Walter Delgatti disse que a parlamentar bolsonarista o financiava para cometer irregularidades, como tentar invadir urnas, celulares de ministros do STF e o sistema do TSE
Carla Zambelli e Walter Delgatti (Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados | Reprodução)
O hacker Walter Delgatti Neto entregou a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) em depoimento à Polícia Federal por medo de ser morto numa "queima de arquivo". A informação foi publicada nesta quarta-feira (12) pelo blog do Octavio Guedes. À polícia, Delgatti disse que a parlamentar bolsonarista o financiava para cometer irregularidades, como tentar invadir as urnas eletrônicas, telefones celulares de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O objetivo era desmoralizar a Justiça, o seu sistema de informática e os ministros considerados inimigos do bolsonarismo.
Em conversa com pessoas próximas, o hacker disse ter percebido que a deputada marcava encontros em rodovias, em horários quase de madrugada, e que ele tinha o receio de ser eliminado em uma "queima de arquivo". Preso em 2019 por conta desses acessos, Delgatti foi posto em liberdade, voltou a ser detido em junho, acusado de descumprir medidas judiciais, mas foi solto nesta semana.
A parlamentar afirmou que desconhece e nega os fatos noticiados em relação às declarações de Delgatti. Advogado de Zambelli, Daniel Bialski informou que pedirá acesso aos autos e, depois de analisados, tomará todas as medidas cabíveis.
O hacker foi responsável pela divulgação junto à imprensa de conversas entre o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) com procuradores do Ministério Público Federal (MPF-PR). Segundo as conversas, o parlamentar, ex-juiz da Lava Jato, interferia na elaboração de algumas denúncias, que devem ser feitas por promotores, para, em seguida, o magistrado decidir se condena ou não a pessoa investigada.
Em 2021, ministros do Supremo Tribunal Federal declararam a suspeição de Moro nos processos contra o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No ano seguinte, o senador foi derrotado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) por fraude em domicílio eleitoral e, por consequência, decidiu ser candidato pelo estado do Paraná.
Em maio de 2023, o STF manteve a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que o ex-procurador Deltan Dallagnol a pagar R$ 75 mil a Lula por conta da apresentação do powerpoint em 2016, quando ele acusou o petista sem provas de ter recebido ilegalmente um apartamento empresa OAS.
Também no primeiro semestre, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o mandato de Dallagnol, então deputado federal pelo Podemos-PR. O motivo foi a candidatura dele no ano passado mesmo com processos em análise no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Ao longo de 2023, o empresário Tony Garcia apontou ilegalidades de Moro. Durante entrevista ao 247 de 2 de junho, Garcia disse ter sido instruído na Lava Jato a dar uma entrevista à Veja e fornecer à revista informações que pudessem comprometer a carreira do ex-ministro José Dirceu (PT). O delator afirmou que, a mando de Sergio Moro, gravou de forma ilegal o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) em 2018. Garcia afirmou que Moro transformou "Curitiba na Guantánamo brasileira". O ministro do STF Dias Toffoli iniciou investigação sobre as denúncias contra o parlamentar.
Fonte: Brasil 247 com informação do blog do Otavio Guedes