"As relações China-Brasil ultrapassaram o âmbito bilateral e têm importante influência global", aponta o jornal chinês
Editorial do Global Times – O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, "um velho amigo do povo chinês", inicia sua visita de Estado à China na quarta-feira. Esta é a quinta visita de Lula à China, sua primeira visita a um país fora das Américas desde que assumiu o cargo de presidente em janeiro e sua viagem mais rápida à China como presidente brasileiro. A parte brasileira tem grandes expectativas para a visita de Lula, afirmando que será uma visita de Estado de "importância econômica, comercial e política". Também há expectativas generalizadas de que as relações China-Brasil entrarão em uma nova fase de "estreitas relações políticas e econômicas". Sob a liderança estratégica dos dois chefes de estado, China e Brasil, lado a lado, mostrarão ao mundo um modelo de cooperação Sul-Sul em profundidade.
A opinião pública em geral aponta duas características marcantes da viagem de Lula à China desta vez. A primeira característica é que a equipe que acompanha Lula é impressionante. A nível oficial, esta visita inclui altos funcionários de vários departamentos importantes. O número de congressistas brasileiros visitantes aumentou de, inicialmente, 27 para 39, e o presidente do Senado brasileiro também virá à China. Na ecologia política da América Latina, essa "unanimidade política" é rara. No plano empresarial, apesar de uma megadelegação formada por mais de 200 empresários, mais empresas ainda esperam ingressar no grupo e centenas de representantes empresariais já "afluíram à China" antes da visita de Lula. Tudo isso mostra que o Brasil, da arena política à sociedade, tem uma expectativa ardente para o desenvolvimento das relações China-Brasil. Em segundo lugar, a visita de Lula à China foi adiada anteriormente devido ao estado de saúde do presidente. Logo após a recuperação, Lula viaja para a China com a agenda lotada. Pode-se dizer que ele vem à China com total sinceridade, o que também prenuncia que os resultados da cooperação entre os dois países serão abrangentes em múltiplas áreas.
Como os dois maiores países em desenvolvimento nos hemisférios oriental e ocidental, China e Brasil claramente compartilham interesses comuns além do alto grau de complementaridade nos campos econômico e comercial. Ambos os países enfrentam a pesada responsabilidade do desenvolvimento econômico e social, e o Brasil, em diversas ocasiões, expressou seu desejo de aprender com a China em áreas como a redução da pobreza. Ao fortalecer o alinhamento e a coordenação estratégica, China e Brasil promoverão conjuntamente o processo histórico de modernização dos países em desenvolvimento em suas respectivas trajetórias.
Ao mesmo tempo, ambos os países são membros importantes de organizações e mecanismos como as Nações Unidas, a Organização Mundial do Comércio e os BRICS. A estreita comunicação e coordenação entre os dois países ajudará a salvaguardar os interesses gerais dos países em desenvolvimento e a promover o desenvolvimento da ordem internacional em direção a maior equidade, justiça e racionalidade. Nesse sentido, as relações China-Brasil ultrapassaram o âmbito bilateral e têm importante influência global.
O Brasil tem uma população de mais de 200 milhões e é um "grande player" entre os países latino-americanos, além de uma importante potência econômica emergente. Após sua terceira posse como presidente do Brasil, Lula prometeu "tornar o Brasil um jogador global" e mostrou grande ambição como uma grande potência. A China apoia fortemente isso e esperamos sinceramente que o Brasil, como líder entre os países em desenvolvimento, desempenhe um papel mais construtivo na comunidade internacional.
Muitos meios de comunicação ocidentais e a opinião pública, ao discutir a grande estratégia do Brasil, sempre se concentram em se deve "inclinar para" os EUA ou a China. Essa discussão em si é extremamente desrespeitosa com o Brasil e está cheia de atitudes hegemônicas míopes e tacanhas. A China também é vítima do hegemonismo e nunca aponta o dedo para os assuntos internos e externos do Brasil. Além disso, acreditamos que os próprios brasileiros são os que melhor sabem onde estão seus interesses.
Clube da Paz
Vale notar que o mundo exterior tem prestado muita atenção se Lula vai discutir a crise na Ucrânia com a China durante sua visita. Antes de se encontrar com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, Lula propôs um plano de paz chamado "Clube da Paz", que sugeria a formação de uma organização multilateral incluindo países como China e Índia para mediar conflitos e pedia respeito ao papel de destaque da China na salvaguarda da segurança mundial paz e mediação de conflitos internacionais. Embora os EUA tenham reagido com frieza, a comunidade internacional tem grandes expectativas de que China e Brasil trabalhem juntos para promover negociações de paz. Antes de sua visita, Lula reiterou que discutiria a possibilidade de encerrar a crise na Ucrânia por meio do diálogo com a China. De fato, nem a China nem o Brasil fazem parte do conflito Rússia-Ucrânia. No entanto, ambos os países têm opiniões semelhantes sobre a necessidade de negociações de paz, o que mostra que, embora o Ocidente ainda esteja atiçando as chamas, a voz das forças de paz da comunidade internacional está crescendo.
O povo chinês gosta do Brasil, um país apaixonante e animado, e recebe bem a visita do presidente Lula. Anteriormente, a China havia expressado sua expectativa para a visita de Lula com algumas "novidades": abrir novas perspectivas nas relações China-Brasil na nova era no nível de chefes de estado, levar a parceria estratégica abrangente a um novo patamar e fazer novas contribuições para a estabilidade e prosperidade regional e global. Esperamos que, com base no comércio bilateral tradicional e na cooperação multilateral, a amizade entre a China e o Brasil possa florescer ainda mais em um novo estágio histórico, brilhando à luz do aprendizado mútuo entre as civilizações e trazendo novas inspirações para o desenvolvimento da sociedade humana.
Fonte: Brasil 247