segunda-feira, 29 de maio de 2023

Rogério Correia pede depoimento de Bolsonaro à CPMI dos atos golpistas: 'é o principal suspeito'

 "É fundamental essa análise da participação do ex-presidente como autor intelectual ou mandante do processo golpista no Brasil", disse o deputado federal Rogério Correia

Rogério Correia, Bolsonaro e golpistas invadindo Brasília em 8 de janeiro (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados | REUTERS/Carla Carniel | Joédson Alves/Agencia Brasil)

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) anunciou em entrevista ao UOL News que solicitou a convocação do ex-presidente Jair Bolsonaro para prestar depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que irá investigar os atos golpistas que culminaram nos atentados do dia 8 de janeiro, quando militantes bolsonaristas e de extrema direita invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes, em Brasília. Para o parlamentar, o ex-mandatário é o “principal suspeito” de estar por trás dos atos golpistas. 

“Foi solicitado pela PGR que o nome de Bolsonaro fosse incluído no inquérito das autorias intelectuais. Ele já é investigado no STF, na PGR e na Polícia Federal. Bolsonaro é o principal suspeito, neste caso. É fundamental essa análise da participação do ex-presidente como autor intelectual ou mandante do processo golpista no Brasil”, disse Correia. 

"Há uma dúvida se o ex-presidente pode ser convocado ou não. Optamos pelo convite para não gerar dúvidas e dar opção aos bolsonaristas de tentar rejeitar o requerimento por alguma questão jurídica. O convite, sendo aprovado, tem certa força de convocação. Se ele se negar, faremos a convocação, tendo viabilidade jurídica", acrescentou o parlamentar.

A CPMI foi instalada na semana  passada e já conta com mais de 400 requerimentos  de convocação e convites para ouvir depoentes, além de quebras de  de sigilo, incluindo acesso a dados bancários, fiscais, telefônicos e telemáticos, que abrangem informações contidas em dispositivos eletrônicos, como celulares, e acesso a documentos oficiais.

Fonte: Brasil 247 com UOL News

Gleisi cobra punição de Bolsonaro e Pedro Guimarães por rombo na Caixa

 A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, usou suas redes para repercutir o rombo encontrado nas contas do banco Caixa Econômica Federal

Gleisi Hoffmann, Pedro Guimarães e Jair Bolsonaro (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados | Isac Nóbrega/PR)

A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, usou suas redes para repercutir o rombo encontrado nas contas do banco Caixa Econômica Federal após Jair Bolsonaro usar verbas bilionárias da estatal para lançar linhas de crédito, justamente no período eleitoral. 

“Que Bolsonaro usou a máquina pública a torto e a direito pra tentar ganhar a eleição, a gente já sabe. E deixou calote bilionário na Caixa com linhas de crédito e consignado do Auxílio Brasil e queimou reservas do banco. Os responsáveis são Pedro Guimarães e Bolsonaro. Quem sejam punidos. Por muito menos, usaram contra Dilma para sustentar um impeachment golpista”, diz ela. 



Fonte: Brasil 247

Com apoio de Damares, governo Bolsonaro pagou missionários religiosos em terra ianomâmi

 Funai privilegiou projeto para enfrentar suposta prática de ‘infanticídio indígena’ quando crise humanitária se agravava

Jair Bolsonaro e a ministra dos Direitos Humanos no Brasil, Damares Alves (Foto: Wilson Dias - Agência Brasil)

Por Anna Beatriz Anjos e Mariama Correia, Agência Pública - Enquanto a crise humanitária na Terra Indígena Yanomami se aprofundava sem a devida assistência do Estado, o governo Jair Bolsonaro destinou R$ 215,8 mil a uma iniciativa desenvolvida no território para enfrentar uma suposta prática de “infanticídio indígena”. As informações foram obtidas pela Agência Pública via Lei de Acesso à Informação (LAI). Essa é uma pauta ligada a organizações evangélicas que contribui para disseminar o racismo em relação aos povos indígenas, conforme denunciam lideranças e especialistas.

O valor foi direcionado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) ao projeto Ulu, de acolhimento a crianças Yanomami que teriam sido rejeitadas por suas comunidades, realizado por missionários indígenas e não indígenas em uma aldeia Sanumá – um dos grupos Yanomami – na região de Auaris, perto da fronteira com a Venezuela.

Embora o dinheiro tenha sido cedido pela Funai, foi o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (MMFDH), comandado de janeiro de 2019 a abril de 2022 pela hoje senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que atuou para viabilizar o apoio à iniciativa, segundo informações enviadas à reportagem pela atual gestão da pasta, que voltou a se chamar Ministério dos Direitos Humanos (MDH). Damares deixou o cargo para concorrer às eleições.

Enquanto agiu para favorecer o projeto ligado a missionários, o ministério de Damares se eximiu de suas responsabilidades no enfrentamento à crise humanitária entre os Yanomami, de acordo com relatório publicado pelo MDH no fim de janeiro. O documento aponta que, ao receber pedidos e recomendações de entidades como a Organização das Nações Unidas (ONU), Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e Ministério Público Federal sobre a situação, o MMFDH redirecionou casos de sua competência a outros órgãos ou simplesmente os arquivou. Por outro lado, quando o tema era “combate ao infanticídio” entre os Yanomami, diz o texto, a atenção era outra e o tema aparecia de modo “recorrente nas justificativas de viagem”.

Em 20 de janeiro, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou emergência em saúde pública devido ao cenário de desassistência à população Yanomami, agravado pela invasão de cerca de 20 mil garimpeiros ilegais no território, segundo entidades indígenas. Desde então, têm surgido indícios de que a gestão Bolsonaro não agiu de maneira adequada para enfrentar a situação, embora tenha sido alertada sobre o assunto em diversas ocasiões. 

