Polônia, Eslováquia, Romênia, Hungria e Moldávia acolheram a grande maioria dos refugiados
Reuters - Pessoas que fugiam do que era a relativa segurança do oeste da Ucrânia se juntaram a milhares que cruzavam para o leste europeu nesta segunda-feira (14), depois que a Rússia atacou uma base ucraniana perto da fronteira com a Polônia, membro da Otan.
A Ucrânia disse que 35 pessoas foram mortas na base no domingo. Moscou disse que até 180 "mercenários estrangeiros" morreram e um grande número de armas estrangeiras foram destruídas.
A Ucrânia também relatou novos ataques aéreos em um aeroporto no oeste do país.
O número de refugiados fugindo da Ucrânia desde a invasão russa em 24 de fevereiro subiu para mais de 2,8 milhões, mostraram dados da ONU nesta segunda-feira, no que se tornou a crise de refugiados que mais cresce na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Autoridades da União Europeia disseram que 5 milhões podem acabar fugindo, enquanto outros aumentaram o número.
Milhões de pessoas também foram deslocadas dentro da Ucrânia, com muitas evacuadas apenas para as regiões mais tranquilas do oeste, inclusive para cidades como Lviv.
Myroslava, 52, fugiu de sua casa na região de Ternopil, no oeste da Ucrânia, e estava esperando em um terminal da estação de Cracóvia, na Polônia, para ser apanhada por conhecidos. Ela não sabia onde ficaria.
"Saímos por causa do ataque de ontem", disse ela, acrescentando que esperava que o oeste da Ucrânia estivesse seguro. "Nós não estávamos planejando sair, mas como estava tão perto, decidimos."
O primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki disse em entrevista coletiva com seus colegas da Ucrânia e da Lituânia que o ataque perto de sua fronteira mostrou que a Rússia queria "criar pânico entre a população civil".
IMPULSO DIPLOMÁTICO
As batalhas continuaram em muitas das principais cidades da Ucrânia, incluindo a capital Kiev. A Ucrânia disse que tentaria evacuar civis por 10 corredores humanitários na segunda-feira.
A Rússia nega atacar civis, descrevendo suas ações como uma "operação especial" para desmilitarizar e "desnazificar" a Ucrânia. A Ucrânia e seus aliados ocidentais chamam isso de pretexto infundado para a invasão russa do país democrático de 44 milhões de habitantes.
"Casas foram explodidas", disse Alena Kasinyska, refugiada da cidade de Mykolaiv, no sul da Ucrânia, depois de cruzar para a Romênia em Isaccea, uma movimentada passagem de fronteira no delta do Danúbio. "As pessoas não têm onde morar, estamos com medo."
A Ucrânia disse que iniciou negociações "duras" sobre um cessar-fogo, retirada imediata de tropas e garantias de segurança com a Rússia nesta segunda-feira.
Ambos os lados relataram raros progressos no fim de semana, depois que as rodadas anteriores se concentraram principalmente em cessar-fogo para levar ajuda a cidades sitiadas por forças russas e evacuar civis. Essas tréguas falharam frequentemente.
Autoridades e voluntários em toda a Europa Central e Oriental estão lutando para fornecer comida, acomodação e assistência médica aos milhões de refugiados que cruzam suas fronteiras.
Estados da linha de frente, como a Polônia, que recebeu bem mais da metade do número total de refugiados, e Eslováquia, Romênia, Hungria e Moldávia, acolheram a grande maioria dos refugiados, alguns dos quais seguiram para o oeste.
A guarda de fronteira da Polônia disse que cerca de 1,76 milhão de pessoas entraram no país desde o início dos combates, com 18.400 chegando durante as primeiras horas da segunda-feira.
"Estimamos que com certeza mais de 1 milhão de ucranianos permaneceram na Polônia e devemos fazer tudo para garantir sua segurança", disse o vice-ministro polonês de Assuntos Internos, Pawel Szefernaker, ao canal de televisão privado TVN24.
A simpatia pela situação de seus vizinhos e as memórias profundas do domínio de Moscou viram uma onda de esforços voluntários, mas a escala da crise de refugiados aumentou o medo de ser sobrecarregado.
Alguns países mais distantes das fronteiras da Ucrânia, como a República Tcheca, também receberam dezenas de milhares de refugiados, pressionando as autoridades locais, enquanto outros, como a Lituânia, apenas começaram a receber números significativos.