros e quais os planos para sanar os riscos detectados.

Foi demandado também que a concessionária adote medidas técnicas de aperfeiçoamento da segurança digital e ofereça, em até dez dias, canal para que consumidores consultem a situação de suas informações pessoais no banco de dados da empresa.

Fonte: Brasil 247 com Reuters

Cresce na bancada do PT a articulação para fazer Celso Pansera ministro da Ciência e Tecnologia

 Além de garantir mais um ministério para o PT, a indicação tem o condão de evitar o avanço do campo conservador, através do Centrão, liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira

Celso Pansera (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Por Ricardo Bruno, Agenda do Poder - Alvo da cobiça do Centrão, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) passou também a ser disputado pelo PT diante da possibilidade de a ministra Luciana Santos ser substituída numa provável reforma do primeiro escalão do governo, com vistas a produzir ajustes na base de apoio no Congresso. Cresce na bancada federal do partido a articulação para fazer Celso Pansera, atual presidente da Finep, titular da Pasta.

Além de garantir a transferência de mais um ministério para o PT, com aval direto da bancada federal, a indicação de Pansera tem o condão de evitar o avanço do campo conservador, através do Centrão, liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira. As especulações sobre possíveis mudanças na Pasta fizeram disparar a articulação interna da bancada em favor do atual presidente da Financiadora de Estudos e Projetos, a principal agência de financiamento a pesquisas científicas do País.

Com histórico de militância na juventude petista no início de sua trajetória política, Celso Pansera já foi titular da pasta de Ciência e Tecnologia durante o governo de Dilma Roussef. Em 2014, por questões específicas da política fluminense, se transferiu para o PMDB e, em seguida, se elegeu deputado federal. A troca de legenda não o afastou do campo progressista: votou contra o golpe que derrubou a presidente Dilma, mesmo sabendo que a atitude poderia inviabilizar a sua reeleição.

Inscrito novamente nas fileiras do PT, Pansera foi nomeado presidente do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação da Prefeitura de Maricá, cargo que ocupou até assumir a presidência da Finep, no início do governo do presidente Lula, em janeiro de 2023.

Fonte: Brasil 247

Acampamentos golpistas 'foram tolerados por orientação militar', diz presidente do STM

 Francisco Joseli Parente Camelo disse que os acampamentos "foram tolerados" graças a um “entendimento" transmitido pelo governo Jair Bolsonaro

Tenente-Brigadeiro do Ar Francisco Joseli Parente Camelo | Acampamento a favor de Bolsonaro (Foto: FAB | Reuters)

Por Caio de Freitas Paes, Agência Pública - Passado mais de um ano do 8 de janeiro, não há sinal de punições militares a oficiais que permitiram a manutenção de acampamentos golpistas em frente aos quartéis antes do ataque extremista em Brasília (DF). Em entrevista à Agência Pública, o presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Francisco Joseli Parente Camelo, admitiu que os acampamentos “foram tolerados por orientação dos chefes” das Forças Armadas – segundo ele, graças a um “entendimento transmitido pelo próprio governo [Bolsonaro]”.

A nota dos comandantes militares defendendo a “manifestação crítica aos poderes constitucionais” em plena crise golpista reforça tal impressão, mas o presidente do STM não vê chance de desdobramentos ou punições a oficiais envolvidos. “Pode ser que haja um caso ou outro de omissão… mas acredito que dificilmente teremos crimes militares”, afirmou.

A fala do presidente do STM chama atenção porque todo delito cometido em áreas administradas pelas Forças Armadas é considerado crime militar. O Brasil todo viu bolsonaristas pregarem, por mais de dois meses, intervenção e golpe em frente ao Comando Militar do Planalto e ao Quartel-General do Exército. Além disso, o fracassado atentado a bomba na capital segue sob suspeita de ter sido arquitetado no acampamento em frente ao QG.

Golpe de estado e insurreição, conceitos usados por pesquisadores para explicar a crise que culminou no ataque de 8 de janeiro, não são considerados crimes no Código Penal Militar. O texto-base do atual código entrou em vigor em 1969, pouco tempo depois do Ato Institucional nº 5, que marcou a época mais violenta da ditadura.

“Foi uma lição importante, mas agora vamos olhar para frente e não cometer os erros do passado”, disse à Pública o presidente do STM, Joseli Parente Camelo.

À Pública, Camelo ainda negou que tenha colaborado com a equipe de transição do governo Lula na seara militar – o ministério da Defesa foi o único a não constituir um grupo de trabalho à época. “Talvez pela relação que construí com o presidente, disseram que influenciei, que falei com ele na transição. Mas não, só conversei com o presidente no dia da diplomação [12 de dezembro de 2022], e após eu ter tomado posse na presidência [do STM]”, disse.

