A CNBB, entidades dos bispos católicos brasileiros, divulgou uma dura nota contra a conduta de Bolsonaro e seu governo na pandemia - ele não é citado explicitamente no texto
Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da CNBB (Foto: CNBB)
247 - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que congrega todos os bispos católicos do país, rompeu o silêncio que vinha mantendo desde o início do governo Bolsonaro e emitiu uma nota contundente nesta sexta-feira (9) protestando contra o genocídio, e as evidências de prevaricação e corrupção no enfrentamento da pandemia. O nome de Jair Bolsonaro não está na nota, mas a nota dirige-se claramente contra ele e seu governo.
Segundo os bispos, “a trágica perda de mais de meio milhão de vidas está agravada pelas denúncias de prevaricação e corrupção no enfrentamento da pandemia da Covid-19”.
A nota pede “apuração, irrestrita e imparcial, de todas as denúncias, com consequências para quem quer que seja” - no que parece ser uma resposta à nota da cúpula das Forças Armadas, que pretende impedir qualquer investigação sobre a participação militar nos esquemas de prevaricação e corrupção.
Leia a íntegra da nota da CNBB:
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB levanta sua voz neste momento, mais uma vez, para defender vidas ameaçadas, direitos desrespeitados e para apoiar a restauração da justiça, fazendo valer a verdade. A sociedade democrática brasileira está atravessando um dos períodos mais desafiadores da sua história. A gravidade deste momento exige de todos coragem, sensatez e pronta correção de rumos.
A trágica perda de mais de meio milhão de vidas está agravada pelas denúncias de prevaricação e corrupção no enfrentamento da pandemia da COVID-19. “Ao abdicarem da ética e da busca do bem comum, muitos agentes públicos e privados tornaram-se protagonistas de um cenário desolador, no qual a corrupção ganha destaque.” (CNBB, Mensagem da 56ª. Assembleia Geral ao Povo Brasileiro, 19 de abril de 2018).
Apoiamos e conclamamos às instituições da República para que, sob o olhar da sociedade civil, sem se esquivar, efetivem procedimentos em favor da apuração, irrestrita e imparcial, de todas as denúncias, com consequências para quem quer que seja, em vista de imediata correção política e social dos descompassos.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte (MG), Presidente da CNBBDom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre (RS), Primeiro Vice-Presidente da CNBBDom Mário Antônio da Silva, Bispo de Roraima (RR), Segundo Vice-Presidente da CNBB
Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ), Secretário-geral da CNBB