A estrutura para a festa de posse já está em montagem na Esplanada dos Ministérios, em Brasília
Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert)
Por Clara Assunção, da Rede Brasil Atual – A menos de duas semanas da posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 1º de janeiro, o clima nos bastidores da organização do evento é de “contagem regressiva para uma grande festa popular”. É o que destaca o jurista Mauro Menezes, relator do grupo de trabalho Transparência, Integridade e Controle do Gabinete da Transição. “Reconquista dos espaços de governo, do futuro e da esperança em nosso país”, afirma Menezes, em entrevista ao programa Revista Brasil TVT.
A estrutura para a festa de posse já está em montagem na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O local sediará cerca de 40 apresentações de artistas no Festival do Futuro – A alegria vai tomar posse. Entre eles, estão confirmados Paulinho da Viola, Margareth Menezes, Teresa Cristina, Pabllo Vittar, Baiana System, Duda Beat, Gaby Amarantos, Martinho da Vila, os Gilsons e Chico César.
Também são esperados ao menos 17 chefes de Estado e de governo de todo o mundo. Um número já superior de presidentes e primeiros-ministros confirmados em relação à cerimônia de Jair Bolsonaro (PL) em 2019, que teve 10 chefes de Estado.
“Além de ser uma festa popular aqui em Brasília, que realmente contagia a todos nós, e muita gente vai celebrar, nós temos também a expectativa de que os representantes diplomáticos, representantes dos governos estrangeiros, virão para celebrar o retorno do Brasil à cena internacional”, comentou o jurista.
Sem previsão de incidentes
De acordo com Menezes, ao longo dos últimos quatro anos do governo Bolsonaro, agora derrotado, o Brasil “também se alienou das relações internacionais”. E agora a vitória de Lula e sua posse marcam um momento de reinserção do país. “O Brasil passou a ter uma política externa absolutamente disparatada, subserviente e omissa. Então isso também será recuperado”, diz o advogado.
Além de marcar oficialmente o fim do governo Bolsonaro, a posse de Lula também marca o ineditismo de, pela primeira vez, um presidente assumir o Planalto pela terceira vez. Além disso, o em breve ex-presidente é o primeiro não reeleito desde a redemocratização, em 1985.
À frente da organização, a socióloga e futura primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, confirmou na semana passada a expectativa de que 350 mil pessoas de todas as partes do país participem da posse. O evento vem sendo planejado para garantir que não ocorram incidentes.
Apesar dos atos de vandalismo de bolsonaristas, que provocaram terror na capital federal após a diplomação de Lula e seu vice Geraldo Alckmin (PSB), na última segunda (12), a organização não vê riscos ao evento. Mais de 700 agentes estão escalados para atuar na ocasião. O esquema de segurança que deve abranger toda a região da Esplanada e o setor de hotéis.
Segurança garantida
“Essa é uma festa da democracia, nós temos o direito e o dever de ocupar as ruas. O direito de saborear a cultura e a festa que está sendo organizada aqui. Então não deixem de vir. O que eu posso dizer é que todas as forças estão trabalhando para enfrentar os bolsonaristas, para garantir que não haja impunidade caso haja algum ato (ocorra). E todo aparato tecnológico, de inteligência, está sendo reforçado nesse sentido”, afirmou o policial rodoviário federal Fabrício Rosa, fundador e coordenador do movimento Policiais Antifascistas e integrante do setorial de segurança pública do PT.
Rosa faz parte da comissão que foi montada entre partidos e movimentos sociais para garantir a segurança das caravanas que irão a Brasília no dia 1º de janeiro. Segundo o policial, em áudio encaminhado à militância, a estratégia de segurança envolverá as diferentes forças da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e policiais militares. Ouça a mensagem de Fabrício Rosa.
“Os bolsonaristas são covardes e como bons covardes, eles só agem quando eles têm garantia de impunidade, ou quando acham que vão sair vitoriosos. No dia da posse, nós estaremos em milhares no Distrito Federal, a nossa correlação de força é muito superior a deles. Então eu acredito que por esse motivo eles agirão com menor intensidade”, destaca Rosa.
“O que eu posso garantir é que as melhores forças estão sendo construídas e disponibilizadas neste sentido. Não deixe de participar dessa festa. É seu direito e dever comemorar essa vitória tão sofrida. Foram 10 anos de luta, desde as manifestações de 2013, para que a gente pudesse chegar nesse dia para comemorar a festa da vitória do presidente Lula. E a gente vai estar junto”, diz o policial rodoviário federal.
Demonstração da força popular
A avaliação de apoiadores de Lula é que a festa da posse será grande o suficiente para desmobilizar tanto as corporações politizadas quanto bolsonaristas, ainda inconformados com a derrota de Bolsonaro.
“Mostremos o vigor da força popular festejando o tempo bom que haveremos de construir! Exorcizemos a truculência cantando, dançando, pulando de alegria pela posse de Lula! Não para inflar seu ego, mas para oferecer-lhe respaldo necessário para assumir plenamente a chefia-de-Estado. É preciso quebrar a rotina da tutela castrense que falseia a vida republicana”, justificou, por exemplo, o professor aposentado da Universidade Federal do Ceará (UFC) Manuel Domingos Neto, em um artigo publicado no site A Terra é Redonda.
“Multidões devem ocupar praças e ruas em todos os recantos celebrando a brasilidade e a democracia. Gente multicolorida, em efusão, resgatará a bandeira do Brasil vilipendiada pelos inimigos do desenvolvimento e da justiça social”, acrescenta. Domingos Neto é ex-presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (Abed) e ex-vice do CNPq.
Parlamentares convocados
Os deputados federais e senadores também já foram convocados nesta segunda-feira (19) para a sessão solene de posse do presidente e vice-presidente eleitos. O ato foi publicado na edição de hoje do Diário Oficial da União (DOU), assinado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). De acordo com roteiro da posse, Lula será condecorado com Alckmin às 15h no Plenário da Câmara dos Deputados.
O rito prevê discurso, juramento à Constituição, cumprimentos, descida da rampa e uma salva de canhão. Esse último protocolo, contudo, deve ser substituído para atender a demanda de pessoas autistas que alertaram a organização de que o barulho pode perturbar pessoas com deficiência.
Na sequência, o presidente e seu vice seguem ao Palácio do Planalto, onde há a subida da rampa e a entrega da faixa presidencial.