O atual presidente da Justiça Militar é tenente-brigadeiro da Aeronáutica, posto mais alto da Força Aérea Brasileira. Responsável pelo comando do avião presidencial por 12 anos, Joseli Camelo pilotou a aeronave nos primeiros mandatos de Lula e Dilma Rousseff (PT), somando mais de 10 mil horas de voo no período. Ele virou ministro do STM logo depois, em 2015, indicado pela então presidenta Dilma Rousseff. O presidente do STM recebeu a equipe da Pública em Brasília em seu gabinete, em 15 de janeiro passado.

Agência Pública: Poderia explicar o que diferencia o crime militar do crime civil? Qual a área de atuação – e os limites – da Justiça Militar?

Joseli Camelo: A Justiça Militar foi criada em 1808 com a chegada de D. João VI ao Brasil. Uma das primeiras medidas dele foi criar, por alvará com força de lei, o Conselho Supremo Militar e de Justiça na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Já existia uma noção da importância de termos um Exército disciplinado, e daí veio a nossa competência – que é tutelar a disciplina e a hierarquia no centro das Forças Armadas. Atuamos ininterruptamente desde então, atravessando todos esses movimentos e ‘revoluções’, procurando garantir a hierarquia e a disciplina no seio da tropa.

Quanto aos crimes militares, eles estão definidos em nosso Código Penal Militar. Basicamente, o crime militar é aquele cometido por militar contra militar; em lugar sujeito à administração militar; e também contra o patrimônio militar. Até 2017, nós julgávamos apenas o que estava dentro do Código Penal Militar. A partir daquele ano, com a aprovação da Lei nº 13.491, passamos a julgar toda a legislação penal brasileira – desde que estivesse nas condições estabelecidas no artigo 9º do código.

Acampamentos golpistas se espalharam em locais administrados pelas Forças Armadas, como na frente de quartéis do Exército em todo o Brasil, com pedidos de golpe de estado e intervenção militar – o que é crime. O senhor acredita que a Justiça Militar poderia ter atuado para evitar que aquilo persistisse?

Realmente, não é normal acontecerem acampamentos como aqueles, pregando intervenção. Intervenção militar é crime, nós sabemos. Então, não podemos aceitar isso. Mas temos que lembrar que aquelas pessoas acampadas eram seguidores do governo Bolsonaro.

Não vou dizer que era uma política de governo, mas aquela gestão tinha os acampamentos com uma orientação, defendia que as pessoas estavam ali democraticamente, as definiam como ‘patriotas’. Se fosse apenas para manifestar suas opiniões, tudo bem, mas tínhamos faixas propondo intervenção. Realmente, isso acirrou os ânimos.

Depois, me parece que não houve uma liderança, mas é difícil entender como eles montaram toda aquela estrutura, com tantos ônibus, para aquele dia [8 de janeiro] se não havia uma organização… de qualquer forma, se houve realmente alguma coisa, foi muito mal planejada. Hoje em dia, nós temos que levar em conta que o mundo evoluiu, e evoluiu muito, então não havia apoio popular, nem internacional, a uma ideia de golpe.

Nas semanas seguintes, houve um impasse sobre quem julgaria militares eventualmente ligados ao ataque. Houve tratativas entre STM e STF, para que se definisse a Justiça Comum como responsável por esse julgamento?

Os crimes contra a ordem política e a ordem social são de competência da Justiça Comum, como diz a Constituição. Não houve nenhuma conversa [entre as Cortes], porque tudo foi definido dentro da lei. Nosso Ministério Público [Militar] estava levantando alguns dados, tinha iniciado alguns processos administrativos, mas, depois, o MPM enviou todos aqueles processos para o Supremo.

O ministro [do STF] Alexandre de Moraes fez uma fundamentação perfeita, colocando o papel da Justiça, mostrando que os locais onde houve vandalismo não eram sujeitos à administração militar. Com isso, conseguimos pacificar essa posição. Era uma coisa que as pessoas não entendiam – como militares podem ser julgados na Justiça [Comum]? Isso é possível desde que um militar cometa um crime comum, da mesma maneira que civis podem ser julgados na Justiça Militar se cometerem um crime militar.

Como a decisão de manter o caso como um todo – incluindo a possibilidade de julgar militares envolvidos – reverberou no meio militar? Houve críticas ou ataques contra o STM?

Houve gente que dizia: “os militares serão ‘sujeitados’, julgados pela Justiça Comum”? Mas estava dentro da lei, seguindo o devido processo legal. Houve uma revolta nas redes sociais, quiseram nos colocar contra o STF, o que não era verdadeiro. Apenas as narrativas no campo virtual estimulavam isso – houve algumas ‘sementes’ plantadas dentro das Forças [Armadas], mas não vingaram.

