Apresentadores do programa Oeste sem Filtro. Foto: Reprodução
A Revista Oeste viralizou nas redes sociais neste sábado (20) após afirmar que um vídeo que circula nas redes sociais de um homem se masturbando enquanto conversa com um menor de idade pela internet é o padre Júlio Lancelotti.
A fake news não durou 12 horas. O conteúdo é disseminado por apoiadores da extrema-direita desde 2020 e, de acordo com especialista Mario Alexandre Gazziro, professor adjunto de Engenharia da Informação da Universidade Federal do ABC (UFABC), as imagens foram geradas por meio de inteligência artificial.
Essa não é a primeira vez que a publicação se mete em enrascada por difundir mentiras.
Em seu site, a revista Oeste se resume como “a primeira plataforma de conteúdo 100% comprometida com a defesa do capitalismo e do livre mercado” e entre seus articulistas estão nomes conhecidos da extrema-direita, como: Augusto Nunes, JR Guzzo, Ana Paula Henkel, Adrilles Jorges e Rodrigo Constantino.
É a xepa da Jovem Pan, a última estação da delinquência jornalística. Um dos colunistas, o escritor Flávio Morgenstern, pseudônimo de Flávio Azambuja, foi condenado a pagar a Caetano Veloso uma indenização no valor de R$ 120 mil após acusá-lo de pedófilo com seu guru Olavo de Carvalho.
Constantino, junto com outro calaborador, Guilherme Fiuza, e Paulo Figueiredo, foram banidos das redes sociais no Brasil e no mundo por conta de terem difundido informações falsas sobre a Covid-19 após um pedido da Justiça que tramita em segredo. Na época, os 3 afirmatam que viviam em “Censura”.
Lula fez acusações envolvendo EUA e Lava Jato – Reprodução
Revista Oeste ajudou a propagar fake news sobre Lula
Em agosto do ano passado, a revista Oeste foi uma das responsáveis por disseminar uma situação inverídica sobre a internação de Lula após ter feito uma cirurgia no quadril.
A informação que surgia entra a bolha bolsonarista é que a primeira-dama Janja da Silva cuidaria da presidência enquanto o mandante estivesse ausente de seus compromissos.
De acordo com a agência de checagem Aos Fatos, a fake news começou a circular após a coluna “Lula deve usar andador depois de cirurgia; Janja assume agenda presidencial” da revista Oeste ter sido publicada.
“Usuários nas redes passaram então, a compartilhar o título da Revista Oeste junto da interpretação enganosa de que Janja iria assumir o cargo de presidente”, concluiu a apuração da agência.
Briga na Justiça com agência de checagem
Em 2021, revista Oeste conseguiu na Justiça o direito de não ser mais citada nas apurações de fact-checking de Aos Fatos.
Na época, a agência citou que a publicação publicou notícias falsas em suas ocasiões: Nasa prova que Amazônia não está ‘em chamas’; e São Lourenço zerou mortes e internações por Covid-19 devido a ‘tratamento precoce’.
Dois anos depois, em 2023, o TJ-SP acatou o recurso da agência de voltar a mencionar a Oeste em suas apurações.
“A checagem de notícias se tornou uma importante ferramenta do jornalismo profissional e não pode ser cerceada, a pretexto de contribuir para prejuízos financeiros”, disse o desembargador do TJ-SP, Viviani Nicolau, relator da decisão colegiada que julgou improcedente ação da Revista Oeste que pedia censura e indenização.
Agora é aguardar para ver como a agência vai se comportar em relação a ultima armação da publicação que também é conhecida como Faroeste.
Fonte: DCM