Durante depoimento da médica à CPI, o senador Otto Alencar revelou que a médica conselheira de Bolsonaro não tem apreço pela ciência: "A senhora apostou em uma droga que podia dar certo ou não. E a ciência, por mais que a senhora tenha curso, não admite isso: querer apostar no escuro” (vídeos)
Nise Yamaguchi e Otto Alencar (Foto: Agência Senado)
247 - Conselheira de Jair Bolsonaro, a médica Nise Yamaguchi, defensora do tratamento precoce e da imunidade de rebanho, foi desmascarada pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), que também é médico, durante seu depoimento à CPI da Covid.
Otto Alencar fez uma série de perguntas a Nise, como os nomes dos pacientes que passaram por seus testes de tratamento precoce contra a Covid e sobre seu conhecimento a respeito do coronavírus. “A senhora se transformou em infectologista de uma hora para outra, como muitos no Brasil”, disse o parlamentar.
“Me diga por favor a diferença entre um protozoário e um vírus”, pedi Otto. Nise responde que o primeiro tem um organismo celular e o vírus tem DNA ou RNA. “Não é isso. Não é isso, não. A senhora não soube nem explicar o que é um vírus”, rebateu o senador.
Otto Alencar perguntou em seguida sobre se a médica sabia a qual família pertencia o coronavírus. Nise disse que sim e começou a remexer papéis. “Pode buscar nos livros, que a senhora tem aí porque a senhora não sabe. Não estudou. De médico audiovisual esse plenário tá cansado. De gente que viu e não leu, e não se aprofundou. Eu falo na condição de quem tem lido tudo sobre essa matéria”, respondeu o senador.
Otto Alencar indagou ainda: “A senhora fez exames pré-clínicos e clínicos para os pacientes nos quais usou hidroxicloroquina?” Nise começou a responder: “A hidroxicloroquina é usada há muitos anos...”. Otto: “Para outra doença, minha senhora, para malária. A senhora está errada. A senhora apostou em uma droga que podia dar certo ou não. E a ciência, por mais que a senhora tenha curso, não admite isso: querer apostar no escuro”.
O senador indagou também qual é o exame que tem que se fazer para saber se o paciente tem imunidade celular ou não, para saber se houve imunidade de rebanho e falou sobre algumas de suas conclusões e orientações médicas:
“A senhora não sabe a diferença entre protozoário e vírus. Uma medicação para protozoário (caso da cloroquina, desenvolvida para tratamento contra a Malária) nunca poderia ser recomendada contra um vírus”.
“A senhora brincou com o povo brasileiro ao falar em imunidade de rebanho, em tratamento por cloroquina”, disse ainda. “A senhora maculou a sua imagem tomando essa iniciativa. Pode ter sido na tentativa de querer ajudar, mas pode ter sido também para querer ser ministra da Saúde e não conseguiu”, completou.