A microbiologista Natalia Pasternak, em artigo, ressalta que a bula do imunizante em questão não indica a vacinação de grávidas e, portanto, o Ministério da Saúde 'fugiu às especificações do fabricante'
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247 - A suspensão da vacinação de gestantes com o imunizante de Oxford/AstraZeneca mostra que o governo Jair Bolsonaro, por meio do Ministério da Saúde, se utilizou de uma "gambiarra" para ampliar o escopo da imunização para este público, diz a microbiologista Natalia Pasternak em artigo no jornal O Globo publicado nesta terça-feira (11).
Ela lembra que o uso da vacina Oxford/AstraZeneca em gestantes não é indicado em bula, ou seja, "o Ministério da Saúde fugia às especificações do fabricante" ao indicar a imunização deste público com a substância em questão.
"Em geral, não se usam vacinas “vivas” — isto é, onde o vírus, enfraquecido, ainda é capaz de alguma atividade — em gestantes. Dá-se preferência a vacinas feitas com outras tecnologias, como as vacinas inativadas, onde o vírus está, de fato, “morto”. Existem alternativas melhores para uso em grávidas, como a CoronaVac ou a Pfizer", explica a especialista.
Natalia Pasternak, no entanto, ressalta que ainda não é possível afirmar que a morte de uma gestante inoculada com a vacina Oxford/AstraZeneca se deu em decorrência da vacina. "A causa imediata, a trombose, é um evento comum na gravidez. Os efeitos trombóticos observados em correlação com a vacina de Oxford/AZ não são do mesmo tipo dos coágulos observados em gestação. Pode ser, portanto, uma infeliz coincidência".