[No 8 de janeiro] tivemos um vandalismo que, pelas pesquisas que vimos, foi repudiado por algo em torno de 90% da população brasileira. Não foi criado nenhum subterfúgio para haver um julgamento militar. Tudo foi feito dentro do nosso direito democrático, seguindo o processo penal democrático. Eu acho que isso foi uma coisa muito boa que aconteceu: julgarmos de acordo com a nossa lei, de acordo com a constituição do nosso país.

O senhor e outras autoridades têm defendido que o 8 de janeiro consolidou a democracia e reforçou a necessidade dos militares se afastarem da política no Brasil. Há outras lições para as Forças Armadas após a crise golpista?

Ficou bem claro que os acampamentos foram tolerados por orientação dos chefes [militares], porque o governo [Bolsonaro] entendia que aquilo era um movimento pacífico… esse era o entendimento que era transmitido pelo próprio governo para as Forças [Armadas].

Mas não podemos ver o 8 de janeiro isoladamente. Temos de ver que, na história, não é papel dos militares atuar na política. As Forças Armadas têm um papel muito importante para o país: defender a nossa soberania. Então, não é para se confundir, as Forças Armadas têm que estar subordinadas ao poder civil. Até comentei noutro dia: qual foi o único ministério que não teve uma equipe de transição? O Ministério da Defesa. Isso porque temos nossas competências bem definidas pela Constituição. A cada quatro anos, fazemos uma estratégia para trabalhar uma política de defesa nacional, essa estratégia política é levada ao Congresso Nacional, e assim por diante.

Muito se fala da necessidade de despolitização dos quartéis e das Forças Armadas. Com mais de um ano de governo Lula, o senhor enxerga avanços nessa questão?

Hoje, nós temos três comandantes que estão fazendo um belíssimo papel, mas ainda continuam essas narrativas nas redes sociais – tem gente batendo em um, batendo em outro, falando mal… esse discurso de ódio não faz parte da nossa índole, da índole do povo brasileiro. As narrativas das redes sociais ainda são muito fortes, isso traz um prejuízo muito grande para a nossa nação. É como disse o ministro Flávio Dino em sua sabatina para o STF no Senado: o mundo virtual não é uma terra de ninguém. O mundo virtual é igual ao mundo real, você não pode fazer o que quiser… tudo tem de ter um limite.

Agora, o fato de ter havido um presidente [Jair Bolsonaro] que foi militar gerou uma confusão, que seria um governo militar. Não era um governo militar. Naturalmente, tivemos muitos militares participando daquele governo porque o presidente escolheu aquelas pessoas da sua confiança, e como ele tinha um relacionamento com muita gente, com militares ‘quatro-estrelas’, alguns eram seus companheiros de turma, ele acabou levando muita gente para dentro do governo. Nós vimos que isso não é saudável.

Acho que a maior lição que tiramos é que nós, militares, temos de voltar ao nosso papel constitucional – um papel sublime, que é defender a pátria, garantir os poderes constitucionais. Se as nossas Forças Armadas se desorganizam, elas perdem a capacidade e a competência de defender a pátria, o que põe em risco a soberania do Estado e a estabilidade da ordem democrática. Temos de ter muito cuidado com tudo isso. Mas eu tenho muita esperança de que essas coisas estão sendo solidificadas. Veja: não houve nenhuma reação contra a proposta de que militares não devam estar envolvidos na política. Nenhuma. Então, acho que estamos caminhando para uma pacificação. Ainda estamos lutando, mas não está consolidado porque não é algo simples de se fazer.

Parte da sociedade questiona o compromisso dos militares com a democracia pela falta de punição a oficiais que se envolveram em problemas nos últimos anos, especialmente durante a presidência de Bolsonaro. Houve o caso do ex-ministro da Saúde e general do Exército Eduardo Pazuello na pandemia, a crise golpista e desdobramentos do 8 de janeiro. Qual sua posição sobre isso?

Peguemos o caso do 8 de janeiro, talvez seja o mais emblemático. Nós tivemos a CPMI, o instrumento investigativo que o Congresso tem, que dá condições de realmente levantar os fatos e propor uma denúncia – não digo uma condenação, porque o julgamento é posterior. Isso foi feito, houve bastante discussão e debate, mas todos foram adiante e devem ser investigados pelo Ministério Público [Federal].

Acredito que o Ministério Público está investigando, descobrindo até que ponto houve crimes – porque não há julgamento sem denúncia, que é realmente onde se configuram os indícios. É na denúncia que identificamos se há crime, se há autoria. Não é uma situação fácil para o Ministério Público porque, para denunciar, tem que ter provas, e no caso do 8 de janeiro ainda não houve decisões, [as investigações] estão em curso.

