O deputado Deltan Dallagnol (Podemos), que teve seu mandato cassado na semana passada, reclamou de que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem se mostrado resistente no que diz respeito a seus contatos para discutir o processo, que ainda depende de um trâmite da Mesa da Casa. “Fechou as portas”, cravou.
Em entrevista ao jornal O Globo, o ex-procurador admite que sabe que seria difícil recuperar seu mandato, mas não impossível: “Existem dois caminhos: um é por meio da decisão da Câmara, que em atenção à ampla defesa que prevê a Constituição, examine a existência de uma quebra de imparcialidade, inconstitucionalidade e perseguição política executada em um julgamento. Existe também a possibilidade de uma medida no Supremo Tribunal Federal que reverta a decisão do Tribunal Superior Eleitoral”.
Questionado sobre a postura de Lira, que não demonstrou disposição em reverter o resultado quando respondeu uma questão de ordem de Renata Abreu, presidente do Podemos, Dallagnol afirma que ficou surpreso porque ele chegou a interromper a política. “De todo modo, essa questão vai ser apreciada, a partir da entrega da minha defesa, pela Mesa da Câmara, que é composta por sete deputados e que vão ponderar se vão dar ou não uma ampla defesa nos termos que a Constituição prevê. A Constituição não prevê uma simples execução da decisão judicial (do TSE). Há possibilidade de reapreciar o contexto daquela decisão”, pontuou ele.
Deltan ainda assumiu que procurou o presidente da Câmara, mas não foi atendido: “Mandei mensagem para ele, minha assessoria tentou agendar uma reunião, mas ele fechou as portas, não respondendo às mensagens e aos nossos pedidos. Tentei inclusive falar com a chefe de gabinete dele algumas vezes. Ao mesmo tempo que vejo uma falta de acolhimento do presidente da Câmara, eu vejo um amplo acolhimento dos deputados da Casa”.
“Na primeira coletiva que fizemos após a cassação havia ali mais de 50 deputados de 11 diferentes partidos que representam mais de 10 milhões de votos. Todos expressando sua solidariedade e a sua indignação com o cerceamento da soberania popular expressada pelo voto”, completou ele.
Fonte: DCM