"Os militares sabiam quem era Bolsonaro, mas achavam que iriam controlar. E foi o ponto em que eles erraram. Hoje esse grupo está muito mais preocupado em tentar uma saída sem maiores danos do que em forçar a reeleição do Bolsonaro, diz o professor de ciências políticas da Unesp Paulo Ribeiro da Cunha
247 - A crise aberta com a pressão de Jair Bolsonaro sobre o comando do Exército para evitar que o general Eduardo Pazuello fosse punido por participar de um ato político em apoio ao seu governo enfraqueceu o apoio dos militares à sua gestão. A avaliação é do professor de ciências políticas da Unesp (Universidade Estadual Paulista) Paulo Ribeiro da Cunha.
“Já há algum tempo o Exército dá sinais de desconforto, primeiro com Pazuello e militares ocupando cargos que associavam a instituição ao governo. Os militares foram contrários a uma intervenção na Venezuela, contrários a comemorar o golpe de 1964. Em vários momentos, Bolsonaro pressionou [o ex-comandante] Edson Pujol para ter uma presença maior do Exército e ele se recusou. A última crise [com a demissão dos comandantes, em março], a meu ver, afastou completamente a instituição, ou seu conjunto maior, do governo”, disse Cunha ao jornal Folha de S. Paulo.