Novos documentos analisados pela Pública revelam que a Funai também não tomou as medidas necessárias ao receber solicitações de intervenção em relação à crise Yanomami entre 2018 – último ano do governo Michel Temer – e 2022. Durante esses cinco anos, quando questionado, o órgão respondeu que sua atuação estava limitada por fatores como baixo orçamento e falta de pessoal e promoveu apenas ações pontuais que não atacaram as raízes do garimpo ilegal na terra indígena. 

O médico Paulo Cesar Basta, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que trabalha com saúde nas comunidades Yanomami há 20 anos, destaca que as altas taxas de mortalidade infantil observadas no território não estão ligadas à prática de infanticídio, mas são decorrentes, sobretudo, de doenças evitáveis, como desnutrição, diarreia, malária e pneumonia. 

Novos documentos analisados pela Pública revelam que a Funai também não tomou as medidas necessárias ao receber solicitações de intervenção em relação à crise Yanomami entre 2018 – último ano do governo Michel Temer – e 2022. Durante esses cinco anos, quando questionado, o órgão respondeu que sua atuação estava limitada por fatores como baixo orçamento e falta de pessoal e promoveu apenas ações pontuais que não atacaram as raízes do garimpo ilegal na terra indígena. 

O médico Paulo Cesar Basta, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que trabalha com saúde nas comunidades Yanomami há 20 anos, destaca que as altas taxas de mortalidade infantil observadas no território não estão ligadas à prática de infanticídio, mas são decorrentes, sobretudo, de doenças evitáveis, como desnutrição, diarreia, malária e pneumonia. 

Por LAI, a Funai comunicou que o valor foi executado, mas que a casa de acolhimento não chegou a ser construída. Os recursos foram disponibilizados pela sede em Brasília à Coordenação Regional de Roraima para a compra de ferramentas, material de construção e elétrico, combustível, pagamento de diárias de servidores e colaboradores e locação de aeronaves para transporte de pessoal à aldeia Olomai, onde a casa seria construída, acessível apenas por avião. A reportagem perguntou à Funai e à Ypassali Associação Sanumá por que as obras não foram realizadas e qual destino foi dado ao dinheiro, mas não recebeu resposta até o fechamento deste texto.

Pastora evangélica, Damares elegeu o combate ao “infanticídio indígena” como uma de suas bandeiras, junto do ativismo antiaborto. Ela trabalha pelo avanço do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 119/2015, em trâmite no Senado, que propõe alterar o Estatuto do Índio a fim de aumentar a atuação de órgãos do Estado contra o suposto infanticídio em comunidades indígenas, entre outros pontos. A matéria, apoiada pela Frente Parlamentar Evangélica, havia sido arquivada ao fim da última legislatura, mas a senadora solicitou seu desarquivamento logo que tomou posse. O pedido foi atendido no fim de março, e o PLC voltou a tramitar na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Casa – a próxima etapa é a designação de um relator.

O retorno do projeto à pauta do Senado soou um alerta entre entidades indígenas e pesquisadores. Para eles, além de difundir o preconceito em relação aos povos originários, o projeto pode facilitar a atuação de missionários evangélicos nas comunidades. Maurício Terena, coordenador jurídico da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), classificou o desarquivamento do PLC como “extremamente equivocado”. Ele diz que a bandeira do combate ao “infanticídio indígena” contribui “cada vez mais para que os povos indígenas sofram com racismo e também com a rejeição da sociedade, porque alimenta estereótipos que foram construídos durante a constituição territorial do país”. Para Terena, “olhar para a causa indígena sob uma perspectiva cristã é perpetuar a violência colonial que aconteceu contra os povos indígenas”.

No início de março, Damares se candidatou a uma das vagas da comissão temporária do Senado que acompanha a crise Yanomami, mas ficou de fora. Mesmo assim, ela tem acompanhado as audiências públicas e encontros do colegiado. Em fevereiro, o PSOL protocolou uma representação contra ela no Conselho de Ética do Senado pedindo sua cassação por suposta relação com a crise humanitária no território indígena. O documento diz que, enquanto ministra, Damares teria utilizado a máquina pública para promover uma política “etnocida e racista” contra os povos originários, sobretudo os Yanomami. Ela nega.

Articulação do lobby missionário - Um levantamento realizado pela atual gestão do MDH em documentos internos indica que, em setembro de 2019, Mateus Sanumá, presidente da Ypassali Associação Sanumá, enviou uma carta diretamente a Damares solicitando recursos e ajuda na construção de uma “casa de proteção” do projeto Ulu. A partir daí, o MMFDH realizou uma série de reuniões com outros órgãos sobre o assunto e mandou pedidos à própria Funai e à Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde para que dessem suporte à iniciativa, o que efetivamente aconteceu por meio da Funai apenas quando o governo Bolsonaro estava prestes a terminar.

Os documentos obtidos pela reportagem mostram que a ideia do ministério de Damares era tornar o Ulu “um projeto piloto” a ser replicado em outros territórios. Uma análise da própria Funai em novembro do ano passado, entretanto, recomendou que alguns pontos do projeto fossem revistos. A nova administração do órgão informou à reportagem que fará uma reavaliação da questão junto aos Sanumá de Olomai “sem que haja interferência de qualquer entidade religiosa”. Comunicou ainda: “o Estado é laico e uma de nossas prerrogativas constitucionais é o respeito às organizações próprias dos povos indígenas, de seus costumes e tradições”.

Em dezembro de 2022, no apagar das luzes do governo Bolsonaro, a Ypassali foi agraciada pelo MMFDH com a Ordem do Mérito Princesa Isabel, entregue a 120 pessoas e organizações “que se destacaram no atendimento e na assistência aos públicos-alvo do MMFDH, em âmbitos nacional ou internacional”, segundo a pasta. Também receberam a honraria o ex-presidente Jair Bolsonaro, a própria Damares, igrejas evangélicas e parlamentares bolsonaristas.

