quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Entrega de “Moção de Aplausos”, de “Comenda” e “Certificado” marcam homenagem a médicos

 Solenidade foi realizada nesta manhã no Hospital da Providência, com destaque aos profissionais que atuam na linha de frente da pandemia


O Hospital da Providência realizou hoje uma comemoração pela passagem do Dia do Médico, celebrando no dia 18 de outubro. O evento, com homenagens voltadas a reconhecer a importância deste profissional no enfrentamento à pandemia de Covid-19 foi marcado por três momentos.

O primeiro foi a entrega de “Moção de Aplausos” da Câmara Municipal, por iniciativa do presidente do Legislativo, vereador Fransciley Preto Poim, ao diretor clínico do Hospital da Providência, Dr Leonardo Marchi, e ao diretor técnico da instituição, Dr Sérgio Seidi Uchida. “Recebam essa homenagem como reconhecimento pelo trabalho dos profissionais da saúde e toda a equipe do hospital que atuam na linha de frente no combate a Covid. Vocês merecem todas as honrarias por cuidar de milhares de vidas neste momento tão difícil de pandemia. Em nome desses dois médicos, nossos sinceros agradecimentos a cada membro da equipe de profissionais do nosso hospital”, disse Poim.

A diretora geral do Hospital da Providência, irmã Geovana Ramos, também foi homenageada com a recebimento, pelas mãos do prefeito Junior da Femac, de um certificado de agradecimento em nome de todos os colaboradores do Hospital da Providência e Materno Infantil que atuaram diretamente no enfrentamento da pandemia.

O Hospital da Providência, por sua vez, também realizou homenagens com a entrega das primeiras Comendas Santa Luíza de Marillac da instituição a membros do seu corpo clínico, em reconhecimento ao trabalho que realizaram e vem realizando no enfrentamento da pandemia. De acordo com o diretor executivo da Providência Guilherme Borges, “o hospital chegou a ter 101 pacientes atendidos e não fechou as portas para ninguém graças a soma de esforços do corpo clínico, demais colaboradores, poder público e comunidade.”

A comenda de Santa Luísa é uma honraria de coragem e amor ao próximo. O corpo clínico e demais colaboradores que atuaram na linha de frente da pandemia deixaram um legado e estamos expressando a nossa gratidão e reconhecimento”, disse irmã Geovana, que também estendeu a honraria aos residentes da clínica médica do hospital.


De acordo com o prefeito Junior da Femac, esse ano a gratidão e o reconhecimento são marcados pela emoção. “Através da moção de aplausos ao Dr Leonardo Marchi e Dr Sergio Uchida estendo meu muito obrigada a todos os médicos que estão nos ajudando a vencer essa pandemia. O primeiro caso de Covid em Apucarana foi registrado no dia 9 de abril de 2020 e até agora 493 apucaranenses perderam a vida para essa doença, mas é preciso destacar que nossos médicos salvaram milhares de vidas. Gratidão por não terem recuado e continuar enfrentando essa adversidade poderosa. Com certeza, cada um de vocês atenderam um chamamento de Deus”, afirma Junior da Femac.

Bolsonaro foi assessorado pelos piores ministros da nossa história, diz Renan Calheiros

 O relator da CPI da Covid fez críticas ao Ministério da Saúde e ao gabinete paralelo, que assessorou a pasta com informações equivocadas em relação à pandemia

(Foto: Pedro França/Agência Senado | ABr)

247 - O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou nesta quarta-feira (20) durante a leitura de seu relatório final que Jair Bolsonaro "foi assessorado pelos piores ministros da nossa história".

Dentre eles, segundo o parlamentar, estão os 'ministros' do gabinete paralelo e do ministério "oficial".

O ministério "oficial" é o Ministério da Saúde, que foi conduzido nos piores momentos da pandemia pelo general Eduardo Pazuello e, agora, pelo ministro Marcelo Queiroga.

Crimes imputados a Bolsonaro somam até 40 anos de prisão no Código Penal

 No caso de penas mínimas seriam pouco mais de 20 anos de detenção para Jair Bolsonaro levando em conta os crimes imputados a Jair Bolsonaro e que foram apresentados pelo relator da CPI da Covid, Renan Calheiros

Senador Renan Calheiros, ato contra Jair Bolsonaro e pela vacinação (Foto: Divulgação I Agência Senado)

247 - Os crimes imputados a Jair Bolsonaro no relatório final da CPI da Covid, apresentado nesta quarta-feira (20) pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), somam até 40 anos de prisão. No caso de penas mínimas seriam pouco mais de 20 anos de detenção, de acordo com informação publicada em reportagem do portal Uol

Ricardo Barros diz que vai processar senadores que votarem a favor do relatório final da CPI

 O líder do governo na Câmara vai processar Renan Calheiros

Ricardo Barros (Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)

247 - O líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou que irá processar todos os senadores que votarem a favor do relatório final da CPI da Covid, que trata de seu envolvimento no caso Covaxin.

O relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), pede que a Receita Federal investigue as empresas de Barros que estariam envolvidas em "prática própria de quem oculta a origem dos recursos (por exemplo, por corrupção)", segundo o documento. 

