Acordo entre os partidos prevê que Marcelo Freixo (PSB) receba o apoio do PT ao governo desde que a candidatura ao Senado seja indicação petista
Molon diz que apoiar Ciro é a maior contribuição que PSB pode dar ao país (Foto: Geraldo Magela/Ag. Senado)
247 - Um grupo de intelectuais do Rio de Janeiro, atuantes da cultura, das ciências humanas e do direito, assina uma carta pública endereçada ao deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ), pré-candidato ao Senado, em que avalia que sua postulação “seria a ruptura da frente ampla”, formada para derrotar o bolsonarismo no estado onde “o milicianato tem vencido e prosperado”.
No Rio, o acordo entre PT e PSB prevê a candidatura de Marcelo Freixo (PSB) ao governo do estado, com a indicação petista para o Senado na chapa. O PT já apresentou o nome de André Ceciliano, mas Alessandro Molon, também do PSB, não retirou sua pré-candidatura ao mesmo cargo, o que impede a conclusão da aliança.
A carta a Molon observa que é a primeira vez em décadas que a esquerda tem um candidato efetivamente competitivo. “Nada justificaria colocar em risco a unidade, essa conquista extraordinária, que nos oferece a oportunidade de alcançar uma vitória histórica, elegendo Lula presidente e Freixo governador”, diz o texto. “Um gesto de grandeza de sua parte, selando definitivamente a grande unidade pela democracia, corresponderia a um passo decisivo em direção à vitória que seria também sua, porque não se cumpriria sem seu protagonismo lúcido, solidário e generoso”, apelam os signatários.
Apoiam a iniciativa Heloísa Buarque de Hollanda, escritora, professora e crítica literária; Luiz Eduardo Soares, antropólogo e professor da UFRJ; Maria Augusta Ramos, cineasta e documentarista; Flora Sussekind, crítica literária; Otavio Velho, ex-presidente da ANPOCS e da ABA, membro da academia de ciência; Renato Lessa, filósofo político e ex-presidente da Biblioteca Nacional; economistas (Mauro Osório, Agostinho Guerreiro e Luiz Mello), historiadoras (Dulce Pandolfi e Jessie Jane); sociólogas (Julita Lemgruber e Liszt Vieira), além de poetas e juristas
Confira a íntegra do documento:
Carta aberta ao Deputado Alessandro Molon,
Presidente Estadual do PSB.
Rio de Janeiro, 2 de julho de 2022
Prezado Molon,
Sua trajetória, marcada por compromissos inegociáveis com a ética, a transparência e o Estado democrático de direito, honra o Parlamento brasileiro e enche de orgulho seus eleitores. Somos admiradores e admiradoras de sua defesa corajosa e incansável do meio ambiente, das sociedades originárias e dos direitos humanos, assim como de sua luta contra a violência do Estado, o racismo e as desigualdades.
Pois agora, ante as ameaças do bolsonarismo ao que nos resta de democracia, seu papel será ainda mais indispensável. No estado do Rio de Janeiro, o ovo da serpente foi gestado. Aqui, o milicianato tem vencido e prosperado. E nesse momento, um candidato bolsonarista busca consolidar-se, tentando dividir as forças democráticas. Sim, porque, dessa vez, aprendemos com as derrotas e estamos unidos. Pela primeira vez em décadas, temos um candidato ao governo do estado efetivamente competitivo, Marcelo Freixo, graças aos esforços que diferentes partidos e movimentos sociais têm feito para superar divergências ideológicas e projetos pessoais. O potencial de nosso candidato, além de suas próprias virtudes, reside nessa unidade sem precedentes, da qual seu partido, o PSB, tem sido um dos artífices. Nada justificaria colocar em risco a unidade, essa conquista extraordinária, que nos oferece a oportunidade de alcançar uma vitória histórica, elegendo Lula presidente e Freixo governador.
Ocorre que, se o candidato ao governo é do PSB, ao outro partido deveria caber a indicação do candidato ao Senado. Portanto, a postulação de sua candidatura ao Senado, embora legal e legítima, e fundamentada em seus méritos indiscutíveis, coloca em risco a coalizão suprapartidária, o mais poderoso instrumento político que se logrou formar, em décadas. Temos certeza de que não é esse seu desejo. No entanto, a consequência objetiva de sua candidatura ao Senado seria a ruptura da frente ampla. Por isso, lhe dirigimos um apelo e o fazemos porque acreditamos em seu compromisso pela derrota do fascismo no Rio e no Brasil. Um gesto de grandeza de sua parte, selando definitivamente a grande unidade pela democracia, corresponderia a um passo decisivo em direção à vitória que seria também sua, porque não se cumpriria sem seu protagonismo lúcido, solidário e generoso.
Liszt Vieira
Luiz Eduardo Soares
Miriam Krenzinger
Julita Lemgruber
Heloisa Buarque de Holanda
Mauro Osório
Ana Carolina Lima
Lili Raim
Pina Jr
Julio Souza Reis
Gisele Cittadino
Margarete Brito
Ítalo Moriconi
Sebastião Velasco e Cruz
Tite Borges
Luiz Antônio Carvalho
Sandra Tosta Faillace
Maria das Dores C. Machado
Charles Pessanha
Sylvia Tosta Faillace
Sandra Rebel Gomes
Otávio Velho
Renée Zicman
Octavio de Barros
Paulo Cezar Reis
Luiz Carlos Rodrigues Filho
Marcia Menezes Assis Gomes
Paulo Roberto Mello
Eliane Longo
Glauber Almeida
Luiz Mello
Renato Lessa
Jessie Jane Vieira de Sousa
Eva Doris Rosental
Lília Coelho de Sousa Santos
Viviane Furtado Matesco
Regina de Paula
Ana Luzia de Lima Cunha
Cristina Salgado
Maria Augusta Ramos
Valéria Pinheiro
Valéria Pereira da Silva
Luciano Tolla
Dulce Pandolfi
Agostinho Guerreiro
Maria Júlia Pinheiro
João Ricardo Wanderley Dornelle
Flora Sussekind
Luiz Taranto
Ari Roitman
Élvio Gaspar