Vendas varejistas tiveram em novembro alta de 0,1% na comparação com o mês anterior, depois de recuo de 0,3% em outubro
(Foto: Agência Brasil)
(Reuters) - O varejo no Brasil voltou a crescer em novembro com ajuda da Black Friday, mas as vendas seguiram a passos lentos e caminham para fechar o ano de 2023 sem dinamismo.
As vendas varejistas tiveram em novembro alta de 0,1% na comparação com o mês anterior, depois de recuo de 0,3% em outubro, ficando em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters.
Os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram ainda que, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, as vendas apresentaram avanço de 2,2%, contra expectativa de alta de 2,1%..
"Dá para dizer que, se não fosse a Black Friday, a taxa do comércio seria negativa", afirmou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
Com isso, o setor está 1,9% abaixo do recorde da série, de novembro de 2020, e 4,5% acima do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020.
“O comércio tem uma trajetória de crescimento em 2023, mas sem avanços significativos mês a mês. O setor apresentou uma volatilidade muito baixa com resultados muito próximos de zero”, destacou Santos.
"Parece que os juros menores não foram para o consumo, foram usados para quitar dívida ou até para que as pessoas poupem mais", completou.
As vendas mensais no varejo brasileiro mantiveram-se perto da estabilidade na maior parte de 2023, ora mostrando resiliência com um mercado de trabalho aquecido, ora sofrendo os efeitos dos juros elevados, que afetam o crédito.
"Esperamos que o resultado (de novembro) seja pontual, mas ainda vemos resiliência no consumo das famílias uma vez que o mercado de trabalho permanece apertado", avaliou em nota Gabriel Couto, economista do Santander Brasil.
O Banco Central já reduziu a taxa básica de juros em 2 pontos percentuais, para o nível atual de 11,75%, e a expectativa é de novo corte de 0,5 ponto percentual na reunião ao final deste mês.
BLACK FRIDAY - Entre as oito atividades pesquisadas, seis apresentaram resultados positivos em novembro. Os principais impactos foram exercidos por Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (18,6%), Móveis e eletrodomésticos (4,5%) e Tecidos, vestuário e calçados (3,0%), resultados favorecidos pelas vendas da Black Friday no final de novembro.
“Além da Black Friday, o fator que mais contribuiu para o desempenho de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, foi a depreciação do dólar ..., ajudando as vendas dos produtos de informática”, explicou Santos.
As outras atividades que tiveram aumento das vendas foram Combustíveis e lubrificantes (1,0%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,0%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,1%).
Santos lembra que Hiper e Supermercados exerce peso de 50% no indicador, mas a atividade teve apenas leve crescimento em novembro depois de cair 1,1% em outubro.
“Hiper e supermercados perderam força e seguraram o comércio", disse o gerente da pesquisa. "Com o aumento no rendimento real e na ocupação, algumas pessoas podem estar direcionando seu dinheiro para o pagamento de dívidas e evitando o consumo”.
Por outro lado registraram perdas as vendas de Livros, jornais, revistas e papelaria (-1,5%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-1,6%).
O comércio varejista ampliado registrou aumento de 1,3% nas vendas em novembro sobre o mês anterior, com altas de 4,0% em Veículos e motos, partes e peças e de 0,4% em Material de construção.
Fonte: Brasil 247 com Reuters