Barros nega as acusações da CPI. "A investigação provou que eu não participei, e ele (Renan Calheiros) insiste em fazer uma tese que não tem fundamento nenhum. Vai responder juridicamente. E os outros senadores que votarem a favor do relatório também, na sucessão. Ele, eu processo agora, quando ele divulga seu relatório. Os outros, eu processo depois, quando votarem a favor do relatório dele sabendo que não tem os elementos", disse o deputado, em sessão do Conselho de Ética da Câmara. (Com informações do Globo). 

Auxílio Brasil de R$ 400 mensais será pago a partir de novembro, diz ministro

 Ministro João Roma anunciou que haverá um reajuste de quase 20% no programa, mas não detalhou valores

(Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

Metrópoles - O ministro da Cidadania, João Roma, afirmou nesta quarta-feira (20/10), em coletiva no Palácio do Planalto, que o Auxílio Brasil, programa social que vai substituir o Bolsa Família, começará a ser pago em novembro. A iniciativa é vista como uma forma de ajudar a recuperar a popularidade da gestão Jair Bolsonaro.

“A partir de novembro iniciaremos a execução do Auxílio Brasil. O Auxílio Brasil é um avanço no que tange ao programa de transferência de renda. Está integrando políticas sociais, para que possamos, além de oferecer teia de proteção social para pop em vulnerabilidade, também agir na transformação social, oferecendo possibilidade e estímulo a esses brasileiros”, disse o ministro.

Veto chinês trava 100 mil toneladas de carne e preço pode cair no Brasil

 Consultoria estima que os preços podem cair de 10% a 15%, caso todo esse estoque chegue ao mercado interno

(Foto: Governo TO)

247 - O veto da China à importação de carne brasileira após a divulgação de casos de “vaca-louca” no Brasil já provocou o represamento de cerca de 100 mil toneladas de carne, estimativa da consultoria Safras & Mercado.

“Isso está represado desde o embargo. Normalmente a carne é inspecionada e despachada na sequência para os portos e de lá segue para o país de destino. Mas, com a China descredenciando o Brasil, o fluxo foi interrompido“, diz à CNN o consultor Fernando Iglesias.

Esse cenário já faz com que empresas procurem no mercado interno um destino mais rápido para o produto. A partir da coleta diária dos preços do mercado físico e dos preços do boi gordo e da carne bovina no atacado, a consultoria estima que os preços podem cair de 10% a 15%, caso todo esse estoque chegue ao mercado interno. “Os preços da carne no atacado estão cedendo, ainda não chegaram ao varejo, mas é questão de tempo”, diz ele. 

O Brasil interrompeu voluntariamente a exportação de carne para a China no começo de setembro, após a confirmação de dois casos da doença em duas fábricas distintas. Depois, porém, mesmo com o controle dos casos no Brasil, a interrupção chinesa foi mantida.

A China é o principal parceiro comercial brasileiro, e foi destino de 58% dos embarques de carne bovina de janeiro a setembro de 2021, o que corresponde a US$ 3,8 bilhões.

Integrantes da CPI vão entregar relatório final a Aras e Lira já na próxima quarta-feira

 O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que a Comissão Parlamentar de Inquérito deve entregar, na próxima quarta-feira (27), um pedido de impeachment de Jair Bolsonaro ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL)

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

247 - A cúpula da CPI da Covid-19 planeja se encontrar com o procurador-geral da República, Augusto Aras, e com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), já na próxima quarta-feira (27), após a votação do relatório final da comissão.

Em coletiva de imprensa, o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), enfatizou que a agenda ainda não está confirmada.

Bolsonaro nega crimes apontados pela CPI: "não temos culpa de absolutamente nada"

 Enquanto o relatório ainda era lido no colegiado, Bolsonaro afirmou, em um evento em Russas (CE), que a CPI não fez nada "produtivo" e apenas gerou "ódio e rancor"

(Foto: Alan Santos/PR | Pedro França/Agência Senado)

247 - Jair Bolsonaro negou os crimes apontados contra ele e seus aliados pelo relatório final da CPI da Covid, apresentado nesta quarta-feira (20). O documento pede o indiciamento do chefe de governo por 9 crimes, entre eles epidemia com resultado morte, infração de medida sanitária preventiva, charlatanismo, prevaricação e incitação ao crime. 

Enquanto o relatório ainda era lido no colegiado, Bolsonaro afirmou, em um evento em Russas (CE), que a CPI não fez nada "produtivo" e apenas gerou "ódio e rancor". 

"Como seria bom se aquela CPI tivesse fazendo algo de produtivo para o nosso Brasil. Tomaram tempo de nosso ministro da Saúde, de servidores, de pessoas humildes e de empresários. Nada produziram, a não ser o ódio e o rancor entre alguns de nós. Mas nós sabemos que não temos culpa de absolutamente nada. Sabemos que fizemos a coisa certa desde o primeiro momento", declarou Bolsonaro. (Com informações do Globo). 

Lula defende auxílio emergencial de R$ 600: "o povo merece"

 O ex-presidente lembrou que o PT já reivindicou que o governo desse auxílio maior e apresentou proposta para um novo Bolsa Família, no valor de R$ 600

(Foto: Reprodução)

Do Lula.com.br - Em entrevista à rádio A Tarde, de Salvador (BA), nesta quarta-feira (20), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o presidente Jair Bolsonaro deve dar um auxílio de R$ 600 para os brasileiros pobres que passam por dificuldades. Ele lembrou que PT, há mais de cinco meses, pediu que o valor do auxílio se fixasse em R$ 600 e, além disso, o partido mandou uma proposta para a Câmara dos Deputados de um novo Bolsa Família, também no valor dos 600 reais. O ex-presidente disse não se importar que Bolsonaro possa tirar proveito eleitoral do auxílio, porque o povo merece receber o dinheiro.

