Alunas formam-se em áreas tradicionalmente masculinas, rompendo com estereótipos do feminino e alcançando maior equidade no mercado de trabalho
O Centro de Qualificação Profissional, da Secretaria Municipal da Indústria e Comércio, teve nesta segunda-feira (12) duas formandas no curso de Mecânica de Máquinas de Costura, campo de atuação profissional de predominância masculina. O curso, de 80 horas, chegou à conclusão com 10 alunos e duas alunas: Lavina Cândida Bernardo, de 64 anos, e Ilda Felipe de Souza, de 58 anos.
Lavina foi costureira, e fez o curso para aumentar seus conhecimentos. “Aprender nunca é demais”, diz. Para ela, o curso trouxe novas habilidades profissionais. “Me sinto segura em, na prática, consertar uma máquina de costura. Já andei dando umas mexidas na de casa”, conta. Lavina disse que não se sentiu intimidada por fazer um curso com predominância masculina. “Fomos tratados do mesmo modo, o professor nunca fez distinção, nem os colegas.”
Ilda fez o curso porque tem uma facção em casa. “Entrei para aprender e não chamar mecânico, que é uma mão de obra cara. Então, se a máquina quebra, eu mesma conserto. O professor e o curso foram excelentes e nunca senti diferença pelo fato de ser mulher”, declara. “Só tenho a agradecer aos amigos que fiz e à equipe do centro.”
O avanço feminino na conquista de espaços profissionais antes exclusivamente masculinos é verificado em campos como construção civil, mecânica e elétrica. “Tivemos uma aluna que fez curso de pedreiro, pintura e eletricista conosco. Hoje ela pode pegar uma obra do começo ao fim, fazendo um trabalho muito bem feito”, afirma o coordenador de cursos profissionalizantes Dorival Miguel da Silva. “A mulher leva sua experiência de planejamento, de atenção à detalhes, para a obra. O resultado é que muitas construções, hoje, dão preferência às mulheres pedreiras.”
O coordenador afirma que as mulheres, além de trabalhar, muitas vezes tem a responsabilidade do trabalho doméstico e de cuidados com os filhos. Dorival, porém, acredita que esteja ocorrendo uma mudança de paradigma: “Os homens também fazem curso de confecção de lingerie, por exemplo, enquanto as mulheres podem sair com diploma de direção e operação de caminhões munck. As barreiras são quebradas em muitos momentos. Todos nossos cursos são oferecidos para ambos os sexos, sem nenhuma distinção”, afirma.
Divisão do trabalho
A secretária da Mulher e Assuntos da Família Denise Canesin lembra recentemente o Centro de Oficinas da Mulher ofereceu o curso de pintura de parede, outro setor com predominância masculina. “As mulheres estão, cada vez mais, percebendo que não há o que o homem faça que elas também não possam fazer, tão bem feito, ou melhor, do que eles. Essa divisão sexual do trabalho, em que a mulher arca com a dupla jornada, a doméstica e a profissional, tem que ser combatida. Ao casal competem os mesmos direitos e as mesmas responsabilidades”, defende.
O prefeito Junior da Femac vê com seriedade as novas conquistas profissionais das mulheres. “Tenho duas filhas e uma esposa, sou um homem afortunado que convive com mulheres fortes, de decisão. Os investimentos da Prefeitura são para o futuro das meninas e jovens mulheres de Apucarana, e também para todas que quiserem uma nova profissão ou capacitação profissional. Em Apucarana defendemos o protagonismo e o empoderamento femininos, é para isso que temos o aparato municipal à disposição do crescimento das nossas mulheres.”