Parlamentar que trouxe à tona o caso de corrupção na compra da Covaxin afirma ter como provar o que contou nesta sexta-feira à CPI: que Bolsonaro ouviu dele e de seu irmão um esquema de corrupção no Ministério da Saúde e que teria dito que era ‘coisa do Ricardo Barros’
247 - Uma informação revelada em meio às mais de sete horas de depoimento do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e de seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, à CPI da Covid nesta sexta-feira (25) recebeu pouca atenção. O parlamentar insinuou ter uma gravação de Jair Bolsonaro no caso de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin.
Ao dizer aos senadores que Bolsonaro teria dito o nome de um deputado durante o encontro no Palácio da Alvorada, onde ele e seu irmão foram revelar as suspeitas no contrato da vacina, Luis Miranda alegou não se lembrar de quem era. Questionado mais de uma vez, insistiu que não se lembrava do nome do deputado.
“Esse deputado tem relação com a base do governo?”, indagou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). “Tem”, respondeu Luis Miranda. Em seguida, indagado por Omar Aziz (PSD-AM) se o parlamentar citado continuava a fazer parte da base até hoje, respondeu que não se lembrava exatamente quem era a pessoa. “São 513 deputados, é complicado lembrar o nome de todos”.
“Mas eu posso lembrar. A senadora perguntou ‘o senhor gravou a conversa?’. Eu tinha mania de gravar algumas conversas, mas… eu gravava… Posso procurar a gravação, assim o presidente não poderia me desmentir”, declarou ainda. Horas depois, o depoente acabou admitindo que se tratava do líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR).
Neste sábado (26), em entrevista ao Antagonista, Luis Miranda foi indagado se não temia que, em algum momento, nos próximos dias, ficasse a palavra dele contra a do presidente.
“Aí ele vai ter a surpresa mágica. Se ele fizer isso, vou ter que fazer algo que nunca um parlamentar deve fazer com um presidente. Aí ele vai ficar constrangido. Muito. Porque eu tenho como provar. Mas na hora certa”, respondeu. O deputado acrescentou ter como provar que Bolsonaro “escutou tudo” o que ele falou para o presidente. “É melhor ele não fazer isso, é desnecessário, é uma loucura, esquece 2022. Porque aí vai ter um Brasil inteiro descobrindo que ele mentiu”.
Ao lado do irmão, autor da denúncia no contrato da Covaxin, o parlamentar relatou ainda, possivelmente em referência à live feita por Bolsonaro nas redes sociais depois do depoimento na CPI: “Ontem ele teve uma falha na fala que eu e meu irmão falamos assim… ‘cara, ele não tá acompanhando o caso’”.
Em outra declaração na entrevista, o deputado insinuou a possibilidade de o irmão ter gravado a conversa no Alvorada. “Tinham duas pessoas na sala. Com ele três. Eu como parlamentar não gravaria o presidente”.