“Estou vendo agora que Bolsonaro vai dar um auxílio emergencial de R$ 400 que vai durar até o final do ano que vem. Muita gente diz que a gente não pode aceitar porque é um auxílio emergencial eleitoral. Não, não penso assim. Faz mais de cinco meses que o PT pediu um auxílio emergencial de R$ 600, aliás, o PT pediu e mandou uma proposta para a Câmara dos Deputados de um novo bolsa família de R$ 600. Então, o que nós queremos é que o Bolsonaro dê um auxílio emergencial de R$ 600. Ele vai tentar tirar proveito disso? É problema dele. Se alguém acha que vai ganhar o povo porque vai dar um auxílio emergencial de R$ 600, paciência. Eu acho que o povo merece os R$ 600 e acho que ele tem que dar e nós já reivindicamos isso”, disse o Lula.

Confira a lista de todos os indiciados pela CPI da Covid e seus crimes

 O relatório do senador Renan Calheiros identificou 29 tipos penais e sugeriu o indiciamento de 66 pessoas, incluindo Jair Bolsonaro, deputados, empresários, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e o atual titular da pasta, Marcelo Queiroga

(Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Agência Senado - Após quase seis meses de trabalho, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) apresentou oficialmente, nesta quarta-feira (20), seu relatório à CPI da Pandemia. Numa reunião que começou tumultuada, o senador leu apenas uma pequena parte das 1.179 páginas do documento, que agora ficará disponível por uma semana aos demais integrantes do colegiado.

Renan disse que está disposto a receber sugestões para "alterar e melhorar" o texto até a votação  — que será nominal e ostensiva — prevista para a próxima terça-feira (26). Na mesma data também serão apresentados votos em separados de outros parlamentares. 

O relator identificou 29 tipos penais e sugeriu o indiciamento de 66 pessoas, incluindo deputados, empresários, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e o atual titular da pasta, Marcelo Queiroga. Foram apontados ainda crimes cometidos por duas empresas: a Precisa Medicamentos e a VTCLog. 

Grupo antivacina e nazista invade Câmara de Porto Alegre e agride vereadores (vídeos)

 O grupo invadiu a Câmara Municipal de Porto Alegre e causou uma confusão generalizada

Briga generalizada na Câmara Municipal de Porto Alegre

 247 - Bolsonaristas invadiram a Câmara Municipal de Porto Alegre na tarde desta quarta-feira (20) e causaram uma confusão generalizada. Eles carregavam referências ao nazismo e gritavam contra o passaporte da vacina.

O vereador Leonal Radde (PT) afirmou, em seu Twitter, que um dos presentes na invasão participou de uma homenagem recente à organização racista Ku Klux Klan.

Veja: 


MST recebe prêmio da ONU pela atuação na defesa dos trabalhadores do Brasil

 Cerimônia de entrega do Prêmio Esther Busser Memorial Prize acontece nesta sexta-feira (22)

(Foto: Twitter/MST)

247 - O MST foi um dos cinco escolhidos entre centenas de organizações e indivíduos do Sul Global, que lutam por justiça social, para o prêmio Esther Busser Memorial Prize. A premiação será realizada virtualmente, no dia 22 de outubro, às 8h.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), idealizadora do prêmio, é uma agência multilateral da Organização das Nações Unidas (ONU) sediada em Genebra e tem com foco trabalhar na regulação do trabalho, especialmente no cumprimento das normas (convenções e recomendações) internacionais. 

O nome do prêmio é uma homenagem à Esther Busser, defensora incansável dos direitos dos trabalhadores, com destaque para a sua atuação como pesquisadora e diretora adjunta da Confederação Sindical Internacional (ITUC) por uma década.

Reconhecimento

O MST é reconhecido por ser um organização política que tem atuado na garantia de condições dignas de vida e de trabalho para o povo brasileiro, através da história de centenas de milhares de trabalhadores rurais, que dedicam as vidas na luta pela Reforma Agrária e pela democracia no país.

Fundado em 1984, o Movimento, no contexto da redemocratização do Brasil, tornou-se um símbolo nacional da luta pelo acesso à terra e atualmente possui cerca de 350 mil famílias assentadas em 24 estados federativos. Entre suas maiores contribuições à sociedade estão a produção de alimentos saudáveis em defesa da soberania alimentar, a preservação do meio ambiente e a luta intransigente dos direitos humanos e da universalização do acesso à educação e à saúde públicas de qualidade.

Apenas nesta pandemia, o MST, como símbolo de solidariedade com a classe trabalhadora, já doou mais de 5 mil toneladas de alimentos e cerca de 1 milhão de marmitas. A partir do Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis” já plantou mais de 1 milhão de árvores em todo país e, no último mês, construiu mais de 100 viveiros da Reforma Agrária Popular, com o objetivo de impulsionar a produção de mudas e plantio de árvores.

Relatório final da CPI da Covid será lido nesta quarta-feira após quase seis meses de trabalho

 Relatório final será lido pelo relator do colegiado, senador Renan Calheiros (MDB-AL), e votado pela comissão no dia 26. Relembre a trajetória da CPI

Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

247 - Após quase seis meses de trabalho contínuo, o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), apresenta nesta quarta-feira (20) o documento final com os resultados das apurações do colegiado no tocante ao enfrentamento da pandemia de Covid-19 no Brasil. 

