Ex-militares citaram o silêncio de Bolsonaro após o chanceler russo, Sergei Lavrov, incluir o Brasil na lista de países discordam de "uma aldeia global com um xerife americano"
Jair Bolsonaro e o chanceler russo, Sergei Lavrov (Foto: REUTERS)
247 - Ex-militares brasileiros dispostos a se alistar afirmaram que a Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia não está recrutando eles por conta do posicionamento de Jair Bolsonaro (PL) sobre o conflito em solo ucraniano. De acordo com reportagem do portal Uol, Oliveira e outro militar, Bruno Bastos, 36, tentavam o alistamento relacionaram a decisão da Ucrânia ao silêncio de Bolsonaro após o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, incluir o Brasil na lista de países que discordam de "uma aldeia global com um xerife americano".
"O sentimento que a gente tem é de vergonha", disse o ex-militar mineiro Fabio Júnior de Oliveira, 42, que serviu como sargento das Forças Armadas entre janeiro de 2005 e novembro de 2006.
"Eu tenho todos os emails confirmando o alistamento", disse Oliveira. "Mas a situação mudou depois do pronunciamento do ministro russo e do silêncio de Bolsonaro. Fomos excluídos e não podemos mais integrar a legião estrangeira por causa da posição do presidente em relação à guerra na Ucrânia. O sentimento que a gente tem é de vergonha".
Dono de uma empresa de vigilância e segurança privada, o capixaba Bruno Bastos, 36, membro do mesmo grupo de Fábio, afirmou ter se decepcionado com Bolsonaro. "Se o Bolsonaro apoia o Putin é porque também apoia esse genocídio que está acontecendo na Ucrânia. Como as pessoas vão olhar para os brasileiros no exterior? Me sinto humilhado com essa situação. Votei no presidente em 2018. Mas meu voto não seria mais dele até que ele dê um esclarecimento", disse Bastos, que serviu no Exército entre 2004 e 2005.
Diálogos
O ex-militar entrou em contato diretamente com a legião. "É da legião estrangeira? Estou me preparando para ir à Ucrânia, mas tive a informação de que vocês não estão mais aceitando voluntários do Brasil. Isso é verdade?", perguntou Oliveira, em inglês. Ele serviu como sargento das Forças Armadas entre janeiro de 2005 e novembro de 2006.
"Sim, senhor. Infelizmente, os voluntários do Brasil e de alguns outros países não podem mais se juntar à legião", respondeu um homem que se apresentou como representante da unidade formada por estrangeiros.
"Mas eu não entendo. Eu tenho experiência militar. E eu...", continuou o ex-militar, interrompido em seguida: "Eu entendo, senhor. Muito obrigado. Mas [os voluntários] do seu país não podem ser aprovados para se unir à legião". Fábio, então, questionou se a recusa estaria relacionada à postura de Jair Bolsonaro. "Sim, é por isso", respondeu.
Bolsonaro e Putin
Bolsonaro tem evitado criticar a Rússia. Ele visitou o presidente russo Vladimir Putin, antes da tropas militares do país euroasiático ocuparam a Ucrânia, no dia 24 de fevereiro.
No dia 8 de março, Bolsonaro disse que Putin defendeu a soberania brasileira sobre a Amazônia.
No dia 3 de março, Bolsonaro também citou o presidente russo e a floresta, ao fazer uma live semanal.
Em fevereiro, quando visitou o país euroasiático, Bolsonaro disse um "Muito obrigado, Putin, pela acolhida".