Embora a Ypassali seja formalmente presidida, segundo a Receita Federal, pelo indígena Mateus Sanumá, quem recebeu a homenagem foi o missionário Ademir Santos Silva, ligado à organização evangélica Jovens com Uma Missão (Jocum) e à Missão Evangélica da Amazônia (Meva). Nos documentos analisados pela Pública, Silva é descrito como o “interlocutor” entre o governo e os indígenas responsáveis pelo projeto Ulu. Natural da Bahia, ele trabalha com os Sanumá desde a década de 1990, quando foi levado pela Jocum às comunidades. Conhecido pelo nome indígena “Mimica”, é fluente no idioma tradicional Sanumá e atua como tradutor dos indígenas, como Renato Sanumá, liderança evangélica que coordena o projeto Ulu.

Damares tem relação próxima com a Jocum: junto a dois de seus missionários, o casal Edson e Marcia Suzuki, fundou a ONG Atini, cujo objetivo principal é “erradicar o infanticídio indígena” no Brasil. A Atini descreve o “infanticídio indígena” como as supostas mortes de “centenas de crianças” todos os anos em aldeias do país por terem nascido de relações extra-conjugais, com deficiência física ou mental ou por serem gêmeas, entre outros fatores. A organização diz também que crianças com essas características são abandonadas por suas comunidades. Não há, entretanto, dados que corroborem essas afirmações.

A atuação missionária e a causa aproximaram Damares e Ademir Santos Silva. Em 10 de outubro do ano passado, ele chegou a ser citado pela ex-ministra em um evento de campanha de Jair Bolsonaro em Boa Vista (RR), quando o ex-presidente disputava o segundo turno das eleições com Lula. “Há 15 anos, o Mimica falou para o mundo que em algumas comunidades, as crianças indígenas com deficiência não são bem aceitas. Sofreu junto comigo, mas agora tá trabalhando comigo, porque tem um presidente da República que protege crianças com deficiência”, disse a então recém eleita senadora, segundo reportagem do jornal local Folha BV. 

A Pública perguntou a Damares e Silva se eles mantêm relação de amizade. Silva não respondeu aos questionamentos enviados. Já a senadora, em mensagens de áudio, disse que sabia que a Ypassali trabalhava “cuidando de crianças em situação de vulnerabilidade”. De acordo com ela, “crianças Yanomami órfãs, crianças Yanomami com deficiência, com doenças crônicas ou com doenças raras”. 

Damares afirmou ainda que conheceu o trabalho de Ademir Santos Silva, o Mimica, “há muitos anos” e disse ser sua “apoiadora”. “Vou fazer o que eu puder fazer pra apoiar Mimica, Mateus, todos que trabalham com crianças Yanomami em situação de vulnerabilidade”, declarou. A senadora negou omissões do ministério, quando estava sob o seu comando, em relação à crise Yanomami, ou que tenha favorecido o projeto Ulu em detrimento de outras iniciativas. “Apoiar uma iniciativa dessa não quer dizer que está deixando as outras para trás”, afirmou. 

“Quero dizer que não só apoiamos uma iniciativa que protege a vida de crianças [como] todas as iniciativas que protegem a vida de crianças que foram apresentadas ao ministério. Todas as crianças, de todos os povos, criança cigana, criança quilombola, criança indígena, criança ribeirinha, as iniciativas que salvavam vidas de crianças, no que estava dentro da atribuição do MMFDH, foram apoiadas”, complementou a senadora. Leia aqui a íntegra das respostas de Damares Alves.

Alegação sobre “infanticídio indígena” não tem comprovação - Em várias ocasiões nos últimos anos, Damares fez falas públicas sobre a suposta prática de infanticídio em aldeias indígenas. Em entrevista concedida em 2019, seu primeiro ano à frente do ministério, disse que “mais de 1.500 crianças são assassinadas por ano nas aldeias do Brasil”. Questionada pela Pública sobre a fonte do número, ela alegou que se tratava apenas de “uma estimativa”. 

“Quando começamos a falar sobre o sacrifício de crianças por motivações culturais, lá nos anos 2000, e quando comecei a falar dentro do Congresso Nacional, pessoas que trabalhavam com o tema trouxeram para nós que é impossível a gente dizer com precisão quantas crianças são vítimas do sacrifício”, admitiu, em resposta às perguntas da reportagem. 

O número, porém, não está amparado na realidade. Segundo pesquisadores em saúde indígenas ouvidos pela reportagem, não há registros oficiais atualizados disponíveis de quantas crianças indígenas seriam vítimas de infanticídio anualmente no Brasil. O Código Penal, que criminaliza a prática na sociedade como um todo – não apenas entre os povos originários –, a define como “matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após”.

Uma reportagem da Revista Época de janeiro de 2019 cita duas notas técnicas sobre o tema produzidas pela Sesai. A última, de 2016, indicava que os casos de neonaticídio – termo que o documento utilizou em substituição a “infanticídio”, de acordo com a revista – entre os povos indígenas brasileiros foram de 42 em 2014 e de 41 em 2015, muito abaixo das 1.500 mencionadas pela ex-ministra. A Pública pediu à Sesai acesso aos levantamentos, que não são públicos, mas o órgão informou, por meio de sua assessoria de imprensa, não ter conseguido localizá-los. 

Apesar disso, a secretaria afirmou à reportagem que “as alegações da senadora Damares Alves não se sustentam quando observados os dados do Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (Siasi)”. Segundo o órgão, crianças indígenas menores de um ano morrem no país principalmente devido a “doenças do sistema respiratório; doenças do período perinatal (entre 22 semanas completas de gestação e uma semana de nascimento); infecções e parasitismos e problemas nutricionais e metabólicos”, chamadas causas evitáveis [Leia aqui a nota na íntegra].

