Para reaproximar a sigla do segmento religioso, o PT fundou o núcleo Evangélicos do PT (Nept), liderado pela deputada Benedita da Silva (PT-RJ). Segundo o ex-ministro Gilberto Carvalho, o trabalho de aproximação "está sendo feito menos nas cúpulas e mais na base, direto com pastores ou com organizadores regionais dos grupos evangélicos"
Deputada Benedita da Silva, ex-ministro Gilberto Carvalho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais evangélicos ao fundo (Foto: Divulgação (AmigosdeCristo) I Brasil 247 I Divulgação (Reprodução) I Ricardo Stuckert)
247 - Sob a liderança da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), o Partido dos Trabalhadores fundou o núcleo Evangélicos do PT (Nept), para colocar em prática ações com o objetivo de aproximar a sigla deste segmento da população. Na avaliação de Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete de Lula, é considerado "fundamental" para a estratégia de retomada da periferia. Em 2020, o segmento representava 22,2% da população brasileira, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"É um front que nós consideramos extremamente importante, e temos estimulado muito o nosso pessoal, sobretudo nos estados, a fazer um contato com as igrejas", disse Carvalho em entrevista ao site Metrópoles. "Isso está sendo feito menos nas cúpulas e mais na base, direto com pastores ou com organizadores regionais dos grupos evangélicos. A gente tem consciência de que esse diálogo é fundamental, sobretudo para o trabalho nas periferias, onde a presença evangélica é muito forte", complementou.
Segundo Benedita da Silva, "o PT dialoga com todas as religiões para ampliar cada vez mais sua representação junto ao nosso povo. Com os evangélicos, não poderia ser diferente". "O Brasil evangélico tem crescido muito na área popular, e por isso nos coloca a missão de buscar cada vez mais o diálogo com as suas diversas denominações, sobretudo com a base", disse.
"Nossa maior preocupação com esse diálogo é não instrumentalizar as religiões e defender o Estado laico, pois o mais importante é a participação dos que têm fé na luta comum pela justiça social e pela solidariedade com os oprimidos", acrescentou.
Na avaliação do pastor Ariovaldo Ramos, coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, para entrar novamente na periferia das grandes cidades, necessariamente o PT terá que buscar os evangélicos. "Não há dúvida nenhuma desse interesse, inclusive já foi mostrado e dito pelo próprio Lula", disse o religioso, que chegou a visitar o ex-presidente na prisão em Curitiba (PR).
"Se quer voltar a falar com a periferia, é preciso que o PT saiba que ela não está mais vazia, está ocupada. E está ocupada pelos evangélicos, majoritariamente", acrescentou. "Se ele vier a ser candidato, a minha tendência é apoiá-lo, por entender que a proposta que ele mostra pode tirar o Brasil dessa situação econômica, social, política e internacional em que nós estamos", disse.
Encontros de Lula
Em junho deste ano, o ex-presidente Lula teve um encontro no Rio de Janeiro com o bispo Manoel Ferreira, líder da Assembleia de Deus de Madureira. O encontro foi combinado pelo presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano (PT), e realizado em um sítio de sua propriedade.
Este ano, o petista também teve reunião com o Pastor Sargento Isidório (Avante). O religioso também já causou polêmicas com a comunidade LGBT.
Jair Bolsonaro
O pastor Ariovaldo Ramos apontou uma espécie de refluxo de evangélicos a em relação a Jair Bolsonaro, motivado principalmente pelo mau gerenciamento da pandemia do coronavírus.
"Os evangélicos estão entre os que mais perderam gente na família durante a pandemia, até porque acreditaram no negacionismo do presidente e, por isso, pagaram um preço elevadíssimo", destaca. "Já são favas contadas que o negacionismo apenas aumentou a mortalidade do vírus e mais nada. Isso mudou, consideravelmente, a visão das pessoas".
O sete de setembro
Segundo Ariovaldo, a diminuição do apoio dos evangélicos a Bolsonaro já pode ser observada no chamado feito por lideranças de grandes igrejas para a manifestação de 7 de Setembro, quando acontecerão atos golpistas.
"No início, a gente percebia um apoio maciço ao governo Bolsonaro. Isso diminuiu bastante. Tanto é que nessa nova convocação que os pastores estão fazendo para as manifestações antidemocráticas do dia 7 de setembro, já se percebe que muitas igrejas que antes eram descaradamente apoiadoras do presidente não estão mais lá", afirmou, citando a ausência de chamados dos líderes das convenções mais importantes da Assembleia de Deus (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil – CGADB e a Convenção Nacional das Assembleias de Deus Ministério de Madureira -Conamad), além das históricas Batista e do Evangelho Quadrangular.