O documento lista uma série de crimes contra integrantes do governo, incluindo Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, além de ex-ministros, parlamentares, empresários, atravessadores e intermediadores de vacinas. A peça também aponta casos de corrupção na compra de vacinas contra o coronavírus e detalha a crise da falta de oxigênio em Manaus, que levou centenas de pessoas à morte.

Causa revolta nas redes, no entanto, a decisão da comissão de retirar do relatório o pedido de indiciamento de Bolsonaro por genocídio.

O documento será votado pelos parlamentares no dia 26 de outubro. Até o momento, o Brasil já perdeu mais de 600 mil vidas para a doença. 

Saiba mais sobre o assunto na reportagem da Agência Senado:

Em quase seis meses de trabalho, a CPI da Pandemia colheu mais de 50 depoimentos, quebrou 251 sigilos, analisou 9,4 terabytes de documentos e fez mais de 60 reuniões, marcadas por intensos embates. Cabe agora ao senador Renan Calheiros (MDB-AL) apresentar nesta quarta-feira (20) o relatório final, que será votado pelos integrantes da comissão.

Caso aprovadas pela CPI, as propostas de indiciamento contidas no relatório devem ser encaminhadas ao Ministério Público, à Câmara dos Deputados e até ao Tribunal Penal Internacional, em Haia (Holanda), para que se promova a eventual responsabilização civil, criminal e política dos acusados. Se o documento recomendar mudanças legislativas, elas passam a tramitar como projetos de lei no Congresso Nacional.

No entendimento do presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), a comissão já deu certo em dois propósitos básicos: buscar justiça e estimular a vacinação. O percentual da população totalmente imunizada com vacinas saltou de 6,6% no início dos trabalhos, em abril, para 49% agora em outubro. Além disso, "a CPI já municiou a abertura de, ao menos, oito investigações, mesmo sem ainda ter apresentado o relatório", escreveu Omar em uma rede social.

Os requerimentos que deram origem à comissão, instalada em 27 de abril, previam diligências em duas frentes: além de apurar ações e omissões do governo federal, a CPI deveria fiscalizar o eventual desvio de recursos repassados da União para estados e municípios no enfrentamento à pandemia.

Para os senadores governistas, como Marcos Rogério (DEM-RO), a CPI focou apenas o governo federal, com o objetivo de desgastar o presidente Bolsonaro. Eduardo Girão (Podemos-CE), que se declara independente e é autor do requerimento para a investigação nos estados, diz que a comissão fechou os olhos à atuação de governos estaduais e prefeituras. Eles prometem relatórios alternativos ao de Renan.

Mesmo senadores que se posicionaram contra a atuação do governo na pandemia poderão submeter suas contribuições para análise da CPI. Caso de Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que na sexta-feira (15) protocolou um documento de 149 páginas, com críticas à gestão Bolsonaro e propostas de mudança na legislação.

De qualquer modo, o acompanhamento da pandemia não acaba com o fim da comissão de inquérito. Deve ser criada uma frente parlamentar para monitorar os desdobramentos da investigação (PRS 53/2021). A formação do “observatório” atende uma sugestão da senadora Zenaide Maia (Pros-RN).

— Um trabalho da dimensão que foi essa comissão parlamentar de inquérito poderia simplesmente acabar? — diz o vice-presidente do colegiado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que propôs a criação da CPI. — Nós ainda teremos as consequências do relatório do senador Renan Calheiros — afirma.

Em homenagem às mais de 600 mil vítimas da pandemia, números computados até o momento, Renan Calheiros propôs e o Senado aprovou o PRS 46/2021, que prevê a construção de um memorial no espelho d’água do Congresso. Na segunda-feira (18), a CPI recebeu parentes de vítimas da covid-19, que relataram suas experiências de perda durante a pandemia. Os senadores se comprometeram em aprovar propostas de apoio às vítimas da doença, a seus parentes e aos chamados "órfãos da covid".

Vacinação, uso de máscaras e distanciamento social, “gabinete paralelo”, “kit covid” e “tratamento precoce” foram alguns dos temas sobre os quais a CPI se debruçou. Veja a seguir um balanço dos assuntos e personagens que marcaram o trabalho da comissão. 

Colapso em Manaus e ex-ministro Pazuello

O colapso de oxigênio em Manaus (AM) ocupou os dois dias de depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Em janeiro, dezenas de pacientes morreram devido à falta do insumo na capital amazonense. Pazuello disse ter sido informado sobre o risco de desabastecimento apenas no dia 10 daquele mês. Mas, segundo o ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campêlo, a pasta foi informada três dias antes. Pazuello também foi questionado sobre o aplicativo TrateCov, lançado pelo Ministério da Saúde em Manaus. O programa recomendava o uso de medicamentos sem eficácia comprovada para pacientes com sintomas da doença. Segundo o ex-ministro, a plataforma nunca chegou a ser lançada oficialmente por ter sido atacada por hackers. A secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, afirmou, no entanto, que “o sistema era seguro”. Em depoimento à CPI, ela defendeu o uso da cloroquina contra a covid-19.