De acordo com a Sesai, entre 2018 e 2022, 3.792 crianças indígenas morreram dessas causas, em razão do baixo acesso à assistência em saúde básica. No mesmo período, ocorreram 207 óbitos por agressão em crianças indígenas menores de um ano. Esses dados, no entanto, “não podem ser usados para basear qualquer suposição como a levantada pela senadora”, conforme a secretaria, por não indicarem “a identidade do agressor”. “Os números incluem crianças mortas por diversas violências, como ataques de garimpeiros, por exemplo”, comunicou.

Tampouco existem dados específicos sobre a Terra Indígena Yanomami que possam justificar a necessidade de uma ação no território para combater o suposto problema. Segundo o médico Paulo Cesar Basta, da Fiocruz, o infanticídio ocorre entre os indígenas, mas “não se pode afirmar que é uma prática corrente, nem que acontece com frequência”, como pregam Damares e as organizações missionárias. 

“Não dá para associar as mortes de crianças com uma possível prática de infanticídio por má formação congênita, porque crianças com má formação congênita, entre os nascidos vivos, são uma ocorrência baixíssima nos dados dos nascidos vívos em nível nacional”, explica.

Junior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY) e uma das lideranças mais atuantes na denúncia e combate à crise de saúde no território, reforça que “desnutrição, malária, falta de assistência de saúde são as principais causas de morte de crianças” entre seu povo. Para ele, crianças e mulheres indígenas foram abandonadas pelo Estado brasileiro nos últimos anos: “[o governo] Bolsonaro tinha conhecimento total dos problemas do território. Garimpeiros violentando mulheres, malária, outros problemas. Ainda estamos bebendo água contaminada pelo garimpo”.

Basta pontua também que as ocorrências de infanticídio entre os Yanomami podem ter ligação com violência sexual. “Lá, no meio da floresta, o Estado está ausente. Não garante direitos humanos. Lá, no meio da floresta, não tem como a mulher ter acesso ao aborto legal.” 

“Inspiração” para o Ulu, Atini é alvo de processos e investigações - Desde sua fundação em 2006, a Atini direciona todos os seus esforços a combater o “infanticídio indígena”, que atribui a questões tradicionais dos povos originários e descreve como uma “prática cultural nociva”. Mas essa associação é duramente contestada por estudiosos do tema, segundo os quais serve para criminalizar as comunidades indígenas. 

“O debate coloca [o infanticídio] como se fosse uma prática exclusiva de povos indígenas, como se não acontecesse todos os dias na sociedades não indígenas também. A partir do momento em que se qualifica como sendo uma prática tradicional, cultural, que é imposta pelo coletivo, promove-se uma estigmatização”, aponta a antropóloga Ana Carolina Saviolo Moreira, que estudou a construção política da pauta do “infanticídio indígena” em sua dissertação de mestrado, defendida na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em 2022. 

Ela explica ainda que essa definição “homogeneiza” os povos originários. “Temos mais de 300 povos indígenas no Brasil com diferentes línguas, padrões de cultura e de organização social, mas o debate sobre ‘infanticídio indígena’ coloca [a questão] de forma blocada e homogênea, como se fizesse parte [de toda a] cultura indígena. Isso não ajuda em nenhuma medida, porque as pessoas são leigas, não conhecem essa imensa diversidade”, frisa.

A Atini também tem sido protagonista na discussão do PLC 119/2015 no Congresso Nacional, apresentado em 2007 pelo então deputado federal Henrique Afonso, à época do PT do Acre (na Câmara dos Deputados, a matéria tramitou como PL 1057/2007), e apoiado por parlamentares evangélicos. Representantes da ONG participaram de boa parte das audiências públicas sobre o projeto, que foi debatido por oito anos e aprovado em 2015 na Câmara. 

Naquela Casa, o projeto recebeu o apelido de “Lei Muwaji”, nome de uma indígena do povo Suruwahá do Amazonas que teria procurado missionários evangélicos para impedir que a filha nascida com paralisia cerebral fosse sentenciada à morte. O PLC chegou a figurar em uma lista de 35 matérias que o ex-presidente Jair Bolsonaro colocou como prioridade de seu governo no Congresso Nacional em 2021, mas acabou arquivado ao fim da última legislatura e voltou agora à pauta do Senado a pedido de Damares.

Especialistas contestam a utilidade da uma lei com foco em casos de infanticídio cometidos por povos indígenas. “O Código Penal Brasileiro, em seu Art. 123, tipifica e emite sanção (de dois a seis anos de detenção) para o crime de infanticídio – o que contempla toda e qualquer cidadã, indígena ou não, já que a tipificação do crime, no caso brasileiro, incide apenas sobre as mulheres – pois é considerado como efeito do estado puerperal do pós-parto. Qual a necessidade de criar uma especificação para o ‘infanticídio indígena’?”, questionou a antropóloga Marianna Holanda, professora da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora de Bioética e Direitos Humanos, em artigo publicado em 2018 sobre o tema.

Para Ana Carolina Saviolo Moreira, a mobilização da bancada evangélica em torno do PLC carrega outros significados. “A gente entende que foi uma espécie de sequestro da pauta para mobilizar outros tipos de interesse. Quando os parlamentares evangélicos falam: ‘tem indígena matando criança dentro das terras’, [subentende-se que] não se pode então demarcar terras para essas pessoas, porque elas estariam fazendo coisas que são contrárias aos direitos humanos e à nossa Constituição Federal”, indica.

Além disso, a Atini elaborou cartilhas e lançou produções audiovisuais sobre o tema. Um dos vídeos colocou a entidade como alvo de investigações do Ministério Público Federal (MPF) em Rondônia e no Distritro Federal: a ONG mostra supostas cenas de prática de infanticídio em uma comunidade Suruwahá. De acordo com o MPF de Rondônia, o filme produzido pela Jocum usou encenações de crianças e adultos do povo Karitiana para contar uma história falsa como se fosse verdadeira. 

