O cientista político e professor da FGV-Eaesp Fernando Abrucio, avalia que a eleição presidencial de 2022 será decidida em um segundo turno entre o ex-presidente Lula e Jair Bolsonaro e o ex-capitão
247 - O cientista político e professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-Eaesp) Fernando Abrucio avaliou, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que a eleição presidencial de 2022 será decidida em um segundo turno entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. Com o ex-presidente liderando todas as pesquisas de intenção de voto, Abrucio avalia que “o grande medo do Bolsonaro hoje é o Lula ganhar no primeiro turno".
Segundo ele,a possibilidade de Bolsonaro chegar ao segundo turno “ é mais tranquila do que muitos imaginam. É preciso dizer que, caso ele ganhe a eleição, será por uma margem estreita. Para Abrucio, o ex-capitão deverá fazer uma campanha focada na pauta de costumes. “É um dos poucos argumentos do Bolsonaro que sobraram. Com essa linha, ele consegue manter uma quantidade de cristãos que se soma aos conservadores e armamentistas, totalizando algo em torno de 15%. Esse bolsonarismo raiz é o que ainda segura o presidente”,completou..
“Se ele tiver mais 10%, distribuindo dinheiro, pagando Auxílio Brasil, com a capilaridade do centrão, ele está no segundo turno, que é o que ele quer. E aí no segundo turno é tudo ou nada, naquela cantilena já conhecida: ‘Lula é comunista’, ‘o país vai ser dominado pelos chineses’, etc”,disse.
O cientista político destaca, ainda, que Bolsonaro “precisa de 25% para estar no segundo turno. E ir para o segundo turno contra Lula significará pintar o petista como a ameaça maior ao país. É algo como ‘Deus contra o Diabo’. É muito difícil que Lula, ainda que derrotado, tenha no segundo turno menos de 45% dos votos. Bolsonaro começaria o governo muito enfraquecido”.
Para Abrucio, caso este cenário se confirme , “ele fica refém do Congresso e, na primeira crise, instala-se o debate sobre o semipresidencialismo. Essa é a ideia do Arthur Lira, que é hoje o homem mais importante da República. Lira sabe que um presidente fraco é bom para o Congresso”.