Presidente do PT afirmou que Roberto Campos Neto 'não entrega resultado' e que o governo Lula poderá articular junto ao Senado a troca do presidente do Banco Central
A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), voltou a criticar o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e levantou a possibilidade de o governo Lula (PT) articular junto ao Senado a troca do comando da autarquia.
"É um absurdo uma taxa de juros de 13,75%", afirmou Gleisi em entrevista a Guilherme Amado, do Metrópoles. "Está gerando desvantagem competitiva para o Brasil. É contra o Brasil. Acho que ele tinha que pedir para sair do Branco Central, ele não tem nada a ver com esse projeto que ganhou nas urnas. Nós precisamos ter um Banco Central que cumpra seu papel, que é de controle da inflação - mas também de geração de emprego, que está lá na lei da autonomia -, mas que não estrangule o país. Não está certo o que ele está fazendo".
Segundo a parlamentar, o risco de uma recessão da economia brasileira serve de alerta para corrigir o rumo da taxa de juros. "Estão dizendo que vai ter recessão. Então o governo para poder se contrapor a isso tem que ter um mega programa de investimento, com grandes ações. Tem que pôr dinheiro em circulação. O que nós vamos fazer? Vamos achar que é bom recessão? O mercado vai achar bom recessão? Claro que o mercado também não quer. Então tem que ser uma política ofensiva do Estado brasileiro para a gente não ter recessão esse ano".
Na sequência, Gleisi falou da possibilidade de demissão de Campos Neto: "quando não dá certo, quando não tem resultado, ele tem que sair. Aliás, a lei prevê isso né? Quando não dá resultado, tem que sair. Qual o resultado que ele está dando?".
Ela explicou que para trocar o presidente do BC, o presidente Lula (PT) precisará da chancela do Senado: para isso, precisará articular internamente os votos necessários, ação esta que não pode ser descartada, disse Gleisi. "É uma decisão do presidente da República e tem que ser votada pelo Senado. Eu acho que seria mais fácil [ele pedir para sair], para ele, para nós, para todo mundo. Se ele ficar e continuar não entregando resultado, acho que tem que submeter ao Senado. Qual é o problema? As coisas não são imexíveis. É um medo disso, de falar do tema do Banco Central, do presidente do Banco Central. Onde é que está o problema? Não deu certo, sai. E eu acho que o Senado da República tem responsabilidade com o país, tem que fazer uma discussão. Pode ser que hoje se a gente for fazer uma discussão não tenha maioria, mas na política tudo muda"
"Nós não precisamos de um presidente de Banco Central que faça política. Nós precisamos de um presidente de Banco Central que dê resultado. Se ele quiser dar resultado, é baixando a taxa de juros. E não é para agradar o governo não, é pelo país, pelo povo, pelo emprego que a gente tem que gerar, é pelo desenvolvimento", finalizou.
Fonte: Metrópoles