A entidade divulgou um manifesto adotando um tom mais ameno sobre a governabilidade no Brasil, pois resolveu não dirigir críticas específicas a Jair Bolsonaro. A iniciativa ocorre após a entidade adiar a divulgação de um documento que tinha ataques ao governo
Paulo Skaf (Foto: Alan Santos/PR)
247 - A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulga nesta sexta-feira (10) o manifesto defendendo a harmonia entre os Poderes. O texto, intitulado "A Praça é dos Três Poderes", estava previsto para ser publicado antes dos atos de 7 de setembro, mas foi adiado pelo presidente da entidade, Paulo Skaf. A entidade adotou, no entanto, um tom mais ameno e resolveu não dirigir críticas específicas a Jair Bolsonaro.
"É primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição impõe", diz um trecho do manifesto, de acordo com relatos publicados pelo jornal Folha de S.Paulo. "Esta mensagem não se dirige a nenhum dos Poderes especificamente, mas a todos simultaneamente, pois a responsabilidade é conjunta", acrescenta.
O dirigente havia adiado a publicação do manifesto de líderes a pedido do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Skaf também disse que a Federação Nacional dos Bancos (FENABAN) queria um manifesto de líderes empresariais com ataques ao governo de Jair Bolsonaro. Skaf negou ter desistido da divulgação do documento e disse que sua publicação foi adiada somente para permitir novas adesões de entidades.
Entre as entidades que assinam a carta, estão a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) e a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Também assinam o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon) e o Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem em Geral do Estado de São Paulo (Sinditêxtil), entre outros.
Leia a íntegra do manifesto publicada pela CNN Brasil:
A representação arquitetônica da Praça dos Três Poderes expressa a independência e a harmonia entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Essa é a essência da República. O espaço foi construído formando um triângulo equilátero. Os vértices são os edifícios-sede de cada um dos Poderes.
Essa disposição deixa claro que nenhum dos prédios é superior em importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode prescindir dos demais. Em resumo, a harmonia entre eles tem de ser a regra. Esse princípio está presente de forma clara na Constituição Federal, pilar do ordenamento jurídico do país. Diante disso, é primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição impõe.
As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada da tensão entre as autoridades públicas. O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer de forma sustentada e continue a gerar empregos. Esta mensagem não se dirige a nenhum dos Poderes especificamente, mas a todos simultaneamente, pois a responsabilidade é conjunta.
Mais do que nunca o momento exige aproximação e cooperação entre Legislativo, Executivo e Judiciário. É preciso que cada um atue com responsabilidade nos limites de sua competência, obedecidos os preceitos estabelecidos em nossa Carta Magna. Esse é o anseio da Nação brasileira.