Antonio Barra Torres criticou as insinuações de Jair Bolsonaro sobre eventuais interesses da agência na vacinação infantil
Antonio Barra Torres (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
247 – A Reuters, uma das principais agências de notícias do mundo, destaca, em sua primeira página internacional, a nota do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Antonio Barra Torres, em que ele critica Jair Bolsonaro por insinuar interesses escusos da agência no caso da vacinação infantil. Confira a reportagem traduzida, que trata Bolsonaro como líder de extrema direita, ao contrário do que faz a imprensa nacional:
BRASÍLIA, 9 de janeiro (Reuters) - O chefe da agência reguladora de saúde do Brasil, Anvisa, pediu ao presidente Jair Bolsonaro, cético em relação às vacinas, que se retratasse de declarações que fez criticando a agência por autorizar a vacinação de crianças contra o COVID-19.
Em uma carta a Bolsonaro tornada pública na noite de sábado, o contra-almirante aposentado Antonio Barra Torres pediu ao presidente que apoiasse sua declaração de que havia "interesses" não revelados por trás da decisão da vacina ou então retraísse suas palavras.
Bolsonaro criticou a Anvisa nesta quinta-feira por aprovar o uso para crianças de 5 a 11 anos da vacina pediátrica fabricada pela Pfizer Inc (PFE.N), dizendo que não tinha ouvido falar de crianças morrendo de COVID-19.
"O que está por trás disso? Quais são os interesses dos maníacos por vacinas?" Bolsonaro afirmou em uma entrevista de rádio. consulte Mais informação
Bolsonaro, um líder de extrema direita que se gabou de não ter sido vacinado e questionou consistentemente a eficácia e segurança das vacinas contra o coronavírus, disse que as injeções podem ter efeitos colaterais em crianças, mas não deu provas.
A Anvisa e órgãos reguladores de saúde em todo o mundo descobriram que as vacinas COVID-19 são seguras para pessoas a partir de 5 anos de idade. Segundo o conselho dos secretários estaduais de saúde, pelo menos 300 crianças de 5 a 11 anos morreram no Brasil por COVID-19.
O gabinete do presidente não respondeu a um pedido de comentário sobre a carta, que veio poucos dias depois de outra divergência entre Bolsonaro e os militares.
O Exército do Brasil diferiu do presidente na semana passada sobre como lidar com o COVID-19. Ordenou que os soldados se vacinassem, usassem máscaras e mantivessem distância social, e os alertou contra a divulgação de notícias falsas sobre a pandemia.