Velocidade da vacinação no país

Em depoimento à CPI em julho, a ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde Francieli Fantinato responsabilizou o presidente da República pelo atraso na vacinação contra o coronavírus. Segundo ela, Bolsonaro lançou dúvidas sobre a eficácia dos imunizantes.

— Quando o líder da nação não fala favorável, a minha opinião pessoal é que isso pode trazer prejuízos.

No dia 7 de outubro, o senador Renan Calheiros, relator da CPI, disse que a comissão cumpriu seu papel, entre outros motivos, por forçar a aceleração do processo de vacinação no país. Ele destacou que, no começo dos trabalhos, em abril, apenas 6,6% dos brasileiros tinham a imunização completa, enquanto hoje mais de 45% estão vacinados com as duas doses ou a dose única.

Em nota na sexta-feira (15), o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) rebateu as acusações de negacionismo contra o governo. "É preciso lembrar que todas as vacinas aplicadas no país, sem exceção, foram compradas pelo governo Bolsonaro. E que, apesar da CPI insistir no rótulo de negacionista, foi o governo Bolsonaro que aplicou mais de 254 milhões de doses de vacina”, escreveu.

Queiroga, vacinas e distanciamento social

O médico Marcelo Queiroga foi o quarto ministro da Saúde a assumir o enfrentamento à pandemia, após as demissões de Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello. Queiroga prestou o primeiro depoimento à CPI em maio. Ele defendeu a vacinação em massa contra o coronavírus, mas evitou comentar declarações de Jair Bolsonaro contra o isolamento social e a favor da cloroquina. Em junho, o ministro prestou novo depoimento à comissão. Voltou a destacar a importância de medidas não farmacológicas, como o distanciamento social e o uso de máscaras. Questionado sobre as aglomerações promovidas pelo presidente, Queiroga afirmou que seguir as recomendações de isolamento seria uma decisão de cada um. “Eu sou ministro da Saúde. Não sou um censor do presidente da República. O presidente da República não é julgado pelo ministro da Saúde. As recomendações sanitárias estão postas. Cabe a todos aderir a essas recomendações”, afirmou.

'Gabinete paralelo' e bula da cloroquina

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta foi o primeiro a depor. Ele denunciou a existência de um “gabinete paralelo” para orientar Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia. Em reunião no Palácio do Planalto, o grupo teria sugerido mudar a bula da cloroquina por meio de decreto para incluir o tratamento contra a covid-19. Segundo o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, a proposta partiu da médica Nise Yamaguchi. Em depoimento à CPI, ela defendeu o uso da cloroquina. Embora tenha negado a existência do “gabinete paralelo”, Nise admitiu ter integrado um “grupo de médicos” que esteve “quatro ou cinco vezes” com o presidente da República. Outro entusiasta da hidroxicloroquina, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) confirmou ter participado de um encontro em que Bolsonaro recebeu médicos defensores do “tratamento precoce”. Terra, no entanto, classificou a existência do “gabinete paralelo” como “falácia”, “absurdo” e “ficção”. Amparado por um habeas corpus, o empresário Carlos Wizard negou ter financiado o suposto “gabinete paralelo”.

Opiniões divergentes sobre cloroquina e ‘tratamento precoce’

A CPI ouviu especialistas a favor e contra o uso da cloroquina no “tratamento precoce” de pacientes com covid-19. A infectologista Luana Araújo classificou essa discussão como “esdrúxula”.

— Ainda estamos discutindo uma coisa que não tem cabimento. É como se a gente estivesse escolhendo de que borda da Terra plana a gente vai pular. Não tem lógica — afirmou.

Segundo os médicos Claudio Maierovitch e Natalia Pasternak, estudos científicos reconhecidos mostram que a cloroquina e outros medicamentos do “tratamento precoce” não funcionam contra a covid-19.

— A cloroquina, infelizmente, nunca teve plausibilidade biológica para funcionar — disse Natália.

Já os médicos Francisco Cardoso e Ricardo Zimerman defenderam o uso da droga.

— A equipe com a qual trabalhamos em São Paulo já atendeu mais de 4 mil casos com pouquíssimos desfechos fatais. Nós temos resultados — disse Cardoso.

Zimerman destacou que o “tratamento precoce” não se resume à cloroquina. Ele defendeu o uso de drogas como budesonida inalatória, colchicina, nitazoxanida e proxalutamida.

Denúncia contra a Prevent Senior por suposto uso forçado do 'kit covid'

Médicos acusaram a operadora de saúde Prevent Senior de forçar a prescrição de drogas do chamado "kit covid". Mensagens e áudios divulgados por ex-funcionários sugerem que a empresa pretendia evitar internações e reduzir custos usando o “tratamento precoce” de clientes. Em outra frente, familiares acusaram a Prevent de sugerir que pacientes com chances de recuperação fossem transferidos da UTI para o chamado tratamento paliativo, recomendado apenas aos casos terminais. As denúncias foram apresentadas pela advogada Bruna Mendes Morato, representante de 12 médicos que trabalharam em hospitais da rede, e reiteradas durante o depoimento do plantonista Walter Correa de Souza Neto e do paciente Tadeu Frederico Andrade. O diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Batista Júnior, negou as denúncias. Ele afirmou que documentos repassados à CPI foram furtados sem autorização dos pacientes e adulterados deliberadamente para deturpar a imagem da empresa.

