São aeronaves suspeitas de atuação em mineração na terra yanomâmi, em Roraima. Segundo investigadores, os transportes sofreram alterações em suas partes físicas, com o objetivo de otimizar a logística para garimpos ilegais
247 - O governo federal pagou R$ 124 milhões a empresas que fazem uso de helicópteros suspeitos de garantir a logística em garimpos ilegais em terra indígena na Amazônia. Do valor total, R$ 75 milhões (60,5%) foram pagos nos dois anos e nove meses do governo Jair Bolsonaro. Fiscais encontraram irregularidades em nove aeronaves apreendidas. Conforme a operação, uma das alterações nos aviões foi a retirada de bancos traseiros e a substituição por estruturas de metal ou compensado. Isso viabiliza o "transporte de combustível e de maquinário para as áreas de garimpo", informou a Anac.
"Todas as aeronaves estavam descaracterizadas, com bancos traseiros retirados", afirmou o delegado Celso Paiva, da PF em Roraima, responsável pelo inquérito aberto. "Carotes de 50 litros seriam levados para garimpos em território yanomâmi" disse. A informação foi publicada pelo jornal Folha de S.Paulo.
Uma operação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) apreendeu ou interditou em Roraima 66 aeronaves suspeitas de atuação em mineração na terra yanomâmi. De acordo com os resultados da ação, divulgadas na última quinta-feira (16), pelo menos 13 pessoas foram presas. A operação teve a participação da Polícia Federal, suporte do Ibama e coordenação do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Segundo a reportagem do jornal paulista, a ação da Anac ocorreu nas dependências da Cataratas Poços Artesianos, em Boa Vista, capital de Roraima. Um dos sócios da Cataratas, Rodrigo Martins de Mello, é também um dos donos da Icaraí Turismo Táxi Aéreo. Durante a inspeção, agentes da Anac e da PF encontraram um piloto e um sócio da Emar Táxi Aéreo. A Tarp Táxi Aéreo opera parte dos helicópteros irregulares.
As quatro empresas recebem ou receberam dinheiro federal. Dos nove helicópteros apreendidos, dois eram operados pela Tarp Táxi Aéreo e um era de propriedade dessa empresa, apontaram registros da Anac.
O valor total, R$ 124 milhões, está registrado no Portal da Transparência do governo federal. Uma pequena parte foi destinada às empresas por Codevasf - Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (R$ 506 mil), Exército (R$ 6,5 mil) Anac (R$ 4 mil) e Embrapa (R$ 3,6 mil).
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que "os DSEIs [distritos sanitários especiais indígenas] celebram contratos com diversas empresas para atendimento de suas necessidades logísticas, conforme preconizado em lei".