O texto
do Brazil Journal diz que a remoção de Bolsonaro é uma questão de vida ou morte
para os brasileiros
247 – O site Brazil Journal, uma das referências
para os investidores da Avenida Faria Lima, em São Paulo, defende, em
editorial, o impeachment de Jair Bolsonaro, uma vez que ele já cometeu diversos
crimes de responsabilidade e representa uma ameaça existencial aos brasileiros.
O texto é uma sinalização de que, mesmo com Paulo Guedes, ele vem perdendo
apoio no chamado "andar de cima". Leia abaixo:
Os crimes do falso
Messias
Do Brazil Journal
– Jair Bolsonaro perdeu qualquer condição moral para
continuar governando o País. Sua remoção do cargo é uma questão de saúde
pública, de vida ou morte para milhões de brasileiros.
As cenas da
comitiva brasileira aceitando usar máscara em Israel chocam por sua
perversidade.
Aqui
dentro, o Governo zomba do distanciamento social, se irrita quando alguém se
apresenta de máscara e — apesar de nosso histórico de sucesso nas vacinações em
massa — sabotou todas as medidas de prevenção da pandemia. Mas lá fora, quando
um governo soberano estrangeiro manda, os funcionários do povo brasileiro
aceitam — cordeirinhos! — usar a máscara que a Ciência recomenda.
Ou
seja: aqui dentro, Ignorância, Negação e Morte. Lá fora, Normalidade.
A hipocrisia é
inaceitável.
Instado
a colocar máscara, a obrigação do bolsonarista-raiz era dizer ao israelense que
não, jamais, que aquilo ali era uma “frescura” e que “temos que lutar sem nos
amedrontar!” Por que não seguiram o script, covardes?
Desta
vez, a malignidade deste desgoverno não se perderá em meio aos factoides; desta
vez, não é a política que está em jogo. É gente morrendo na rua.
Muitos já sabiam
que Bolsonaro nunca teve o equipamento intelectual necessário — temperamento,
lógica e racionalidade — para performar as tarefas mais simples que a
Presidência exige.
Mas as
cenas desta semana — com o Presidente berrando para o brasileiro buscar vacina
“na casa da sua mãe” e insistir que o luto e a angústia de tantos são “frescura
e mimimi” — são, na MELHOR das hipóteses, crimes de responsabilidade, senão
crimes contra a própria humanidade.
Cadê a
vacina, Jair? Sua mãe, que criou um negacionista, já foi vacinada. As mães de
milhões de brasileiros, não.
Por
MUITO MENOS, este País foi às ruas para tirar Fernando Collor e Dilma Rousseff.
Um caiu por uma Fiat Elba; a outra, por uma pedalada. Ambos pagaram por suas
irregularidades, mas nenhum brincou com vidas.
Bolsonaro
prova que só há uma coisa pior do que um idiota com iniciativa: um idiota com
iniciativa que precisa lidar com uma pandemia.
Se
Dilma Rousseff estivesse hoje na Presidência e se comportando como Jair
Bolsonaro, a Faria Lima e o Jardim Europa — o principal público deste site — já
estariam na Paulista batendo panelas e exigindo sua remoção do cargo.
Perdemos
nossa bússola moral?
Na
economia, Bolsonaro fez o mínimo para não deixar o País quebrar. O mínimo! Não
privatizou nada, não passou reforma relevante nenhuma, e recentemente voltou a
seus instintos originais: estatismo, intervencionismo e populismo.
A
incompetência é tão grande que nem sua antecessora conseguiu produzir uma taxa
de câmbio tão depreciada — e num momento de preços recordes das commodities.
Em sua
trajetória de Mito a Coveiro do Brasil, Bolsonaro arrastou os militares —
alguns fascinados com cargos que lhes deram salários com os quais não sonhavam.
É hora de desmamar do DAS e servir à Pátria à qual juraram lealdade.
Apesar
de tudo isso, no Congresso ainda não há coragem para um impeachment.
Nossos
políticos não são líderes, são liderados — pelas pesquisas.
O novo
presidente do Senado, Rodrigo Otávio Soares Pacheco, disse recentemente que
"não é hora" nem de CPI nem de impeachment.
Rodrigo
é um jovem político mineiro — pessoa de bem, ao que consta — mas está
enveredando na trilha que desgraçou Rodrigo Maia. Maia apostou tudo na
contemporização, e acabou sem legado algum, sem amigos em qualquer um dos
lados.
O
Presidente da Câmara, Arthur César Pereira de Lira, poderia aceitar um pedido
de impeachment. Arthur tem a oportunidade de deixar para trás o carimbo de
fisiológico do Centrão e se reinventar como um homem de Estado corajoso,
sensível ao que está acontecendo no País.
Se nada
fizerem, Pacheco e Lira sairão de cena minúsculos, menores do que entraram.
Até o
Senador Tasso Jereissati, um dos homens públicos mais sérios do País, precisa
recalibrar sua indignação. Tasso fez pressão por uma CPI e disse que “é preciso
parar esse cara,” mas disse que um impeachment “vai criar uma crise sem
tamanho.”
Data
venia, Senador: “crise sem tamanho” é quando mãe, pai e filho morrem sem
respirador, é quando prefeitos têm que fechar as cidades porque a vacina ainda
está longe.
É
impossível contemporizar com este Governo. É inviável tentar negociar com quem
não quer remar na mesma direção.
Não são
apenas os chefes dos Poderes que têm responsabilidade. O Procurador Geral da
República se omite, mas onde estão os demais membros do Ministério Público
Federal? Vão prevaricar? Não há vida depois da Lava Jato?
E a
oposição? Ainda existe? E as mesas diretoras da Câmara e do Senado? Todos vocês
têm CPF, todos têm biografia, todos têm família que precisa da vacina.
E aos
amigos do agronegócio, que vão muito bem, obrigado, e ainda constituem a base
de apoio mais fiel ao Presidente, um lembrete amigável: mesmo quem está na
primeira classe do Titanic morre afogado quando o navio afunda. Ou morre sem
vacina.
Empobrecidos
em dólar, desempregados aos milhões, isolados sanitariamente do mundo e sem
amigos nas grandes potências, os brasileiros seguem sua vidinha medíocre — até
que a coisa transborde em manifestações de rua para, aí sim, os políticos
encontrarem sua coluna vertebral.
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