Agora, ao longo do governo [Bolsonaro], tome o caso do Pazuello: ele era um militar da ativa mas estava em cargo político, e as coisas se misturam um pouco. Fica difícil você definir até que ponto ele está cometendo um crime, uma indisciplina, se ele é político ou militar. Uma hora ele respondia como militar, outra como político. Surgiu a dúvida, ele estando em um comício [de Jair Bolsonaro], mas ele também era ministro, era assessor do presidente. É uma situação que fica difícil você dizer se ele está errado ou certo, se deve ou não ser condenado. Criou-se essa ‘simbiose’, havia um limiar, algo que não ficava muito claro. Por isso que não é bom que o militar esteja na política, como todos nós estamos defendendo a essa altura do jogo.

São ensinamentos que trazem muito amadurecimento, é tudo um processo. Vimos que ao longo do século passado os militares sempre estiveram presentes nas revoltas, e agora estamos trabalhando para que isso não aconteça, para que não se repita, porque não é o certo. Não é só a sociedade brasileira que não aceita mais isso: o mundo não aceita mais aventuras de ditadura. Nenhum órgão multilateral aceita isso. Mas o ensinamento maior é esse: olha, vamos lá, cada um no seu ‘quadrado’.

Após decisão do STF em 2017, a Justiça Militar tem disponibilizado áudios gravados durante julgamentos do STM no período da Ditadura Militar. Mas tem havido relato de problemas na disponibilização do material, estariam faltando alguns áudios. Ainda restam muitos materiais para serem divulgados? Quando pretendem concluir isso?

Em 2017 iniciamos um processo de digitalização de todos os nossos processos, que vamos concluir neste ano. Já determinamos que tudo, desde 1808, que trata da nossa história, absolutamente tudo tem que ser divulgado. As pessoas que têm interesse no tema, acadêmicos, historiadores, curiosos, todos vêm aqui e pesquisam o que desejam. O que acontece é que, naquela época [da ditadura], as gravações não tinham a qualidade que têm hoje. Então, há muitas gravações em que praticamente não se aproveita nada – pela qualidade do material, ou pela ação do tempo. Às vezes a pessoa falava e o microfone não captava, né? Mas nós já mandamos verificar esse problema, queremos colocar tudo à disposição do público. A memória tem que ser colocada como ela de fato é.

Fonte: Brasil 247 com informações da Agência Pública

No TSE, Múcio diz que democracia brasileira saiu "machucada" do 8 de janeiro

 Ministro da Defesa disse que as Forças Armadas estão à disposição da democracia e reconheceu a existência de grupos que buscam manter um "clima de insatisfação"

José Múcio (Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil)

O ministro da Defesa, José Múcio, anunciou nesta terça-feira (23) durante as audiências públicas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que as Forças Armadas estão à disposição para zelar pela democracia do Brasil, informa o UOL. Em seu breve discurso, Múcio expressou preocupações com o estado atual da democracia brasileira, afirmando que "saímos com ela machucada" após os atentados golpistas de bolsonaristas no dia 8 de janeiro de 2023.

Múcio ressaltou o interesse das Forças Armadas em contribuir para a preservação da democracia, destacando a importância de restaurar a fraternidade e o bom convívio no país. Ele mencionou a existência de grupos que buscam manter um "clima de insatisfação". "Saímos com nossa democracia machucada, nossa fraternidade deixou de ser exercida, o nosso bom convívio deixou de ser exercido. Existem alguns que querem manter esse clima de desavença e desassossego, mas a nossa arma é a forma fraterna que o brasileiro tem de respeitar a diferença".

Durante a sessão, que também contou com a presença da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, foram discutidas propostas para as eleições municipais deste ano. O TSE divulgou, no início do mês, dez minutas de resoluções abordando temas como organização das eleições, propaganda eleitoral, e auditoria e fiscalização. O primeiro dia de audiência se concentrou em questões como pesquisas eleitorais, auditoria e fiscalização, sistemas eleitorais e atos gerais do processo eleitoral. A agenda para o próximo dia inclui discussões sobre sugestões para minutas de registro de candidatura, fundo de campanha e prestação de contas eleitorais.

Fonte: Brasil 247 com informações do UOL

Em 2019, Bolsonaro concedeu passaporte diplomático a parentes de Brazão, delatado como mandante do assassinato de Marielle

 Na época, Domingos Brazão já era investigado pela suspeita de tentar obstruir as investigações do caso Marielle Franco

Bolsonaro, Marielle Franco e Domingos Brazão (Foto: Adriano Machado/Reuters | Mídia Ninja | Reprodução/TV Globo)

Em 2019, Jair Bolsonaro (PL) concedeu passaportes diplomáticos para parentes do conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro Domingos Brazão, que de acordo com a delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, obtida pelo The Intercept, seria um dos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, em 2018. 

Na época, uma reportagem do Brasil de Fato apontava que Brazão era investigado pela suspeita de tentar obstruir as investigações do caso Marielle. No dia 17 de setembro daquele mesmo ano, dia em que deixou o comando da Procuradoria-Gera da Repúplica (PGR), Raquel Dodge apresentou uma denúncia contra Domingos Brazão nesse sentido e também solicitou a abertura de um inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para apurar se o conselheiro era  o mandante do assassinato.