Em Ação Civil Pública, o MPF de Rondônia pediu indenização por danos morais e coletivos ao povo Karitiana e disse que o material “incita ódio contra indígenas”. A ação ressaltou ainda que o “infanticídio indígena” não é realizado pelos Karitiana e que “são raros os registros de povos indígenas na Amazônia que adotam tal prática”.

A experiência da Atini foi a inspiração para o projeto Ulu, disse Renato Sanumá, a liderança evangélica à frente do projeto, durante uma pregação na igreja Batista da Mooca, em São Paulo, em junho de 2021, ao lado de Ademir Santos Silva. “Não somente esse projeto nasceu no meu coração. Foi algo que aconteceu com a Márcia e com o Suzuki há muito tempo atrás, quando eles deram um primeiro pontapé para um projeto como esse. Eu vi que eles salvaram uma criança pequena e eles trabalharam muito, lutaram muito por aquela criança. Assim como Suzuki fez, também tenho seguido os passos de Deus, levando o exemplo desses missionários”, declarou. A Atini explicitou essa ligação em um post no Facebook em junho de 2021, em que afirma que o “pastor Renato Sanumá”, ao assistir “ao filme da Atini”, “se investiu de coragem e propagou esta voz e esta força nas matas Yanomamis”.

Ministério de Damares articulou com Sesai e Funai apoio para projeto - Dias após a carta de Mateus Sanumá chegar a Damares em setembro de 2019, o pedido da Ypassali Associação Sanumá foi encaminhado por “ordem da ministra” para “conhecimento e providências urgentes” a Sandra Terena, então secretária Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do MMFDH. Também ligada à Atini, Terena dirigiu um dos filmes produzidos pela organização sobre o “infanticício indígena”. Entre os roteiristas estão ela e seu marido, o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, que pediu asilo no Paraguai para evitar a prisão, determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes sob alegação de participação e incitação de atos antidemocráticos. ​

Começaram aí as tentativas de articulação do ministério com Funai, Sesai e outros órgãos para viabilizar recursos para a construção da casa de acolhimento do projeto Ulu, conforme mostram documentos enviados à reportagem pela atual gestão da pasta e pela Funai, via Lei de Acesso à Informação. Foram pouco mais de três anos até que a Funai efetivamente disponibilizasse os valores. 

Uma nota técnica publicada no sistema interno da Funai, em 2022, à qual a reportagem teve acesso, informa que a casa acolheria “22 crianças Sanumás na faixa etária de 0 a 6 anos em situação de risco extremo na aldeia de Olomai; sendo 4 crianças com limitações físicas e 4 com dificuldade locomotora”. Um dos objetivos do Ulu, segundo a nota, seria “promover atendimento e acompanhamento multiprofissional de saúde a crianças e adolescentes Sanumás portadoras de deficiência física e deficiência neurológica”.

Dentro da própria Funai, porém, houve resistência ao projeto. Uma análise produzida em novembro de 2022 por servidoras da Coordenação de Acompanhamento de Saúde Indígena (Coasi) da Funai, então subordinada ao comando de Dias, aponta que é atribuição da Sesai e do Sistema Único de Saúde (SUS), e não da autarquia, executar atividades de atenção à saúde indígena ou contratar equipes para essa finalidade, e recomendam que o órgão “atue no estrito escopo de suas atribuições”. 

O texto afirma também que não há estatísticas demonstrando maior incidência de casos de infanticídio, homicídio ou maus tratos entre os povos indígenas do que na sociedade no geral e que o projeto Ulu poderia “reforçar a associação dos Yanomami a denúncias de práticas de infanticídio”. Sugere ainda que a Funai tente compreender as noções de “deficiência” e “abandono parental” sob a perspectiva tradicional dos Yanomami, diferente dos conceitos dos não-indígenas.

As ressalvas feitas pelas servidoras da Coasi, porém, não chegaram a tempo. Algumas semanas antes haviam sido assinados dois pedidos de liberação de verba à Coordenação Regional de Roraima para a construção da casa de apoio do projeto Ulu. 

Fonte: Brasil 247 com Agência Pública

Jovem é agredida e atropelada após ser barrada em boate e deixada na rua por seguranças (vídeo)

 Imagens de câmera de monitoramento revelam desfecho trágico de conflito entre vítima e equipe de segurança da casa noturna Moonlight, de Cascavel (PR)

(Foto: Reprodução/G1)

A jovem Daiane de Jesus Oliveira foi vítima de uma sequência de eventos chocantes na cidade de Cascavel, após ser impedida de entrar na boate Moonlight. Imagens capturadas por uma câmera de monitoramento revelam que a jovem foi agredida, deixada deitada na rua e, posteriormente, atropelada, informa o g1. O trágico incidente foi registrado em vídeo, que ganhou grande repercussão. A empresa responsável pela casa noturna afastou os seguranças envolvidos e se pronunciou lamentando o ocorrido, comprometendo-se a tomar medidas necessárias para evitar situações semelhantes no futuro.

Segundo informações da Polícia Militar (PM), a jovem encontrava-se alcoolizada e tentava ingressar na boate seminua. Ao ser barrada, ela foi vítima de agressões por parte dos seguranças e, em seguida, ocorreu o fatídico acidente. A Polícia Civil do Paraná (PC-PR) está investigando o caso e, até o momento, não foram divulgadas as identidades das pessoas envolvidas na briga.

As imagens das câmeras de segurança mostram o início da briga por volta das 4h32 da manhã. Um homem, portando uma lanterna, parece repreender a jovem na calçada. Segundo a PM-PR, o desentendimento teria ocorrido porque a vítima tentou entrar na casa noturna com uma vestimenta incompleta. Às 4h33, o homem chuta o que aparenta ser uma lata de bebida. A jovem reage e entra em confronto físico com o homem, sofrendo pelo menos dois chutes e um empurrão.

