Segundo o PoderData, entre os 50% que reprovam o trabalho de Bolsonaro, 82% são contra a facilitação do acesso às armas. E 44% dizem que a atuação política dos militares é ruim
Por Tiago Pereira, da RBA - Para 62% dos brasileiros, o governo de Jair Bolsonaro não deveria facilitar a compra de armas de fogo. Cerca de um terço da população (33%), portanto, defende o oposto. Como esperado, o apoio ao acesso às armas é maior entre os seguidores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Os dados são de pesquisa PoderData divulgada nesta segunda-feira (2).
Entre os 50% que avaliam o trabalho do presidente como ruim ou péssimo, 82% são contra a facilitação do acesso às armas. Dos 20% que dizem que o seu governo é regular, dois terços (67%) também são contra o armamento da população. No entanto, entre os 28% que classificam o governo como ótimo ou bom, o apoio às armas vai a 69%.
O repúdio à facilitação do acesso às armas é maior entre as mulheres (70% a 22%, na mesma comparação), jovens de 16 a 24 anos (74% a 24%), no Sudeste (70% a 27%), e entre os que cursaram até o ensino fundamental (67% a 26%). Por outro lado, o apoio às armas aumenta – ainda que não seja majoritário – entre os homens (53% a 45%), pessoas a partir dos 60 anos (49% a 42%), no Centro-Oeste (51% a 47%) e entre os que concluíram o ensino superior (59% a 41%).
Em relação às faixas de renda, o repúdio é maior entre os que ganham entre dois e cinco salários mínimos (64% a 32%). Entre os que ganham até dois salários mínimos, 62% são contra a facilitação do acesso às armas, contra 29% que são favoráveis. Já entre os mais ricos, que ganham acima de cinco mínimos, 58% são contra, e 42% a favor.
Militares
Além disso, a pesquisa também ouviu a opinião dos brasileiros sobre a participação de militares no governo e na política em geral. Como resultado, 44% dizem que a atuação política dos militares é ruim para o Brasil, enquanto 43% dizem que é bom. No entanto, aumentou em nove pontos à resistência à participação dos militares no governo e na política. Em dezembro, 35% diziam que os militares na política era ruim para o país.
De lá para cá, os militares aumentaram as tensões com o Poder Judiciário e com a Justiça Eleitoral, mais especificamente. Na semana passada, o ministro Luís Roberto Barroso afirmou que as Forças Armadas “estão sendo orientadas” para atacar o processo eleitoral brasileiro. A mando de Bolsonaro, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio de Oliveira, classificando as declarações do magistrado como “ilação e ofensa” grave.
Também nos últimos dias, Bolsonaro chegou a sugerir que os militares façam uma “apuração paralela” nas eleições deste ano. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, refutou a intromissão indevida no processo eleitoral. “Intervenção jamais”, disse ele na última sexta (29).
O escândalo envolvendo a compra pelos militares de 35 mil comprimidos de Viagra, medicamento usado para disfunção erétil, próteses penianas e gel lubrificante, além de outros artigos supérfluos também abalou o prestígio da tropa. Posteriormente, a divulgação de áudios do Supremo Tribunal Militar (STM) que confirmam casos de tortura durante a ditadura foi outro fator que desgastou a imagem dos fardados.
Os dados da pesquisa foram coletados entre 24 a 26 de abril de 2022, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 3.000 entrevistas em 283 municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%. Registro no TSE: BR-07167/2022.