João Vitor Moraes Brazão e Dalila Maria de Moraes Brazão, filho e esposa do deputado federal Chiquinho Brazão (Avante-RJ), receberam do Itamaraty o passaporte diplomático em 9 de julho  de 2019. Chiquinho Brazão, que é sócio do irmão Domingos Brazão em uma rede de postos de gasolina, fez toda sua trajetória política em Rio das Pedras, zona oeste do Rio de Janeiro, região controlada pelas milícias.

Ainda segundo o Brasil de Fato, “em 2012 e 2016, Chiquinho Brazão foi o vereador mais votado na região de Rio das Pedras. Em 2018, foi eleito deputado federal, usando o bairro como base para sua campanha. Entre 2016 e 2018, seu patrimônio subiu de R$ 2,3 milhões para R$ 3,4 milhões, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”.

O conteúdo da delação premiada de Ronnie Lessa veio a público nesta terça-feira (23). Segundo o Intercept, o ex-policial, que está preso desde 2019, teria delatado a investigadores da Polícia Federal que um dos mandantes do assassinato de Marielle e de Anderson Gomes seria Domingos Brazão. A delação, contudo, ainda precisa ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma vez que Brazão possui foro privilegiado. 

O advogado Márcio Palma, representante de Domingos Brazão, disse não ter conhecimento da informação e ressaltou que seu cliente sempre negou qualquer envolvimento no crime. A principal motivação apontada para seu suposto envolvimento no assassinato seria vingança contra Marcelo Freixo, ex-deputado estadual pelo Psol e atual presidente da Embratur.

Fonte: Brasil 247 com Brasil de Fato

Governo arrecada R$ 2,31 trilhões em receitas federais em 2023

 Valor apresenta uma queda de 0,12% em relação a 2022

Dinheiro (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Por Luciano Nascimento, repórter da Agência Brasil - A arrecadação total das receitas federais fechou, no ano passado, em pouco mais de R$ 2,31 trilhões, informou nesta terça-feira (23) o Ministério da Fazenda. O valor apresenta uma queda de 0,12% em relação a 2022, descontada a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). 

Em dezembro do ano passado, a arrecadação totalizou R$ 232,22 bilhões. O valor representa um crescimento real de 5,15% em relação a dezembro de 2022, descontado o IPCA.

Quanto às receitas administradas pela Receita Federal, o valor arrecadado, em dezembro de 2023, foi R$ 225,1 bilhões, representando um acréscimo real, medido pelo IPCA, de 5,48%, enquanto no período acumulado de janeiro a dezembro de 2023, a arrecadação alcançou R$ 2,204 trilhões, registrando acréscimo real pelo IPCA de 1,02%.

Segundo o Ministério, o resultado da arrecadação foi influenciado por alterações na legislação tributária e por pagamentos atípicos, especialmente do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), tanto em 2022 quanto em 2023.

“Sem considerar os fatores não recorrentes, haveria um crescimento real de 3,05% na arrecadação do período acumulado e um acréscimo real de 4,54% na arrecadação do mês de dezembro”, explicou o ministério.

A pasta informou ainda que os principais fatores que, em conjunto, contribuíram para o resultado de 2023 foram o desempenho dos principais indicadores macroeconômicos que influenciam a arrecadação de tributos, a exemplo da produção industrial, massa salarial, valor em dólar das importações e venda de bens e serviços.

Também contribuíram para o resultado o desempenho da arrecadação da Receita Previdenciária, que registrou crescimento real de 5%, e o crescimento real de 21,60% da arrecadação do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte Capital (IRRF), especialmente nos itens títulos e fundos de renda fixa.

Os destaques apontados pela Receita Federal, no mês de dezembro, foram o IRRF-Rendimentos de Capital, que apresentou uma arrecadação de R$ 25,2 bilhões, resultando em um crescimento real de 21,57%, decorrente dos acréscimos nominais de 26,30% na arrecadação de aplicações de Renda Fixa de pessoas físicas e jurídicas, e de 1,44% na arrecadação de fundos de Renda Fixa.

Também foram arrecadados R$ 3,9 bilhões decorrentes da tributação dos fundos de investimento no país e da renda auferida por pessoas físicas residentes no país em aplicações financeiras, entidades controladas e trusts no exterior.

A arrecadação do PIS/Pasep e da Cofins fechou o mês de dezembro em R$ 39,6 bilhões, representando crescimento real de 12,15%. Esse desempenho é explicado pela combinação do acréscimo real de 4,30% no volume de vendas e decréscimo real de 0,30% no volume de serviços entre novembro de 2022 e novembro de 2023.

Além de modificação da tributação incidente sobre diesel, gasolina e álcool; e aumento de 3% no montante das compensações tributárias.

