Sem conseguir explicar o alto preço no valor do gás de cozinha, Jair Bolsonaro cobrou que os estados zerem o ICMS, mas ignorou o fato de a Petrobrás ser responsável pela maior parte dos impostos sobre o produto. "Se zerar o imposto (ICMS), vai ser excelente", disse. Entre julho de 2020 e julho de 2021, o valor do gás aumentou quase três vezes mais que o INPC
247 - Sem conseguir explicar o alto preço no valor do gás de cozinha, Jair Bolsonaro voltou a dizer que o custo é barato. Também culpou governadores pelo valor do botijão e cobrou dos estados que zerem o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Ele ignorou, no entanto, que a Petrobrás é responsável pela maior parte dos impostos sobre o produto, conforme o portal Uol. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do botijão de 13 quilos no país aumentou de R$ 69,98 em agosto de 2020 para R$ 93,32 em agosto de 2021. Na Região Norte, superou a casa dos R$ 100 em julho e chegou a R$ 102,74 em agosto.
"Zerei imposto federal. Cada estado tem o seu ICMS. Gostaria que o governador zerado o ICMS do seu estado. Se zerar o imposto (ICMS), vai ser excelente", disse Bolsonaro na live dessa quinta-feira (19).
Bolsonaro também sugeriu que brasileiros atuem como milicianos para pegar o gás. "Você pode pegar o teu caminhãozinho, para a tua comunidade, você vive às vezes num condomínio fechado. Uma vez por mês teu caminhãozinho vai lá e compra ali 100 botijões de gás. ICMS tá zerado", disse
O gás de cozinha é o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). De acordo com a página da Petrobrás, a composição do GLP de 1 a 7 de agosto deste ano se deu da seguinte forma: 48.2% (realização Petrobrás), 37.0% (distribuição e revenda), 14.8% (ICMS) e PIS/PASEP e COFINS.
O preço do gás de cozinha aumentou 29,44% entre julho de 2020 e julho de 2021. Foi quase três vezes mais que os 9,85% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para as famílias com renda mensal entre um e cinco salários mínimos. A Petrobras já reajustou o gás seis vezes este ano, com alta acumulada de 37,8%.
No acumulado do ano até julho, a inflação para o grupo de renda muito baixa, que recebe até R$ 1.650,50, foi de 4,8%. Nos últimos doze meses, chegou a 10,1%, a maior desde 2016 (10,6%). Em 12 meses, a alta inflacionária para as famílias de renda muito baixa reflete as variações de 29,3% do gás de botijão, de 20,1% da energia elétrica e de 16% dos alimentos no domicílio, sinaliza a pesquisa do Ipea.