Manifestação era contra os assassinatos de Moïse Mugenyi e Durval Teófilo Filho –vítimas de racismos
Ora, porque a porta estava aberta!
Blog do Esmael - A direita fundamentalista curitibana, ligada à TFP (Tradição, Família e Propriedade), considerou uma ofensa que militantes de esquerda e de movimentos negros tenham entrando numa igreja na capital do Paraná.
O protesto liderado pelo vereador negro Renato Freitas, do PT, entrou na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos no sábado (05/02).
A velha mídia corporativa paranaense, ligada à Opus Dei, tenha criminalizar o parlamentar e o PT. Um horror.
O vereador esteve na justa manifestação contra o racismo e o fascismo numa Igreja que foi, inclusive, construída por e para trabalhadores negros em 1737.
Originalmente, o santuário se chama Nossa Senhora do Rosários dos Pretos.
Não houve invasão como diz a velha mídia paranaense uma vez que a porta estava aberta e não ocorria uma cerimônia no momento.
O protesto comandado pelo vereador do PT e partidos de esquerda, no centro histórico de Curitiba, era contra os assassinatos de Moïse Mugenyi e Durval Teófilo Filho –vítimas de racismos– que chocaram o Brasil e o mundo.
O PT afirma que não foi consultado sobre o protesto e que a ação foi do mandato do parlamentar.
Assista ao vídeo
Nota da Arquidiocese de Curitiba sobre a manifestação ocorrida dentro da Igreja do Rosário
No dia 05 de fevereiro de 2022, em torno das 17.00hs, um grupo apresentou-se junto à porta da Igreja do Rosário, para protestar contra a violência havida no estado do Rio de Janeiro, cujo desdobramento final foi a morte de um cidadão congolês e, em outro caso, a morte de um brasileiro afrodescendente. Era no mesmo horário da celebração da Missa. Solicitados a não tumultuar o momento litúrgico, lideranças do grupo instaram a comportamentos invasivos, desrespeitosos e grotescos.
É verdade que a questão racial no Brasil ainda requer muita reflexão e análises honestas, que promovam políticas públicas com vistas a contemplar a igualdade dos direitos de todos. Mas não é menos verdadeiro que a justiça e a paz nunca serão alcançados com destemperos ou impulsividades desequilibradas.
Desde a sua primeira inauguração, em 1737, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos sempre foi um lugar de veneração e de celebração da fé. Foram os escravos a edificá-la. Hoje, muitos afrodescendentes, a visitam. E o fazem em grupos ou individualmente. Sempre primaram pelo profundo respeito, até mesmo quando não católicos.
Infelizmente, o que houve no último sábado foram agressividades e ofensas. É fácil ver quem as estimulou.
A posição da Arquidiocese de Curitiba é de repúdio ante a profanação injuriosa. Também a Lei e a livre cidadania foram agredidas. Por outro lado, não se quer “politizar”, “partidarizar” ou exacerbar as reações. Os confrontos não são pacificadores. O que se quer agora é salvaguardar a dignidade da maravilhosa, e também dolorosa, história daquele Templo.
Curitiba, 07 de fevereiro de 2022.