O motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva é acusado de pagar boletos para Roberto Dias, ex-diretor de logística do Ministério da Saúde que teria pedido propina nas negociações envolvendo a aquisição de vacinas
247 - O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), mostrou nesta terça-feira (31) na Comissão Parlamentar de Inquérito um vídeo do motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva entrando em um banco. O funcionário da empresa VTClog foi acusado de pagar boletos para Roberto Dias, ex-diretor de logística do Ministério da Saúde e apontado pelo cabo da Polícia Militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da Davati, como autor de pedidos de propina para negociações envolvendo a distribuição de vacinas.
"Acabamos de receber indícios veementes de que era o próprio Ivanildo, o motoboy, que pagava os boletos de dívida junto à Voetur [representante da VTCLog] do Roberto Ferreira Dias", disse Calheiros.
Ao comentar as imagens, o vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que, "se isso não tem pertinência temática com a CPI, nada mais terá".
O motoboy é responsável por 5% de toda movimentação atípica feita pela VTClog, empresa que se tornou alvo de investigação da CPI por causa de movimentações suspeitas como intermediadora para a aquisição de vacinas.
Gonçalves, que chegou a sacar em diversos momentos R$ 4.743.693, não prestou depoimentos à comissão após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kássio Nunes autorizar Gonçalves a não comparecer à CPI.
O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), sinalizou que a comissão vai recorrer da decisão de Marques.
Pedidos de propina
Em depoimento à CPI da Covid no dia 1 de julho, o cabo da PM de Minas Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da Davati, confirmou pedidos de propina envolvendo a aquisição de imunizantes pelo governo Jair Bolsonaro.
De acordo com o militar, Roberto Dias, ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, pediu propina de US$ 1 por dose de vacina nas negociações com a Davati, que estava ofertando 400 milhões de doses. O pedido de dinheiro ilegal aconteceu em fevereiro deste ano, disse o cabo. O contrato não foi fechado.
Dias chegou a ser preso no dia 7 de julho, acusado de mentir na CPI. Foi solto depois de pagar fiança de R$ 1,1 mil. Ele havia sido detido pela Polícia Legislativa por determinação de Aziz.
Em depoimento à comissão naquele dia, Dias negou os pedidos de propinas. "Acerca da alegação do senhor Dominghetti, nunca houve nenhum pedido meu a este senhor", disse. "O senhor Dominghetti, que aqui nessa CPI foi constatado ser um picareta que tentava aplicar golpes em prefeituras e no Ministério da Saúde e durante sua audiência deu mais uma prova de sua desonestidade", afirmou.