Conforme a confusão se intensifica, duas pessoas saem de um estabelecimento próximo, porém, inicialmente, apenas observam, sem intervir fisicamente. Às 4h33, a jovem corre em direção a um objeto na rua, sendo segurada brevemente por outro homem. Em seguida, o primeiro homem envolvido na briga a empurra novamente, fazendo com que ela caia e fique deitada na rua. Poucos segundos depois, um grupo de cinco pessoas sai do mesmo estabelecimento e observa a jovem imóvel no asfalto. Ao notarem a aproximação de um carro, fazem sinal com as mãos indicando que há alguém no chão. No entanto, o veículo não para e atropela a vítima.

De acordo com a PM, equipes do Siate foram chamadas ao local e constataram o óbito da jovem. O motorista responsável pelo atropelamento fugiu sem prestar socorro e, até o momento da publicação desta matéria, não havia sido localizado pelas autoridades.

A empresa Moonlight emitiu uma nota lamentando a morte e informando que afastou os seguranças envolvidos, além de afirmar que colaborará plenamente com as investigações em curso. 


Gastos de Bolsonaro com equipe e segurança são os maiores entre todos os ex-presidentes

 Gastos também são um novo recorde para o período, se comparados aos dados de janeiro a março dos dois anos anteriores

Jair Bolsonaro (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

O montante gasto por Jair Bolsonaro (PL) com segurança e equipe durante este ano ultrapassa o registrado por outros ex-presidentes da República. De acordo com os dados mais recentes da Secretaria-Geral da Presidência da República, entre janeiro e março, Bolsonaro e sua equipe custaram R$ 902,6 mil aos cofres públicos.

Segundo o UOL, o elevado custo ligado ao ex-mandatário está principalmente relacionado à sua viagem aos Estados Unidos, ocorrida de 30 de dezembro a 30 de março. Somente em diárias, foram pagos R$ 638,2 mil; além de R$ 92,9 mil em passagens e R$ 8,8 mil em seguros. Outros R$ 162,6 mil foram destinados ao pagamento dos cargos comissionados que o acompanharam.

Ainda conforme a reportagem, os assessores de Bolsonaro envolvidos em um suposto esquema de fraude em carteiras de vacinação tiveram um aumento significativo em seus ganhos com essas diárias. No total, quatro assessores investigados receberam quase R$ 400 mil, mais que o dobro do valor recebido durante o mandato.

O montante gasto pela equipe de Bolsonaro supera quase a soma das despesas de todos os outros ex-presidentes (R$ 1,1 milhão) no mesmo período.

Esses gastos também estabelecem um novo recorde para o período, se comparados aos dados de janeiro a março dos dois anos anteriores, os únicos disponíveis no portal de dados da Presidência até o momento. Os relatórios de viagens dos assessores de Bolsonaro não fornecem detalhes sobre como essas diárias foram utilizadas ou quais atividades específicas foram realizadas.

Os documentos mencionam apenas que, de 1º a 30 de janeiro de 2023, as atividades da equipe de apoio tinham como objetivo garantir a segurança, apoio e assessoria do ex-presidente em uma "atividade privada". Não foram encontradas notas fiscais com detalhes sobre as despesas no Portal da Transparência.

Fonte: Brasil 247 com UOL

ANP: preço da gasolina cai em média R$ 0,20 por litro

 

Bomba de combustível/gasolina. (Foto: Reprodução)

De acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o litro da gasolina caiu, em média, R$ 0,20 nos postos de combustíveis na segunda semana depois do reajuste de preços da Petrobras às refinarias. Os informes foram divulgados nesta sexta-feira, 26 de maio.

A pesquisa realizada é referente à semana de 21 à 27 de maio, e os dados mostram que a gasolina foi comercializada, em média, a R$ 5,26 o litro. Tal valor representa recuo de 3,66% em comparação à semana anterior, que estava R$ 5,46.

A mesma pesquisa mostra ainda que o preço médio do etanol caiu para R$,384 e o do diesel, que caiu pela 16ª semana seguida, para R$ 5,17. Respectivamente, os recuos foram de R$ 3,75% e R$ 4,08% em comparação a semana anterior.

O cálculo médio é feito a partir do valor e do rendimento de cada combustível. A redução do combustível foi anunciada pela Petrobras no último dia 16, e tal medida começou a valer já no dia 17.

A redução anunciada pela estatal foi de R$ 0,40 por litro, com queda de 12,6% na gasolina e de R$ 0,44 por litro, com queda de 12,8% no diesel. A partir do reajuste, desde agosto de 2021, ambos os combustíveis passam a ter o menor valor nas refinarias.

A estatal anunciou ainda no mesmo dia uma mudança em sua política de preços: Dois fatores serão levados em consideração para a precificação, sendo eles o custo alternativo do cliente final, e o valor marginal para a empresa.

Fonte: DCM

Sob Governo Lula, Brasil pode ter 20 milhões a menos de pobres até o final do ano

 Bolsa Família e demais programas sociais podem voltar a reduzir a pobreza no país, diz ministro do Desenvolvimento Social

Lula e cartão do Bolsa Família (Foto: REUTERS/Adriano Machado | Jefferson Rudy/Agência Senado)

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) espera anunciar no segundo semestre a redução da pobreza extrema no país.

Segundo o ministro Wellington Dias, será possível retirar 8,5 milhões de famílias desta situação nos próximos meses, ou algo em torno de 20 milhões de pessoas, como resultado da retomada do Bolsa Família e dos novos benefícios previstos no programa. 

O programa, reeditado por Lula, prevê mínimo de R$ 600 por família, além de R$ 150 por criança até 6 anos de idade e R$ 50 por criança ou adolescente.

De acordo com o ministro do Desenvolvimento Social, a estimativa do governo é que 62 milhões de pessoas vivam abaixo da linha da pobreza. O desafio é combinar as políticas sociais com geração de emprego e fomento ao empreendedorismo, afirmou o ministro ao Painel da Folha de S. Paulo.