Monitoramento da Prevent por parte da ANS

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou na CPI a instauração de um regime especial de direção técnica na operadora Prevent Senior. Segundo o presidente da ANS, Paulo Rebello Filho, a medida será aplicada por conta das “denúncias novas e extremamente graves” reveladas pela comissão. A ANS vai investigar a pressão indevida sobre médicos para a prescrição do chamado "kit covid" e a realização de tratamentos experimentais em pacientes com covid-19. Questionado pelo relator Renan Calheiros, Paulo Rebello Filho disse que a ANS apura denúncias de que pacientes da Prevent Senior teriam sido tratados com ozônio, terapia que não tem eficácia comprovada contra a covid-19. O empresário Luciano Hang, defensor do “tratamento precoce” contra a covid-19, admitiu que a mãe dele, Regina Modesti Hang, usou medicamentos do kit covid e morreu internada em uma das unidades da Prevent Senior. Apesar disso, o atestado de óbito emitido com base em informações do hospital não faz referência à covid-19. Luciano Hang atribuiu a ausência da informação a um "erro do plantonista".

Salto no faturamento de fabricante de ivermectina

Integrantes da CPI acusaram a farmacêutica Vitamedic de se beneficiar, durante a pandemia, com o crescimento do uso de ivermectina, medicamento sem eficácia comprovada contra a covid-19. A CPI revelou que a Unialfa, empresa que pertence ao grupo do empresário José Alves, dono da Vitamedic, patrocinou um manifesto da Associação Médicos pela Vida sobre "medicamentos contra a covid-19". O diretor-executivo da Vitamedic, Jailton Batista, alegou em depoimento que a empresa não tinha como interferir no conteúdo do informe publicitário da associação. Ele também disse que não poderia avaliar o impacto das falas do presidente Bolsonaro favoráveis à ivermectina, já que a procura pelo remédio aumentou com a eclosão da pandemia. O faturamento da empresa com a ivermectina saltou de R$ 15,7 milhões em 2019 para R$ 470 milhões em 2020.

A comissão também apurou a eventual participação do Itamaraty na aquisição de insumos que seriam usados na produção de cloroquina no Brasil. O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo confirmou à CPI que a pasta enviou ao governo da Índia um telegrama pedindo a liberação dos produtos. Segundo Araújo, no primeiro semestre de 2020 havia expectativa sobre estudos que analisavam o efeito da droga no tratamento de pacientes acometidos pela covid-19.

Divulgação de texto com suposta supernotificação de casos

O presidente Bolsonaro foi criticado por integrantes da CPI pela divulgação de um documento privado como se fosse um relatório oficial do Tribunal de Contas da União (TCU). Produzido informalmente pelo auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, o texto sugere que o número de mortes por covid-19 estaria sendo supernotificado pelos governo estaduais. Segundo o auditor, o documento "inconclusivo, superficial e embrionário" foi enviado indevidamente pelo pai dele ao presidente da República, que o divulgou em redes sociais. O pai do auditor, Ricardo Marques, foi colega de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras e no Exército. Para o presidente da CPI, Omar Aziz, a atitude de Marques e a do pai dele foram um desserviço à sociedade.

Críticas à ausência de investigação nos estados 

Parlamentares governistas e independentes devem apresentar relatórios alternativos sobre os trabalhos da CPI. O senador Marcos Rogério (DEM-RO) criticou o fato de a comissão não ter convocado testemunhas para depor sobre o Consórcio Nordeste. Segundo ele, respiradores comprados e pagos por governos estaduais não foram entregues pela entidade. O senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que se declara independente, também promete um voto em separado, em oposição ao relatório oficial que será apresentado por Renan. Segundo Girão, a intenção é sugerir um texto equilibrado que aponte eventuais irregularidades cometidas pelo governo federal, mas também destaque as denúncias sobre o desvio de recursos da União transferidos a estados e municípios.

— Para os oposicionistas, tudo o que acontece é culpa do governo federal. Eles se recusaram a ver os escândalos dos governos estaduais e municipais — criticou Girão.

Atuação da bancada feminina

Mesmo sem vaga formal na CPI, senadoras participaram de todas as reuniões da comissão de inquérito. A presença da bancada feminina chegou a ser questionada em maio pelo então senador Ciro Nogueira (PP-PI), que se licenciou do mandato em agosto para chefiar a Casa Civil. Na ocasião, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (MDB-AM), assegurou a participação das mulheres no colegiado. A força da bancada feminina foi reafirmada no depoimento do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário. Confrontado pela senadora Simone Tebet (MDB-MS), que acusou a CGU de omissões e ações indevidas durante a negociação da vacina Covaxin, o ministro disse que a parlamentar estava “totalmente descontrolada”. Simone reagiu e teve o apoio de senadores e senadoras, que acusaram Wagner Rosário de cometer “machismo explicito”.

— Quando a mulher tenta, desde o início do século passado, buscar espaços de poder; quando ela abria a boca para divergir, era chamada de louca, histérica e exaltada. Toda vez que ousa enfrentar, ela é chamada de descontrolada. Essa palavra é inadmissível. É emblemática e não pode ser dirigida enquanto uma mulher está se posicionando e defendendo suas ideias — disse Simone no dia seguinte, ao receber a solidariedade dos colegas durante reunião da Comissão de Constituição e Justiça.

