Jair Bolsonaro em reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio do Planalto, em julho do ano passado – Foto: Reprodução
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se tornou inelegível nesta sexta (30), após julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o condenou por abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação em reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, em julho de 2022.
Na ocasião, o ex-mandatário atacou, sem provas, o sistema de votação brasileiro, as urnas eletrônicas e levantou suspeitas sobre o processo eleitoral. Vale destacar que o processo tem como base uma ação movida pelo PDT, que viu irregularidades na reunião e afirmou que o ex-chefe do Executivo usou o evento para fazer campanha.
Durante a reunião, o então presidente disse que o sistema eleitoral é “inauditável”. Ele destaca um relatório feito pelo PSDB, divulgado em 2015, que afirma não ser possível auditar o sistema de votação de forma externa e independente. O mesmo documento, no entanto, destaca que não foram encontrados indícios de fraude nas eleições de 2014.
“No Brasil não tem como acompanhar a apuração. Eu não sei o que vêm fazer observadores de fora aqui. Vão fazer o quê? Vão observar o quê? Se o sistema é falho, segundo o próprio TSE, é inauditável também, segundo uma auditoria externa pedida por um partido político, no caso o PSDB, em 2014″, afirmou.
Jair Bolsonaro em reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio do Planalto, em julho do ano passado – Foto: Clauber Cleber Caetano
Ele também mencionou vídeos onde supostamente era computado votos dele para outro candidato, na ocasião, Fernando Haddad, do PT. No entanto, as imagens são falsas e já foram desmentidas pela Justiça Eleitoral. “Temos quase cem vídeos de pessoas reclamando que foram votar em mim e, na verdade, o voto foi para outra pessoa. Nenhum vídeo de alguém que foi votar no outro candidato e porventura apareceu meu nome”, disse.
Bolsonaro sugeriu ainda que houve fraude nas eleições de 2018: “Em setembro de 2021, o ministro Barroso, por portaria, resolve convidar algumas instituições, entre elas as Forças Armadas, a participarem de uma comissão de transparência eleitoral. As Forças Armadas não se meteram nesse processo, foram convidadas. (…) E, como foram convidadas, começaram a trabalhar para apresentar soluções e sugestões para que o ocorrido nas eleições de 2018 não voltasse a ocorrer novamente”, apontou.
O ex-capitão também comentou sobre suposta invasão hacker ocorrida em 2018, sofrida pelo TSE. Segundo ele, o episódio poderia afetar o resultado das eleições daquele ano. O TSE, entretanto, afirmou que a informação é falsa.
“Os hackers ficaram por oito meses dentro dos computadores do TSE, com códigos-fontes, com senhas e muito à vontade dentro do Tribunal Superior Eleitoral. E diz ao longo do inquérito que eles poderiam alterar nomes de candidatos, tirar votos de um e transferir para outro. Ou seja, um sistema, segundo documentos do próprio TSE e conclusão da Polícia Federal, um processo aberto a muitas maneiras de se alterar o processo de votação”, disse o ex-presidente.
Bolsonaro também ressaltou que prezava “apenas por eleições limpas e transparentes”. Ele disse ainda que apenas dois países no mundo, além do Brasil, utilizam as urnas eletrônicas em processos eleitorais, o que também não é verdade. De acordo com o Instituto para Democracia e Assistência Eleitoral Internacional (Idea), o voto eletrônico é adotado por pelo menos 46 nações.
“Nós temos um sistema eleitoral que apenas dois países no mundo usam. No passado alguns países tentaram usar, começaram a usar esse sistema e rapidamente foi abandonado. Repito: o que nós queremos são eleições limpas, transparentes, onde o eleito realmente reflita a vontade da sua população”, afirmou Bolsonaro.
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