Deputado bolsonarista expôs o medo de ser próximo alvo do TSE durante reunião da oposição na Câmara
O deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) ficou visivelmente afetado com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de cassar o mandato de Deltan Dallagnol (Podemos-PR). De acordo com o portal Metrópoles, Nikolas expôs o temor de também ser cassado em uma reunião da oposição na Câmara nesta quarta-feira (17).
O sentimento ficou mais forte após o líder do PL na casa, Altineu Côrtes (RJ), se recusar a aderir a uma obstrução planejada pela oposição para tentar impedir a votação do regime de urgência do novo marco fiscal. Tal estratégia seria uma forma de pressionar Arthur Lira (PP-AL), interessado em aprovar o arcabouço fiscal, a ajudar a reverter a decisão da cassação de Dallagnol. Como dito, no entanto, o plano foi frustrado pelo próprio líder do partido de Nikolas.
O bolsonarista mineiro, então, "disse que respeitava a decisão do líder de seu partido, mas defendeu que o PL deveria ajudar na união da direita", e ainda afirmou que Dallagnol foi apenas o primeiro alvo e ele mesmo poderia ser um dos próximos.
Recibo nas redes
A inquietação de Nikolas não foi demonstrada apenas na Câmara. Desde o anúncio da cassação de Dallagnol na noite de ontem (16), o deputado mineiro publicou diversos tweets esbravejando sobre o tema, afirmando que o Brasil é uma ditadura e atacando até mesmo outros direitistas.
"É só cassar todo mundo que não tem oposição… bem democrático!", escreveu o bolsonarista no Twitter minutos após a notícia da cassação de Dallagnol.
Então, o alvo de Nikolas passou a ser outros nomes da direita que votaram nulo nas eleições de 2022: "Uma pausa pra um recado aos isentões que fizeram campanha pro voto nulo: o Brasil não é otário e lembra bem quem são vocês. O que está acontecendo hoje tem suas digitais"
Sobrou até mesmo para João Amoêdo, um dos fundadores do partido NOVO, que anunciou apoio a Lula (PT) no segundo turno. "Sem esse grande visionário a política brasileira não seria nada", escreveu o deputado bolsonarista, de forma irônica.
O mineiro vem sendo acusado de transfobia após ter se vestido de mulher e ter se autodenominado Nikole em um discurso no plenário da Câmara no Dia Internacional da Mulher, onde fez diversas declarações consideradas preconceituosas. Foi enviada, inclusive, uma notícia-crime contra Nikolas por transfobia ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Ocorre que, em meio ao recente caso Dallagnol e em clara provocação preconceituosa sobre as denúncias de transfobia, Nikolas também escreveu em seu Twitter ontem: "o Brasil é uma democracia trans. Se sente democracia, mas é ditadura".