Já a Receita Previdenciária alcançou uma arrecadação de R$ 79 bilhões, representando crescimento real de 2,92%.

“Esse resultado pode ser explicado pelo aumento real de 9,08% da massa salarial. Além disso, houve crescimento de 25% nas compensações tributárias com débitos de Receita Previdenciária em razão da Lei 13.670/18”, disse o ministério.

O IRRF-Rendimentos de Residentes no Exterior apresentou uma arrecadação de R$ 10,1 bilhões, representando crescimento real de 8,67%.

No período de janeiro a dezembro do ano passado, os destaques ficaram para a Receita Previdenciária, que totalizou uma arrecadação de R$ 620,31 bilhões, com crescimento real de 5%. Esse desempenho é explicado pelo crescimento real de 7,90% da massa salarial. Além disso, houve crescimento de 32% nas compensações tributárias com débitos de Receita Previdenciária.

Em relação ao IRRF-Rendimentos de Capital houve uma arrecadação de R$ 123,6 bilhões, resultando em um crescimento real de 21,60%.

Já o PIS/Pasep e a Cofins apresentaram, no conjunto, uma arrecadação de R$ 435,7 bilhões, representando crescimento real de 2,4%.

Segundo a Receita Federal, esse desempenho é explicado pela combinação dos aumentos reais de 3,54% no volume de vendas e de 3,08% no volume de serviços entre dezembro de 2022 e novembro de 2023, em relação ao período compreendido entre dezembro de 2021 e novembro de 2022. Também contribuiu para o resultado o retorno gradativo da tributação relativa ao setor de combustíveis (gasolina, álcool e diesel) e pelo aumento de 12,5% no montante das compensações tributárias.

Fonte: Brasil 247 com Agência Brasil


"Oppenheimer" e "Pobres Criaturas" lideram indicações ao Oscar

 Outros indicados a melhor filme anunciados nesta terça-feira incluem "Pobres Criaturas", "Maestro" e "American Fiction"

Estatueta do Oscar (Foto: Reuters/Mario Anzuoni)

Reuters - Os dramas históricos "Oppenheimer" e "Assassinos da Lua das Flores" concorrerão com "Barbie", "Os Rejeitados" e outros filmes na categoria de melhor filme no Oscar deste ano.

Outros indicados a melhor filme anunciados nesta terça-feira incluem "Pobres Criaturas", "Maestro" e "American Fiction".

"Oppenheimer" superou todos os outros filmes com 13 indicações, incluindo atuação para Cillian Murphy, Emily Blunt e Robert Downey Jr.

"Pobres Criaturas", estrelado por Emma Stone como uma mulher ressuscitada dos mortos, recebeu 11 indicações.

Os vencedores das estatuetas serão anunciados em uma cerimônia de Hollywood transmitida ao vivo pela ABC em 10 de março. Jimmy Kimmel retornará como apresentador.

Fonte: Brasil 247 com Reuters

Operação da PF combate fraudes em benefício do INSS

 Criminosos teriam causado prejuízo de R$ 13 milhões

Polícia Federal (Foto: Divulgação/Polícia Federal)

Agência Brasil - A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (23) a Operação Melhor Idade, que apura fraudes no recebimento do Benefício de Prestação Continuada (BPC) ao Idoso. 

Ao todo, estão sendo cumpridos cinco mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão em dois estados – Piauí e Goiás – e no Distrito Federal. Os prejuízos gerados aos cofres públicos chegam a R$ 13 milhões.

O BPC garante um salário-mínimo por mês ao idoso com 65 anos ou mais, desde que a renda por pessoa do grupo familiar seja igual ou inferior a 1/4 do salário-mínimo.

Investigação

De acordo com as investigações, a organização criminosa atuava desde 2012 na criação de cadastros de pessoas físicas (CPF’s) fictícios para obter o BPC.

A PF identificou a criação de 268 CPF’s falsos de indivíduos com mais de 65 anos, que teriam obtido 208 benefícios com esses documentos.

Depois que a polícia apresentou as evidências da investigação, a Justiça do Distrito Federal decretou o cancelamento dos 151 benefícios ainda ativos, que geravam prejuízo anual de cerca de R$ 2,7 milhões, e o bloqueio de imóveis, veículos e contas, no valor de R$ 13 milhões, vinculados aos investigados e aos CPFs falsos.

A ordem judicial prevê ainda o cancelamento dos CPF’s, a suspensão imediata dos benefícios obtidos, bloqueio de contas bancárias, restrição em veículos e imóveis, além de eventuais empresas cadastradas registradas nos benefícios falsos.

