Colunista do Uol destaca o temor de Bolsonaro em relação à prisão e a estratégia de vitimização diante da possibilidade de condenação
O colunista do Uol Leonardo Sakamoto, traz à tona o dilema enfrentado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, destacando que, segundo ele, “Bolsonaro não gosta da ideia de ser proibido de disputar eleições por oito anos, mas tem um profundo pavor de ir para o xilindró”. Sakamoto ressalta que Bolsonaro tem se mostrado extremamente preocupado com a possibilidade de condenação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devido à realização de uma manifestação golpista no Palácio do Alvorada, na qual divulgou informações falsas sobre a urna eletrônica para embaixadores estrangeiros, utilizando recursos públicos.
Sakamoto enfatiza que as investigações conduzidas pela Polícia Federal no inquérito sobre a tentativa de golpe ocorrida em 8 de janeiro, sob a responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes, têm se aproximado cada vez mais do ex-presidente. A cada semana, novas revelações surgem, envolvendo assessores próximos e aliados ilustres na concepção de um plano para sabotar o governo de Lula.
O colunista utiliza uma terminologia militar para ilustrar a situação, mencionando que Bolsonaro, ao longo de seu mandato, fez "aproximações sucessivas" contra a democracia, e agora vê a Polícia Federal e Moraes realizando "aproximações sucessivas" em relação aos seus planos. Ele destaca a recente revelação do roteiro golpista encontrado no celular de Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente. Sakamoto também critica a tentativa do bolsonarismo-raiz de afirmar que Bolsonaro teria impedido um golpe ao não atender aos pedidos, enquanto ignora seu próprio envolvimento ao longo dos anos.
Sakamoto ressalta que Bolsonaro, de fato, foi corresponsável por ações que visavam minar a democracia, como os bloqueios da Polícia Rodoviária Federal para impedir eleitores de Lula no segundo turno, a disseminação de acampamentos golpistas, o questionamento do sistema de votação com o uso das Forças Armadas e o episódio de 8 de janeiro. Ele destaca que a ausência de tanques nas ruas durante seu mandato se deveu apenas à falta de apoio da maioria do Alto Comando do Exército.
O colunista pontua que a percepção de que o cerco está se fechando tem causado grande desconforto em Bolsonaro, que nunca escondeu seu medo. Ele relembra as declarações do presidente ao Wall Street Journal, onde afirmou que "uma ordem de prisão pode vir do nada" ao retornar ao Brasil de seu autoexílio. Sakamoto destaca ainda as comparações feitas por Bolsonaro com a ex-presidente da Bolívia, Jeanine Añez, condenada por um golpe de Estado, relacionando essa situação com uma possível ameaça para si mesmo.
De acordo com o colunista, Bolsonaro provavelmente iniciará uma estratégia de "Caravana da Vitimização" caso seja condenado, o que vai ao encontro de sua postura ao longo de sua carreira política. Sakamoto destaca que o impacto político da inelegibilidade de Bolsonaro dependerá do humor do país, que está mais relacionado ao crescimento econômico promovido pelo atual presidente do que ao choramingo de Bolsonaro por sua condenação pela Justiça Eleitoral.
Sakamoto lembra que o ex-presidente Lula ficou preso por 580 dias na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, lutando para provar sua inocência, e não optou por fugir mesmo diante de convites de governos amigos. Ele questiona se Bolsonaro enfrentará o mesmo calvário de cabeça erguida ou se o medo o levará a buscar exílio antes disso acontecer.
Fonte: Brasil 247 com informações da coluna do jornalista Leonardo Sakamoto no UOL