247 - O ex-ministro José Dirceu (PT) se reuniu com outros petistas na noite desta segunda-feira (2) em São Paulo e, segundo a Veja, teria ventilado a possibilidade de desistência da candidatura de Ciro Gomes (PDT) à Presidência.
Dirceu falou da força do bolsonarismo e da possibilidade de reeleição de Jair Bolsonaro (PL), mas se mostrou otimista, ainda que cauteloso, com a vitória do ex-presidente Lula (PT) já no primeiro turno da eleição para o Palácio do Planalto. “Nós sabemos da força do bolsonarismo. Sabemos da força e da capacidade que eles têm de mobilização, de ocupar as redes. Sabemos que é preciso urgentemente mudar completamente a nossa campanha. Não na linha política, não na questão das alianças, mas sim na própria campanha. É preciso fazer campanha– é verdade que estamos ainda na fase da pré-campanha– e resolver o problema dos palanques".
“A minha avaliação é muito esperançosa de uma possibilidade de vitória, mas muito realista de que é preciso reorganizar, botar ordem na casa para fazer a campanha, porque é na campanha que vai se decidir essa eleição. Nós já temos experiência de 2018 e sabemos o que é uma campanha contra o bolsonarismo e como ele se comporta. Sabemos dos riscos da violência, dos riscos de desestabilização, dos riscos de colocar a própria eleição e o calendário eleitoral em risco e depois não aceitar o resultado.
Portanto, vamos consolidar cada vez mais as alianças e vamos mobilizar para que o Lula tenha uma força popular para sustentar a campanha, o calendário eleitoral e a sua posse”, acrescentou.
Segundo cálculos do ex-ministro, Lula precisa ao menos empatar em votos com Bolsonaro em São Paulo, obter três milhões em Minas Gerais, um milhão no Rio de Janeiro, empatar com Bolsonaro no Centro-Oeste e no Norte e confirmar a “reserva eleitoral” do PT no Nordeste.
É neste ponto que entra Ciro Gomes, segundo Dirceu. A desistência do pedetista deixaria Lula muito perto de derrotar o governo atual no primeiro turno. Para Dirceu, a "hora da verdade" de Ciro Gomes chegará. Ou seja, o momento em que o pedetista deverá optar por um projeto pessoal de poder ou por garantir a vitória da democracia sobre a barbárie, representada por Bolsonaro.
"Pode ser que essa eleição se defina no primeiro turno, mas não porque nós vamos ganhar no primeiro turno, mas pelo esvaziamento total das candidaturas do MDB, do PSDB, das candidaturas por exemplo do [Sérgio] Moro. Não há, com a exceção do Ciro [Gomes], alguém que tenha viabilidade acima de 5%. E o Ciro terá a sua hora da verdade em junho ou julho porque o Lula pode ganhar no primeiro turno com o apoio do PDT. Essa é uma questão que o tempo dirá como será resolvida”.
Pelo Twitter nesta terça-feira (3), Ciro Gomes atacou Dirceu e negou que o ex-ministro petista tenha qualquer influência no PDT. "Me ajudem aqui! Quem é este Zé Dirceu que está falando? É aquele que planejou e executou o mensalão e o petrolão? É aquele que a cúpula atual do PT afugentou e quer manter escondido? Ou é aquele a quem Lula quer indultar e colocar de novo no comando? De uma coisa eu tenho certeza: seja qual for o Dirceu que esteja falando, ele nunca teve - e jamais terá - qualquer influência no PDT. Muito menos na minha candidatura. Ela seguirá crescendo, inabalável, porque pertence aos que amam de fato o Brasil. E não o seu próprio umbigo".