Fonte: Brasil 247 com Agência Brasil

Após ter mandato cassado, Dallagnol insiste em candidatura à Prefeitura de Curitiba

 Dallagnol e o Novo apostam que ele não será considerado inelegível pela Justiça Eleitoral. Partidos adversários discordam

Deltan Dallagnol (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

Mesmo com a cassação do seu mandato de deputado federal pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Deltan Dallagnol (Novo) está tentando emplacar sua candidatura à Prefeitura de Curitiba. Sua intenção é encontrar uma possibilidade na qual a Justiça Eleitoral não o classifique como inelegível, mesmo após a perda de seu assento na Câmara.

Segundo divulgado pelo Globo, os partidos opositores entendem que Dallagnol está tentando subverter o entendimento jurídico com sua pré-candidatura - que já está sendo oficializada aos institutos de pesquisas para ser considerada nas intenções de voto.

O advogado do diretório paranaense do PT, Luiz Eduardo Peccinin, já planeja uma ação para alterar essa possibilidade. De acordo com Peccinin, a intenção é obter uma liminar para proibir o uso de recursos do Fundo Eleitoral por Dallagnol. O argumento é de que mesmo que ele tenha acesso ao financiamento, sua participação nas eleições deverá ser impedida pelo Judiciário, resultando em despesas inúteis.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Haddad: revisão da tabela de isenção do IR deve sair até o fim do mês

 Expectativa é de isentar trabalhador que ganha até 2 salários mínimos

Fernando Haddad (gravata azul) e Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: ABR)


Por Luciano Nascimento, repórter da Agência Brasil O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse hoje (23) que está em estudo a revisão da tabela de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até dois salários mínimos. O anúncio deve ser feito até o fim do mês.

A nova tabela vai se adequar ao novo valor do salário mínimo, que passou de R$ 1.320 para R$ 1.412.

“Até o fim do mês a gente vai ter essa conta. Esse mês ainda a gente vai ter a conta, tá bom?”, comentou o ministro ao chegar ao ministério, onde falou com  jornalistas.

Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também comentou o assunto, na rede social X. Lula disse que vai cumprir a promessa de governo de garantir a isenção para o trabalhador que ganha até dois salários mínimos.

"As pessoas que ganham até 2 salários mínimos não vão pagar Imposto de Renda. Nós vamos fazer o que prometemos," publicou.

Dados da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco Nacional) apontam que, sem a revisão, quem ganha mais de dois salários voltará a ser tributado, já que a faixa de isenção não teve reajuste e permanece na tabela em R$ 2.112.

Desconto automático - Além disso, também houve um desconto automático de R$ 528 no salário, o que, na prática, deixou a faixa de isenção em R$ 2.640, que era equivalente a dois mínimos em 2023.

Haddad evitou falar se houve acordo para revogar a medida provisória (MP) que reonera a folha de pagamentos de alguns setores da economia. Editada no fim do ano passado, a medida traz a reoneração gradual de 17 setores beneficiados com descontos na na contribuição para a Previdência Social

Fonte: Brasil 247 com Agência Brasil

Desmatamento em áreas protegidas da Amazônia cai 73% em 2023

 Pesquisa é do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia

Floresta Amazônica (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Por Pedro Peduzzi, repórter da Agência Brasil - O desmatamento em áreas protegidas da Amazônia caiu quase quatro vezes (73%) em 2023, na comparação com 2022. Segundo levantamento divulgado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), em 2023 a devastação em terras indígenas e unidades de conservação localizadas na região atingiu 386 km². Trata-se do menor índice desde 2013, quando foram desmatados 178 km².

Em 2022, segundo o Imazon, o desmatamento de áreas protegidas da região chegou a 1.431 km², número bastante próximo aos observados desde 2019, ano em que foi percebido o início de uma alta que se manteve até 2022.

Foram 1.460 km² de áreas protegidas desmatadas em 2021; 1.369 km² em 2020; e 1.222 km² em 2019. Entre 2012 e 2018, o ano em que se observou maior quantidade de áreas protegidas devastadas foi 2018 (721 km²).

O monitoramento é feito com a ajuda de imagens de satélite do Imazon. De acordo com o instituto de pesquisa, a redução observada nessas áreas em 2023 “superou a queda geral na derrubada”, que apresentou decréscimo de 62% entre 2022 (10.573 km²) e 2023 (4.030 km²).

O ano em que o desmatamento acumulado apresentou menor índice foi 2013 (1.144 km²). Já o período com maiores índices começou em 2019 (6.200 km²). Em 2020 e 2021 o desmatamento acumulado subiu para 8.058 km² e 10.362 km², respectivamente.

“A redução expressiva do desmatamento em áreas protegidas é muito positiva, pois são territórios que precisam ter prioridade nas ações de combate à derrubada. Isso porque, na maioria das vezes, a devastação dentro de terras indígenas e unidades de conservação significa invasões ilegais que levam a conflitos com os povos e comunidades tradicionais que residem nesses territórios”, explica o coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, Carlos Souza.

