Pesquisa confirmou favoritismo do ex-presidente
BRASÍLIA (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue liderando o segundo turno da disputa pelo Palácio do Planalto com os mesmos 49% das intenções de voto, e o presidente Jair Bolsonaro (PL) manteve-se com 44%, mostrou pesquisa Datafolha nesta sexta-feira, apontando um cenário de estabilidade a duas semanas da votação definitiva.
Votos brancos e nulos somam 5%, contra 6% na pesquisa anterior, e os que responderam que não sabem ou que não quiseram responder são 1%, ante 2% no levantamento passado. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais.
Considerados os votos válidos, excluídos os brancos, nulos e indecisos, Lula tem 53% contra 47% de Bolsonaro, também os mesmos percentuais verificados pelo instituto há uma semana. No primeiro turno, Lula terminou à frente com 48,43% dos votos válidos, contra 43,20% de Bolsonaro.
A sondagem do Datafolha divulgada nesta sexta foi a campo em uma semana de intensificação das agendas dos dois candidatos em diferentes cidades pelo país, e pode já ter colhido possíveis efeitos da propaganda eleitoral em rádio e televisão, que foi retomada na última sexta-feira.
Os índices de rejeição dos candidatos também apresentaram estabilidade e registraram os mesmos percentuais já verificados em 7 de outubro: 51% dos entrevistas não votariam de jeito nenhum em Bolsonaro, e 46% não votariam de jeito nenhum em Lula.
A pesquisa apontou que grande maioria dos eleitores já está decidida de seu voto, 93%, mesmo percentual aferido há uma semana, enquanto o patamar dos que declaram que seu voto ainda pode mudar oscilou de 7% na semana passada para 6%, afunilando ainda mais o público alvo das campanhas nessas duas próximas semanas.
O nível de convicção de voto é ainda maior entre os que já declaram voto em um dos candidatos. Dentre os que votarão em Lula, 95% afirmam ter plena certeza do voto. Dos que declararam voto em Bolsonaro, 94% responderam estar totalmente decididos.
A pesquisa também captou movimento dos eleitores da senadora Simone Tebet (MDB), terceira colocada no primeiro turno com 4,16% dos votos válidos, que declarou apoio em Lula e tem tido intensa participação na campanha, inclusive em inserções da propaganda eleitoral de rádio e tevê. Entre os eleitores da ex-candidata, 41% votarão em Lula e 29% irão votar em Bolsonaro, enquanto 22% disseram que não votarão em ninguém.
No caso de eleitores de Ciro Gomes (PDT), quarto colocado no primeiro turno com 3,04% dos votos válidos, 40% afirmam que votarão em Lula e 31% em Bolsonaro, com 24% para nenhum deles.
Tanto Simone quanto Ciro declararam apoio a Lula neste segundo turno, mas a declaração de apoio do presidenciável do PDT foi muito menos enfática do que a da senadora. Ele afirmou em um vídeo, sem citar o nome de Lula, que iria acatar a decisão do PDT de apoiar o petista.
O Datafolha sondou ainda a avaliação de governo. A parcela dos que avaliam a gestão como ótima ou boa oscilou um ponto percentual para cima, indo para 38%, enquanto 39% avaliam como ruim ou péssima, contra 40% na sondagem anterior. Os que consideram o governo regular mantiveram-se no patamar de 22%.
O Datafolha ouviu 2.898 pessoas entre quinta e sexta-feira desta semana.
INVESTIGAÇÕES
Após os resultados oficiais do primeiro turno, os institutos de pesquisa foram alvo de críticas, especialmente por terem subestimado os números de Bolsonaro na primeira votação.
O ministro da Justiça, Anderson Torres, determinou a abertura do inquérito pela PF contra os institutos, e o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) determinou que a Superintendência-Geral da autarquia investigasse os institutos.
As investigações foram anuladas, no entanto, pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, sob o argumento de que estariam usurpando competência da Justiça Eleitoral de investigação e teriam a intenção de agradar Bolsonaro, o que poderia ainda configurar desvio de finalidade.
Houve também movimentação de parlamentares na intenção de criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e foram sugeridas propostas legislativas para regular a atividade dos institutos, uma delas apresentada pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).