"Assim como foram décadas de invasão para chegar a este ponto, pode levar décadas para restabelecer tudo", afirmou a ministra dos Povos Indígenas
Sônia Guajajara (Foto: Lula Marques/Ag. Brasil)
Em uma transmissão ao vivo realizada nesta terça-feira (16), a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e o secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, apresentaram detalhes sobre as ações em andamento no território Ianomâmi. No entanto, a ministra enfatizou que a crise humanitária na região, causada principalmente pelo garimpo ilegal, não será resolvida em 2024.
"Devido a toda a complexidade, as ações realizadas até agora não foram suficientes para restabelecer tudo que precisa. Esse tempo de um ano é para medir e avaliar. Assim como foram décadas de invasão para chegar a este ponto, pode levar décadas para restabelecer tudo [...] Não se resolverá em toda a sua dimensão em 2024", declarou Sonia, de acordo com o Correio Braziliense.
Ela ressaltou a necessidade de compreender a complexidade da situação, especialmente para aqueles que não conhecem o território. A região enfrenta desafios significativos, como a destruição causada pelo garimpo ilegal, que impacta diretamente no modo de vida dos ianomâmi. "Para os ianomâmi terem seu modo de vida de volta, é preciso retirar os invasores. É preciso que os indígenas tenham como plantar, que os rios sejam despoluídos para que (as comunidades) tenham água para beber", enfatizou Sonia Guajajara.
O governo brasileiro, um ano após decretar emergência sanitária na Terra Indígena Ianomâmi, está elaborando uma nova estratégia para ampliar a assistência humanitária e coibir o garimpo ilegal na região. Com um orçamento de R$ 1,2 bilhão liberado por crédito extraordinário, o plano prevê a transição de medidas emergenciais para a implementação de ações permanentes.
Entre as iniciativas destacadas, está a construção de um novo prédio da Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) em Boa Vista, Roraima. A unidade, em fase de licitação, visa oferecer apoio, acolhimento e assistência aos indígenas, promovendo ações complementares de atenção básica e especializada. Além disso, agentes das Forças Armadas e Polícia Federal atuarão em postos fixos para combater o garimpo ilegal na área.
Outra medida relevante é a criação da "Casa de Governo", destinada a concentrar os órgãos envolvidos nas ações, como Funai, Ministério dos Povos Indígenas, Ministério do Meio Ambiente, Polícia Federal, Abin, Polícia Rodoviária Federal, Ibama e Ministério dos Direitos Humanos. O objetivo é agilizar as tomadas de decisões, proporcionando mais autonomia às ações locais. O plano deve ser finalizado após o carnaval, de acordo com informações do jornal O Globo.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal Correio Braziliense