Fonte: Brasil 247 com Painel da Folha de S. Paulo

Lava Jato acumula derrotas jurídicas e políticas, com o caso Deltan e o isolamento de Moro

 Após a cassação de Deltan Dallagnol, o senador Sergio Moro pode enfrentar o mesmo processo

Sergio Moro e Deltan Dallagnol (Foto: Marcos Corrêa/PR | Pedro de Oliveira/ALEP)

A Lava Jato sofreu mais uma derrota no campo político com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de cassar o mandato do deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR). Esse episódio é apenas mais um capítulo em uma série de revezes que a operação tem enfrentado nos últimos anos, aponta reportagem publicada pelos jornalistas Matheus Teixeira e José Marques, na Folha de S. Paulo.

No campo jurídico, uma série de decisões do STF levou à revisão dos métodos utilizados pela Lava Jato, resultando na anulação de investigações cruciais para o sucesso das apurações. Uma das primeiras derrotas significativas foi a determinação de que crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, quando associados ao caixa dois, deveriam ser julgados pela Justiça Eleitoral, e não pela Justiça Federal, informam os repórteres. Essa decisão enfraqueceu as principais delações premiadas fechadas pela Lava Jato, em especial a da Odebrecht, conhecida como "delação do fim do mundo".

Após as derrotas nos tribunais e a saída de Moro, Deltan Dallagnol deixou o cargo de coordenador das investigações no Ministério Público Federal (MPF) para ingressar na política. No entanto, Moro também enfrentou dificuldades em aprovar suas propostas de leis penais mais rígidas no Senado. Além disso, Moro tem se envolvido em debates acalorados com críticos da Lava Jato em Brasília. Recentemente, durante uma sessão em uma comissão do Senado, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que, enquanto magistrado, nunca fez conluio nem teve suas sentenças anuladas. Em resumo, as derrotas da Lava Jato se estendem ao campo político, com a cassação de Deltan Dallagnol e as dificuldades enfrentadas por Sergio Moro. A operação enfrenta desafios tanto no âmbito jurídico, com a revisão de métodos e anulação de processos, quanto na esfera política.

Fonte: Brasil 247 com reportagem da Folha de S. Paulo

Maduro chega em Brasília para reunião de cúpula com Lula e presidentes sul-americanos

 É a primeira visita ao país desde 2015

Nicolás Maduro desembarca em Brasília, acompanhado de sua esposa, Cília Flores (Foto: Rede social/Maduro)

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, desembarcou em Brasília na noite deste domingo (28) para uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira e durante a semana com presidentes sul-americano.

A última vez que o líder bolivariano veio ao país foi em 2015, quando participou da posse da ex-presidente Dilma Rousseff.

Na terça-feira, Maduro participa da reunião com líderes dos 12 países da América do Sul realizada em Brasília e proposta pelo presidente Lula. O presidente brasileiro deverá propor a criação de um mecanismo de integração, que poderia ser um organismo ou um fórum de debates, informa O Globo.

Os líderes da região discutirão em conjunto medidas de integração, infraestrutura e cooperação em áreas como saúde, educação, proteção do meio ambiente, segurança alimentar e combate ao crime organizado nas fronteiras, sem colocar em pauta ideologias ou regimes políticos.

Fonte: Brasil 247

Conselho Nacional de Justiça convoca Malucelli e 13ª Vara Federal de Curitiba para esclarecimentos no caso Tacla Duran

 Duran solicita o afastamento do desembargador Marcelo Malucelli e a instauração de um processo administrativo disciplinar contra o magistrado

Tacla Duran

O corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, emitiu intimações direcionadas ao desembargador Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), e ao juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), com o objetivo de obter esclarecimentos a respeito de suspeitas que estão sendo investigadas em um pedido de providências no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), segundo informa o jornalista Renan Xavier, do Conjur.

As intimações têm três focos distintos. A primeira diz respeito às reclamações apresentadas pelo advogado Rodrigo Tacla Duran, relacionadas às decisões tomadas em processos contra ele no TRF-4. Duran solicita o afastamento do desembargador Marcelo Malucelli e a instauração de um processo administrativo disciplinar contra o magistrado.

A segunda intimação é resultado de um pedido feito pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). O parlamentar também expressa sua insatisfação com as decisões tomadas no caso de Tacla Duran, solicitando, de forma liminar, a suspensão de todas as decisões assinadas por Malucelli "nos processos em que seu filho esteja envolvido, seja como parte, interessado ou advogado de outras partes, até que a representação seja julgada definitivamente".

A terceira intimação atende a uma solicitação apresentada pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE). O político defende a abertura de um processo administrativo disciplinar devido à possível suspeição do desembargador, em virtude de ligações familiares mantidas com a família do senador e ex-juiz federal Sérgio Moro, assim como da deputada federal Rosângela Moro.

Marcelo Malucelli, além de ser alvo de um pedido de providências para avaliar a existência de falta disciplinar, é pai do advogado João Eduardo Malucelli, sócio de Sergio Moro em um escritório de advocacia e namorado da filha mais velha do ex-juiz. Tacla Duran acusa Moro de tentar extorqui-lo para evitar sua prisão durante a operação "lava jato".

No mês de abril, Salomão expressou, ao solicitar informações, que "todo esse cenário pode sugerir, em princípio, a ocorrência de alguma conduta inadequada com consequências disciplinares por parte do desembargador Marcelo Malucelli, o que demanda a atuação da Corregedoria Nacional de Justiça para uma melhor compreensão dos fatos relatados".

