Além de negar ter classificado o Ministério da Saúde, sob a gestão Pazuello, como "incompetente" na aquisição de vacinas, Wajngarten afirmou também na CPI não ter participado tão diretamente nas negociações com a Pfizer. À Veja, porém, o ex-chefe da Secom contou ter até conseguido redução no preço dos imunizantes
(Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
247 - A revista Veja, que já havia desmentido o ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) Fabio Wajngarten na quarta-feira (12) na CPI da Covid, divulgou novos trechos em áudio da entrevista realizada com o ex-secretário de Comunicação de Jair Bolsonaro que expõem mais mentiras contadas por ele no Senado Federal.
Em depoimento à CPI da Covid, Wajngarten afirmou que "jamais" havia declarado que o Ministério da Saúde, sob a gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello, havia sido incompetente na compra de vacinas contra Covid-19. Ainda durante a sessão, a Veja desmentiu Wajngarten, publicando o áudio da entrevista em que o ex-chefe da Secom afirma: "incompetência. Incompetência. Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando na negociação e você tem do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é sete a um".
Essa, porém, foi apenas uma das contradições. Na CPI, Wajngarten disse ter participado de três reuniões com a Pfizer sobre vacinas e negou ter invadido competências de outros membros do governo. Já na entrevista, o ex-secretário relata ter agido de maneira mais objetiva nas tratativas com a farmacêutica norte-americana. "À medida que tinha se fechado as portas e não avançava no Ministério da Saúde, eu abri as portas do Palácio. E a gente fez infinitas reuniões, várias, várias, com o presidente da Pfizer. Eu fui o primeiro que vi a caixa, a tão falada caixa que segurava a menos 70 graus. Eu levei para o presidente ver. Eu expliquei que não era um bicho de sete cabeças".
"Eu tenho que dizer que era uma negociação dura, quadrada, mas eles encontraram em mim também um negociador preparado. E tudo que eu pedi eles enviaram esforços e disseram que fariam, anteciparam entregas, com quantidade e preço. Eles foram impecáveis comigo, impecáveis. Queria mais vacina no menor tempo possível, a maior quantidade no menor tempo possível. E dinheiro nunca faltou. E perto dos valores que foram ofertados aí, dez dólares a dose, que numa conversa rápida virou 9,60, 9,80, 9,60, 9,30, 9 e não sei quanto e até mesmo os dez. Israel pagou 30 para receber primeiro. Nada é mais caro do que uma vida", disse ainda Wajngarten na entrevista sobre as negociações, o que mostra uma clara atuação no processo de aquisição de imunizantes.
As novas contradições reforçam a tese de que ele poderia ter sido preso em flagrante por mentir à CPI, o que por pouco não ocorreu já na quarta-feira (12), quando senadores pediram a detenção em flagrante do ex-secretário. Após o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), negar os pedidos de prisão, foi enviado ao Ministério Público o depoimento do ex-chefe da Secom para que fossem tomadas as medidas cabíveis.