O ex-governador ingressou no PSB para viabilizar sua aliança com Lula e disse que é preciso olhar para frente: "política é esperança, e é isso que nos une aqui"
Geraldo Alckmin (Foto: Reprodução)
247 - O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin se filiou ao PSB na manhã desta quarta-feira (23). O ingresso na sigla é visto como um ato que define a candidatura do ex-tucano à Vice-Presidência na chapa do ex-presidente Lula (PT)
Em discurso, Alckmin falou em tom de conciliação e pacificação. "A política é a arte do bem comum, é a mais difícil das antiguidades humanas e exige coragem. Esse é o momento excepcional que o Brasil está vivendo. Há 49 anos, aos 20 anos de idade, fui candidato a vereador em Pindamonhangaba para redemocratizar o Brasil, tirar a ditadura. As ditaduras suprimem a liberdade. Em nome do pão, não dão o pão que prometeram e nem devolvem a liberdade que tomaram. Vivemos hoje um desses novos momentos graves da vida nacional, dois pesadelos que assombram o país: violência e miséria. O Brasil tem uma dívida social com nossa população, mas isso aumentou e piorou enormemente. Essa é a razão de estarmos aqui, no PSB, o partido da liderança, que tem história".
"A social-democracia e o socialismo quando nasceram, há alguns séculos, estiveram nos princípios das lutas trabalhistas e sociais. Alguns podem estranhar. Eu disputei com o presidente Lula a eleição em 2006, fomos para o segundo turno, mas nunca colocamos em risco a questão democrática. O debate era de outro nível. Nunca se questionou a democracia. A primeira tarefa nossa é combater a mentira, porque é o que há de pior para o regime democrático. Aqueles que criticam, desconfiam, agem de maneira displicente ao resultado das eleições estão ofendendo a democracia. Os que ameaçam o parlamento estão ameaçando a democracia. Os que agridem o Supremo Tribunal Federal estão agredindo a democracia. É evidente que estamos frente um mmento excepcional e é preciso olhar para frente. Winston Churchill dizia que quando nós aprofundamos a rixa entre o presente e o passado nós nos esquecemos o futuro. E é o futuro que aqui nos une, a esperança. Ulysses Guimarães relata que na última viagem que fez com Juscelino Kubitschek perorava entusiasmado: 'a política é a esperança'. São Lucas é o mais querido dos evangelistas porque é amoroso. Política não é coruja, que sofre de agouros. Política é esperança, e é isso que nos une aqui. Por isso me sinto tão feliz de estar aqui no PSB", falou o ex-governador.
Citando mais uma vez Lula, ele disse: "quero cumprimentar o PSB pela decisão de apoiar o presidente Lula para presidente da República. Nós temos que ter os olhos abertos para enxergar, a humildade para entender que ele é hoje aquele que melhor reflete, interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro. Ele representa a própria democracia porque é fruto da democracia. Não chegara lá, do berço humilde, se não fosse o processo democrático. Por ter conhecido as vicissitude é que interpreta esse sentimento da alma nacional. Não tenho dúvida de que o presidente Lula, se Deus quiser eleito, vai reinserir o Brasil no cenário mundial, vai alargar o horizonte do desenvolvimento econômico e vai diminuir essa triste diferença social que temos no país. O Brasil precisa ser bom para todos, trazer prosperidade para todos, qualidade de vida para todos".
Discursaram também o presidente do PSB, Carlos Siqueira, o ex-governador Márcio França (PSB), o deputado federal Bira do Pindaré (MA-PSB), o prefeito de Recife, João Campos (PSB), a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), e outros.
João Campos definiu a filiação de Alckmin: "largueza. O governador Alckmin está sendo largo, pensando no Brasil, pensando no que todos nós fazemos política deveríamos pensar. A gente tem que buscar unidade nas convergências. Chega de divergências, daquilo que nos separa".