Tempo para compra de vacinas da Pfizer

O ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fabio Wajngarten confirmou que o Palácio do Planalto levou dois meses para responder uma carta em que a farmacêutica Pfizer prometia fornecer doses de vacinas ao Brasil. Segundo Wajngarten, a empresa enviou uma carta a autoridades brasileiras em setembro do ano passado, mas a resposta ocorreu em novembro. Chamado a depor à CPI um dia depois de Wajngarten, o presidente da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, disse que os primeiros contatos com o governo brasileiro teriam ocorrido, na verdade, entre maio e junho de 2020. Segundo ele, a Pfizer ofereceu 1,5 milhão de doses a serem entregues ainda naquele ano. Mas isso não ocorreu, de acordo com o empresário, devido à falta de resposta. A primeira entrega de doses do imunizante ao Brasil aconteceu em abril de 2021.

Resposta do governo à proposta da CoronaVac

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, contou à CPI que a primeira oferta do imunizante CoronaVac ao governo ocorreu em julho de 2020, quando o Ministério da Saúde era comandado por Eduardo Pazuello. Segundo Covas, a proposta previa a entrega de 60 milhões de doses no último trimestre daquele ano. Mas isso não ocorreu. A primeira dose só foi aplicada no Brasil em janeiro. O ex-secretário-geral do Ministério da Saúde Antônio Elcio Franco Filho foi convocado pela comissão para depor em junho. Senadores questionaram por que a pasta resistiu à compra da CoronaVac. Segundo Elcio Franco, o imunizante ainda não havia sido submetido à terceira fase de estudos clínicos.

— Ela [terceira fase] é considerada como o cemitério de vacinas, porque pode haver um insucesso no desenvolvimento — justificou.

Denúncia de irregularidades em processo de compra da Covaxin

O deputado Luis Miranda (DEM-DF) denunciou irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin. Ele prestou depoimento ao lado do irmão, Luís Ricardo Miranda, que é servidor do Ministério da Saúde e afirmou ter sofrido “pressão atípica” para agilizar a compra do imunizante. Segundo os irmãos, o caso foi levado ao presidente Bolsonaro, que teria atribuído as irregularidades ao líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR). O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), leu uma nota para apontar que o presidente Bolsonaro, assim que foi alertado pelo deputado Luis Miranda, levou o fato ao  Ministério da Saúde, que teria concluído que o contrato estava correto. Em outro depoimento, o consultor do Ministério da Saúde William Santana afirmou ter feito alertas sobre erros em faturas apresentadas para a compra da Covaxin. Ele identificou divergências como número menor de doses, prazo maior de entrega, pagamento antecipado e presença de intermediários. A fiscal do contrato, Regina Célia Oliveira, negou as irregularidades. Mas admitiu que foi nomeada para o cargo na gestão de Ricardo Barros no Ministério da Saúde. Barros prestou depoimento à CPI em agosto. Em uma reunião tumultuada, ele disse que Bolsonaro não o acusou.

— O presidente nunca afirmou que eu estava envolvido no caso Covaxin. Ele perguntou — disse o deputado.

Intermediação e suspeita de superfaturamento pela Precisa

As tratativas para compra de 20 milhões de doses da Covaxin pelo Ministério da Saúde levaram a CPI a investigar a suspeita de que a intermediária Precisa Medicamentos tenha tentado superfaturar o negócio com a farmacêutica indiana Bharat Biotech. Segundo parlamentares, o imunizante chegou a ser oferecido ao governo brasileiro por US$ 10. Mas, no contrato, o valor unitário foi fixado em US$ 15. A diretora executiva da Precisa, Emanuela Medrades, negou a oferta de US$ 10. Segundo ela, as atas da reunião entre o Ministério da Saúde e a intermediária eram “imprecisas”. O dono da empresa, Francisco Maximiano, foi convocado a depor em agosto. Amparado por um habeas corpus, ele se recusou a responder a maior parte das perguntas. Senadores questionaram o empresário sobre uma emenda, sugerida pelo deputado Ricardo Barros, à medida provisória 1.026/2021. A mudança facilitaria a importação da Covaxin pelo governo brasileiro. Maximiano reconheceu que a proposta era de interesse da Precisa. Mas negou ter discutido o assunto com o parlamentar.

Garantia do FIB Bank para compra da Covaxin

A empresa FIB Bank ofereceu uma carta de garantia — considerada irregular por integrantes da CPI — para a Precisa negociar a compra da Covaxin pelo governo. O presidente da FIB Bank, Roberto Pereira Ramos Júnior, prestou um depoimento avaliado como contraditório pelos parlamentares. A CPI levantou a informação de que, apesar de informar um capital social de R$ 7,5 bilhões, a FIB Bank faturou apenas R$ 1 milhão no último ano. Os parlamentares denunciaram ainda o uso de “laranjas” para a formalização da empresa. Roberto Pereira Ramos Júnior negou ter envolvimento com integrantes do Ministério da Saúde ou com o deputado Ricardo Barros. Quem também prestou depoimento à CPI foi o advogado Marcos Tolentino, apontado como sócio oculto da FIB Bank. Ele negou ter participação societária na empresa, mas foi confrontado com uma procuração que concede poderes para representar a firma Pico do Juazeiro, uma das sócias da FIB Bank. Questionado sobre a procuração, Tolentino ficou em silêncio. Ele admitiu manter uma relação de “respeito e amizade” com Ricardo Barros.