O Imazon, no entanto, alerta que há um ponto preocupante relativo à degradação observada em 2023: ela pode estar relacionada à seca e às queimadas na região, uma vez que “no último mês do ano, enquanto foram desmatados 108 km², outros 1.050 km² foram degradados, quase 10 vezes mais”.

Segundo o pesquisador Carlos Souza, apesar da queda geral, algumas áreas protegidas tiveram aumento na destruição, motivo pelo qual devem ser foco de ações urgentes em 2024.

Terras indígenas - “Entre as terras indígenas, uma das situações mais críticas ocorreu na Igarapé Lage, em Rondônia, onde o desmatamento cresceu 300%, passando de 2 km² em 2022 para 8 km² em 2023, uma área equivalente a 800 campos de futebol. Isso fez com que o território fosse o terceiro mais devastado da Amazônia em 2023”, informou o instituto.

Outras duas terras indígenas localizadas na divisa do Amazonas com Roraima também apresentaram aumentos expressivos na derrubada. No caso, os territórios Waimiri Atroari, cuja perda florestal passou de 1 km² em 2022 para 4 km² em 2023 (300% a mais); e Yanomami, onde a devastação passou de 2 km² em 2022 para 5 km² em 2023 (alta de 150%).

“Isso fez com que a terra Yanomami, mesmo após ter recebido em janeiro do ano passado uma operação humanitária por causa dos danos sociais causados pela invasão de garimpeiros, fosse a quinta mais desmatada da Amazônia em 2023. Já a Waimiri Atroari ficou em nono lugar”, detalha a pesquisa.

A maior área destruída em um território indígena no ano passado foi registrada na terra Apyterewa, onde foram desmatados 13 km². “Apesar de ocupar o topo do ranking, o local teve uma redução de 85% na devastação, pois em 2022 havia perdido 88 km² de floresta. Em outubro, o local recebeu uma operação de desintrusão para remoção de invasores ilegais”, destaca o Imazon.

O total de terras indígenas devastadas em 2023 ficou em 104 km². O número é, segundo o instituto, menos da metade do registrado em 2022 (217 km²). O ano em que se observou menor área indígena desmatada foi 2014 (28 km²).

Unidades de conservação - Já as unidades de conservação anotaram uma queda de 77%, passando de 1.214 km² em 2022 para 282 km² em 2023. O instituto destaca que esta foi a menor área de floresta destruída nesses tipos de territórios em nove anos, desde 2014.

“A maior redução ocorreu nos territórios sob jurisdição federal, onde a derrubada passou de 468 km² para 97 km², o que significa queda de 79%, quase cinco vezes menos. Já nas áreas estaduais, a devastação passou de 746 km² para 185 km², sendo 75% ou quatro vezes menos”, complementou.

Fonte: Brasil 247 com Agência Brasil

Magistrados desembarcam em Israel em viagem paga por entidades sionistas

 Ministro do STF André Mendonça é o único representante da mais alta corte do país na comitiva, que também inclui ministros do STJ, STM e desembargadores federais

(Foto: Noam Moskowitz/Knesset Press Office)

 O grupo de oito ministros e desembargadores brasileiros convidados para uma viagem a Israel iniciou o cronograma de visitas organizado pelas entidades sionistas StandWithUs Brasil e pela Confederação Israelita do Brasil (Conib). A lista de participantes, mantida em sigilo até então, inclui o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, o único representante da mais alta corte do país na comitiva. 

O grupo inclui ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), como Sebastião Alves dos Reis Júnior, Marco Aurelio Bellizze Oliveira, Antonio Saldanha Palheiro e Ricardo Villas Bôas Cueva, além do vice-presidente do Superior Tribunal Militar (STM), José Coêlho Ferreira. Os desembargadores federais Marcus Abraham e Fábio Uchôa Pinto de Miranda Montenegro também integram a lista. 

Segundo a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, o grupo foi recebido pelo presidente do Parlamento de Israel, Amir Ohana, durante a visita à Casa. A programação inclui encontros com sobreviventes de ataques do grupo palestino Hamas, visitas a comunidades afetadas pelo conflito e uma ida ao Supremo Tribunal de Israel, esta última ocorrendo sob a polêmica reforma judicial do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.

A viagem paga pelas entidades sionistas causou polêmica e gerou duras críticas devido à ausência de visitas à Cisjordânia ou à Faixa de Gaza, não contemplando, assim, a visão palestina sobre o conflito. Em resposta às críticas, a StandWithUs Brasil e a Conib afirmaram que a viagem é de caráter técnico e foi custeada integralmente por ambas as instituições. 

Desde o início da escalada da guerra entre Israel e a Palestina, no dia 7 de outubro do ano passado, mais de 25 mil palestinos foram mortos, em sua maioria mulheres e crianças, e mais de 50 mil feridos devido aos bombardeios feitos pelas forças israelenses. 

Fonte: Brasil 247 com informação da Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo