O advogado que hoje mora da Espanha foi o primeiro a enfrentar a Lava Jato e denunciou trama que pode ser interetada como extorsão, escreve Joaquim de Carvalho
247, por Joaquim de Carvalho - O advogado Rodrigo Tacla Durán, o primeiro brasileiro a enfrentar a Lava Jato, postou nas redes sociais mensagens que deveriam deixar Sergio Moro e Deltan Dallagnol preocupados. Tacla Durán foi quem denunciou trama envolvendo a Lava Jato que pode ser interpretada como extorsão.
No capítulo de um livro que começou a escrever e que foi vazado na internet, em 2017, auge da Lava Jato, ele transcreveu diálogos travados com o advogado Carlos Zucolotto Júnior, amigo e compadre de Sergio Moro. Na conversa, Zucolotto cobra 5 milhões de dólares para conseguir facilidades em acordo de delação premiada.
Para selar o negócio, ele disse que conversaria com DD (iniciais de Deltan Dallagnol). No dia seguinte, o advogado de Tacla Durán recebeu a minuta do acordo, em papel timbrado do MPF, com os termos acertados na conversa com Zucolotto Júnior.
Um mês depois, Tacla Durán transferiu para a conta do escritório do advogado Marlus Arns, ligado a Rosângela Moro, 612 mil dólares. Era, segundo Tacla Durán declarou em entrevista a Jamil Chade, pagamento para não ser preso.
A trasnferência seria também parte do acerto com Zucolotto. Como Tacha Durán não tinha dado resposta definitiva sobre a minuta do acordo, ele foi ameaçado de cadeia.
A prisão seria decretada alguns meses depois, quando Tacla Durán já não estava mais no Brasil e já não tinha feito mais nenhuma transferência a Marlus Arns.
Tacla Durán estava nos EUA e foi para a Espanha, sem ser preso. Quando estava em Madri, Moro emitiu um novo decreto de prisão e ele acabou sendo levado para o presídio Soto del Real.
Alguns meses depois, saiu e obteve duas vitórias que escancararam a violência jurídica que estava sendo praticada no Brasil.
A Justiça da Espanha negou pedido de extradição formulado pelo Brasil, e mais tarde a Interpol cancelou o alerta vermelha sobre Tacla Durán, ao acatar o argumento de que Moro havia violado a Declaração Universal dos Direitos Humanos, ao não assegurar processo justo.
Depondo na CPI da JBS, por videoconferência, Tacla Durán apresentou em novembro de 2017 perícia feita no seu celular, que atestavam a integridade dos prints das conversas com Zucolotto.
A defesa de Lula e a de outros réus pediram a Sergio Moro o depoimento de Tacla Durán como testemunha -- ele havia apontado fraude nos sistemas de contabilidade e comunicação da Odebrecht apresentados pela Lava Jato como provas de crime.
Moro indeferiu todos os pedidos de depoimento de Tacla Durán.
Nas postagens de hoje, depois de um período de pouca presença nas redes sociais, Tacla Durán escreveu:
"Deltan Dallagnol e Sergio Moro entrarem na política é a prova cabal de que usurparam da função pública para se promoverem politicamente".
Em seguida, o tom ameaçador:
"Só não se esqueçam de que vocês prenderam candidatos, durante o período de campanha eleitoral..."
Tacla Durán ainda escreveu:
"Vocês são dois politicos muito cara de pau".
Ele ainda perguntou a Deltan Dallagnol:
"Quem é o tesoureiro de sua campanha?"
Tacla Durán conhece os bastidores da Odebrecht como poucos e também os meandros da sociedade de Curitiba. A família Tacla é uma das tradicionais na cidade e seu nome está marcadp em construções importantes.
Carlos Zucolotto Júnior, a propósito, foi advogado dele antes do início da Lava Jato, e atuou como correspondente de seu escritório. Como diz o apresentador Ratinho, pai do atual governador do Paraná, Tacla Durán tem café no bule.