Os presidentes das comissões foram escolhidos nesta quarta-feira. Davi Alcolumbre foi reconduzido e permanece à frente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)
Davi Alcolumbre (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)
Agência Senado - Treze das 14 comissões permanentes do Senado elegeram nesta quarta-feira (8) seus presidentes. A eleição dos presidentes das comissões marca o início dos trabalhos dos colegiados. A definição de alguns vice-presidentes ainda ficou pendente e deve acontecer nas próximas reuniões. As escolhas dos presidentes geraram protestos de senadores oposicionistas, que consideraram a distribuição injusta.
Tradicionalmente, a ordem de escolha das presidências segue a proporcionalidade das bancadas de blocos e partidos. A maior delas é a do bloco Democracia (MDB, União Brasil, Podemos, PDT, PSDB e Rede), que conta com 30 senadores. O segundo é o Resistência Democrática (PSD, PT e PSB), com 28 parlamentares. O terceiro maior bloco é o Vanguarda (PL, PP, Republicanos e Novo), com 23 senadores.
Integrantes do bloco Vanguarda protestaram em várias reuniões para a eleição dos presidentes dos colegiados e se abstiveram de votar. Nas reuniões da Comissão de Educação (CE) e da Comissão de Relações Exteriores (CRE), o líder do PL, senador Carlos Portinho (PL-RJ), registrou sua insatisfação pelo fato de o bloco não ter conquistado nenhuma vaga nas presidências.
Ele citou a Constituição que determina que, na constituição das Mesas e de cada comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.
— Cumpre registrar que o termo "tanto quanto possível" é para garantir que, havendo um número maior de partidos ou bloco do que o número de comissões, não será possível a distribuição observando a proporcionalidade, mas não é o caso. Hoje, o nosso bloco é o terceiro maior desta Casa, o que lhe garantiria, pela proporcionalidade, direito à presidência de quatro comissões, conforme o cálculo — ressaltou.
Protesto semelhante foi feito pelo líder da oposição, senador Rogério Marinho (PL-RJ), em comissões e também em entrevista coletiva após as eleições. Ele firmou que a oposição preferiu não participar do processo porque a regra da proporcionalidade, apesar de ter sido considerada na composição das comissões, não foi respeitada nas presidências.
— Nós vamos aguardar os desdobramentos das conversas que estão sendo feitas para verificar se há alguma alguma possibilidade de negociação. A nossa posição ficou clara por ocasião da votação — disse Marinho, ao informar que há uma reunião marcada para esta quinta-feira (9) na Presidência do Senado. Ele não confirmou se algumas das vice-presidências que ainda não foram definidas podem ficar com o bloco Vanguarda.
Escolha
Também em diversas comissões, senadores dos outros blocos contestaram as falas dos integrantes do bloco Vanguarda. Segundo o Regimento Interno do Senado, o presidente de uma comissão deve ser eleito por seus membros em votação secreta. Na maioria das vezes, porém, as lideranças partidárias decidem esses nomes em acordos, respeitando a proporcionalidade entre as bancadas.
Os membros das comissões, tradicionalmente, referendam essas escolhas, mas nada impede o surgimento de outros candidatos e a disputa no voto, o que não ocorreu. As eleições se deram com chapas únicas, sem o registro de outros candidatos pelo bloco Vanguarda.
Na CE e na CRE, o líder do PDT, senador Cid Gomes (PDT-CE), afirmou que que o bloco Vanguarda optou por não participar de um “esforço eclético, amplo, de entendimento” em torno da eleição para a Mesa do Senado. Assim, segundo o senador, não é razoável que o bloco almeje a presidência de comissões. Ele lembrou que o bloco Vanguarda tem participação assegurada em todas as comissões da Casa.
— O bloco parlamentar Vanguarda resolveu não participar de um esforço de uma Mesa eclética, porque a Mesa é a baliza de todas as direções, e as comissões são uma sequência disso, uma sequência natural. Então, no momento em que o bloco não participou da presidência que, na Mesa, é o principal cargo, isso fez com que se entendesse que eles estavam fora da disputa pelos demais órgãos de direção — explicou.
O líder do PSD, senador Otto Alencar (PSD-BA), também afirmou que o embate na eleição para a Presidência do Senado fez com que os dois blocos que apoiaram a eleição do presidente Rodrigo Pacheco pudessem indicar os presidentes das comissões.
— Isso foi decidido com os blocos Democracia e Resistência Democrática. Essa decisão coletiva não pode ser revogada por uma decisão de ordem pessoal — opinou.
Trabalhos
Com as eleições dos presidentes, os colegiados agora retomam os trabalhos. Além da análise prévia de todos os projetos que tramitam pelo Senado, as comissões fiscalizam o trabalho do Poder Executivo, acompanham a execução de políticas públicas e propõem emendas ao Orçamento da União.
No total, são 14 comissões permanentes, 13 delas com presidentes eleitos. Falta apenas a Comissão Senado do Futuro (CSF), que pode ser alterada para dar origem a outro colegiado para defender o Estado democrático de direito.
— A comissão que foi criada mais recentemente foi a Comissão de Segurança Pública. Era uma distorção não termos uma comissão de segurança no Senado. Agora eu tenho uma proposta que é a transformação da Comissão Senado do Futuro em uma comissão permanente de defesa do Estado democrático de direto. Eu considero muito importante que haja a permanente vigilância do Senado depois de tudo que aconteceu — afirmou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em fevereiro.
Comissão de Assuntos Econômicos (CAE)
Presidente: Vanderlan Cardoso (PSD-GO)
Vice-presidente: a definir
Comissão de Assuntos Sociais (CAS)
Presidente: Humberto Costa (PT-PE)
Vice-presidente: Mara Gabrilli (PSD-SP)
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)
Presidente: Davi Alcolumbre (União-AP)
Vice-presidente: a definir
Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT)
Presidente: Carlos Viana (Podemos-MG)
Vice-presidente: a definir
Comissão de Direitos Humanos (CDH)
Presidente: Paulo Paim (PT-RS)
Vice-presidente: Zenaide Maia (PSD-RN)
Comissão de Desenvolvimento Regional (CDR)
Presidente: Marcelo Castro (MDB-PI)
Vice-presidente: Cid Gomes (PDT-CE)
Comissão de Educação (CE)
Presidente: Flávio Arns (PSB-PR)
Vice-presidente: Cid Gomes (PDT-CE)
Comissão de Infraestrutura (CI)
Presidente: Confúcio Moura (MDB-RO)
Vice-presidente: a definir
Comissão de Meio Ambiente (CMA)
Presidente: Leila Barros (PDT-DF)
Vice-presidente: Fabiano Contarato (PT-ES)
Comissão de Agricultura (CRA)
Presidente: Soraya Thronicke (União-MS)
Vice-presidente: a definir
Comissão de Relações Exteriores (CRE)
Presidente: Renan Calheiros (MDB-AL)
Vice-presidente: a definir
Comissão Senado do Futuro (CSF)
Presidente: a definir
Vice-presidente: a definir
Comissão de Segurança Pública (CSP)
Presidente: Sérgio Petecão (PSD-AC)
Vice-presidente: Jorge Kajuru (PSB-GO)
Comissão de Fiscalização e Controle (CTFC)
Presidente: Omar Aziz (PSD-AM)
Vice-presidente: a definir
Fonte: Brasil 247 com Agência Senado