Fonte: Brasil 247 com informações do Conjur

Em mensagens, Cid adverte a não bater porta do carro para não incomodar Michelle

 “A dona Michelle é bem sensível a barulhos altos e pode acabar reclamando”, diz outro ajudante de ordens de Bolsonaro

Michelle, Jair Bolsonaro e Mauro Cid (Foto: Carla Carniel/Reuters | Alan Santos/Presidência da República)

Como disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, as mensagens do celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Cid Gomes, continuam a render.

De acordo com reportagem do jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles, mensagens mostram como era o dia a dia dos assessores da Presidência da República sob o governo Jair Bolsonaro.

Cid encaminhou uma mensagem ao grupo da ajudância de ordens que dizia: “Vou pedir um favor ao senhor. Quando tiver oportunidade, para conversar com o motorista de AJO [ajudância de ordens]. Ele entrou na privativa e estava com o som do carro um pouco alto e bateu as portas do carro.”

“A dona Michelle é bem sensível a barulhos altos e pode acabar reclamando”, completa o autor da bronca, devidamente encaminhada por Cid ao grupo. A mensagem data de 29 de abril de 2021.

Em outra mensagem, que teria sido escrita por Jonathas Diniz Vieira Coelho, capitão de corveta da Marinha e também ajudante de ordens de Bolsonaro diz a Cid, que "ao longo da semana esqueci de te lembrar daquele $ da gasolina da moto do PR e do caldo de cana – R$ 70,00. Se quiser transferir, meu PIX é [CPF de Jonathas].”

Segundo a reportagem, a mensagem foi encaminhada por Cid ao grupo em 16 de abril de 2021. Alguns dias antes, no dia 10, em plena pandemia do coronavírus, Bolsonaro havia saído de casa de moto para pregar contra as medidas de isolamento e visitar refugiados venezuelanos no Entorno do DF.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

Pedro Guimarães e Jair Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega/PR)

 A convite do presidente brasileiro, Maduro veio ao Brasil para cúpula de presidentes sul-americanos

Lula e Nicolás Maduro (Foto: REUTERS)

Secom/Governo Federal - Atendendo a convite do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro, realiza visita oficial ao Brasil, hoje.

Os dois mandatários deverão manter reunião de trabalho com vistas a repassar os avanços no processo de normalização das relações bilaterais, iniciado em 1º de janeiro último, incluindo a reabertura das respectivas embaixadas e setores consulares e a recente designação do Embaixador da Venezuela no Brasil. Será ocasião, também, para que os presidentes conversem a respeito dos processos de diálogo interno na Venezuela, com vistas à realização das eleições de 2024.

Na reunião, os dois mandatários deverão examinar temas prioritários para o adensamento do diálogo em todas as áreas da relação. Nesse sentido, os presidentes tratarão dos resultados da recente missão multidisciplinar à capital venezuelana, organizada pela Agência Brasileira de Cooperação e que contou com representantes de mais de vinte órgãos governamentais brasileiros. Atenção especial será atribuída aos temas fronteiriços, com destaque para a proteção das populações que residem nessa faixa, entre elas os povos Yanomami.

Finalmente, os dois Chefes de Estado deverão tratar de temas das agendas regional, a exemplo da integração sul-americana e da cooperação amazônica, e multilateral, notadamente no que se refere aos temas de paz e segurança e mudança do clima.

O comércio bilateral alcançou cerca de US$ 1,7 bilhão em 2022, com exportações brasileiras de US$ 1,3 bilhão e importações de quase US$ 400 milhões. Vale recordar que o intercâmbio entre os dois países chegou a alcançar US$ 6 bilhões em 2013, o que demonstra o potencial da relação e enseja o aprofundamento do diálogo com vistas à retomada das parcerias econômicas, da complementariedade de cadeias produtivas e da remoção de obstáculos ao comércio.

Fonte: Brasil 247


Bolsonaro usou a Caixa para tentar comprar votos e deixou rombo bilionário

 Até as eleições, a Caixa liberou R$ 10,6 bilhões para 6,8 milhões de pessoas

Pedro Guimarães e Jair Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega/PR)

O ex-presidente Jair Bolsonaro teria causado um calote bilionário na Caixa Econômica Federal em uma tentativa de reeleição, de acordo com informações reveladas pelo portal UOL. Segundo o relato, no início de 2022, o presidente Jair Bolsonaro viu seu plano de conquistar os votos das pessoas de baixa renda falhar. Diante disso, ele decidiu intensificar suas ações e contou com o apoio da Caixa para alcançar seus objetivos eleitorais.

Por meio de medidas provisórias assinadas por Bolsonaro e pelo então presidente da Caixa, Pedro Guimarães, foram criadas duas linhas de crédito no banco estatal. Até as eleições, a Caixa liberou R$ 10,6 bilhões para 6,8 milhões de pessoas. No entanto, Bolsonaro não conseguiu se reeleger e o resultado dessa política de "torneira aberta" foi um enorme calote nas contas do banco, que agora está sendo revelado.

De acordo com o UOL, que teve acesso a informações mantidas em segredo pela Caixa, a instituição financeira foi usada como uma ferramenta de campanha de Bolsonaro, por meio de manobras obscuras e sem transparência. A reportagem ressalta que essas ações arriscadas expuseram o banco a um nível de risco sem precedentes na história recente.

As medidas provisórias assinadas por Bolsonaro resultaram na criação de uma linha de microcrédito para pessoas com restrição de crédito, chamada "SIM Digital", e na liberação de empréstimos consignados para o programa Auxílio Brasil. No entanto, o alto índice de inadimplência nessas operações trouxe consequências graves para a Caixa.

No caso do SIM Digital, a inadimplência chegou a 80% neste ano, o que deve acarretar um rombo nas contas do banco. Parte desse prejuízo será coberta com recursos do FGTS. Já no caso dos empréstimos consignados para o Auxílio Brasil, mais de 100 mil devedores foram excluídos do Bolsa Família este ano e o pagamento das parcelas é incerto.

Fonte: Brasil 247 com informações do UOL