Suposta lavagem de dinheiro

Um dos desafios da CPI foi desvendar a intrincada relação financeira entre a Precisa Medicamentos e outras empresas. Uma dessas firmas é a Primarcial Holding e Participações, registrada em nome de Danilo Trento, diretor institucional da Precisa. Protegido por um habeas corpus, ele se recusou a prestar o compromisso de dizer a verdade. Confrontado com fluxogramas de transferência de dinheiro entre empresas dele e de Francisco Maximiano — o que de acordo com a direção da CPI sugere um esquema de lavagem de dinheiro — Trento calou-se. Quem também optou pelo silêncio foi o lobista Marconny Albernaz de Faria. Apontado como intermediário entre a Precisa e o Ministério da Saúde, ele deixou de responder perguntas alegando não se lembrar dos fatos questionados. Usando mensagens de textos de Marconny, obtidas pela CPI, senadores procuraram identificar relações do depoente com pessoas próximas ao presidente Jair Bolsonaro. Marconny admitiu conhecer Jair Renan, filho do presidente, e Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Bolsonaro e mãe de Jair Renan. A CPI chegou a aprovar um requerimento de convocação para Ana Cristina, mas o depoimento não foi marcado.

Acusação de pedido de propina para compra da AstraZeneca

O policial militar Luiz Paulo Dominguetti acusou o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias de ter pedido propina para viabilizar a compra do imunizante da farmacêutica AstraZeneca pelo governo. Dominguetti disse trabalhar para a empresa Davati na intermediação do negócio. Chamado a depor uma semana depois, Roberto Dias negou a denúncia. Mas deixou a comissão preso, sob a acusação de mentir aos senadores, e foi solto horas depois. A CPI também ouviu Cristiano Carvalho, representante da Davati no Brasil. Carvalho admitiu ter sido procurado por Roberto Dias, por meio de telefonemas e mensagens. Questionado sobre a denúncia de propina, o representante da Davati disse que foi informado por Luiz Paulo Dominguetti. Segundo Carvalho, o pedido de “comissionamento” teria sido feito com o conhecimento do tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-assessor de Roberto Dias. Em depoimento à CPI, Blanco negou a acusação. A AstraZeneca informou oficialmente que não vende imunizantes à iniciativa privada nem autoriza intermediários a negociar vacinas em nome da empresa.

Encontros para negociação de vacinas com religioso, coronel e empresário 

A CPI descobriu que um religioso sem credenciais para atuar na área da saúde teria sido recebido em uma secretaria do Ministério quando também tentou negociar a venda de 400 milhões de doses da AstraZeneca, sem autorização da farmacêutica. O reverendo Amilton Gomes de Paula disse ter sido procurado e “usado de maneira ardilosa” pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti para agendar três reuniões com o Ministério da Saúde. Quem também apareceu na negociação foi o coronel da reserva Helcio Bruno de Almeida, presidente da ONG Instituto Força Brasil (IFB). Ele admitiu ter compartilhado com representantes da empresa Davati uma agenda previamente marcada no Ministério da Saúde, mas negou ter pedido vantagens na negociação. Um terceiro personagem citado no episódio foi o empresário José Ricardo Santana. Ele participou do jantar ocorrido em um shopping center em Brasília em que Roberto Ferreira Dias teria cobrado propina do policial militar Luiz Paulo Dominguetti. Ouvido pela CPI em agosto, Santana disse que não presenciou nenhum pedido de vantagem indevida durante o encontro.

O empresário Otávio Fakhoury foi chamado a depor sobre fake news disseminadas pelo Instituto Força Brasil (IFB), do qual é vice-presidente. Segundo a CPI, a entidade também tentou intermediar a negociação de vacinas entre a Davati e o Ministério da Saúde. Fakhoury admitiu que financiou o IFB e exerce um cargo de direção simbólica. Mas afirmou que não participa e não tem responsabilidade por atos de gestão. Durante o depoimento, parlamentares criticaram a participação do empresário na transmissão de notícias falsas sobre a eficácia do imunizante contra o coronavírus e do uso de máscaras. O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) foi além e acusou Otávio Fakhoury de cometer crime de homofobia. Em referência ao parlamentar, o empresário havia publicado o seguinte texto em uma rede social: “O delegado homossexual assumido talvez estivesse pensando no perfume de alguma pessoa ali daquele plenário. Qual seria o perfumado que o cativou?”. O comentário surgiu após uma postagem em que Contarato cometeu um erro de grafia: ele escreveu “fragrancial” em vez de “flagrancial”.

Acusado de pedir propina para a compra de vacinas, o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias teve o nome envolvido em outra situação investigada pela CPI. Segundo documentos obtidos pela comissão, ele teria tido contas pessoais pagas pela VTCLog, que presta serviços de logística para o governo federal. Ivanildo Gonçalves da Silva, um motoboy da empresa, admitiu realizar saques e pagamentos em dinheiro na boca do caixa. Segundo a comissão, os saques totalizaram mais de R$ 4,7 milhões desde 2018. Um dos boletos pagos estava em nome de Roberto Dias. Um dos sócios e a diretora executiva da VTCLog, Raimundo Nonato Brasil e Andreia Lima, negaram ter beneficiado o ex-diretor do Ministério da Saúde para obter vantagens. Mas integrantes da CPI questionaram o fato de a VTCLog ter assegurado aditivos contratuais durante a gestão de Roberto Ferreira Dias, mesmo com parecer contrário de outros setores da pasta.